POV Peg

Quando chegamos a casa após a consulta reparamos que a porta estava aberta. Senti que algo estava errado.

- Mas está! Peg, deixaste a porta aberta? – Carl me pergunta Eu nego com a cabeça. Então me forço a mover para dentro do apartamento. Foi então que vi! As pessoas dos meus sonhos me encaravam. Eles estavam no meu apartamento e não, eu tenho a certeza que não estava a sonhar. Meu coração parou ao ver o rapaz de olhos azuis cristalinos, cabelos negros como a noite e pele branca. Como eu podia ter a sensação de o conhecer de verdade. E ao me encarar parecia que ele me conhecia também.

- Você! – eu exclamei. Eu posso jurar que o vi esboçar um sorriso quando eu falei. Mas o sorriso logo se tornou numa expressão de dor logo que proferi a frase seguinte – Você é real!

Eu vi ele quase desabar no chão e a expressão dos outros de choque entreolhando-se. Mas que raio se passava ali, quem era esta gente? Perdi-me na dor nos olhos do rapaz de cabelos negros. Vi sua expressão mudar para raiva e sua cara virar vermelha. Quando me dou conta ele já está em cima de Carl lutando.

- Carl! – Eu gritei desesperada. Quem era ele para invadir nossa casa e agredir meu namorado? Uma das raparigas chamou por Ian. Então era esse seu nome. Ele momentaneamente olhou para mim e deu-se uma espécie de flash na minha cabeça. Primeiro estava numa pequena caverna e ele tentava me matar, me apertando o pescoço. O seguinte era eu e ele trabalhando numa espécie de colheita mas esta era feita dentro de uma enorme sala, também ela uma espécie de caverna; ele me protegendo do outro garoto que ali estava; ele jogando futebol enquanto eu assistia; Ele me pegando ao colo quando, pelos vistos me magoei; ele me beijando; nós dois no quarto fazendo juras de amor. As imagens corriam pela minha mente. Tudo aquilo não podia ser consequência.

- O que fizeste com ela seu desgraçado? – Ian continuava em cima de Carl e ninguém parecia se incomodar em separa-los. Mas minha mente estava noutro lado. Ao ouvir sua voz tudo parecia mais real ainda. Então eu arfei e, pelos vistos, bem alto pois todos os que ali se encontravam me encararam.

- Ian!!! Você é o Ian! Eu me lembro! Melanie, Sunny, Kyle, Jared! Agora sei o que está acontecendo! Oh Ian como eu tenho saudades suas!

Ele se levanta emocionado e eu corro em sua direcção e me lanço em seus braços que me seguram com facilidade. Agora sei, aqueles sonhos não eram sonhos, eram memórias perdidas no meu inconsciente exigindo seu lugar na minha mente. Carl me raptou, de alguma forma me fez acreditar que era outra pessoa, uma tal de Luanne. Me manteve longe de meus amigos, de minha família, do meu verdadeiro amor.

- Eu pensei que te tinha perdido… E quando te encontrei achei novamente que te tinha perdido… Mas para ele – Ele desabafou. Ele me beijou carinhosamente. Eu não conseguia imaginar o que ele sentiu todo este tempo. Mas quanto tempo havia realmente passado? Naquela hora me lembrei do outro assunto que me estava a incomodar.

- Ian, quanto tempo faz desde que eu desapareci?

- 3 Meses longos e angustiantes meses – Eu abri um enorme sorriso, deixando novamente todos me encarando. – Porque está sorrindo? Você não sabe como foi difícil para mim…

- Ian, eu estou grávida! E devido a essa informação sei que você é o pai porque minha gestação é de quatro meses. Ian você me encontrou e ainda recebeu mais alguém para amar. Nosso filho. – Lágrimas começaram a rolar de nossos rostos. Ele esboçou um enorme sorriso e me beijou com paixão.

- Eu vou ser papai? – Ele gargalhava alegre. Me levantou no ar e nos fez rodopiar. Quando me pousou e ajoelhou no chão para conseguir beijar minha barriga que ainda não estava saliente. – Bem-vindo à nossa grande família! Tia Melanie, Tia Sunny, Tio Jared, Tio Kyle… E ainda tem em casa seu Tio Vovô Jeb, seu pequeno tio Jamie…. – Ian enumerava todas as pessoas que nos amávamos. Olhei para o lado e vi todos emocionados também, claro que Kyle e Jared não fungavam e choravam copiosamente como as minhas meninas. Fiz sinal para que eles se juntassem a nós. Os dois rapazes prenderam Carl primeiro e depois estávamos os seis num enorme abraço, um abraço de irmãos.

- Peg, tenho a dizer que apenas estamos aqui hoje por Sunny. Foi ela que a encontrou. – eu olhei para Sunny e vi ela corar.

- Ora, não foi nada. Eu apenas queria mostrar minha gratidão para contigo. Eu só aqui estou porque sempre acreditou em mim e me protegeu e apoiou Kyle. Não podia deixar ela por aí sem saber a quão grata eu estou.

- Sunny, minha querida, eu vi logo como seu coração era puro. Eu sabia que podia confiar ti, e que algum dia seriamos grandes amigas.

- Eu gostaria muito. –e me abraçou

- Isto é tudo muito bonito mas para que fique esclarecido eu é que serei madrinha do filhote de minha irmã! – E então se gerou uma enorme confusão sobre quem seriam ou não os padrinhos. Ian me abraçou e deixou que eles acabassem a briga. Finalmente eu me sentia completa, como à muito não me sentia.

* * *

POV Ian

Eu me sentia imensamente feliz. Para além de ter conseguido resgatar Peg das garras de Carl, ainda descobri que ia ser pai! Eu não podia acreditar. Carl foi a julgamento, do mesmo género a que Kyle havia sido submetido. A diferença era que Carl foi condenado. A sentença, concordada entre Jeb e Nate, foi de que ele não poderia sair da colonia de Nate. Eles concordaram em não expulsa-lo pelo risco de ele, sendo uma alma nos expor e sermos descobertos. Era um risco que não podíamos correr. Peg estava no fim do tempo pelo que não compareceu ao julgamento para testemunhar contra Carl. Ainda não tínhamos decidido o nome da bebé. Sim, Doc nos confirmou que iriamos ter uma rapariga. Tínhamos várias sugestões mas estava difícil de decidir qual seria. Mas tínhamos decidido que não só Jared e Melanie iriam ser os padrinhos mas também Sunny e Kyle. Sim, é um pouco fora do tradicional, mas pelos menos sabíamos que seria amada por mais quatro pessoas além de nós, que a amariam como se fosse sua.

- Ian! É hora, arrebentaram as águas, ela está te esperando! – Jared falou ofegante. Eu sem proclamar uma palavra tentei me mover o mais depressa possível para junto das duas mulheres da minha vida.