Eu, Você E Nossa Vida A Dois escrita por Mnndys


Capítulo 8
Briga de casal


Notas iniciais do capítulo

Confesso que me empolguei escrevendo esse capitulo, então espero que gostem!



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Se Mia Grey me irritava às vezes, Mia Kavanagh sabia se tornar insuportável para mim.

Devem ser umas onze da noite quando Mia chega em casa, fazendo tanto barulho que sou forçado a acordar.

“Oi.” Digo quando ela entra no quarto.

“Achei que estivesse dormindo.” Ela fala.

“Eu estava.” Resmungo. “E vou voltar a fazer isso, boa noite.”

Assim que fecho os olhos ela grita.

“Que merda Ethan! Você já pensou na possibilidade de eu querer falar com você quando chego em casa?”

“Você já pensou que estou cansado quando você chega?” Rebato.

Ela faz beicinho e eu me irrito ainda mais, estou exausto, o dia foi uma droga e Mia quer fazer drama a essa hora, não imagino como possa piorar.

“Não custa você esperar mais um pouco para dormir.” Ela reclama.

Depois disso, ela inicia um monólogo sobre que tipo de casal estamos nos tornando, e como falta cumplicidade entre nós. Mas adivinhem? Eu sabia disso tudo, ela não precisava me explicar.

A única coisa que consigo pensar naquele instante é em dormir.

“Ethan!” Mia grita.

Abro os olhos assustado.

“Você não faz nem questão de me escutar.” Mia diz. “Não acredito que estava dormindo.”

“Eu não estava.” Falo.

“Mentir só piora tudo.” Ela diz.

“Ok, eu estava.” Admito. “O que você queria? Que eu ficasse te ouvindo falar coisas que eu já sei durante a noite toda?”

“Eu só queria que isso importasse para você.”

Me sento na cama porque sei que isso vai um pouco mais longe do que pensei.

“Eu me importo, mas você só se importa quando isso te afeta.” Digo. “Caso contrario, não tem problema nenhum. Não tem problema eu almoçar e jantar sozinho todos os dias. Não tem problema a gente se ver raramente. Não tem problema a gente mal transar porque nunca temos tempo. Mas tem problema quando você quer alguém pra te escutar.” Despejo.

“Isso não é verdade.” Ela fala.

“É claro que é, porque as coisas sempre têm que ser sobre você Mia e quando não é você dá um jeito de tornar.” Falo. “Foi você quem colocou nosso casamento em segundo plano.”

“Eu coloquei?!” Ela altera o tom de voz. “E quanto a você? Três convenções em dois meses, quase uma semana fora em cada uma. E eu tive que ficar sozinha aqui, sem nenhuma consideração da sua parte.”

“Te chamei para ir junto na ultima, você não quis, lembra?”

“Eu não podia, o bistrô...” Ela começa a dizer.

“Viu? Você reclama de eu colocar carreira em primeiro plano, mas você é pior que eu.” Digo.

“O que você queria? Uma esposa sem responsabilidades, que ficasse o dia inteiro em casa a sua disposição?” Ela pergunta.

“Eu gosto que você tenha responsabilidades, mas para isso você não precisa esquecer que tem um marido.”

“Não precisa dizer mais nada, já sei qual é o problema, sexo é sempre isso não? Eu me esquecer que tenho marido na sua língua é não fazer sexo com você todos os dias.” Ela conclui.

“É isso, também.” Admito. “Antes a gente sempre dava um jeito e agora é quase impossível.”

“Desculpa não ser a esposa dos seus sonhos, talvez você devesse ter ficado com a Rebekah.” Ela ironiza.

Isso soa como a gota d’água. Me levanto e vou em direção a porta.

“Aonde vai?” Mia pergunta.

“Dormir no outro quarto, não quero mais te ouvir por hoje.” Disparo.

“Como quiser, só que depois não reclama.” Ela fala e depois bate a porta do quarto.

Finalmente dormir em paz.

Na manhã seguinte entro no quarto só para me trocar e como sempre Mia ainda está dormindo. Passo o dia todo sem noticias dela e não faço questão de ter alguma. Chego ao fim da tarde em casa e Mia não está.  Assisto TV, janto, tomo banho, olho algumas anotações que fiz e depois vou dormir.

Acordo na manhã seguinte sem Mia ao meu lado, não há nada dela espalhado pelo quarto. Encontro-a na cozinha.

“Aonde dormiu?” pergunto.

“No outro quarto.” Ela conta.

Então ela ainda estava brava.

“Vai sair?” Pergunto tentando puxar assunto.

“Preciso resolver algumas coisas.” Mia é sucinta em suas frases.

“Aconteceu alguma coisa? Está falando pouco.” Digo.

“Estou te poupando de me ouvir.” Ela diz. “Tenho que ir.”

Não posso acreditar que ela está, e punindo por algo que falei.

Naquela noite espero ela chegar do trabalho, ela parece surpresa ao me encontrar acordado na sala, mas não diz nada e vai direto para o quarto de visita.

“A gente tem que conversar.” Digo enquanto ando atrás dela.

“Eu estou cansada, talvez outro dia.” Ela diz.

“Mia seja razoável.” Peço.

“Acho que não sei fazer isso.”

Ela se prepara para bater a porta, mas eu a impeço e entro no quarto também.

“Sai Ethan!” Ela grita.

“Não, até essa situação idiota acabar.” Digo. “Sério Mia, vamos para o nosso quarto, eu quero você do meu lado.”

Enquanto falo me aproximo dela e passo a mão pelo seu cabelo.

“Eu quero dormir aqui.” Ela diz. “E tira a mão de mim.”

Afasto-me dela.

“Ótimo, continue a ser a garota mimada.” Digo e deixo o quarto.

Resolvo deixar as coisas assim por enquanto, mas o problema é que três dias se passam e tudo continua igual. Tento falar com ela pela manhã.

“Mia as coisas não podem continuar assim.” Digo.

“Você tem razão, talvez a gente tenha cometido um erro.” Ela fala.

Bem não era isso que eu queria dizer, mas se era isso que ela pensava tudo bem. Talvez ela até tivesse razão, e nós não fossemos mesmo perfeitos um para o outro como pensamos.

Chego ao consultório e percebo que estou tentando enganar a mim mesmo e mais uma atitude impensada poderia me fazer perder Mia. Preciso de ajuda.

“Meg, socorro!” É a primeira coisa que falo quando ela atende.

“O que aconteceu?” Ela pergunta.

“A Mia me odeia.” Conto.

“O que você fez?”

Penso porque para as mulheres são sempre os homens que tem a culpa.

“Quer uma lista?” brinco.

Em seguida conta tudo a ela sobre os acontecimentos recentes.

“Vocês são malucos! Só quatro meses e já estão se matando.” Ela diz.

Na verdade quatro meses não era tão pouco, já tive pacientes que se divorciaram em um mês.

“Eu preciso da sua ajuda.” Peço.

“Com o que?” Ela pergunta.

Conto tudo para ela que se dispõe a me ajudar.

O resto do meu dia é corrido preparando tudo para concertar as coisas com a minha garota. Espero que Meg esteja fazendo a sua parte também. Corro em casa, deixo tudo pronto lá também. Tomo um banho, pego o que preciso e saio.

“Estamos aqui.” Meg avisa por telefone.

“Ok, espero que dê certo.” Falo.

“E ai pronto cara?” Joe pergunta.

Ele é o dono do pub em que estou e um amigo de longa data, mais um cúmplice dessa história.

Me sinto nervoso, eu devia ter feito algo que me expusesse menos, mas agora é tarde para me arrepender.

“Vamos lá.” Digo ao Joe.

Joe vai até o pequeno palco.

“Pessoal, só um pouquinho de atenção!” Ele pede. “Um amigo vai tocar um pouco agora, ele não é profissional, mas tem muito talento.”

É a minha deixa.

Subo no palco, sento-me no banquinho, ajeito o microfone e procuro por Mia em algum lugar sentada com Meg e Robert. Nossos olhares se encontram. Eu com um pouco de vergonha e ela bem confusa.

“Boa noite pessoal!” Digo. “Antes de começar a cantar eu quero dizer que o motivo de eu estar aqui é para me desculpar com a minha esposa. Nós tivemos uma briga e eu me sinto péssimo por isso, tanto que estou admitindo publicamente que fui um idiota.”

Algumas pessoas riem quando digo isso, mas não me preocupo, estou mais interessado na reação de Mia, ela esboça um sorriso.

“Amor, nós temos muito que aprender ainda, e eu sei que é difícil, mas nós vamos conseguir, sem pressão. Sei que nós não tivemos a intenção de nos magoarmos. E talvez você pode até pensar em desistir de mim, mas eu nunca vou desistir de você, porque eu te amo.” Concluo.

O pub se rompe em aplausos e Mia está em silencio, ela olha para Meg, enquanto passa a mão embaixo dos olhos para garantir que nenhuma lágrima caia. Depois me lança um beijo.

Escolhi a musica perfeita para nós no momento: I Won't Give Up, do Jason Mraz. Tudo que eu poderia pensar em dizer a ela se traduzia nessa canção.

“Só pra constar eu ia voltar a falar com você em dois ou três dias.” Mia diz enquanto estamos entrando em casa. “Mas eu adorei o seu gesto, você é o marido mais lindo e romântico do mundo.”

“Ainda não acabou. Espera um minuto e só entra quando eu disser.” Peço.

Mia dá um sorriso infantil de quem adora surpresas e me obedece.

Volto alguns minutos depois. Coloco a mão sobre os olhos dela e a guio para a sala.

“Pode abrir” Falo.

Ela gira 360º vagarosamente para ver a sala toda.

“Nossa!” Ela diz.

Eu adorava quando conseguia deixar Mia assim sem palavras. E dessa vez, modéstia parte, eu havia me superado. O chão cheio de pétalas e balões de coração, a música de fundo, as lamparinas com velas descendo do teto.

“Eu te amo.” Mia fala. “Me desculpe por ser tão criança.”

“Shhhh.” Faço sinal para ela não falar nada.

“A gente vai dar um jeito, ok? Nada de convenções por um bom tempo, e eu não vou trabalhar a tarde dois dias na semana e os fins de semana serão todos nossos de agora em diante.” Falo.

“Obrigada.” Diz. “Eu vou dar um jeito também, nos dias que você trabalhar o dia todo eu não trabalho a noite e a gente vai ficar bem, nós sempre ficamos não é?”

“Sim.” Digo.

Nós sempre havíamos ficado bem e íamos ficar sempre que um novo problema aparecesse, porque nossos sentimentos sempre prevaleceriam.


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