Amo minha vida atual, mas quem nunca olhou para trás com saudade. Eu por exemplo nesse momento tenho saudade dos dias que eu e Mia começamos a nos entender de verdade. Como na noite da nossa primeira vez, logo depois de me abrir com ela.

Estou sonolento demais, cansado, o casamento de Ana e Christian foi uma farra, depois o filme, e por fim as horas na praia. Será que Mia não fica cansada nunca? Acho que não, afinal a idéia de tomar café no Starbucks foi dela e eu aceitei porque adoro sua companhia.

Se bem que a idéia de estar sozinho com ela no apartamento me faz querer coisas bem melhores que café da manhã. Balanço a cabeça como que espantando as idéias, havia prometido a mim mesmo que não iria levá-la para cama antes de organizar meus sentimentos.

“Você não vai transar com ela! Você não vai transar com ela! Você não vai transar com ela!” Repito mentalmente enquanto procuro uma roupa.

De repente Mia entra no quarto. Eu tinha dito para ela ficar na sala, mas eu estava aprendendo que Mia Grey era desobediente.

“O que foi?” Pergunto.

“Nada. Só não quero ficar lá.” Ela diz. “Pode se trocar prometo que não vou olhar”. Ela coloca as mãos sobre os olhos e eu rio de sua gracinha.

“Engraçadinha.” Digo.

Enquanto ela encosta-se à cama eu vou até a gaveta procurar uma camisa, mas não acho nada que eu goste ou que queira. De lá passo para o guarda roupa e o mesmo acontece. Então percebo o que está acontecendo, estou me sentindo intimidado por ela, respiro fundo e decido reverter o jogo. Tiro a camisa e jogo na cama ao lado de Mia.

Então ela ri.

“Qual é a graça? Pergunto enquanto finalmente paro para encará-la.

“Você assim todo desajeitado.” Zomba.

Mia e sua capacidade absurda de dizer tudo que pensa.

“Desajeitado?” Pergunto.

“Sim.” Ela confirma. “Um desajeitado lindo.”

“Isso só demonstra que você está reparando.” Rebato.

Ela me olha de cima abaixo antes de responder de um jeito malicioso.

“Estou.” Assume. “Agora pode continuar o Striptease.”

E depois as mulheres reclamam que homem só pensa em sexo, a primeira vez que eu estava evitando sexo na minha vida, Mia fala esse tipo de coisa e abala minha segurança.

Caminho até onde Mia está sentada e apóio um dos joelhos na cama.

“Nem pensar. Chega de divertimento a minha custa.” Digo.

Ótimo, aquilo poderia ter acabado ali e nós iríamos tomar nosso café, mas Mia faz beicinho para mim.

Ela não tinha noção do efeito que aquilo tem sobre mim. Todas as vezes que ela fez isso desde que nos conhecemos eu tenho tentado desviar meu olhar dela e não tomá-la em meus braços.

“O que eu disse sobre isso?” Pergunto.

Tinha dito a ela no carro que morderia sua boca se ela fizesse aquilo de novo.

“Você só ameaça.” Ela provoca.

Aquela altura sei bem onde e como a conversa vai terminar, o que significa que toda meu auto controle foi em vão. Não dá para evitar. Se não fosse hoje, seria amanhã, ou depois, o fato é que aconteceria logo porque acho que nós dois estamos loucos um pelo outro desde a primeira troca de olhares.

Havia muito sentimento entre nós dois, coisas que eu nem sabia explicar ainda, mas também havia muito desejo, eu tinha tesão por ela e ela por mim, e tinha chegado a hora de liberarmos isso.

Me aproximo de sua boca e dou uma mordida de leve, eu ainda não sabia quão longe poderia chegar com ela e por isso exploro minhas possibilidades com cuidado.

Só que tudo que eu tenho de calma Mia tem de pressa, ela se joga em cima de mim e caímos os dois deitados na cama.

“O que vai fazer?” Pergunto ansioso.

“Ensinar como você devia ter feito.” Ela diz.

Me ensinar? Acho que naquela cama quem podia ensinar qualquer coisa era eu.

“Não vai não.” Me oponho.

Ela faz que sim com a cabeça e antes que eu possa pensar Mia está mordendo meu lábio inferior com força. Aquilo dói pra caralho.

“Isso doeu.” Reclamo ainda com dor.

Enquanto Mia me olha com dó puxo seu corpo e fico por cima dela.

“Bem melhor.” Digo.

A brincadeira de Mia me deixou excitado demais. Seguro seus braços e prendo suas pernas entre as minhas, e ela não pode se mexer. Um pequeno castigo rápido pela mordida.

“Ethan!” Ela grita.

Beijo seu pescoço, orelha, e vira e mexe o cantinho da boca, mas nunca a beijo mesmo. Mia solta alguns suspiros e tenta se contorcer, enquanto eu tenho total liberdade.

“Por favor Ethan.” Resmunga.

“O que?” Pergunto com divertimento.

Nem me lembro qual foi a ultima vez que eu estive tão relaxado com alguém na cama. Ultimamente sexo era só impulso, algo automático, sem preliminares nem nada.

“Eu quero te beijar.” Mia diz.

Solto-a e deixo-a agir sozinha porque sei que ela fará o que precisa ser feito.

Seus braços passam ao redor de meu pescoço e então ela me beija. É diferente dos beijos anteriores quando eu sabia que não podia ir mais longe e me controlava, dessa vez me deixo levar e assim como nossas bocas todo nosso corpo também manifesta nosso desejo. Paro o beijo e olho para Mia, esperando apenas uma confirmação de que ela será minha essa noite e ela me dá essa resposta.

Tiro seu vestido rapidamente e em seguida faço o mesmo com minha calça. Eu poderia fazer aquilo demorar mais um pouco, mas não essa noite, quero estar dentro dela logo e é o que faço. Seguro sua cintura e obtenho o encaixe perfeito, penetro-a profundamente de uma só vez e em seguida giro-a para que fique em cima de mim.

Queria poder vê-la mais claramente. Ela está ofegante e gemendo baixinho. Faço movimentos com o corpo e segurando a cintura de Mia faço ela me acompanhar até que ela encontra o ritmo e faz isso sozinha.

Ao amanhecer do dia estamos deitados um sobre o outro, ofegantes e satisfeitos. Enquanto passo os dedos entre o cabelo dela, Mia adormece.

É a primeira vez em muito tempo que quando eu acordar uma mulher com quem transei estará em minha cama ainda, todas as outras eram só sexo e tchau. E essa era a diferença de Mia, ela nunca seria só sexo, eu havia acabado de fazer amor com alguém, quebrando todas as minhas regras estúpidas por ela.

A sensação não podia ser melhor.