“Happy birthday to you, happy birthday to you, happy birthday dear Joseph, happy birthday to you.” O coro de pessoas entoa a canção de parabéns.

“Sopra a velinha Joseph.” Mia lhe diz animadamente.

É claro que ele não consegue apagar sozinho, aliás, ele mal sabe a diferença entre soprar e chupar. Eu e Mia nos aproximamos do bolo e sopramos a vela com o numero um.

O salão se rompe em aplausos, que Joseph acompanha com toda vontade. Palmas são o forte dele.

“Papai.” Ele diz apontando a velinha apagada.

“Acabou.” Digo.

Joseph faz bico se parecendo muito com certa garota que conheci.

“Tá bom Joseph.” Cedo acendendo a velinha de novo.

O sorriso dele cresce.

“Mamãe.” Ele chama, querendo que ela preste atenção também, mas Mia está mais ocupada em cortar o bolo.

“Papai.”

Cada vez que ele diz papai ou mamãe é como se eu fosse ao céu e voltasse, ainda não descobri um som mais delicioso do que esse.

Isso faz parte do pouco repertório que ele ainda está adquirindo depressa. Ele já está com um ano e sinto que nos últimos seis meses aproveitei o tempo com ele tanto quanto me foi possível e será assim pelo resto dos meus dias.

O mesmo serve para Mia, o quanto eu posso me dedicar a ela eu faço, e sempre farei. São os dois o que de mais importante tenho em minha vida.

Há seis meses quando acordei em uma cama de hospital depois de ficar dezesseis dias em coma, me dei conta que nem todo o tempo do mundo seria suficiente ao lado das pessoas que amo. E que o tempo pode passar rápido demais quando não o aproveitamos.

“Ethan!” Mia grita.

Só então percebo que Joseph acaba de apertar o bolo com uma das mãos.

“Hey!” Falo enquanto o faço soltar aquilo.

Mas não satisfeito com a arte Joseph leva as mãos até sua roupa e se limpa, para desespero de sua mãe.

“Vamos limpar isso.” Mia diz depois de passar a faca para a mão de Grace. “Em que planeta você estava?” Pergunta a mim.

“No planeta agradecendo a Deus por minha família perfeita.” Digo.

Mia abre um sorriso, para depois sair com Joseph tomando cuidado para que ele não toque em nada.

“Da próxima vez deixa ela ficar de olho nele.” Christian zomba. “Nós não levamos jeito para isso.”

“Bem, agora eu sei. Na verdade tantas crianças me deixam zonzo.” Falo.

“É só o numero um.” Ele lembra.

É eu sei, muitos aniversários ainda virão para que eu me acostume.

A festa dura mais algumas horas, até que os convidados vão embora e só fica uma parte da família.

“Eu estou acabada.” Mia diz ao se jogar no sofá.

“Sério?” Kate pergunta. “Achei que nunca se cansasse com festas.”

“Descobri que quando você é a mãe do aniversariante você inevitavelmente se cansa.”

“Bem vinda ao clube.” Ana brinca.

“Dá para acreditar que todos eles estão dormindo?” Elliot pergunta aliviado.

“Quer ir embora?” Christian pergunta a Ana, mas ela se nega.

“Vamos fazer nossa social agora.” Kate propõe. “Você tem alguma coisa para beber ai?”

“Abre a adega e escolhe.” Digo ao mesmo tempo em que Mia se ajeita em meu lado.

“Eu preciso de um whisky, duas pedras de gelo.” Mia fala.

Encaro-a não gostando do comentário.

“Não me olhe assim.” Ela percebe. “Joseph só vai acordar amanhã de tanto cansaço.”

“Ethan está querendo ficar chato igual ao Christian?” Elliot fala, fazendo com que seu irmão revire os olhos.

Então começamos uma discussão acalorada sobre festas de criança, já que tivemos varias nos últimos anos.

Kate logo volta com as bebidas, Mia pega o Whisky e eu volto a lhe fazer cara feia, ela é meio fraca.

“Se me deixar beber isso eu vou ficar tão animada que vou te deixar fazer o que quiser comigo a noite toda, até que nenhum de nós dois tenha mais forças.” Mia sussurra em meu ouvido.

Quase cuspo minha cerveja de volta no copo. Eu não estava esperando por uma frase de efeito agora.

“Você deveria ver sua cara agora.” Ela zomba.

Aquilo foi intencional da parte dela. Solto o copo e a puxo pela nuca, deixando-a perto o suficiente para poder beijá-la. Minha língua invadiu a boca dela explorando cada cantinho que já conheço bem, está geladinha, pelo gole que ela acaba de dar no whisky. É bom, muito bom.

“Acho melhor irmos, antes que eles façam na nossa frente.” Elliot diz.

Na verdade eu realmente achava melhor eles irem para fazermos o que Mia havia proposto.

“Fiquem, eu terei uma noite depois que vocês forem.” Mia retruca.

Elliot ri da falta de vergonha de sua irmã mais nova. Christian nem tanto.

“Um brinde aos casais, como nós, que mesmo depois de casados dão um jeito de...” Ele não termina.

“Kate, por Deus, controle seu marido.” Ana pede.

“Um brinde aos casais que como nós, são felizes em todos os sentidos.” Christian corrige o brinde de Elliot fazendo mais sentido.

Brindamos todos e temos muita razão para isso. Cada um de nós ali alcançou muito mais do que chegou a imaginar um dia, alcançamos a felicidade e isso ninguém pode nos tirar.

FIM