Eu, Você E Nossa Vida A Dois escrita por Mnndys


Capítulo 23
Maldita dor POV Mia


Notas iniciais do capítulo

Final de semestre, meu tempo está corrido. Sorry.

Queria contar também que este é o penultimo capitulo da história.

Não quero me estender mais nela, porque realmente não estou mais inspirada e não quero fazer algo mal feito com a história desse casal que amo. Talvez um dia eu volte a escrever sobre Mia e Ethan, mas nesse momento vou mudar de ares haha.



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Dia 3.

É tão estranho acordar e ouvir vozes vindas da minha sala, já que normalmente o silêncio predomina. Essa foi a primeira vez que dormi de verdade desde o acidente de Ethan.

Parece que foi há uma eternidade, mas foi apenas há três noites que escutei aquele barulho horrível ao telefone e que liguei desesperada para Elliot pedindo sua ajuda. E então, na manhã seguinte, depois de horas em cirurgia meu adorável marido entrou em coma.

Agora preciso me levantar, ver como Joseph está, ou melhor, ver como todos estão hoje. Os pais de Ethan têm ficado em nossa casa e Kate vem bem cedo se unir a eles, estão arrasados.

“Bom dia.” Digo aos três assim que passo pela sala no caminho para a cozinha. “Vou fazer um café.”

Kate me lança um olhar entre chocado e curioso, o que posso dizer, é que odeio o fato dela estar me olhando assim há pelo menos dois dias.

Estou tentando me manter ocupada e fazer com que minha mente não fique vagando por pensamentos ruins.

“Vai ficar tudo bem.” Digo quando volto a sala querendo passar a minha sogra uma certeza que eu nem sei se tenho.

O que sei é que alguém precisa ser forte e não me incomodo que essa pessoa tenha que ser eu.

Dia 8.

Joseph esteve chorando por longos trinta minutos, parece que nada o fazia parar até que ele focou em meu peito e decidiu mamar.

“Você deve estar sentindo falta do papai também.” Digo.

Mais de uma semana e Ethan não dá nenhum sinal de que irá acordar ou que está melhor, os médicos dizem que está estável. Mamãe me repete isso a cada vez que nos vemos em uma tentativa de me animar, mas eu não vejo porque.

Minhas forças começaram a desaparecer e por isso estou evitando falar com todo mundo, não quero soar desanimadora ou piorar a dor que eles já estão sentindo.

Volto ao hospital como tenho feito todos os dias, para ter essa conversa louca de mão única com Eth.

“Ontem me entregaram algo que estava em seu carro, ou no que restou dele.” Conto. “A pulseira é linda, obrigada amor, mas eu não vou ficar com ela. Fui a loja e me disseram que você comprou aquela noite, e eu fico pensando que se não tivesse passado por lá não estaríamos passando por isso agora.” Desabafo.

Ergo a cabeça e olho para o Ethan imóvel em cima da cama. Me pergunto se ainda há algo dele dentro daquele corpo ou se eu devia encerrar minhas esperanças.

“A nossa casa tem ficado bem cheia, mas o espaço que você deixa ninguém é capaz de ocupar e fica esse buraco no meio de tudo. É uma casa grande quando você não está. Na verdade até minha cama é grande demais sem você.” Prossigo.

Fico olhando ele por alguns segundos na esperança de obter uma resposta, mas não acontece.

“Queria que ao menos pudesse me escutar.” Lamento antes de deixar o quarto para que Kate visite seu irmão.

Me perguntando quanto tempo mais isso vai durar.

Dia 12.

“AAAAAAAAAAAAAA!!!!!” Grito dentro do meu quarto enquanto minhas mãos alcançam os mais variados objetos e os atiram rumo ao chão.

De repente duas mãos me seguram com força pela cintura.

“Me solta!” Grito.

“Mia calma!” Christian manda tão alto quanto eu.

“Não!” Retruco. “Eu já estive calma e isso não funcionou, Ethan não está aqui, ele não acordou!”

Christian me puxa em direção a cama. Só estamos eu e ele em casa, enquanto todo mundo faz um esforço para espairecer.

“Eu sei que é difícil.” Ele diz. “Mas, por favor, não faz isso, não quero te ver assim.” Ele pede.

Respiro fundo uma vez. Não é minha intenção preocupá-lo.

“Eu só preciso que ele acorde.” Murmuro enquanto passo os braços ao redor dele para abraçá-lo, de um jeito que acho que nunca fiz.

“Tenho medo de ficar pensando nisso.” Confesso a ele. “E se demorar? E se semanas se passarem e ele continuar na mesma? O que devo fazer? Seguir em frente?” Questiono. “Eu nunca seria capaz.”

“Ele vai sair daquela cama Mia.” Christian afirma.

Mas ele não pode afirmar essas coisas, se nem os médicos sabem, não é Christian que deverá saber.

“Quando? Quando a família dele vai sorrir de novo? Quando Kate vai voltar a ser irritantemente curiosa e tagarela? Quando Joseph vai parar de chorar com saudades do pai? Quando eu vou ter minha vida de volta?” Pergunto enquanto choro compulsivamente.

Christian me aperta com ainda mais força, o que significa que ele não tem uma resposta ou nenhuma palavra de conforto mais.

Dia 16.

“Você está tão abatida Mia.” Ana comenta enquanto está colocando uma mecha de meu cabelo detrás da orelha.

“Como Kate está?” Pergunto desviando o assunto de mim para Kate.

“Nunca a vi tão mal.” Ana conta.

Kate levou seus pais para sua casa há alguns dias, eles precisam um do outro. Eu meio que agradeço por não ter que encará-los tão tristes todos os dias.

“Mas quero saber de você.” Ana insiste em focar.

Levanto-me rapidamente e lhe ofereço mais café e bolo.

“Mia!” Ana diz autoritária. É algo que ela aprendeu com Christian.

Finalmente a encaro.

“O que quer que eu diga?” Pergunto. “Não deve ser difícil presumir que estou devastada.”

“Não é.” Ela diz. “Mas seria melhor se você dissesse, desabafasse, ao invés de acumular isso até chegar no limite.” Aconselha.

Com certeza Christian contou sobre minha crise histérica do outro dia.

“Eu não quero que as pessoas sintam pena de mim, nenhum de vocês. Você sabe, eu já amei ser o centro das atenções, mas não agora. Quero que cuidem de Kate, dos meus sogros, e até de Joseph, mas não de mim.” Digo.

“Você não precisa ser tão forte.” Ana diz.

“Sim eu preciso, por Ethan, por mim e principalmente pelo meu filho, Joseph é o único que consegue me passar alguma paz nesse momento e então eu devo retribuir isso a ele estando 100% ali para ele.”

Ana segura a minha mão.

“Eu admiro você.”

Ana me admira? Estranho. Normalmente sou eu que admiro tudo que ela faz.

“Você vai vê-lo hoje? Grace me disse que você não está indo.”

“Não sei, é como se cada vez que eu fosse lá estivesse dando um passo a mais para longe dele. Eu não sei se tenho esperanças mais. Os médicos fazem questão de dizer o tempo todo que ele pode ficar assim meses, anos ou pelo resto da vida e bem eu não preciso escutar isso.” Digo a Ana.

“Deveria ir.” Ela aconselha. “Os médicos tem isso de serem negativos, mas eles não podem garantir nada, não podem garantir que você não fará a diferença para Ethan sair daquela cama. Então vai e seja forte, e esquece médico e todo o resto quanto estiver lá com ele.”

Talvez ela tenha razão. Eu não podia abandonar Ethan, não sem lutar. Assim que Ana se despede, corro até o hospital.

“Oi meu amor, me desculpe por não ter vindo nos últimos dias, eu estava sendo medrosa e você deveria me dar uma broca por isso quando acordar.” Digo. “E por falar em acordar você pode fazer isso logo, por favor? Porque tudo fica excessivamente sem graça sem você.”

Me surpreendo comigo mesma. Estou falando com ele como se ele tivesse viajado por dois dias, ou como se tivéssemos ficado o dia todo sem nos vermos por causa do trabalho.

“Joseph não para de chorar, ele mal dorme, é como se ele percebesse quão erradas as coisas estão.” Continuo. “Estou dando o meu melhor por ele, cuidar dele tem me mantido com a mente ocupada e não quero ficar fora da vida dele de novo, nós já estamos sem você.”

Começo a ficar sentimental de novo.

“Não há um só dia em que eu não acorde com a esperança que você esteja acordando também, sei que já se passaram dezesseis dias, mas eu sei que qualquer dia desses você vai acordar. Você não vai nos deixar, eu sei, eu sinto. Logo estaremos em casa discutindo o que comer no jantar, ou onde levar Joseph para passear, ou qualquer outra coisa banal.” Ela diz esperançosa. “Então eu vou poder dizer que te amo mais do que eu pensava e te dizer que serei uma esposa melhor, que tentarei te fazer mais feliz, que vamos envelhecer juntos e ver Joseph crescer, porque é com isso que sonho desde que te vi pela primeira vez no prédio da SIP.”

Seguro as mão de Ethan entre as minhas querendo ao menos que ele sinta meu amor.

“Mia.” Ele diz.

É quase surreal, por um instante acho que imaginei aquilo, que ele não chegou a falar. “Amor fala comigo, talvez eu esteja louca, então eu preciso ter certeza que te ouvi falar.” Peço.

“Oi.” Ethan abre os olhos.

Minha vida parece finalmente voltar a ter sentido.


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