Enquanto toda essa traição de irmãos acontecia, no décimo segundo andar um casal brigava por causa das contas enquanto sua única filha mexia no computador. Com fone de ouvido, claro, para não ouvir os gritos. A mãe já tinha vivido muito e agora estava até com vontade de separar do marido, na adolescência era aquelas garotas que batiam em todas e se fingiam de inocentes na frente dos professores. Ela tinha um segredo: Apesar de ser dessas garotas favoritas na população masculina, tinha beijado pela primeira vez aos dezesseis anos e o garoto havia virado seu marido. Aquela velha história de que as duronas não são emotivas é uma grande mentira. São as mais emocionais, mesmo aparentando frieza. Elas tem o grande desejo de esconder a sua paixão, os seus sentimentos, a sua fragilidade, e por isso fazem coisas tão horríveis. Mas, para a sua segurança, não enfrente nenhuma delas. São o pior tipo de ser humano, mesmo sendo boa gente no fundo.

O pai era daqueles garotos que você vê jogando futebol na rua, ou na praia. Aqueles que tinham o seu grupinho que andavam rindo, algumas vezes bêbados, e que assustavam as mulheres que andavam sozinhas a noite apenas com sua gargalhada. Porque, cá entre nós, as mulheres devem mesmo desconfiar de grupinhos. Mas, no fundo, o pai amava sua mulher e sua filha e mesmo brigando com ela ainda a amava. Ele até podia arranjar outra, mas não seria a mesma coisa. Ia fazer o possível para continuar ao lado dela, no fundo do coração dele quem reinava era sua mulher. E ela continuaria sendo sua mulher mesmo que separassem.

O que dizer da filha? Oh, sim! Nos esquecemos de nosso amado suicida, não é? Como eu já disse antes, a querida garota de ouro do casal não era realmente feita de ouro. Ela era completamente apaixonada por nosso suicida, e logo virou uma após descobrir da morte dele. Infelizmente, algumas coisas são tão surpresas que se tornam ridículas. Como, por exemplo, uma menina de quatorze anos se apaixonando por um homem de dezoito? Com certeza é louca! Louca de amor, as pessoas nunca entendem que o amor torna tudo comum. O que era idade para ela? Nada, apenas um número. Era ela louca de amor, ou talvez as pessoas fossem loucas por pensarem que ela era louca por se apaixonar.