Em todo prédio, há uma família que viaja aos montes. Todo dia, toda hora. Feriados, férias, sábados, domingos. E por esse motivo, um gato dormia tranquilamente no décimo sexto andar enquanto seus donos haviam viajado. Não importa quantos nomes ele tenha, o importante era ter apenas uma boa e sossegada vida de gato. Jojo aqui, Ginger na casa da próxima rua e Patinhas no prédio vizinho. Jojo-Ginger-Patinhas gostava de sair pela rua e encontrar novos donos, de preferência pessoas que tivessem comida. E almofadas, porque Jojo-Ginger-Patinhas adora almofadas. Ele nunca corre atrás de ratos, baratas ou qualquer coisa que se mova. Mas odiava a garota de nove anos que havia obrigado ele a caçar uma barata, ele foi recompensado depois com muito mimo (mas não ousou repetir o ato).

Jojo-Ginger-Patinhas tinha um pelo ruivo, mas as patas eram completamente brancas e meio tortinhas. El e era, definitivamente, uma graça. Odiava o barulho de furadeiras, tratores e adolescentes em crises amorosas. Gostava de dançar com adolescentes, comer, dormir e ver. Ver era muito prazeroso para Jojo-Ginger-Patinhas. Ele amava observar a vida e não participar. Se fosse humano, adoraria novelas. Gostava muito de ver a vida dos humanos, mas não gostava da sua própria. Mesmo sendo um animal, sabia o significado da palavra "sedentário". Ele já tentou fazer exercícios, mas não dava muito certo. Então, decidiu que seria para sempre o gato gordo e preguiçoso, uma quase imitação do Garfield, um telespectador de novelas verídicas, um ladrão de comida. Um gato.