Capítulo IV: Ainda baba enquanto dorme

– Não está se esquecendo de nada não, Perseus? – Annabeth perguntou.

– Ahn – Ele demorou alguns segundos para se lembrar de algo – De convidar você para se deitar comigo? Pode vir.

– Ora. Seu. Idiota. – Falou batendo novamente no moreno com o travesseiro. – Temos. Uma. Missão. Hoje. Agora.

– Ai, ai, ai. Pare de me bater. – Percy protestou. – Esqueci completamente da missão. – Disse, bagunçando os cabelos com uma das mãos.

Annabeth revirou os olhos.

– Você não costumava ser tão irresponsável. – Ela falou.

– E você não costumava ser tão mal-humorada. – Percy completou, murmurando para si mesmo.

– Você tem 15 minutos para se arrumar, nenhum minuto a mais. – Annabeth disse e saiu do chalé.

[...]

– Você é um inútil, Jackson! – A loira falou.

– Vamos lá Annanerd*, me diga que você já havia pensado nisso. – Retrucou Percy.

Os dois jovens ainda não haviam partido em sua missão, pois se esqueceram de um detalhe: a profecia dizia “Navegarão juntos ao Atlântico” e eles não tinham um barco.

– O que vamos fazer? – Annabeth perguntou.

– Você que é filha da deusa da sabedoria, não eu. – Percy falou como se aquilo fosse óbvio.

– Você não está ajudando muito, sabia? – A loira retrucou.

– Nem você.

– Há-há-há. – Annabeth fingiu rir.

– Percy! Annabeth! – Grover veio correndo na direção dos dois, tropeçando em suas próprias patas. – Alguém enviou uma coisa a vocês. – O menino bode disse ofegante.

Grover os levou à beira da praia de fogos e mostrou a eles um iate.

– Uou! – Os dois exclamaram juntos.

– Quem mandou isso para nós? – Perguntou Percy.

– Não foi seu pai? – Annabeth perguntou.

– Hum, acho que não.

– Grover? – Os dois disseram em uníssono e encararam o amigo.

– Ei! Não olhem para mim, eu também não sei.

– Acho melhor partirmos, está ficando tarde. – Annabeth falou.

Percy Assentiu.

– O.k.

– Até mais cara. – Grover disse abraçando Percy. – E, até mais... – Ele olhou para Annabeth como se pedisse permissão para abraçá-la, a loira assentiu. – Annabeth.

– Até mais menino bode. – Disse Percy.

– Até logo, Grover.

E assim, Percy e Annabeth iniciaram a missão.

[...]

Annabeth estava sentada observando o Sol se por no horizonte. Os dois não haviam trocado uma palavra sequer desde que entraram no iate. Percy decidiu arriscar e então foi na direção da loira.

– Posso? – Perguntou o moreno, fazendo menção de sentar-se.

Annabeth não disse nada. Mesmo assim, Percy sentou-se. Depois de alguns minutos, a loira pronunciou-se:

– Você sabe quem poderia ter enviado a nós esse iate? – Ela perguntou.

– Não faço ideia. – Ele falou.

– Isso é muito estranho. – A loira falou pensativa.

– O que é estranho?

– Tudo.

– Ah sim, agora tudo faz sentido. – Percy falou o sarcasmo presente em sua voz.

– Desde essa missão... Por que não mandaram um sátiro atrás desse semideus? E por que você e eu... – Ela parou por um breve momento, chacoalhou a cabeça e continuou – E depois esse iate é enviado por um ser totalmente anônimo. Não consigo compreender.

– Se você não compreende, imagine eu. – Percy disse pensando no assunto.

– É como se alguém estivesse por trás disso, nos manipulando...

– Nos manipulando como Cronos fez? Levando-nos a uma enrascada?

– Eu n-não sei... Porque apesar de tudo, não sinto que seja algo ruim.

– Hum. – O moreno respondeu.

Os dois permaneceram em silêncio por um tempo, apenas observando o céu que começava a escurecer.

– Incrível! – Ele exclamou.

– O céu? – Annabeth perguntou franzindo as sobrancelhas.

– Não, essa conversa que tivemos.

– Você tem problemas? – Ela disse com expressão interrogativa.

– Na verdade eu tenho vários... – Ele ia dizendo, mas Annabeth interrompeu-o.

– Percy!

– Ah... Entendi, entendi.

Eles ficaram em silêncio novamente, até que Annabeth disse:

– Vou tomar um banho e descansar um pouco, nós revezamos o.k.?

– Por mim tudo bem.

– Não se atreva a chegar perto enquanto eu tome banho ou esteja desacordada se não...

– Não vou te estuprar, ta legal? Fica tranquila.

– Assim espero. – E dizendo isso, Annabeth adentrou o iate.

Annabeth nem estava tão cansada assim, só queria sair de perto do moreno o quanto antes. Pensava em cortá-lo em pedacinhos toda vez que o via, mas também sabia que nunca faria isso, nem mesmo se tivesse a chance.

Ela teria de manter o controle durante toda a missão, mas ele a deixava nervosa sempre que estava próximo demais.

Adormeceu imersa em seus pensamentos.

Percy observava as constelações para distrair-se. Estava tranquilo, pois sabia que seu pai os protegia. Admirou a constelação de Zoë Nightshade e lembrou-se de como aos seus 14 anos, Annabeth havia sido tirada dele.

“Mas dessa vez é pior, ela não está desaparecida. Ela está bem aqui e eu não posso fazer nada.”

Sem perceber ou mesmo querer, adormeceu.

Annabeth acordou assustada.

“- Percy! – Ela tentava gritar, mas as ondas estavam revoltas demais e a água a puxava para baixo.

O iate estava em pedaços. Uma tempestade havia os pegado de surpresa.

A loira se debatia, tentando a todo custo não se afogar, mas era inevitável.”

Ainda sem fôlego, percebeu que não passara de um sonho. Saiu à procura de Percy, para que assim o mesmo pudesse descansar um pouco. Encontrou o moreno desacordado.

“Ainda baba enquanto dorme” – Pensou.

Pensou em acordá-lo, mas ele parecia dormir confortavelmente ali.

– Percy? – Tentou, chacoalhando-o levemente pelos ombros.

– Percy! – Tentou novamente, mas de nada adiantou.

Decidiu deixá-lo ali. Sentou-se ao lado do moreno e tentou afastar as sensações horríveis do pesadelo que tivera.

Quando o tédio e o cansaço a dominaram, ela adormeceu novamente, sem ao menos perceber o quanto estava próxima de Percy. Por sorte, o pesadelo não a atormentou novamente.

Percy acordou dolorido. Havia alguém com ele, seus braços na cintura da pessoa, puxando o corpo para mais próximo de si. Quando percebeu que a única pessoa que poderia estar ali era Annabeth, abriu os olhos exasperados.

Deu de cara com uma cascata de cachos loiros. Não sabia como e nem a que momento Annabeth chegara ali e muito menos estavam dormindo assim.

Teve todo o cuidado do mundo para desvencilhar-se da loira e sair dali sem que a mesma acordasse. Só então reparou que estavam parados, atracados em uma ilha**.

– Annabeth! – Ele chamou. – Acorda! Você precisa ver isso aqui.