Who I Really Am? escrita por CarolBeluzzo, Gii


Capítulo 2
Pancada com o Desconhecido!


Notas iniciais do capítulo

Boooa tarde leitores (as), tudo bem com vocês? Eu estou ótemamente bem!
Aqui quem escreve é a Giovanna, a coautora, mas podem me chamar de Giie, Bola de Pelos ou o que vocês quiserem, estou atendendo até por "Psiu" ultimamente. Espero que conversemos muito pelos Reviews-Adoro!
Eu e a Carol temos trabalhado duramente por essas semanas, então acho que vocês podem esperar um ritmo de postagem razoavel da gente.
Tudo que posso dizer - sem a Carol me matar mais tarde - é que muitas emoções estão por vir! Esse é o Spoiler máximo!
Então boa leitura e que "A sorte sempre esteja á seu favor*!"



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— Renesmee!! Renesmee!!

Eu já estava quase na esquina quando ouvi mamãe gritar do portão de casa. Ela correu até onde eu estava, balançando a minha mochila no ar e eu bati na minha própria testa, começando a rir.

Sarah me entregou a mochila com o mesmo sorriso amável de todas as vezes que eu esquecia alguma coisa importante e como sempre disse:

— Só não esquece a cabeça porque está grudada no pescoço.

— Obrigada mamãe — eu disse rindo antes de sair correndo para pegar o ônibus para a escola, já atrasada.

Eu estava acostumada com aquela rotina de sempre esquecer a mesma coisa, não importava o que eu fizesse para lembrar. Eu já havia tentado de absolutamente tudo, desde amarrar uma fita colorida no dedo, até a fazer um checklist antes de sair de casa. Mas nunca nada realmente funcionou.

Eu quase perdi o ônibus que passava á dois quarteirões da casa onde morava com meus pais, em um dos tantos bairros de classe média que haviam por ali.

Apesar de ter morado a minha vida toda em Mullingar, na Irlanda, eu não me sentia tão a vontade como as pessoas daqui.

E isso não necessariamente se deve ao fato de eu não ser tão comum quanto as pessoas normais.

Quando eu digo que eu não sou tão normal, não é que eu esteja tendo uma crise
existencial como a maioria dos adolescentes da minha idade. Não. Eu realmente não sou normal. Uma história que nem eu mesma sei direito e não importava o quanto insistisse com os meus pais, Sarah e Connor Hughes, me revelassem alguma coisa. Tudo o que recebia de resposta era que eu era muito especial e que eles me amavam.

O fato é que eu meio que sou uma vampira. Do tipo que bebe sangue e tudo mais. E aquilo era tão estranho para mim mesma do que para qualquer um que, algum dia, soubesse daquele meu segredo.

Quando o motorista, um homem careca com um bigode ruivo alaranjado, freou o ônibus bruscamente para eu poder subir, franziu o rosto resmungando sobre os freios.

Sentei no mesmo lugar que todos os dias, dois bancos atrás do motorista, ao lado de uma garota que tinha o nariz enterrado em um livro grosso de capa velha.

— Oi Mikaelly — eu disse assim que sentei.

Mikaelly Hulleman era uma garota miúda de cabelos bem enrolados castanhos que tinha a maioria das aulas comigo e mal dizia mais do que meia duzia de palavras por dia.

— Aham — ela respondeu sem desgrudar os olhos das palavras

Ela passava a maior parte do tempo lendo grossos livros e concordando com a cabeça coisas que nem ao menos escutava. Mas era engraçada as vezes, mesmo sem dizer muitas palavras.

Antigamente, eu costumava a andar com algumas garotas que eu chamava de amigas. E nós tínhamos longas conversas e riamos aos montes juntas... Mas eu comecei a notar que, pelas minhas costas, elas não eram realmente as minhas amigas e algumas coisas ruins aconteceram comigo depois que descobri isso.

Foi quando eu conheci Mikaelly.

Não me importava com o fato de não mantermos mal uma conversa por dia. O simples fato de tê-la ao meu lado, já era o suficiente para mim. E eu sabia que ela não me julgava ou tinha inveja de mim, como todas as outras.

Eu lhe dei um sorriso e fiquei a olhar pela janela, olhando a cidade passar por nós. Alguma coisa no fundo da minha mente me cutucava, como acontecia quase todas as vezes que eu ficava a observar a cidade passar tão rápido.

Era como se eu tivesse uma estranha sensação de dejá vu. Mas, com o tempo, eu passei a ignorar aquilo.

A escola não é tão longe da onde eu moro, mas o ônibus dá voltas pela cidade, passando por quase todos os cantos. Quando nós chegamos finalmente na escola, o ônibus carregava adolescentes além da sua capacidade e chegara cinco minutos atrasado.

Mikaelly me acompanhava pelo campus tropeçando nos seus próprios calcanhares e com a mochila pesada quicando nas pernas enquanto corria. Nós duas tínhamos aula de cálculo no primeiro tempo e corríamos o máximo possível para conseguir chegar a tempo na sala, que era a ultima de todo o prédio.

Meu cadarço havia desamarrado no processo de empurrar todo mundo para sair do ônibus e eu estava tomando o máximo de cuidado para não pisar em cima dele e acabar me esborrachando. E foi exatamente por isso que eu cai.

— Autch! — Eu cai de bunda no chão.

Levantei meus olhos para achar o ser mal educado que teria me derrubado, um pouco irritada. Deu algum trabalho para eu poder ver seu rosto. Ele devia ter uns dois metros de altura e eu tive que me entortar muito para conseguir ver alguma coisa que não fosse o seu coturno preto.

Aliás, ele tinha um pézão, diga—se de passagem.

Ele tinha um olhar abobalhado e nem se deu o trabalho de falar nada. Apenas pegou minha mão e me ajudou a levantar, me puxando como se eu não pesasse nada... E eu não duvidava que não pesasse nada mesmo para ele. Tinha músculos enormes pelo corpo todo, o que ele aparecia querer deixar bem visível, usando uma camisa preta que era grudada o suficiente para eu conseguir ver os quadradinhos que havia no seu abdómen.

A mão dele era quente e eu estranhei esse fato, tendo em vista que em geral, que eu sou mais quente que os humanos — Um negocinho que vem junto com o fato de beber sangue. Por um segundo quis perguntar o porquê.

Mas eu lembrei que isso iria parecer muito estranho.

— Rê. — chamou Mikaelly com uma voz tão monótona que se eu não soubesse o jeito que ela era, não saberia que ela estava tentando me apressar.

Eu balancei a cabeça, me virando para o garoto—quente.

— Foi mal aí! — Eu me desculpei e dei um tapinha no ombro daquele cara esquisito — foi mais no cotovelo, na verdade porque o ombro dele era muito alto para os meus um metro e sessenta e cinco — antes de sair correndo junto com a Mika.

Mikaelly estava apontando para o pulso, como se ela estivesse com um relógio, eu continuei a correr, ajudando ela a não cair enquanto tropeçava, carregando o grosso livro pra ela; em vão, tendo em vista que ficamos para fora da sala um período inteiro, junto com outros cinco alunos da nossa sala.

***

— Vai comer a maçã? — perguntei para Mikaelly, que só balançou a cabeça de um lado para o outro.

Eu a roubei, dando uma mordida enorme. Passei os olhos pelo ambiente movimentado, sem procurar algo em especial. Eu adorava o horário do almoço por aquilo. A cidade era tão calma e tranquila que as vezes sentia falta de algum movimento. De algum aglomerado de gente. O legal daquela escola era que tanto o refeitório quanto o pátio ficava em um único lugar, com bancos e mesas por todos os lados, meio que obrigando você a ficar naquele espaço.

O falatório era imenso e isso me acalmava.

— Você se machucou? — Mika perguntou do nada, me dando um susto.

Procurei com os olhos pelo livro grosso que ela lia á pouco e reparei o livro em cima da mesa, com marcador de página em cima da capa. Ela havia terminado mais um, em menos de dois dias. Aquilo devia entrar para o livro dos recordes, no mínimo.

— Você diz do tombo com o carinha mais cedo?

Ela só concordou com a cabeça.

— Só fiquei com a bunda um pouco dolorida, mas nada de mais. Talvez, se não tivesse trombado com ele, nós teríamos conseguido entrar na sala á tempo.

Já havia pensado que tínhamos acabado nossa conversa quando ela continuou, me surpreendendo.

— Ele era estranho. — foi tudo o que ela disse

— Convenhamos que estranho é sinônimo dessa cidade. Não podia esperar por algo diferente. — mordi mais um pedaço da minha maçã roubada, olhando novamente ao redor.

— Ele parecia interessado em você.

Eu tive que parar para olhar para ela. Quase comecei a rir, mas me segurei. Aí é que estava uma coisa que não se via muito: Mikaelly observando alguma coisa. Se ela desgrudasse os olhos do livro, teria visto que já havia vindo pelo menos dois garotos na nossa mesa pedindo o meu telefone, só hoje.

Cobiça era uma coisa comum quando você é tipo... Vampirica.

— Estamos mesmo entrando no assunto “garotos”? — eu fiz as aspas no ar, com os dedos e não consegui segurar meu sorriso tratante.

Ela revirou os olhos.

— Não no assunto “garotos”, no assunto “aquele cara era estranho e estava de olho em você.” — ela molhou os lábios com a ponta da língua — Você sabe que o índice de estupro subiu dois por cento na nossa cidade, não é mesmo? E que o último caso aconteceu á apenas vinte e um quarteirões daqui.

Como se um estuprador fosse páreo para uma meia—vampira...

— Não acho que ele faça o tipo — respondi, voltando para a minha maçã e para o movimento do pátio, tentando encerrar o assunto. Mas Mika parecia estar inspirada para conversas hoje.

— Nunca se sabe. — Ela deu de ombros, puxando o livro e passando a mão sobre a capa dele, como se estivesse fazendo carinho em um cachorrinho, distraidamente — De qualquer forma, se o ver de novo, chame a policia. Eu não sei o que é, mas ele me dá arrepios. E olha que eu nem fiquei olhando para ele.

Eu sorri maliciosa.

— Talvez você esteja confundindo os arrepios...

— Cala a boca, Renesmee. — Ela disse seca, revirando os olhos — Estou tentando te alertar e você fica fazendo essas brincadeirinhas idiotas. Se for estuprada, eu vou falar eu avisei.

— Ei, calma! Só estou brincando. — eu disse rindo um pouco e me rendendo. — Eu não vou ser estuprada.

— Como pode ter tanta convicção? — ela disse sarcástica.

— Eu tenho os meus métodos.

— Spray de pimenta? — ela cerrou os olhos

— Um pouco melhor.

— Vai falar que vai usar seus golpes de karatê! Por favor, né Rê? Ele tem uns três metros de altura.

Não aguentei, gargalhando.

— Calma! Eu não vou fazer nada disso. Fica tranquila, eu vou ficar bem, você vai ver... Sem falar que ele não é nenhum estuprador e eu não vou ser estuprada.

— Pelo menos coloca o número da polícia da discagem rápida, por favor? — Ela arregalou os olhos para mim e eu não podia mais argumentar com ela. Quer dizer, não podia dizer que era uma meia—vampira e que daria conta do recado, pelo menos.

Ahh, talvez eu não tivesse mencionado, mas eu tinha uma forcinha a mais do que os humanos.

Eu revirei os olhos, puxando o celular do bolso.

— Cara, as vezes você é neura, sabia? — eu fiz uma careta para ela.

E aquela foi uma das poucas vezes que eu vi ela dar uma risada.

Eu fiquei olhando para Mikaelly pela visão periférica, notando o seu olhar carinhoso para o livro velho enquanto eu colocava o número da polícia na discagem rápida.

Ela podia até não transparecer no resto do tempo, mas ela se importava comigo mais do que muita gente nesse mundo.

***

— Tudo bem alunos, amanhã retomamos a página trezentos e noventa e quatro.

O sinal gritou quase como se tivesse combinado com o professor Leopold, avisando que nossas aulas haviam terminado.

Eu levantei com uma lentidão meio exagerada, aproveitando o momento de liberdade. Apesar de eu adorar as aulas de literatura, quase nada superava aquele calorzinho no estomago da hora de ir para casa. Eu tinha certeza que minha mãe tinha feito o meu bolo de chocolate especial hoje. Ela fazia toda quinta—feira.

— Você vai comigo na biblioteca? — perguntou Mikaelly, parando do meu lado com um olhar um pouco mais animado. Ela sempre parecia mais viva quando citava a palavra ‘biblioteca’.

— Você promete que não vai demorar? Minha mãe fez bolo hoje e eu to louca para comer um pedaço.

Ela balançou a cabeça concordando, antes de agarrar a minha mão e sair me rebocando até a biblioteca.

A nossa escola não tinha uma biblioteca própria, por isso os alunos ganhavam uma carteirinha para que pudéssemos tirar livros da biblioteca municipal, que ficava não muito longe dali.

Como cada aluno só podia tirar três livros por vez, Mika usava a minha carteirinha para poder tirar quantos ela quisesse e ir embora com aquela pilha nos braços, o que sempre fazia os seus olhinhos brilharem.

Dessa vez não foi diferente. Eu fiz ela ligar para a mãe dela para pedir para vir busca-la, pois parecia que ela ia cair a qualquer momento enquanto carregava livros um mais grosso que o outro nos braços. Eu também havia pego um livro, entrando no ritmo de Mika. Ela disse que se eu quisesse ganhar o campeonato de xadrez desse ano teria que estudar táticas novas, pois parecia que os novatos do primeiro ano vieram para me tirar do meu posto de campeã pela terceira vez consecutiva.

Só quando ela estava dentro do carro, indo embora, eu — finalmente — pude ir para o ponto de ônibus.

Eu sentei sozinha no banco, puxando o fone de ouvido e o livro que acabara de pegar na biblioteca. Eu precisava ler aquele livro pelo menos até na segunda—feira, que era quando começava as primeira disputas de classificação.

Xadrez Básico do Dr. Orfeu Gilberto... Será que é bom?

Eu pulei alguns capítulos antes de começar a ler mesmo, sabendo que provavelmente teria uma apresentação básica das peças.

Depois de alguns minutos lendo táticas e técnicas, e entretida com a letra de Calls Me Home, um homem sentou do meu lado no ponto de ônibus, me obrigando a sentar na beirada, cedendo todo o espaço para ele. Eu levantei a cabeça para olhar feio quando notei quem era.

Ele puxou os fones do meu ouvido, como se tivesse intimidade suficiente para isso.

— Oi. — Ele disse sorrindo enorme. Um sorriso que poderia me cegar facilmente.

— Aí, você é o carinha que eu trombei mais cedo! — eu exclamei — Me desculpa por aquilo, cara. Eu estava com pressa e nem vi você pela frente.

Ele parecia meio atordoado.

— Ahh, eu que peço desculpas! Eu também nem para desviar de você... Mas você se machucou? Fiquei preocupado o dia todo.

— Eu duvido que tenha ficado, mas não, nenhum aranhão. — Eu ri, enrolando a ponta de uma mecha do meu cabelo. Eu olhei para os meus pés antes de continuar, um pouco hesitante — Você não é algum tipo de espião mafioso, é?

Ele me olhou divertido por um momento, mas logo percebeu que eu estava falando sério e fechou o sorriso.

— Não sou um espião mafioso, mas quem me dera. — riu. — Seria legal.

— Então o quê? Estava me seguindo? — perguntei virando de lado para poder ver melhor sua expressão. — Sabe, minha amiga acha que você é algum tipo de estuprador assassino.

Ele pareceu surpreso.

— Tenho cara de estuprador assassino?

— Qual é, você tem quase vinte metros de altura, anda por aí todo musculoso parecendo um guarda-costas, o que queria?

— A aparência nem sempre diz tudo sobre a pessoa. Por exemplo você, eu acho que você parece uma boneca de porcelana, mas por acaso você viu eu te pegando no colo e colocando dentro de uma caixa de vidro?

— É diferente. E além do mais, eu não pareço uma boneca de porcelana. Elas são frágeis, e eu não sou tanto assim.

— Ah sim, posso ver. — ele soltou uma gargalhada estrondosa que parecia ao mesmo tempo uma espécie de latido. — Então, qual é o seu nome?

— Renesmee Hughes — Eu disse sorrindo. — E o seu? Agente 86?

Ele tinha um sorriso bem humorado que parecia ter triplicado de tamanho depois que disse o meu nome, mas quando ele foi responder um barulho irritante vindo do seu bolso o parou.

O toque de celular dele era a música tema do drácula?

Eu vi meu ônibus virando á esquina vindo na minha direção e eu dei uma última olhada para o garoto antes de fazer sinal para o ônibus parar.

Ele atendeu o telefone em um tom sério, mas sorriu para mim quando eu acenei, subindo no ônibus.

— Edward? Eu a encontrei. — Eu o ouvi dizer antes do motorista fechar a porta.


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Notas finais do capítulo

Hohoho, adoro isso.Alguma especulação que queiram deixar? Eu tenho vááááárias! Beijiinhos coisinhas!! :3