Who I Really Am? escrita por CarolBeluzzo, Gii


Capítulo 19
Passado


Notas iniciais do capítulo

Olá queridas! Espero que estejam gostando dos ultimos Caps! Agora fica emocionante de vez! E preparem os corações! Saibam que haverá uma especie de Segunda Temporada!
Boa Leitura!



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POV Renesmee

.

Duas semanas haviam se passado desde que tudo aquilo havia acontecido. Todos haviam aceitado bem meu namoro com Jacob, até papai estava levando numa boa, tio Jasper parecia ter mais ciúmes do que ele. Billy tinha ido a loucura, dizendo que finalmente Jacob seria feliz e Rachel fez um longo discurso dizendo que ele tinha que tomar conta de mim muito bem.

Todos também ficaram maravilhados com a notícia de que Leah estava grávida, principalmente porque Emily anunciou que também estava esperando um filho, o que fez os Quileutes ficarem contentes, afinal teriam, futuramente, mais dois guerreiros nos bandos. Apesar de haverem alguns receios quanto ao filhotinha de lobo-um-terço-vampiro, tudo estava calmo.

Bella havia prometido me levar na casa de vovô Charlie em breve, já que ele estava em viajando com Sue e voltara na semana anterior, mas ela ainda estava tentando prepara-lo para a notícia.

Leah e Emily aceitaram de bom grado que Alice preparasse um chá de bebê. A vampira ficou um pouco brava já que não conseguia ver o sexo do bebê e Leah não queria saber até a hora do parto, mas no fim se emocionou e disse que iria fazer algo em tons de amarelo bebê, já que, mesmo o bebê de Emily sendo menino, combinava.

Ambas estavam de quase quatro meses, então já se era possível identificar, mas mesmo assim, tanto Leah, quanto Nahuel gostariam da surpresa. Ele havia feito — com a ajuda dos homens da casa — um pequeno chalé, bem próximo ao nosso.

x — x

Depois de elas abrirem todos os presentes e agradecerem, cortaram um bolo. Leah e eu nos sentamos em uma mesa no jardim, enquanto Jake e Nahuel conversavam com Emily, Sam e Seth.

— Mas vocês já estão pensando em algum nome? — perguntei a ela enquanto comíamos pedaços do Bolo que Esme havia feito.

— Ainda não, acho que vamos saber na hora, sabe? Quando vermos o rostinho dele ou dela pela primeira vez.

Alice chegou saltitante, parecia mais ansiosa do que o normal.

— Vamos meninas, está na hora…. — Leah pareceu entender, mas eu não sabia o que aconteceria ali.

— Hora de que? — questionei, mas ela não me respondeu, apenas me puxou pela mão até onde todos estavam se reunindo. Parei em frente a Jacob que me abraçou e colocou o queixo no meu ombro.

— O que a baixinha tá’ aprontando? — sussurrou

— Não faço a menor ideia. — respondi no mesmo tom. Eu não estava a par daquela parte da festa, isso por que eu havia ajudado a planejar.

Alice foi até um microfone que havia para discursos e, depois de chamar a atenção de todos, disse:

— Bom, eu guardei esse momento para o final por que… bom, por que é especial. As futuras mamães, iram escolher os padrinhos e madrinhas dos bebês. — Ela soltou um gritinho animado e logo após entregou o microfone para Emily.

— Bom, nós passamos por bastante problemas e desavenças, mas mesmo assim você é da família e sei que, se alguma coisa acontecer a mim e ao Sam, você estará lá para ele, então eu gostaria que você e Nahuel fossem os padrinhos, Leah.

Leah sorriu. Estava com os olhos marejados enquanto abraçava a prima fortemente, mas não parecia muito surpresa. Já deveriam ter conversado sobre isso antes. Nahuel cumprimentava a Sam, também animado. Todos sorriam. Não só pelo fato de Emily ter escolhido Leah, mas também por elas terem deixado todas as rixas para trás, para compartilharem o sentimento de ser mãe.

Emily passou o microfone para Leah. Nahuel sorria ao seu lado.

— Bom, Nahuel e eu conversamos bastante sobre quem iríamos escolher, e, acho que, depois de pensar bastante, tomamos a decisão certa, escolhendo para serem o padrinho e a madrinha… Jacob e Nessie.

Minha boca se abriu em choque. Não consegui evitar sorrir enquanto Jacob me puxava até o pequeno espaço onde os dois estavam. Eu seria madrinha. Tem coisa mais fofa do que isso?

Quando finalmente cheguei até Leah, ambas já estavam em lágrimas. Jacob, que adorava crianças, agradecia a Nahuel com um abraço.

— Leah, por que não me disse antes? — perguntei sorrindo abertamente.

— Foi legal ver sua cara de surpresa. — respondeu rindo.

Não pude evitar mostrar—lhe a língua antes de seguir em direção a Nahuel que me olhava sorrindo, como um irmão mais velho.

— Ae monstrinha, cuida do meu bebê ein.

— Se a Alice não toma-lo de mim. — respondi mais baixo. Escutei um ‘Ei’ estridente vindo de trás e ri.

x.x.x.x

Depois dessa escolha de padrinhos, todos começaram a ir embora e depois de um tempo, apenas Leah, Nahuel, Jake, eu e minha família, havíamos ficado. Estávamos todos sentados em uma das mesas, conversando sobre assuntos variáveis, que iam de bebês até carros.

Fui até mesa do bolo e peguei mais dois pedaço daquela maravilha, um para mim, e um para Leah, que praticamente gritou que queria comer aquilo pra sempre.

Quando estava voltando, senti uma tontura forte e vi tudo girar. Para me apoiar em uma cadeira, tive que soltar um dos pratinhos, que se estilhaçou quando chegou ao chão, mas ainda assim, não consegui me segurar a tempo, e, alguns segundos antes de cair sentada no chão senti mãos frias me segurando.

Alguns segundos depois, eu estava sentada na cadeira em que eu estava antes, com todos me olhando. Alguém, que eu não sei quem foi, havia tirado o outro prato da minha mão.

— Ness, o que houve? — perguntou Carlisle a minha frente. — O que está sentindo?

— Foi só uma tontura vovô — respondi e minha cabeça latejou. — Minha cabeça está doendo, acho que vou deitar. Boa tarde.

Me levantei e segui em direção ao antigo quarto de Edward, onde havia uma cama. Deitei—me lá e acho que cochilei, até que acordei com o barulho de duas batidas na porta e a cabeça de Jake apareceu. Não pude evitar sorrir.

— Oi amor, está melhor? — perguntou se deitando ao meu lado. — Me deu um susto.

Apoiei minha cabeça, que ainda doía, em seu peito, e respondi:

— Minha cabeça vai explodir. Que horas são?

— Umas oito horas. — respondeu abaixando a voz.

— Eu dormi por quatro horas e meia? — perguntei assustada. Ele assentiu. — Mas eu nem percebi.

— Bom, isso é estranho. Todo mundo conseguia escutar seus roncos lá do jardim.

— Ora, eu não ronco. — retruquei.

— Não, mas é fofo como você meche o nariz quando esta brava. — ele riu.

Nós ficamos ali por mais algum tempo. Eu realmente tinha dormido bastante, afinal, quatro horas e meia para quem só queria tirar um cochilo, era demais. Eu ainda estava de vestido, mas alguém havia tirado meus saltos.

Jake fazia carinho em meus cabelos, mas eu não queria dormir. Precisava de um banho urgentemente.

Ouvi Edward avisar Alice lá em baixo. A vampira deu um gritinho e um segundo depois apareceu na porta.

— Vá tomar um banho que eu vou separar algo pra você vestir. — disse me puxando da cama. Jacob riu e colocou os dois braços atrás da cabeça.

Entrei no banheiro que havia no quarto, tirei o vestido, e, quando finalmente entrei embaixo do chuveiro me senti finalmente relaxar. Havia ajudado Alice a preparar o chá de bebê, e depois de me pendurar em todos os lugares possíveis, meus braços ficaram um pouco tensos.

Esvaziei a mente e voltei ao banho, quase nem percebendo quando Alice deixou as roupas e uma toalha em cima da bancada, fechando a porta em seguida.

Ela havia me trazido um short, não muito comprido e uma camiseta bonitinha.

O bom de a roupa ser mais fresca, é que eu poderia ficar ao lado de Jacob sem passar tanto calor. Ri. É, Alice pensava em tudo.

Sequei meus cabelos com a toalha e deixei—os soltos. Olhei—me no espelho pensativa; precisava corta-lo um pouco, estava batendo em minha cintura.

Voltei para o quarto e Jacob ainda estava deitado do mesmo jeito. A única diferença é que Bella estava sentada ao seu lado. Quando ela me viu, veio direto até mim, colocando a mão em minha testa e perguntando o que eu sentia.

— É só um pouco de dor de cabeça mamãe, passa logo. Onde o papai está? — perguntei sentindo falta de sua presença.

— Ele e seus tios foram ajudar Leah e Nahuel a levar os presentes para o chalé. Já devem estar voltando. — respondeu se sentando. — O que houve no jardim mais cedo?

— Foi só uma tontura. — respondi. — Eu estava voltando e de repente, tudo girou. Eu perdi o equilíbrio e precisei me apoiar. Aí o prato escorregou da minha mão. Falando nisso, preciso me desculpar com a vovó Esme por causa disso.

Ela parou ao lado da porta — que estava aberta — sorrindo.

— É só um prato Ness, não tem o que se desculpar. — disse e depois voltou a andar.

Bella ficou lá por mais um tempo, e, assim que papai chegou, depois de eu confirmar várias vezes que estava bem e que Jake ficaria ali comigo, eles foram para o chalé.

— Não quero nem pensar no que eles vão fazer lá. — comentou Jacob. Eu corei 90 tons de vermelho.

— Jacob, cale a boca. — resmunguei enquanto ele gargalhava.

Deitei ao seu lado novamente, com a cabeça apoiada em seu braço. Ambos estávamos em silêncio, mas nada que fosse constrangedor. Era ótimo ficar daquele jeito, apenas sentindo um ao outro.

— O que vamos fazer amanhã? — perguntou depois de um tempo enquanto brincava com os dedos de minha mão.

— Eu estava pensando em ir caçar. — respondi me virando. — Já faz um mês desde a última vez. Acho que é por isso que minha cabeça está doendo.

— Nós podemos ir pela manhã e depois você podia vir comigo a fogueira, que tal? — sugeriu se colocando de frente para mim.

— Jake, você não precisa ir, sei que é desagradável para você. — disse passando a mão em seu rosto.

— Eu sei que não tenho que ir, mas gosto de correr com você, sabe disso. — respondeu sorrindo.

— E o que tem nessa fogueira? — questionei curiosa.

— Ah, os líderes da tribo contam umas lendas, e nós comemos alguns hambúrgueres.

— Lendas? Tipo… lendas Quileutes? — perguntei e ele assentiu. — Elas não são tipo, sei lá, secretas?

— Ah, qual é Ness, você sabe o nosso segredo, faz parte disso. — resmungou sorrindo — Ainda mais agora que estamos juntos.

Não pude evitar sorrir depois daquela. Ele praticamente disse que eu sou parte da história dele.

— E quem são os líderes? — perguntei ainda curiosa.

— O avô do Quill, Sue — que ficou no lugar do Harry quando ele morreu, e o Sr. Black. — respondeu revirando os olhos. — Ele me disse que algum dia eu vou ter que ficar no lugar dele. Até parece que eu vou passar a minha vida inteira contando lendas.

Eu ri, mas ao fazer isso senti uma pontada na cabeça, o que me fez agarrar—me a Jacob ainda mais.

— Cabeça? — assenti. — Volte a dormir então. — sugeriu.

Ele começou a fazer carinho no meu cabelo e logo eu estava dormindo.

.

Eu corria loucamente pela floresta, era apenas isso que eu sabia. Havia borrões verdes e marrons passando com velocidade por mim. Meu coração batia acelerado e quente dentro de mim e eu não conseguia parar de olhar para trás. Eu estava fugindo de alguém?

“Jacob!” Eu tentei gritar, mas era como se meus lábios estivesse colados. Meu coração cada vez mais acelerado. Eu estava realmente fugindo? Eu só sentia aquela sensação. Sentia que eu precisava correr mais. Mais rápido. Mais longe.

Onde estava Jake? Onde estavam todos? Eu não reconhecia aquelas arvores. O borrão ao meu redor ficava cada vez mais rápido, cada vez mais indistinguível.

Uma pontada na minha cabeça, fez meus pés perderem o ritmo e tudo que eu pensei foi “Agora não!” enquanto eu capotava pelo caminho, até parar de cara no chão. Minha respiração acelerada. Eu estava fugindo? Não estava? Então porque aquela sensação estranha? Meu peito estava quente. Havia medo, mas não esse tipo de medo.

Eu olhei para o céu. Eu não estava fugindo. Eu estava correndo atrás. Eu precisava ser rápida. Precisava correr.

Ignorando as pontadas na minha cabeça — que agora, parecia uma bateria, me cutucando em um ritmo constante —, me levantei, dando impulso para frente, com toda a minha força. Eu entendi. Eu precisava chegar antes.

Eu olhei para o céu, pegando cada vez mais velocidade, sentindo a minha cabeça latejar cada vez mais e mais e mais…

“Aquela é Renesmee?” eu me sobressaltei. Aos poucos parei de correr, olhando ao redor. Havia vários sons de folhas pisadas. Sombras passavam pelas arvores, se escondendo de mim. As pontadas em minha cabeça seguiam o ritmo irritante, que parecia a cada segundo, um milésimo mais rápido. Parecia que todo o sangue havia súbito para a minha cabeça.

1—2—3—4… 1—2—3—4.. 1—2—3—4.. 1—2—3—4, 1—2—3—4, 1—2—3—4!!

— Rê? — ouvir meu antigo apelido me assombrou. Eu procurei o dono daquela voz.

— Renesmee? — Eu dei um pulo quando ela pareceu muito mais perto. Parecia que estava vem no meu ouvido.

Eu virei com tudo, pronta para um ataque surpresa á quem quer que fosse.

“Mikaelly!” Eu tentei falar, mas minha voz não saia. Lá estava a minha antiga amiga do colégio, com sua mochila maior do que o seu tamanho e com um livro enorme nos braços. Ela estava parada, seus olhos arregalados, olhando para mim.

— Renesmee, o que aconteceu? — ela perguntou — Eu fui na sua casa e não havia mais ninguém lá. Renesmee?

Eu tentava responder, mas eu parecia imobilizada. Não controlava mais nenhum musculo do meu corpo. O ritmo em minha cabeça aumentava. Eu tentava gritar.

“Ela foi embora e me deixou.” Eu ouvi ela pensar “Eu não era importante a ponto de ela se despedir antes de ir” Seu tom era magoado.

Eu vi os olhos dela cheio de lágrimas, e apesar de eu não saber como podia escutar o que ela pensava, eu tentava com todas as forças dizer que não era verdade. Ela era importante.

“Não merecia nem um e-mail?” Ela pensou “Nem um bilhete com ao menos um smile?”

“Não!!! Mikaelly! Você é importante!”

A dor em minha cabeça era quase insuportável. Tudo começava a escurecer. Eu tentei agarrar em sua mão, mas ela parecia cada vez mais distante cada vez que eu tentava.

“Eu era tão descartável?” a voz mental dela soou novamente. A dor me cegando cada vez mais. Tudo ficando cada vez mais escuro.

“Não! Mikaelly! Mikaelly!”

MIKAELLY!! — Eu gritei á plenos pulmões, me sentando na cama se súbito. Suor escorria pelo meu pescoço e testa e a respiração estava pesada.

“Renesmee?!”

— Eii, calma! — eu podia sentir uma mão quente em meu rosto. — Ness, você está me ouvindo? O que aconteceu?

Senti as lágrimas descerem pelo meu rosto. Eu precisava falar com ela, nem que fosse por um e—mail. Eu não voltaria para a Irlanda, mas não podia deixar aquela história sem uma explicação.

Eu estava suada, não só por que estava quente ao lado de Jacob, mas também pelo pesadelo. Meu coração batia rápido, apesar de já estar acordada. Meu cérebro parecia funcionar mais rápido a cada segundo, me deixando tonta.

— A Mikaelly, ela não sabe o que aconteceu. Ela acha que eu a abandonei.

— Ness? — continuou Jake — Amor? Foi só um pesadelo. Fica calma.

— Não foi, eu juro. Foi real demais. — disse passando os olhos pela sala. Não havia mais ninguém lá. — Eu era a única pessoa que ela tinha e agora ela acha que eu a abandonei.

— Primeiro, quem é Mikaelly? Segundo, o que houve?

— Mikaelly é aquela minha amiga que pensou que você era um estuprador assassino, lembra? — ele assentiu — então... eu era sua única amiga e saí sem dar explicações. Ela esta achando que eu não a amava. Que eu não a amava o suficiente para deixar um bilhete ou mandar um e-mail.

— Como você sabe disso? — questionou confuso.

— Eu vi. No meu sonho. E era real, eu juro.

— Shhh. Eu acredito em você. — disse passando a mão em meus cabelos. — Mas agora não vai adiantar nada. É uma hora da manhã aqui e Deus sabe lá que horas é na Irlanda. Ela deve estar dormindo, e se não estiver, está na escola. Mais tarde, depois de levantarmos, você manda um e-mail gigante explicando o que houve. Bom, não com todos os detalhes é claro.

— Tudo bem. — voltei a me deitar em seus braços. — Como você acha que eu fiz isso? Ver a pessoa num sonho… — Eu deixei de fora a parte que eu ouvia o que ela pensava sem toca-la.

— Eu não sei, mas falaremos para os outros depois.

— Onde estão todos? — questionei já sonolenta novamente.

— Foram caçar. Esta uma noite legal.

—Hm. Está mesmo. — concordei olhando para a janela. — Boa noite Jake. Até mais tarde.

— Boa noite monstrinha.

Senti um beijo em meu cabelo e depois apaguei.

Assim que eu acordara, na manhã seguinte, apesar de Jacob tentar me convencer para ir tomar café da manhã, eu havia apenas ido direto para o computador que havia no escritório de Carlisle. Ele havia levado um copo de leite e torradas para mim, algum tempo depois, mas eu estava sem fome. Eu não conseguia esquecer aquele sonho.

Mesmo depois de dormir em seguida, foi como se eu apenas tivesse fechado os olhos e abrisse no momento seguinte já de manhã.

Eu já havia perdido a conta de quantas vezes eu apaguei e comecei novamente aquele e-mail. Eu estava a tanto tempo na frente daquela computador, pensando em como eu poderia escrever aquilo, tudo o que eu passei nos últimos dias, sem a envolver em toda aquela magia e coisa e tal. Parecia que a minha vida com ela era uma coisa de outra época. Outra vida.

E talvez fosse mesmo outra vida.

Eu me sentia extremamente mau por não ter me despedido dela. Nem sequer ter pensado em dar alguma notícia! Eu era tão egoísta!

Sem falar que aquilo não saia da minha cabeça. Eu havia ouvido o pensamento dela… Eu tinha certeza que foi real!

Olhava para o espaço em branco, batucando os dedos na mesa fazia algum tempo, sem saber como iniciar alguma coisa quando Tio Emm entrou na sala.

Ele tinha aqueles olhos tristes, como sempre agora, mas sorriu ao entrar. Ele puxou uma cadeira, se jogando ao eu lado.

— O que está fazendo, monstrinha?

Eu respirei fundo, me sentindo cansada.

— Tentando escrever um e-mail para uma amiga minha da Irlanda, mas parece impossível!

— Sabe o que é impossível? Ficar em pé sem comer nada.

Eu revirei os olhos.

— Papai te mandou?

— Você sabe que sim. Eu disse para ele que quando estivesse com fome ia comer, mas ele sempre foi meio exagerado. Sabe que ele é um pouco neurótico quando é algo relacionado a você. Na verdade, isso é uma coisa que começou quando sua mãe ainda era humana.

Eu ri alto, virando de frente para ele. Fazia algum tempo que eu não falava direito com tio Emmet. Para falar a verdade, desde a conversa na garagem.

Não que eu o estivesse evitando, muito longe disso. Eu amava muito o meu tio e o que ele me disse aquele dia fez amenizar muito minha culpa e dor.

Todos na casa sentiam falta da tia Rose. Muita. Era possível, as vezes, pegar algum deles com olhar distante e aquela aparência triste. Era impossível evitar aquilo.

Eu imaginava o quão ruim podia ser não poder dormir numa hora dessas. Eu gostava do meu refúgio em meus sonhos. Ter que ficar pensando em tudo, vinte e quatro horas por dia me deixaria louca.

Imaginei como era para Tio Emmet. Como ele estava suportando aquilo? Eu não sei o que eu faria se perdesse Jacob. Imagina ele, que tinha um relacionamento muito mais longo e… tão concreto.

Eu balancei a cabeça, saindo daqueles pensamentos.

Emmet sorria enquanto se aproximava mais da tela do computador, virando a tela um pouco para ele ver. Ele ergueu uma das grossas sobrancelhas para mim.

— Não escreveu muito, não é?

— É um pouco mais complicado do que parece. — eu sorri amarelo, olhando para as minhas mãos — Eu não sei como explicar para ela o por que eu sumi, por que não vou voltar e por que não podemos mais nos falar

— Hmm… E por que não podem mais se falar? Você não morreu, ela não morreu… Muito menos tem algo as impedindo.

Aquilo me pegou desprevenida. Ele estava fazendo uma referência a tia Rose? Tio Jasper apareceu na porta. Emmet olhou, como já soubesse sobre o que era, apenas assentiu, levantando. Jasper sorriu para mim da porta.

Eu pisquei um pouco, sem saber o que falar ainda.

— Olha, Ness, não é a primeira vez que amigos ficam longe por um motivo maior. E quantos filmes de mulherzinha não existem provando que pode haver amizade a longa distância?

Eu ri levemente, balançando a cabeça.

— Não é tão simples, eu sou uma meia-vampira.

Ele parou a caminho da porta, virando-se para mim.

— Renesmee, é bem claro que você se importa com o que ela pensa de você, você a ama, assim como ama sua mãe e seu pai falsos e a todos nós. Se tem uma coisa que eu aprendi depois que Rose se foi é que não podemos perder tempo. Temos que falar tudo o que queremos e demonstrar nosso amor para todos, antes que eles partam e não é mais possível. Você pode ir atrás dela. Se ela for sua amiga, se te amar assim como você, ela vai entender.

Emmet tinha um olhar um pouco distante quando terminou. Ele parou por alguns segundos, olhando para o muito longe dali, imerso em pensamentos antes de voltar a si e sair do quarto, sem dar antes um pequeno sorriso para mim.

Eu fiquei triste com o pensamento de que nunca mais seu sorriso subiria ao seus olhos. Aquele parecia outro Emmet. Eu senti falta da tia Rose.

Jasper ainda estava na porta quando eu olhei novamente para cima. Ele tinha uma expressão indecifrável. Aquele expressão de quando os sentimentos os outros afetam ele mesmo.

Ele forçou um sorriso para mim.

— Sabe, nunca pensei que ia dizer isso, mas Emmet tem razão Ness. Talvez não consiga escrever nada porque não seja exatamente isso o que você queira fazer.

Ele sorriu deixando a frase no ar e saindo. Eu pisquei aturdida. Eu tinha outra opção além de escrever?


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