Who I Really Am? escrita por CarolBeluzzo, Gii


Capítulo 10
Amizade?




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Capitulo 9



Não tenho certeza do que eu esperava que acontecesse quando nós chegássemos. Era óbvio que eu ia tentar fugir e era claro que ele tentaria impedir, mas como aquilo se desenrolaria era uma incognita para mim, até o momento que saímos do avião.

Eu devia saber que eu não era a primeira a que ele fazia isso. Ele tinha o olhar confiante demais para alguém que está sequestrando uma pessoa pela primeira vez e tudo parecia muito bem programado.

Durante a viagem eu conseguira - apesar no pânico incontrolável - elaborar um modo de fugir sem que ele me capturasse de volta. Um modo de conseguir voltar para a minha familia, a verdadeira, de onde eu nunca deveria ter saido.

Ao sair do avião, não pude deixar de admirar ao vivo, uma das mais belas paisagens que eu já havia visto na minha vida. A pista de pouso ficava na capital da Amazonia, Manaus, mas ainda assim, era possível se ver a grande e majestosa mata do outro lado da cerca.

Tudo era maravilhoso, e me fazia pensar em como teria sido viajar com a minha família para um lugar como aquele. Tanto a real, quanto a adotiva.

Entramos em um carro, e viajamos por umas duas ou três horas, penetrando cada vez mais fundo nas matas, fazendo a cada segundo, mais difícil de se ver o céu e fazendo ficar mais escuro, já que as copas das árvores ficavam cada vez mais unidas, impedindo a passagem de luz.

Durante todo o percurso, tanto de avião, quanto de carro, eu não havia dito uma palavra, e muito menos ingerido algo, e em consequência disso, já conseguia sentir as rachaduras se formando em meus lábios, agora secos.

Eu me sentia mal. Deslocada. Uma garota, de no máximo dezoito anos, havia ido nos buscar no aeroporto, e estava sentada ao lado de Johan, conversando animadamente, parecendo radiante com a sua volta ao ‘lar’.

Uma hora depois, chegamos a uma linda clareira, onde no meio, havia uma grande mansão. Eu nunca havia visto uma casa tão grande.

Eu já podia imaginar o porque de ser tão grande, afinal, ele devia ter muitas filhas híbridas, e tinha que ter um lugar para criá-las para seus... experimentos.

Eles me colocaram em uma cela. Uma cela úmida, escura e com cheiro de mofo., que havia no porão da casa, onde haviam apenas duas pequenas janelas com grades. Meu estômago protestava de fome, e meus lábios anciavam por pelo menos uma gota de água.

Umas três ou quatro horas depois, uma menina que devia ter no máximo uns sete ou oito anos, na aparência, entrou no pequeno quarto, acendendo a luz em seguida, o que me fez fechar os olhos por conta da luz, por um momento. Ela carregava uma pequena bandeja onde haviam um copo d’agua e um lanche natural que pelo cheiro era de frango.

Ela se aproximou da cela sorrindo e colocou a bandeja em um pequeno pedaço de metal que pendia para o lado de dentro.

– Olá, meu nome é Anna. - disse ainda sorrindo. - Papai me pediu para trazer algo pra você. Disse que estaria com fome depois da viagem. Tenho que ir agora, tenho que ajudar minhas irmãs. - Ela sorriu mais uma vez e saiu correndo pela porta.

É claro que eu não comeria nada que Johan trouxesse pra mim, não sabia que tipo de coisas ele poderia ter posto dentro dos componentes do lanche e até mesmo na água. Não iria dormir tão pouco, mas ainda assim, me deitei no pequeno e ralo colchão que havia ali e tentei achar uma posição confortável para descançar e tentar lembrar mais coisas sobre a minha infância.

Dois dias se passaram, e Johan continuava mandando suas filhas me trazerem comida, agora com o bônus extra: um copo de sangue. Óbviamente era sangue humano, já que ele não aceitava nem a minha dieta, que parecia ser a mesma que a de Nahuel.

Eu não conseguia escutar muita coisa atráves das portas e das janelas, mas tinha certeza que, do pouco que havia ouvido, nenhuma das vozes era de um homem, a não ser a de Johan.

Uma das filhas de Johan me disse que Nahuel estava voltando da visita a sua tia, e que o pai iria pedi-lo para me fazer comer ou beber alguma coisa, já que eu não servia de nada a ele, morta.

Eu não tinha certeza se confiava em Nahuel plenamente para comer algo que ele me desse, afinal, quem sabe os truques da mente que Johan tinha disponível com tantas filhas ali, e com a trégua com os Volturi?

Mas enfim, a filha de Johan estava certa, e mais dois dias depois, no meio da noite, enquanto eu lutava para não cair no sono pelo sexto ou sétimo dia direto, um garoto de no máximo desesséte ou dezoito anos na aparência passou pelas portas, carregando uma bandeja com um copo de sangue, como as outras.

Ele arregalou um pouco os olhos ao ver meu estado, mas todas estavam fazendo a mesma coisa a dias, então não me importei. Depois de alguns minutos parado ali com o choque, ele sorriu e seguiu em direção a minha cela, mas, diferente das outras, ele a abriu, fechou e depois se sentou ao meu lado no colchão, me fazendo encolher um pouco.

– Ei, tudo bem, não vou te machucar. - sorriu. - Eu sou Nahuel, se lembra de mim?

Olhei pra ele mas não respondi. Agora que ele estava ao vivo em frente a mim, eu conseguia lembrar mais claramente de suas feições.

– Eu trouxe isso pra você. Soube que você não anda comendo. - disse empurrando a bandeja em minha direção. E depois, pegando o copo com tampa, completou: - E isso também, Johan me disse que você segue a mesma dieta que eu então cacei alguns animais e deixei uma pequena reserva pra você… e pra mim, claro.

Eu conseguia sentir o cheiro do sangue, e era realmente sangue de algum animal. Levantei a mão, ainda encarando-o e ele fechou meus dedos por cima do copo.. Não esperei muito tempo, arranquei fora a tampa do copo e bebi em goladas o seu conteúdo.

Não pude deixar de soltar um suspiro de alívio, fazendo Nahuel rir.

– Sei que deve estar pensando que Johan colocou alguma coisa na comida, mas fiz questão de prepará-la pra você.

Eu fiquei olhando para o lanche que ele estendia para mim, até que ele notou que eu não tinha a intenção de pega-lo.

Ele suspirou fundo.

Assim que ele saiu, eu comi um pedacinho do lanche.

Nos dias que se seguiram à minha alimentação, somente ele apareceu, não mais alguma de suas irmãs. Cada vez, ele tentava trazer algo mais gostoso que eu não resistiria. E eu apenas ficava quieta, com ele ao meu lado esperando pacientemente. Eu continuei a esperar ele ir embora para comer apenas um pedaço, não muito grande. Resistia ao maximo a aquela vontade esmagadora de enfiar a comida toda garganta a baixo, quase sem mastigar. Mas eu não tinha como ter certeza se a comida estava ou não “modificada”, e achei, que talvez, se eu comesse só uma pequena porção por dia, não fizesse tanto estrago.

Ou era isso que eu dizia para tentar me convencer de que não confiava nele e que estava agindo por conta própria.

O sol surgia e então desaparecia pelas janelas, e levava embora minha noçao de tempo. O único contato com pessoas que eu tinha era nas visitas noturnas de Nahuel e as vozes vagas de pessoas conversando durante o dia.

Eu comecei a achar, que talvez, nem minha família conseguiria me achar naquele lugar e que eu ficaria ali para sempre. Afinal… Amazônia?

– Por que você não fala?

Nahuel perguntou um dia, enquanto eu esperava ele ir embora para fazer meu estomago se acalmar pelo menos um pouco.

E eu fiquei á olhar para ele, observando aquelas ruguinhas em sua testa crescer e ficar cada vez mais profunda. Ele se preocupava comigo o suficiente para passar o dia pensando em mim? Em como me ajudar?

Eu estava fazendo a pergunta errada. Ele queria me ajudar?

Só havia um modo de saber.

Eu estendi minha mão, tocando seu rosto.

Aquele não era mais um caminho de uma só via. Eu podia ouvir o que ele pensava enquanto o tocava e ele podia ver o que eu queria. Eu não soube porque, mas a primeira imagem que veio foi a antiga mansão dos Cullen, em que eu morava quando criança. A imagem era vaga, preenchida por uma memória já apagada tantas vezes que era difícil de completa-la. Então, ele preencheu os pontos vagos, com seu próprio ponto de vista.

“Ela quer ir para casa.”

Aquilo soou como que com pena e eu me afastei, não conseguindo mais segurar as lágrimas.

Seus abraço quente me pegou de surpresa. A sensação de ter algo quente ao meu redor fez despertar minhas lembranças mais profundas. E eu me agarrei ao seu corpo e chorei como nunca. Chorei, como a criança assustada, levada para longe da sua familia que eu era. Chorei, como eu devia ter chorado á muito, muito tempo.

E eu podia ouvi-lo o tempo inteiro, no silencio da noite me dizendo, sem saber, por seus pensamentos:

“Nada mais de ruim vai acontecerá você. Eu prometo”

POV Nahuel

Eu havia saído da casa de Johan com a desculpa de visitar a minha tia, não fazia nem dois dias. Depois que descobri sobre sua negociação com os volturi e Renesmee, eu fingi me juntar á sua causa. Naquilo, tinha se passado um mês, até que ela chegou na Amazonia.

Nariara havia me telefonado, me contando que ela chegara de surpresa. Parecia que Johan havia planejado para que eu estivesse fora quando isso acontecesse. Quando estivesse com a minha tia, alheio á tudo.

Mas ele não contava que eu estivesse em um lugar bem mais distante. Os Cullen haviam voltado para Forks depois de eu lhes contar da ligação de uma das minhas irmãs e jurar que levaria ela de volta assim que ela estivesse bem, e que se eles estivessem lá, Johan iria perceber e o plano iria para o brejo.

Eu saía todos os dias de manhã para ligar para a masão em Forks, e garanti-los de que Renesmee estava se recuperando, mas ainda assim, não comia mais do que uma mordida de nada.

Mas, daquela vez foi diferente. Eu estava tentado a faltar nas minhas notícias. O que acontecera na noite anterior, parecia tão íntimo e tão profundo, que eu pensei em simplesmente esconder. Eu podia sentir que, naquele momento, ela confiava em mim e era essa parte que eu devia contar para os Cullen. Que eu tinha certeza que ela melhoria dali em diante. Mas como eu poderia contar aquilo, sem deixa-los todos agoniados e propensos a pegar um avião no segundo seguinte?

Eu estava sobre a espada e a cruz.

– Nahuel? - A ligação mal tinha dado um toque quando foi atendido

– Edward, como vai?

– Melhor agora que recebemos sua ligação. Bella está uma pilha de nervos, anda cada vez mais difícil segura-la para não acabar te ligando.

– Ela sabe que se Johan sequer suspeitar, tudo acaba.

– E isso estimula cada vez mais a sua ideia de ir logo buscar Renesmee… - Ele suspirou fundo - Como ela esta? Algum progresso?

Um suor frio escorreu pela minha testa. Eu respirei fundo. Como eu diria aquilo?

– Ela está no mesmo estado, comendo apenas pequenos pedaços. Ainda tem medo da comida conter algo… Eu não posso culpá-la por persistir nisso. Só de olhar para o rosto de meu pai, já é possível perceber que ele é capaz de tal coisa.

– Mas ela ainda não confia em você?

– Você confiaria? - Retruquei, de subto, na defensiva.

O silêncio, por um minuto, foi palpável

– Creio que tem razão. - Ele respondeu depois de algum tempo, cabisbaixo. - Então é apenas isso?

O seu tom foi o que me impulsionou a dizer tudo. Eu não tinha direito de manter aquilo.

– Apenas mais uma coisa… - engoli em seco. - Ontem a noite, Renesmee… Conversou comigo. Bom, não diretamente, mas o fez.

– Ela o quê? - a tristeza abandonou sua voz, subto, agitada - O que disse? Por que não disse antes? Porque ela resolveu falar dessa vez?

Eu pude ouvir Bella, ao fundo, agitada.

– E-Eu tentei perguntar alguma coisa e… Ela me mostrou Forks. Uma lembrança vaga, quase não reconheci, mas sei que ela queria dizer que estava com saudade, que lembra de tudo, que quer voltar pra casa.

O silencio continuou por algum tempo, até que alguém finalmente respondeu, e desta vez não era Edward.

– Nahuel, se você não trouxer ela pra casa em três dias eu juro que eu vou buscá-la.

– Bella, escuta, você sabe que eu estou fazendo de tudo, mas com Johan aqui não tem condições. - disse passando a mão nervosamente pelos cabelos. - E além do mais, ela ainda está muito fraca, seria arriscado.

– Eu sei, mas já fazem mais de seis dias. Não pode tentar apressar as coisas? Quanto tempo mais ela vai aguentar sem se alimentar direito? Ela é só uma criança. - perguntou com a voz falhando como se estivesse chorando.

Suspirei. Eu iria prometer algo que não sabia se poderia cumprir.

– No final da semana estaremos aí. - respirei fundo depois de soltar aquela frase, me levantando da pedra em que estava sentado.

– Obrigada. Você não sabe o quanto somos gratos.

– Não tem problema algum. - olhei no relógio em meu pulso e concluí. - Tenho que ir agora, e tentar fazer ela comer mais alguma coisa.

– Ok, obrigada mais uma vez. - disse. - E Nahuel… se puder, diga que estamos com saudades.

– Vou tentar. Até mais Bella.

Desliguei o telefone e segui até a - agora tão conhecida - cela de Renesmee, passando antes pela cozinha, onde algumas de minhas ‘irmãs’ conversavam animadamente sobre algum assunto banal.

Peguei um copo de suco, um lanche e desta vez, adicionei um pedaço de um dos bolos que as muitas mulheres desocupada faziam, lotando a geladeira, provando antes, é claro, mas ainda assim, levando um pedaço para mim, caso ela desconfiasse.

Abri a porta da cela, me deparando com uma Renesmee ainda mais magra do que quando havia chegado, deitada no ralo colchão, e com lágrimas escorrendo dos olhos.

Imediatamente, ´me preocupo com seu choro. Será que Johan…? Eu entrei mais do que depressa na cela, praticamente jogando a bandeja no chão antes de sentar ao seu lado e abraça-la com toda a força.

O choro ficou mais forte. O aperto no meu coração se fez mais intenso, enquanto eu tentava acalma-la e fazer ela dizer o que havia acontecido. Ela parecia tão fragil!!

Mas apesar de eu estar abraçando-a, ela não me mostrou nada daquela vez. Parecia tentar esconder o que se passava na sua mente, se limitando á me abraçar e ficar ali por um bom tempo.

Eu me senti perdido, tentando entender o que eu poderia ter feito para a confiança que obtivemos na noite passada tivesse sumido tão rapidamente. Ela entraria de volta naquele casulo que havia entrado desde que pôs os pés aqui? Não comeria mais nada de novo?

– Por que as suas irmãs não vem mais trazer minha comida? - Ela perguntou me assustando. - Só você aparece toda noite.

– Te encomodo?

Ela ficou em silencio por algum tempo.

– Não foi isso que eu perguntei.

Não pude evitar de sorrir.

– Eu disse que ia te proteger - Respondi

– Você prometeu isso ontem. - Ela parecia que já havia pensado sobre aquilo antes - Você vem muito antes disso.

Ela estava de olhos fechados, mas mesmo assim, eles estavam molhados pelo choro anterior. Eu beijei o topo da sua cabeça, apoiando o rosto sobre ele.

– Eu não prometi para você. - sussurei

– O quê você disse?

– Nada de mais. Quer comer um pedaço desse bolo? Até eu vou comer um pedacinho…


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