As bochechas coraram, e ele nunca se sentiu tão sem graça como naquele momento, Sakura estava perfeita. Usava um vestido branco, delicado, todo de renda, com um fino cinto rosa demarcando a cintura, os cabelos com leves ondulações, seus lábios rosados e os olhos demarcados e tão vivos que ele ficou fascinado só de fita-los. Nada foi dito a principio. Naruto apenas contemplava a menina a sua frente, até que ela deu uma risada sem jeito abaixando a cabeça.

— Pare de me olhar assim. Está me deixando sem graça, Naruto. — Disse a menina fechando a porta a suas costas.

O loiro voltou a si e deu alguns passos para trás estendendo um dos braços para a rosada. O Uzumaki também estava diferente do usual, ao invés das típicas roupas ninjas, vestia uma T-shirt preta com uma jaqueta de couro por cima e calça jeans no lugar das que sempre vestia, tudo para ela, tudo por ela. Sakura aceitou o braço estendido entrelaçando-o ao seu

— Você está linda, Sakura-chan. — Essa foi à vez da Haruno corar, fitando as sapatilhas pretas em seus pés.

— Obrigada. — Ergueu a cabeça. — Você também. Está diferente. — Sorriu de uma forma tão terna que Naruto sentiu seu peito se aquecer. — Eu gostei. — O loiro apertou o braço da garota e desceu os degraus do batente junto com ela.

— Vamos, vamos que a gente tem um montão de coisas para fazer essa noite e o tempo é curto. — Ele a puxou e caminhou apressado para que chegassem logo no local marcado. Mas então ele se lembrou de algo e parou no meio do caminho.

Naruto se virou e fitou os brilhantes olhos de Sakura que o observava sem entender o porquê da parada brusca. O garoto segurou o seu rosto com ambas as mãos e sorrindo selou seus lábios aos da Haruno em um beijo terno e delicado. A menina segurou os braços dele, deixando que o beijo se aprofundasse derretendo sobre o toque desajeitado da pessoa mais carinhosa que conhecia.

E quando se separaram ambos tinham uma compreensão mutua do que aquilo significava, porque com o tempo Naruto e Sakura criaram uma sintonia tão forte que palavras não eram mais necessárias entre eles e aquela situação era a prova disso. Dessa vez ao invés de pegar o braço dela, ele segurou sua mão e voltaram a caminhar rumo ao local que só Naruto sabia onde era. Rumo a tão esperada noite dos a sós.

(...)

Sasuke não conseguia entender, não conseguia se mover. Algo estava errado e a vontade que tinha era de voltar a fechar aquela porta e reabrir porque aquilo só podia ser uma brincadeira de muito mau gosto, e assim que o fizesse aquela garota que ele nunca tinha visto na vida sumiria e no lugar surgiria Sakura, rindo e dizendo que ele tinha ficado com uma cara de idiota e não pararia de perturba-lo por uns bons trinta minutos. Quando o Uchiha ia fechar à porta a menina segurou a madeira.

— Sr.Uchiha... — Era estranho chamar alguém da sua idade de ‘Senhor’, mas necessário na profissão dela. — Eu sei que não nos conhecemos, mas estou aqui para tratar seus olhos.

E essas palavras fizeram Sasuke amargurar a ideia de que aquilo não era uma brincadeira, era real, muito real. A menina sorriu sem graça, segurando sua bolsa rente ao corpo. Enquanto o Uchiha apertava com ainda mais força a maçaneta de sua porta.

— E onde está a Doutora Haruno? — Perguntou em seu tom mais frio e cortante, não estava ali para criar vínculos com aquela garota.

— E... Ela disse que tinha um compromisso. — A garota começou a gaguejar, mas parou para tomar fôlego. Não podia ficar tão assustada com apenas um olhar. — E pediu para que eu viesse tratar o senhor, hoje... E — Voltou a fraquejar notando que a fisionomia dele só piorava a cada palavra proferida -... Também pediu que eu assumisse o seu caso permanentemente.

Essas palavras foram o suficiente para alimentar a fúria de Uchiha Sasuke que fechou a porta na cara da garota sem se importar. Sentia algo profundo, ruim e destrutivo crescer dentro de si. Sakura não podia ter feito isso com ele, não podia. Passou as mãos pelos cabelos, fitou a mesa que com todo esmero tinha preparado para eles. Cego pela sua ira correu até ela e jogou tudo que tinha feito no chão. Toda uma tarde perdia, todo o cuidado para ela, tudo por ela. Para que? Para ela colocar uma qualquer para cuidar dele. Quem ela pensava que era? Com quem ela pensava que estava lidando?

No alto de sua cólera Sasuke saiu porta a fora sem enxergar um palmo a sua frente. Guiado pela sua raiva, seguiu rumo a casa da Haruno. Tiraria satisfações essa noite, isso não ficaria assim de forma alguma. Ele tinha prometido por um fim em toda aquela situação sem falta e era isso que faria, Sakura não poderia fugir dele e do que sentia por ele.

(...)

— Onde vamos? — Perguntou a Haruno pela milésima vez, Naruto revirou os olhos e a puxou para um abraço.

— Por que tantas perguntas? Esta me imitando, Sakura–chan? — A Haruno fez um muxoxo.

— Idiota, só não entendendo. Por que tem que ter tanto mistério com relação ao lugar que está me levando? — Voltou sua atenção a frente e percebeu que eles estavam tomando o caminho do Ichiraku, de primeira ignorou, mas ao notar que realmente estavam indo para a barraquinha de lamen, Sakura resolveu falar, enrugando o cenho. — Mas... Achei que tinha dito que essa noite seria diferente. Longe do Ichiraku. — Ele sorriu e ao chegarem a frente do estabelecimento, pegou uma cesta das mãos de Ayame.

— E não vamos. Só pedi para eles guardarem algumas coisas para mim. — Manteve uma das mãos junto à de Sakura, enquanto carregava a cesta na outra. — Prometo que essa será uma ótima noite, Sakura–chan.

Caminharam mais um pouco, rumo a um parque natural que tinha mais ao centro da Vila. Já dentro do parque ambos seguiam por uma trilha de pedregulhos com varias arvores margeando o caminho. Alguns metros a frente Sakura conseguiu distinguir a silhueta de muitas outras pessoas. Casais, famílias e amigos se encontravam em frente a uma enorme tela, colocada bem ao centro de uma campina, onde a vegetação era rasteira e possuía alguns pequenos montinhos que levavam até o lago no final do parque.

— Vamos assistir a alguns clássicos e depois jantar. — Disse o Uzumaki soltando a mão da Haruno.

Naruto abriu a cesta e estendeu uma toalha quadricular no chão. Onde ambos se sentaram. O rapaz também tirou alguns sanduíches e frutas da cesta, mais sucos e uma garrafa de vinho branco.

— Já quer me embebedar no começo da noite, Naruto? — Sorriu enquanto ele corava.

— Talvez você fique menos agressiva bêbada. — Brincou o loiro abrindo a garrafa em suas mãos, era tão raro vê-lo beber, mas aquela era uma ocasião especial. Valeria a pena.

— Muito pelo contrario, tá. — Esbravejou a rosada. — Te quebro em dois só com o mindinho. – Sorriu pegando os copos sobre a cesta e estendendo dois para que Naruto os enchesse.

— Calma Sakura–chan. — Disse levemente preocupado. — Não pode me quebrar essa noite, deixa isso para amanhã. Hehehe.

A noite prosseguiu em um clima ameno, com ambos prestando atenção no filme. Algumas gracinhas de Naruto que fez com que eles levassem esporro das pessoas próximas, isso chegou a ocorrer no mínimo umas três vezes. Quando o filme terminou eles continuaram mais um tempo, estirados sobre a toalha, Sakura com a cabeça apoiada no antebraço dele, fitando as estrelas e brincando com os dedos do garoto e Naruto a fitando, sem acreditar que aquela noite realmente era real.

— Eu já disse o quanto você é especial para mim? — Sakura desviou sua atenção, observando os olhos azuis cristalinos.

— Já. Mas acho que sou eu que não falo isso com muita frequência. — Soltou a mão dele, tocando o rosto bronzeado. — Você é muito especial para mim, Naruto. – Sorriu e ele lhe sorriu em resposta.

Ficaram por um longo período apenas se encarando, e escorando um no outro, leves empurrões carinhosos, até Naruto informar que eles precisavam continuar seu trajeto. Levantaram e de mãos dadas saíram de parque.

— Agora nós vamos jantar. — Sua jaqueta já se encontrava sobre os ombros de uma friorenta Sakura.

— E onde você vai deixar essa cesta? — Perguntou a garota e ele virou para ela sorrindo e piscando um dos olhos.

— Não se preocupe. Eu já tenho tudo esquematizado.

Apesar do horário a Vila estava com um grande numero de pessoas na rua, e isso só o irritou mais ainda. Queria chegar logo a casa de Sakura, poderia ir pulando de telhado em telhado, mas tinha decidido ir caminhando, para tentar ao menos se acalmar se não faria uma loucura. No entanto, olhando o centro do local a ideia de caminhar lhe pareceu estupida toda aquela movimentação o estava enervando mais do já estava. Virou em uma esquina distanciando-se da parte movimentada. Tomaria um caminho mais longo, porém, com toda certeza, mais vazio.

No entanto assim que virou a rua sua visão se voltou para um casal que caminhavam despreocupadamente. Parou de andar e todo o seu sangue gelou, toda a sua ira voltou. Sasuke fechou os olhos, tentando conter o monstro raivoso que crescia dentro dele, mas já era tarde demais para isso.

Caminhavam sem pressa, conversando amenidades. Ao chegarem a porta do restaurante Naruto não permitiu que Sakura entrasse a puxou pelo braço fazendo com que a menina o fitasse.

— Depois nós vamos para outro lugar. — Apertou a mão da garota na sua, fitando os dedos entrelaçados para depois fitar-lhe o rosto corado. Ele estava tão embaraçado que temeu que as palavras lhe faltassem. — E...

— Esta tudo bem, Naruto. – Maneou a cabeça, tirando aquele fardo das costas dele. — Eu sei. E eu topo. — Ela sorriu aproximando seu rosto do dele, seus lábios estavam prestes a se tocar quando a Haruno foi afastada dos braços do loiro com brusquidão.

Quando ambos notaram, era Sasuke agarrado possessivamente ao braço de Sakura, com os olhos cravados em Naruto com tanto ódio que fez o Uzumaki relembrar os tempos em que o amigo era um nukenin.

— O que está fazendo, Sasuke? — Perguntou o loiro tentando manter a calma. O Uchiha não poderia arruinar sua noite.

— Afastando ela de você. — A frase de Sasuke também saiu calma, mas era obvio o quanto ele estava se contendo, o sharingan não estava ativo, mas seus olhos queimavam ainda sim. — Vamos Sakura você tem um dever a cumprir. — A puxou para junto de si, caminhando para longe.

— Sasuke, solte-a. — Foi atrás o Uzumaki puxando o outro braço da garota.

— Solte-me, Sasuke. — Remexeu-se sobre o aperto de ferro do Uchiha. — Eu não quero ir com você. — As palavras fizeram Sasuke entrar em ebulição e ele se virou para ela apertando ainda mais seu braço, fitando o loiro na outra ponta com repulsa. Aquilo não poderia está acontecendo. Estava errado.

— Você só pode está louca. — Sua voz saiu alta, mais alto do que todos ali desejavam. — Você vai embora comigo, porque tem que cuidar de mim.

– Eu designei outra kunoichi a ir em meu lugar. — Ele balançava a cabeça freneticamente. Negando isso, surdo para qualquer coisa que ela pudesse falar.

— Você não pode fazer isso. Não aceito que ninguém mais me toque a não ser você. — E Sakura abriu a boca algumas vezes, mas nada saiu por entre seus lábios. Ela voltou a fita-lo enquanto seus olhos enchiam-se de lágrimas.

Perante a inércia de Sakura e o aperto de Naruto, Sasuke fez algo sem pensar, agarrou o rosto da menina. Pronto para beija-la, ali, na frente de todos, mas a rosada se esquivou.

— Eu... Já fiz a minha escolha. – Ela disse e se virou para um Naruto estupefato demais com o comportamento de Sasuke. O loirou puxou a garota para si. E dessa vez não houve resistência porque Sasuke também estava surpreso, não podia crer no que via.

Ele os fitou, inconsolado por dentro, mas nada demonstrou. Deixou que Sakura escorregasse por entre seus dedos e se virou para longe dali. Deixando o casal no meio da rua sobre o olhar de todos que passavam por ali.

Naruto apertou Sakura em seus braços, afastando-se da multidão que tinha se formado em torno deles. Pensou em voltar ao restaurante, ou em ir a um outro local, mais sossegado, no entanto as palavras de Sakura foram como um balde d’agua em seu animo.

— Tire-me daqui. — Murmurou a garota sobre a sua camisa. —Leve-me para casa. — Ele não protestou, nada disse, apenas fez a sua vontade. Não tinha mais clima a noite tinha sido destruída.

Quando chegaram à frente da casa dela, a Haruno se desfez da jaqueta de couro e a devolveu para o Uzumaki, sorrindo sem a mesma vontade e alegria que mais cedo. No entanto ainda era um sorriso genuíno.

— Obrigada. Foi uma noite ótima, apesar dos pesares. — Ele maneou a cabeça, mas antes que a deixasse ir, segurou seu braço fazendo-a voltar a fita-lo.

— O que disse a ele... Era verdade... Você... — Ela não deixou que ele prosseguisse, colocou o dedo indicador sobre seus lábios, calando-o.

E então sem esperar, colou seus lábios aos de Naruto abraçando-o no processo, que tratou de abraça-la de volta, passando uma das mãos pela nuca da menina e trazendo-a para si. Quando se separaram Sakura roçou a pontinha de seus narizes e sorriu.

— Que isso sirva de resposta, eu escolhi você.