- Entendo! – Dumbledore diz após ouvir toda a explicação de Madame Pomfrey, pelo jeito as coisas eram mais complicadas do que parecem. O diretor virasse para encarar Snape – Tem alguma idéia do que seja essa poção, Severus?? – pergunta com expectativas.

- Infelizmente não, Alvo!! – Fala Snape soltando um suspiro cansado, mas olha os grifinórios com frieza e diz – Esses moleques conseguiram quebrar uma prateleira inteira que tinha centenas de poções, umas tão antigas que vinham antes do senhor se tornar diretor de Hogwarts!! – fala Snape massageando as têmporas, aquilo lhe daria uma enorme dor de cabeça e era tudo culpa daqueles garotos de novo.

- Não há nada o que fazer?? – fala McGonagall preocupada – Não podemos deixar o garoto dessa forma!! O que diremos aos pais de Malfoy?? Certo que ficarão furiosos!!

- Acalme-se, Minerva!! – fala Dumbledore pra acalmar a professora, o que funcionou, ela se calou, mas agora olhava o menino que ainda dormia na cama. O diretor olhou para todos naquela sala – Severus, quero que procure a poção que causou tudo isso!! Deve ter algo na biblioteca em seu escritório, estou certo que possui livros de outros professores que eram de Hogwarts!!

- Verei o que posso fazer, a maioria levara os livros com eles!! Vou procurar imediatamente!! – fala Snape, mas antes de sair da sala, olha para Draco que dormia tranquilamente na cama – O que vai fazer com ele, Alvo?? Não sabemos se ele lembra-se de algo ou voltou a seus quatro anos mesmo!!

- Teremos que esperar até amanhã, Madame Pomfrey disse que uma das poções que caiu no menino é a do Sono sem Sonhos, creio que dormirá até amanhã de manhã!! – fala calmamente.

- E quem cuidará do menino enquanto professor Snape procura a poção?? – fala McGonagall preocupada novamente, nenhum deles tinha muito tempo pra cuidar da criança, mas não podiam devolvê-la aos pais no estado em que está.

- é claro que o senhor Potter, senhor Weasley e senhorita Granger não terão problema algum em cuidar do pequeno Malfoy!! – fala Dumbledore com um sorriso no rosto, mas deixando todos no quarto chocados com a notícia.

- O que???? – Grita todos, menos Dumbledore e Pomfrey, que repreende a todos pelo barulho alto no local, aquilo ainda era uma enfermaria.

- Como assim temos que cuidar da doninha, diretor??? – pergunta Rony desesperado, não queria cuidar naquele loiro de nenhum jeito, pra ele, o garoto devia era sofrer.

- São somente crianças, Dumbledore!! Não podem tomar tamanha responsabilidade de cuidar de uma criança, o menino é praticamente um bebê agora!! – repreende McGonagall, aquilo era um absurdo.

- Alvo, você enlouqueceu?? Esses três vão acabar matando Malfoy com a incompetência que possuem!! – fala Snape um pouco exaltado pelo absurdo que o diretor falou, mas deixando os três alunos com raiva do que o professor disse deles.

- Diretor, não pode estar falando sério!! – fala Harry e Hermione, não podiam acreditar naquilo, assim como os outros.

- Acalmem-se todos!! Não enlouqueci, sei bem do que estou falando!! Severus e Minerva, vocês tem suas próprias tarefas na escola, não posso deixá-los para cuidar de Malfoy e irão pesquisar sobre a poção que o menino acabou tomando na sala de poções!! – olha para os dois professores, em seguida para o trio que olhavam o diretor como se tivesse criado uma segunda cabeça no mais velho – Agora os três, ficarão encarregados de cuidar do senhor Malfoy enquanto nós procuramos uma solução!!

- Isso é injusto!! Não vou cuidar dessa doninha sem morto!! – Fala Rony bravo quase batendo o pé no chão como uma criança, mas é repreendido pela Madame Pomfrey mais uma vez pelo tom alto que falava.

- Não tem outra pessoa, diretor?? – pergunta Harry ainda com uma pequena esperança que aquilo era somente uma brincadeira do diretor, mas o garoto sabia que Dumbledore dificilmente mudaria de idéia, nenhum deles sabia cuidar de uma criança.

- Tenho, Harry!! Além disso, os três provocaram isso!! – olha mais sério para seus alunos vendo-os se encolherem – Isso não é algo comum, crianças!! Essa será a detenção de vocês, terão que cuidar de Malfoy até ele voltar ao normal e não quero mais discussão sobre esse assunto!! – fala seriamente aos três, mas logo volta a voz mais calma – Agora... quero que os três voltem a seus dormitórios, descansem e voltem aqui antes do café para pegar o senhor Malfoy!! – termina sem deixar nenhuma brecha para questionamentos.

- Sim, diretor!! – falam os três desanimados pela repreensão e principalmente pela detenção, que para os três é o pior castigo que poderiam lhes dar. Sem falar mais nada saíram da enfermaria.

Os adultos ficaram mais um pouco discutindo o caso e como iriam falar aquilo para os pais do menino, entre outras coisas importantes. Enquanto isso, os três da Grifinória voltavam para o dormitório reclamando do castigo dado por Dumbledore, não podiam acreditar naquilo, o mais indignado era Rony, que xingava todas as gerações dos Malfoys pelo castigo.

- Rony, quer calar a boca?? – fala Hermione brava, não agüentava mais as reclamações do ruivo, Harry estava indo pelo mesmo caminho que a castanha, muito irritado com o ruivo.

- Hermione, não posso ficar calmo!! Vamos ter que cuidar da doninha enquanto aquela coisa não volta ao normal!! Quanto tempo você acha que aquilo vai voltar ao normal?? – fala alto, por sorte, estavam todos dormindo nesse horário, tinham ficado bastante tempo na enfermaria.

- Rony tem razão, Hermione!! Até quando vão conseguir achar uma solução, é como Snape falou, uma detenção indeterminada!! – fala indignado.

- Se Rony não tivesse estuporado o garoto, nada disso teria acontecido!! Isso é por você não se controlar!! – fala a castanha pro ruivo que ainda resmungava mais a frente deles.

- Eu já entendi, Hermione!! Temos que cuidar daquela coisa agora!! E... – o ruivo para e pensa um pouco – Apesar que... – Olha pros amigos que o olham desconfiado – agora podemos descontar no Malfoy tudo que o que aprontou com a gente nesses anos todos, ele é só um pirralho agora!! – ri maldosamente enquanto imaginava as cenas.

Harry e Hermione pararam para assimilar o que o ruivo disse a eles, e não acreditaram no que ouviram do amigo, era mais absurdo ainda, por mais que Malfoy tenha feito mal a eles, agora ele era só uma criança, quase um bebê como McGonagall havia dito, nunca pensariam em fazer mal a ele desse jeito, foi o que os dois pensaram.

- Ficou louco, Ronald??? Ele é só uma criança agora!! – fala a castanha muito brava com o pensamento do garoto.

- Louco nada, Hermione!! Agora ele não tem como fazer nada com a gente, NÓS estamos cuidando dele, ele nos deve obediência!! – fala sério e frio dessa vez, deixando os amigos ainda mais incrédulos com ele.

- Rony, pare com isso!! Vamos somente cuidar dele, mesmo que ele tenha sido horrível com a gente, ele é uma criança!! –fala enfatizando a palavra criança pro amigo se tocar do que estava falando - Não deve ser tão difícil assim!! Eu espero... – disse Harry, mas a última frase foi em um sussurro. Harry não sabia cuidar de criança, nunca precisou, na verdade, mal sabia cuidar de si mesmo e seus tios nunca o deixavam chegar perto de ninguém, pois para eles, Harry era contagioso como se fosse uma doença, o pensamento fez o moreno cerrar os punhos. Não queria pensar naquilo, não queria ser como os tios, por mais que Malfoy tenha sido ruim com eles o tempo todo. Tinha consciência que o loiro agora era como um bebê, nunca faria mal a um bebê.

Enquanto Harry se perdia em seus pensamentos, Hermione brigava com Rony tentando fazê-lo parar de pensar em maltratar Draco quando o menino estiver aos cuidados deles, nunca em qualquer hipótese fariam qualquer mal a alguma criança, independente sua origem.

Hermione tinha prestado atenção, Malfoy era ruim, mas naquela cama ele parecia como qualquer criança enquanto dormia, inocente e pura. Só que também tinha que manter o foco, sabia que Malfoy era muito rico e garotos ricos eram sempre extremamente mimados, tinha que estar preparada e ter paciência, nunca havia cuidado de crianças, no máximo ajudava seus priminhos, mas eles não eram tão pequenos assim, eram um pouco mais velhos, nove ou dez anos, nessa idade eles sabiam se virar melhor, mas quatro anos, ainda era muito dependente de um adulto. Hermione somente rezava que não piorasse a situação em que estavam.

Chegaram a torre da Grifinória e subiram ao seus dormitórios, estavam cansados e precisavam dormir pra enfrentar o dia seguinte. Hermione trocava de roupa vendo todas as garotas dormirem tranquilamente, suspirou, ela também queria estar dormindo assim, sem qualquer preocupação. Sabia que ficaria um bom tempo sem dormir direito. Subiu em sua cama e quase pronta pra dormir quando ouve um resmungo ao seu lado, sabia que era Gina.

- Hermione... –fala sonolenta – onde estava?? Aconteceu alguma coisa??

- Ai... Muitos, Gina!! – suspira pesadamente – Como sempre...

- O que houve?? – pergunta a ruiva mais desperta, era muito curiosa e odiava ficar sem saber das novidades. Apoiou os cotovelos na cama e olhando a castanha.

- é complicado!! Mais complicado do que imagina!! Amanhã você vai saber!! – fala a castanha se deitando.

- Não vai me falar?? – fala cada vez mais curiosa.

- Amanhã, Gina!! Por favor... será um dia cheio!! –fala se virando e logo dorme.

Vendo que a amiga dormiu, Gina ficou mais agitada e curiosa pra saber o que era, Hermione dificilmente chegava tarde, até pensou que era um garoto no meio, o que na verdade era, mas não como a ruiva pensava. O pensamento a deixou ainda mais curiosa, sua amiga nunca deixaria de contar uma coisa dessas pra ela, de qualquer forma, a castanha falou que saberia amanhã. Mesmo não gostando de esperar, achou melhor deixar pro dia seguinte, também estava cansada, logo fechou os olhos e entrou no mundo dos sonhos.

--//--

A manhã chegou mais rápido do que imaginavam, Harry, Hermione e Rony acordaram mais cedo que o normal à contra gosto, estavam cansados depois da conversa de ontem, mas como foi o pedido de Dumbledore não poderiam recusar e foram até a enfermaria, que sabiam que todos estariam esperando. Não demorou muito tempo e logo já batiam na porta, sendo logo atendidos por Madame Pomfrey que lhes deu passagem, assim que entraram viram McGonagall e Dumbledore ao pé da mesa do loiro que ainda dormia, Snape estava um pouco mais afastado da cama olhando a criança. Eles e a enfermeira se aproximaram dos outros e esperaram a criança acordar, que segundo a senhora, não demoraria a despertar.

Foram somente alguns minutos, todos puderam ver que Draco começara a se mexer na cama acordando aos poucos, ele foi abrindo os olhinhos e logo fechando por causa da claridade esfregando as mãozinhas nos olhos, gesto que foi considerado muito fofo na opinião das mulheres presentes. Depois de tirar as mãos do rosto, foi piscando várias vezes revelando os olhos cinza do menino, tinha ficado um pouco em transe e logo começou a assimilar o local onde estava, assim que olhou a cortina branca ao lado, estranhou, seu quarto não tinha nada branco, depois olhou o criado-mudo, aquilo também não era seu, foi o pensamento do menino. Logo ele sentiu olhares em cima dele, assim que levantou a cabeça vendo tantas pessoas grandes olhando pra si, o menino se assustou levantando-se rápido e encostando-se na cabeceira da cama em que estava.  

- Q... quem são vocês?? – olha pro lado, não conhecia nada daquilo – Q... q lugar é esse?? – fala o loirinho assustado, não conhecia nenhuma daquelas pessoas, mas elas o olhavam com curiosidade e como se o conhecessem.

- Acalme-se, criança!! – fala Dumbledore de forma calma para não assustar mais o menino que estava visivelmente abalado. – Somos amigos, não vamos te machucar!! Está seguro!

- O que estou... fazendo aqui? – pergunta apreensivo – Vocês... vocês me seqüestraram?? – pergunta mais uma vez, tentando não demonstrar que estava tremendo, o que fora em vão, todos tinham percebido.

- Não o seqüestramos, Draco! – vendo o menino surpreso por saber o nome dele, pelo visto, ele não lembrava, tinha mesmo voltado aos quatro anos – Por acaso, faz alguma idéia onde esteja?? –pergunta calmamente, mas isso deixava Draco mais apreensivo ainda.

- é isso que eu quero saber!!!! – fala exaltado, não queria ficar ali, queria seus pais, eram pessoas estranhas, não gostava de pessoas estranhas.

Ele viu o ruivo que estava na sala cerrar os punhos quando o menino levantou a voz, olhou pro rosto dele e viu raiva, não sabia o por que de tanta raiva, não tinha feito nada, mas fez uma nota mental que não deveria chegar perto dele. Olhou o moreno com óculos ao lado do ruivo, ele tinha um olhar calmo e um pouco curioso também, isso acalmou um pouco Draco, mas não o suficiente, estava morrendo de medo. Olhou a menina de cabelos castanhos ao lado do menino com óculos, ela tinha um olhar estranho, parecia admiração, achou a menina muito bonita, mas o medo era maior, era tudo desconhecido. Depois olhou pras outras senhoras ao lado, elas tinham olhares compreensivos e calmos, isso o fez relaxar um pouco mais.

O senhor que falara com ele também tinha um olhar calmo, mas logo seus olhinhos pararam no homem que estava mais atrás de todos eles, cabelos e olhos negros, as roupas negras, os braços cruzados e olhar sério, mas também tinha um pouco de ternura que somente o menino via, a única pessoa que conhecia ali. Draco sem pensar duas vezes, saiu rapidamente da cama e se desvencilhou das senhoras que estavam em seu caminho e correu até o mais velho com os bracinhos esticados pra alcançá-lo.

- Padin!!! – gritou o lorinho que agarrou as pernas de Snape com toda sua força, sabia que o moreno ia protegê-lo daquelas pessoas.

O gesto deixou os grifinórios muito surpresos e mais ainda quando viram Snape pegar Draco com delicadeza e o segurar em seus braços, enquanto o menino se agarrava com força na roupa do mais velho e escondendo o rosto na curva do pescoço dele. Snape suspirou e se aproximou dos outros com Draco no colo.

- Draco, está tudo bem!! Não são pessoas más!! – fala o moreno calmo e sentando na cama onde Draco estava antes.

O loirinho levanta um pouco a cabeça, mas ainda escondendo-se dos outros, olha-os com desconfiança. Logo se acalma mais, Severus nunca mentiria pra si, levanta mais a cabeça e olha pro mais velho que o segurava.

- O que estou fazendo aqui, padin?? – pergunta Draco ainda sem entender nada, ninguém tinha falado nada pra ele, ainda estava um pouco assustado. – quem são eles?? – apontando para os outros que apenas assistiam a cena sem interferir, afinal, não era todo dia que se via Severus Snape interagindo com uma criança, nem mesmo Dumbledore havia visto.

- Fique calmo, Draco!! Você está em Hogwarts agora!! – fala Snape calmamente, ele sabia que Draco já conhecia o que era Hogwarts.

- O que?? – fala o menino incrédulo para o moreno, esqueceu-se das outras pessoas na sala que os olhavam curiosas com a interação deles – Mas como?? Mamãe falo que era só com onze aninhos!! – fala o menino lembrando direitinho o que sua mãe disse – Eu não tenho tudo isso ainda, padin!! Eu só tenho quato!!– fala mais energético enrolando um pouco na hora de falar e mostrando com seus dedinhos quantos anos tinha como um senhor da verdade, ninguém podia discordar. Isso fez as mulheres da sala suspirarem com a criança, acharam-na adorável, esquecendo-se momentaneamente que era Draco Malfoy ali no colo do professor de poções. E ao lembrarem disso, algo imediatamente apitou na cabeça dos grifinórios.

- Espera ai!! “Padin?” O professor Snape é padrinho de Malfoy??? – pergunta Hermione muito surpresa, deixando seus amigos na mesma situação.

- O que?? – gritaram Harry e Rony mais espantados que a castanha.

Por essa os três não esperavam, alias, não somente eles, mas Madame Pomfrey também ficou surpresa. Pelo visto, somente os diretores sabiam. O que deixou os garotos com mais raiva ainda de Snape, pois ele protegia Draco não somente por ser um Sonserino, mas dava privilégios a ele por ser afilhado dele. Isso fez Rony explodir como há muito queria.

- Por isso, você protege tanto esse loiro aguado!! – apontando pra Draco que ficou assustado com a gritaria repentina, e ainda mais apreensivo com o ruivo que fica cada vez mais vermelho – é claro!! Só porque é seu afilhado tem que dar esses privilégios a ele, por isso não tira pontos quando ele fica sabotando nossa poção!!! – fala Rony ainda mais bravo.

- Abaixe o tom, senhor Weasley!! Isso aqui ainda é uma enfermaria!! – Fala Madame Pomfrey repreendendo o ruivo.

- Rony... – sussurra Hermione tentando chamar atenção do amigo, mas o mesmo estava descontrolado.

- Não me peça pra ficar calmo, Hermione!! Eles que são injustos com a gente!! – fala ainda mais alto.

- Olha como fala, senhor Weasley!! Controle-se nesse recinto!! – Fala Snape de forma rígida e friamente, sentia Draco tremer um pouco, sabia que o menino não gostava muito de gritarias.

- Você que deveria controlar esse pirralho nas suas aulas!!! – fala descontrolado.

Harry e Hermione viram que o amigo perdeu a noção do perigo, bater de frente com Snape era, sem dúvidas, uma péssima idéia, a pior delas. Harry também estava bravo com tudo aquilo, principalmente depois que soube que ambos eram padrinho-afilhado, por um instante lembrou-se de Sirius, não sabia por que. E sendo um pouco mais racional que Rony, viu que, de forma sutil, Snape segurava Draco que forma protetora, o menino tremia um pouco com a discussão e ficou levemente curioso com a reação do loirinho, veria isso mais tarde.

Agora era melhor tentar acalmar o amigo e rápido, senão Snape os deixaria de detenção até a formatura deles, e pela cara que o professor fazia, não tinha dúvidas que essa seria uma das primeiras colocadas depois de tirar quase todos os pontos da Grifinória. Segurou o braço do amigo e o puxou mais pra trás.

- Rony, pare com isso!! Não vai adiantar discutir isso agora!! – fala sério com o amigo, que se acalmou um pouco depois de se afastar deles – Se continuar assim, Snape vai ficar ainda mais no nosso pé!!!

- Mas, Harry... – tentar argumentar – Isso é... – ia falar, mas é interrompido.

- Eu também estou com raiva dele!! Mas já estamos em detenção por causa do Malfoy, não tente piorar as coisas... e ainda... – balança a cabeça um pouco na direção deles, especialmente Snape e Draco – Snape vai ficar ainda mais em cima, já que ficamos pra cuidar dele!! Fique quieto um pouco!!

Depois de pensar um pouco, Rony suspira mais pesadamente e olha para os outros, ficou com as orelhas vermelhas vendo que todos olhavam para os dois, principalmente os adultos que o fitavam com repreensão do seu ataque. Tinha que se acalmar e ficar o mais longe possível do pirralho, era como iria denominar Malfoy agora.

Os dois se aproximaram da cama, mas dessa vez, Rony ficou um passo atrás de Harry. Dumbledore pigarreou um pouco chamando a atenção de todos depois que a poeira abaixou e sentou-se ao lado de Snape fitando Draco que olhava o diretor com desconfiança.

- Draco, sou o diretor de Hogwarts!! Muito prazer!! – fala o diretor gentilmente e estendendo a mão.

Draco discretamente para Dumbledore e depois para seu padrinho, que balança a cabeça para o menino. O loirinho se desvencilha de Snape e senta-se na cama, ainda perto do moreno e pega na mão do velho mago e se apresenta formalmente.

- Sou Draco Black Malfoy, é um prazer conhecer o diretor de Hogwarts!! – fala de forma séria e muito formal para uma criança de quatro anos, o que surpreendeu os presentes da sala, menos Dumbledore e Snape, que sorriram discretamente. Mas o menino não tinha terminado. – O senhor pode me dizer o que estou fazendo aqui em Hogwarts?? Acredito que não seja a passeio ou que vou estudar agora!! – fala o menino mostrando sua inteligência apesar da tenra idade, surpreendendo mais aos outros e fazendo Snape dar um sorriso bem discreto, que Harry, Dumbledore e Hermione puderam ver.

- Muito inteligente, senhor Malfoy!! –fala Dumbledore arrancando um leve sorriso do menino que tenta disfarçar – O senhor está certo!! – todos já tinham combinado o que falar ao garoto – Seus pais viajaram e deixaram você aos cuidados de Severus!!! – diz de forma convincente, mas o menino cruza os braços, fazendo todos verem o Malfoy adolescente. 

- Me deixaram aqui?? Eles nunca fizeram isso!! – olhando desconfiado para o diretor, os outros apenas olhavam a conversa e vendo que Draco era muito esperto quando criança – eles sempre me deixam com Dobby!!

O menção do nome do elfo fez Harry, Rony e Hermione enrijecessem, o elfo dos Malfoys não era mais dele, e se Dobby sempre cuidava de Draco quando pequeno. Foram tirados dos pensamentos, pois Hermione prestou atenção em outra coisa, que começou a formigar na cabeça, mas menina achou melhor deixar a pergunta para mais tarde. Antes de qualquer coisa, Snape tomou a frente, para convencer mais rápido o menino.

- Somente dessa vez, Draco!! Seus pais acharam melhor, pois não sabem quando vão voltar!! – Snape pensava o quanto era uma desculpa esfarrapada que o diretor deu, sabia que Draco era inteligente, não ia colar muito fácil, só usou seu tom mais convincente e a confiança do menino em si. – você ficará aqui na escola por enquanto!!

O menino olhou para o padrinho o avaliando, era até engraçado olhando de fora, um menininho enfrentando o professor mais temido que Hogwarts. E convenceu o loirinho que assentiu, mas ele sabia que não era só isso e somente esperou a continuação do padrinho. 

- Só que eu não posso ficar o tempo todo com você!! – ele viu uma leve tristeza passar pelo menino que disfarçou muito bem, sabia que seria assim – Aqueles três alunos irão cuidar de você no meu lugar!!! – apontando para os grifinórios.

Draco quando assimilou a fala do padrinho, olhou para os três que estavam mais atrás e os avaliou. A menina bonita, o moreno de óculos e o ruivo com cara que chupou limão e não gostou, ficou mais um pouquinho olhando-os, prestou atenção nas roupas e viu as cores nelas, eram as cores que seu pai não gostava. Tentou lembrar-se do nome que ele tinha lhe dito, pensou mais um pouco, até conseguir.

- Grifinória!? – franziu a testa, ao dizer isso, os três fizeram a mesma coisa, imaginaram que Draco já tinha aprendido a ser preconceituoso. O menino olhou para o padrinho. – Padin, papai disse que não posso chegar perto deles!! Por que eles têm que cuidar de mim??

Snape suspirou ao ouvir isso, sabia também que Lucius fez questão de ensinar a Draco sobre as casas e as famílias sangue-puros. Pensou que essa seria outra dor de cabeça pra cima dele. Antes que começasse a falar, Dumbledore se adiantou.

- Senhor Malfoy.. – chamando a atenção do menino – Eles são de minha inteira confiança!! Tenho certeza que vão cuidar bem do senhor!! Seu padrinho também confia neles!! – sorri calmamente.

Todos viraram-se pra Snape, que mesmo a contra gosto, assentiu para o menino dizendo que eram de confiança. O desgosto na face de Snape fez os grifinórios darem leves risos internos, pois o professor não poderia questionar Dumbledore nessa hora, já que também não teria tempo para cuidar do menino. O mais velho continuou quando Draco se virou para ele.

- Bem... Esses são Ronald Weasley – disse apontando para o ruivo – Harry Potter – ao moreno de óculos – e Hermione Granger!! Quero muito que se dêem bem, está bem?? – fala o diretor arrancando uma careta dos presentes, sabiam que não se dariam bem nem depois de 100 anos, mas ficaram de boca fechada.

Draco estava desconfiado ainda, mas não disse mais nada. Foi guiado por Madame Pomfrey que trocou o menino por um uniforme da escola para o seu tamanho, assim que ficou pronto, as mulheres da sala se encantaram, Draco ainda era muito pequeno e fofo na opinião delas.

- Bem... agora os quatro, vão ao salão principal onde será servido o café da manhã!! Sei que os três têm aulas, mas acredito que não será problemas levar o senhor Malfoy nas aulas, apenas tomem cuidado!! – diz Dumbledore vendo todos assentirem com a cabeça – então podem ir... Agora vá até eles, senhor Malfoy!!

Draco estava relutante, olhou para o padrinho que assentiu com a cabeça, sabia que poderia confiar no mais velho. Balançou levemente a cabeça pra espantar os pensamentos e suspirou, andou até os três grifinórios que esperavam perto da porta. Antes de alguém falar algo, Draco olhou pra Rony que ainda o olhava com raiva, somente parou em frente ao ruivo e disse seriamente.

- Eu não gosto nenhum pouco de você!! – disse na cara dura ao Weasley que ficou com as orelhas vermelhas de raiva. Mas a cena arrancou um pouco os risos dos adultos, até de Harry e Hermione ao lado, foi realmente engraçada a cara deles. Ele virou pra Harry e Hermione, que esperaram que o menino não gostasse deles também, mas o loirinho não disse nada, pra surpresa dos dois. Depois dessa leve tensão, a primeira a se manifestar foi Hermione estendendo a mão ao menino, que a olhou no rosto fitando um sorriso gentil da castanha.

- Venha, Draco!! Depois vamos mostrar o castelo pra você!! – tenta ser gentil, tinha que lembrar que ainda era uma criança, mesmo sendo Malfoy.

Draco hesitou um pouco, mas cedeu. Estendeu os bracinhos a garota, que também hesitou, mas por pouco tempo e pegou o menino no colo. O loirinho olhou pro cabelo de Hermione com curiosidade, nunca tinha visto cabelos cacheados, ele pegou uma mecha do cabelo dela puxando levemente e vendo que voltavam no lugar, seus olhinhos brilharam.

- Cachinhos... – disse o menino baixinho encantado com o cabelo dela, era novidade para ele.

- São sim, mas sem puxar forte está bem? – fala Hermione calmamente, esperava não ter tantos problemas com o menino, que até estava comportado, pensou que era timidez ou ainda estava estranhando, era só esperar ele se acostumar.

- está bem!! – Draco inconscientemente deitou a cabeça no ombro da menina e continuou a mexer nas mechas cacheadas dela. Então os três saíram da enfermaria.

O gesto de Draco surpreendeu Snape, que olhava a cena assim como os demais. O menino nunca se adaptou tão rápido com alguém antes. E só de pensar os outros problemas que isso poderia acarretar futuramente pra cima dele, suspirou pesadamente.