O vento de verão entrou pela janela e bateu diretamente no rosto pálido do moreno. Há alguns minutos o sol iria nascer. Sasuke já estava acostumado a passar a noite em claro por causa do trabalho e também por ter dias de insônia por causa do fantasma chamado Sakura.

Ele estava frustrado consigo mesmo. Estava tão próximo dela, mas não sabia exatamente o que fazer. O que ele tinha em mente era ter uma conversa para esclarecer algumas coisas com a rosada.

Como a encontraria? Konoha era grande razoavelmente, duraria no máximo dois dias para procurar em cada canto da cidade por ela. Mas Sasuke não queria fazer nada disso, pois ele tinha vinda à cidade turística em férias e não em trabalho. Na opinião dele, procurar uma pessoa era um trabalho, porque quem faz esse tipo de trabalho são os detetives. E ele com toda a certeza não queria ser detetive por alguns dias.  

Os primeiros raios de sol apareceram no horizonte e com esse recém calor irradiante ele adormeceu na poltrona que ficava em frente da janela de sua suíte.

~~*~~*~~*~~

-Sasuke... Sasuke... – a voz de alguém alcançou seus ouvidos. –Sasuke. – fez uma careta, não queria acordar agora. –Sasuke... – sentiu ser chacoalhado levemente. –Acorde meu amor.

Devagar ele foi abrindo os olhos.

-Kohana? – a imagem da Shiroki se focalizou em sua frente.

-Sasuke! – o abraçou. –Pensei que estava desmaiado.

-Não é para tanto Kohana, só estava dormindo. – falou enquanto afastava a loira.

-Foi a primeira vez que vejo você dormindo. – sorriu.

-E agora que você me acordou, o que quer? – perguntou indiferente.

-Está na hora do café da manhã.

-Ótimo, então vá lá, porque eu vou dormir. – levantou-se da poltrona e foi até a cama onde deitou-se e fechou os olhos.

-Mas eu... – murmurou tristonha. Queria tanto ter a presença do moreno no café da manhã. Raramente o casal tomava o café da manhã junto por conta do trabalho do moreno e da preguiça matinal da loira, e hoje que ela tinha acordado mais cedo apenas para apreciar a presença do Uchiha na refeição mais importante do dia, ele a jogava de escanteio e dormia.

Com a sua ex você era outra pessoa né! – pensou magoada. Saiu do quarto antes que resolvesse pular no moreno e bater-lhe até sentir-se bem.

-Bom dia. –desejou para todos que estavam sentados a mesa.

-Bom dia. –respondeu Ino sorridente. Os outros apenas comiam, pareciam que nem tinham percebido a presença dela. –Senta aqui. – convidou.

-Obrigada Ino. – sentou-se e ficou olhando para o prato de porcelana sem nenhuma vontade de comer.

-O que houve Kohana?

-Nada. Apenas pensando por onde eu começo. – respondeu com um sorriso.

-Se tiver algum problema é só falar.

-Obrigada.

A pequena Hyuuga observava tudo enquanto sua mãe dava o mamão esmagado na boca.

-O que tanto olha filha? – perguntou desviando o olhar na mesma direção que sua filha.

-Tia Ko.

-Ela não te deu o beijo de bom dia, é isso? – em resposta a menina apenas sorriu. –Então chama a tia Ko para te dar o beijo.

-Tia Ko. – a chamou.

Ao ser chamada por Akemi, Kohana desviou o olhar do prato e a encarou com um sorriso.

-Oi?

-Meu beijo. – falou com a boca cheia de mamão amassado.

-Ops, desculpe, a tia se esqueceu. – levantou-se e foi até a cadeira de Akemi.

Na bochecha gordinha e rosada da menina foi depositado um beijo estalado. Akemi sorriu e retribui o beijo com outro.

Todos os presentes assistiram a cena e riram.

~~*~~*~~*~~

-Sakura estou com fome, o que você fez para o nosso café? – uma ruiva vestida com a blusa do marido e com o cabelo bagunçado entrou na cozinha.

Mas a cozinha estava vazia, sem nada posta na mesa e sem a rosada.

-Mais uma emergência no hospital foi adicionada ao seu plantão. – concluiu.

Respirou fundo, uma hora a Haruno acabaria sobrecarregada pelos tantos plantões feitos. Foi até a geladeira e de lá tirou a jarra com suco de laranja natural, o pote de melancia cortada e alguns frios.

Colocou tudo em cima da mesa, mas sentiu um enjoou repentino lhe atingir ao abrir o tupperware que tinha fatias de presunto.

Correu até o banheiro.

Isso estava demorando. – pensou.

~~*~~*~~*~~

Já era o décimo copo de café que tomava, seu plantão já havia acabado há duas horas. Mesmo assim precisava manter-se acordada até as 10h00min da manhã para assinar a alta da Nara e enfim ir para casa descansar. Mas isso estava sendo difícil, pois nem pregara os olhos noite passada e sua cabeça estava cheia e pesada.

Sem ter nada para fazer, Sakura assinou a folha de alta da loira e deixou em cima de sua mesa.

Então quer dizer que todos vocês estão aqui em Konoha... Queria tanto vê-los, mas eu não tenho coragem. Vocês são meus amigos ainda, mas se eu for encontrar com vocês também me encontrarei com o Sasuke, e isso é a última coisa que eu quero! Isso mesmo eu vou uma covarde! Espero que estejam bem, todos vocês. Aposto que o neném da Tenten já nasceu e deve estar muito linda. Quero vê-los! – fechou os olhos, mesmo com tanta cafeína no organismo, a rosada conseguiu dormir. Quero vê-los. – foi a última coisa que pensou antes de se entregar para o sono.

~~*~~*~~*~~

Depois de ter tomado café junto com seus amigos e ficar ignorando o olhar intenso de certo loiro, Hinata finalmente teve paz. Mas ela sabia que essa paz duraria pouco, pois o seu tormento em pessoa estava hospedado no quarto ao lado e a qualquer momento o Uzumaki subiria para pegar seus pertences e ir ao hospital buscar o casal Nara.

Ela queria ir ao hospital também, mas ao saber quem iria buscar o casal reprimiu a desejo e agora ela estava deitada olhando para teto branco de seu quarto de hotel com o coração aos pulos.

Amava Uzumaki Naruto mais do que tudo em sua vida, mas depois do que ele havia feito não aguentou e terminou com ele. Sua confiança depositada nele foi quebrada, dando lugar a decepção. A sensação de ser deixada em último lugar a atingiu e seu peito doeu pelo aperto do mesmo. Queria tanto voltar a sentir os braços quentes a envolvendo em um abraço, o cheiro único dele, o cafuné que sempre recebia depois de se amarem carinhosamente, a maneira que ele falava e demonstrava que a amava, enfim, estava sentindo falta dos momentos perfeito vividos ao lado da pessoa que fora o seu primeiro e único amor.

Respirou fundo para conter um possível choro silencioso. Poderia mostrar aos amigos que estava tudo bem consigo, mas a Hyuuga sabia que isso era apenas fachada, por trás dessa máscara de durona se encontrava uma mulher frágil, ou melhor, com o coração quebrado.

-Tia Hina! – a voz infantil da sobrinha/prima a impediu de deixar lágrimas rolarem.

-Oi? – respondeu levantando-se e indo abrir a porta.

-Tia Hina, vamos pessear? – convidou Akemi toda sorridente, as palavras saíam de sua boca enroladas.

Hinata desviou o olhar para a morena arqueando as sobrancelhas.

-Ela percebeu que você estava estranha no café da manhã, e não sossegou até vir ver se está tudo bem ou não. – explicou, pedindo desculpas pelo olhar, não queria incomodar a perolada.

-Sem problemas. Entrem, só vou me trocar e nós vamos. Aliás, onde vamos? – abaixou-se para ficar na altura da pequena e tocou em seu nariz sorrindo docemente.

-Conhecer a cidade.

-Então você me ajuda a achar uma roupa bem bonita Akemi-chan?

-Sim! – gritou com olhos inocente brilhando.

Depois da perolada se trocar, as três saíram do quarto rindo de alguma gracinha feita por Akemi.

-Akemi vai tomar um montão de sorvete! – para enfatizar o montão a pequena Hyuuga abriu os braços o máximo que pode, fazendo com que as duas mulheres mais velhas rissem da inocência dela.

-Assim você vai acabar ficando gripada mocinha!

-Akemi é forte. – e pulou nos braços da mãe.

-E muita fofa também Akemi-chan. – acrescentou Hinata apertando as bochechas gordinhas.

Por estar distraída, Hinata não havia percebido quem vinha andando de encontro com ela. Quando ela se chocou em algo duro e foi ao chão uma corrente elétrica passou por ela, o cheiro dele invadiu suas narinas.

-Você está bem Hinata? – a voz que ela tanto amava preencheu seus ouvidos.

-Estou. –respondeu desnorteada com o cheiro dele. Uma mão foi estendida como uma mensagem muda de EU TE AJUDO. Ela levantou o olhar e ficou presa nas duas safiras que a fitava com intensidade.

-Eu te machuquei? – perguntou preocupado. Será que ela tinha torcido o pé ou algo do gênero?

A Hyuuga apenas negou com a cabeça.

-Então o que foi? – agachou-se e aproximou-se dela, invadindo o espaço dela.

-Está perto demais Naruto-kun. – falou a primeira coisa que veio em sua mente.

-Ops, desculpe. – fez uma careta por estar se distanciando dela, queria ficar por mais alguns minutos apreciando os olhos perolados e doces da amada. Sem pensar duas vezes ele agarrou seu braço e a levantou consigo. –Fiquei sabendo que queria ir ao hospital para ver como está a Temari. Daqui a pouco eu vou buscá-los, se você quiser vir comigo. – a convidou um pouco hesitante.

O que foi que dera nele? Ontem mesmo o loiro estava subindo pelas paredes ao saber que Hinata estaria dormindo no quarto ao lado, e hoje ele está a chamando para ir junto ao hospital. Eu só posso ser doente. – pensou.

-Eu já tenho um compromisso. – respondeu mostrando uma Akemi sorridente.

-Ah que pena. – coçou a nuca em um claro sinal de desapontamento.

Tenten vendo as intenções de Naruto logo interveio.

-Pode ir Hina, vou chamar o Neji para ir conosco. – vendo uma resposta negativa por parte da perolada, Tenten insistiu. –Não era você que estava preocupada com o estado da Tema e do neném. Aposto que ela irá ficar feliz ao ver você lá.

-Mas...

-Não se preocupe, temos ainda seis dias para levar você à cidade. – interrompeu.

-Então podemos ir? – perguntou Naruto.

-Eu, ir com Akemi, comprar sorvete.

Tenten se aproximou de morena e a empurrava pelas costas.

-Larga de ser cagona e vai logo com ele, antes que eu peço para ele te levar no colo. – sussurrou no ouvido da Hyuuga.

Sem nenhuma alternativa ela o seguiu. Seria um longo trajeto até o hospital...

~~*~~*~~*~~

-Doutora Haruno comparece ao quarto da paciente Nara Temari. Doutora Haruno. Quarto de Nara Temari. – a voz eletrônica soava pelos autos-falantes em todo o hospital pela quinta vez.

-Sakura! – a porta foi aberta violentamente assustando a médica que dormia tranquilamente em cima da mesa cheia de prontuários. –Ou você vai agora ver o que eles querem no quarto da paciente Nara, ou te faço engolir esses prontuários. – ameaçou uma loira irritada, ela possuía seios muito fartos e seus cabelos estavam presos em por dois rabos-de-cavalo baixos.

A Haruno apenas a encarava assustadas.

-Espere um pouco. – e analisou minuciosamente a rosada. –Você estava dormindo? – perguntou encarando os cabelos desalinhados e a cara amassada.

-Desculpe Tsunade-sama.

-Mas o seu plantão acabou a tempo atrás, então por que ainda está aqui?

-Não queria voltar pra’ casa e depois voltar só para assinar a alta da Nara-san, então resolvi ficar aqui. – respondendo. Olhou para o seu relógio de pulso e ficou abismada. –Já são quase 11h00min. Com licença Tsuande-sama. – levantou-se em um pulo pegou o papel da alta já assinado e sai de sua sala como um foguete.

Corria pelos corredores do hospital, deixando médicos, enfermeiros e pacientes confusos pela correria da rosada. Mas foi diminuindo os passos a medida que se aproximava da porta.

Ao para em frente ao quarto onde Temari passara a noite, suplicou aos céus que esta não estivesse irritada pela demora dela.

-Sinto muito pela demora Temari. Eu fui uma irresponsável e acabei dormindo. – entrou no quarto de supetão surpreendendo as pessoas que estavam no quarto da loira.

-Pensei que você tinha me esquecido. – Temari falou. –Achei que você tinha ido embora.

-Como eu disse antes acabei dormindo.

-Sofrendo de insônia Sakura? – perguntou Shikamaru entrando na conversa das duas.

-Eu e insônia? Às vezes né. Mas acabei dormindo por ter virado a noite com o plantão. – estendeu a folha para Temari. –Aqui Temari, agora você pode se sentir livre, mas lembre-se não se esforce muito. Shikamaru irá lembrar isso sempre certo? – virou-se para o Nara que apenas afirmou com a cabaça.

-Agora podemos ir? Quero dormir. – resmungou o moreno.

-Se sentir algo incomum é só voltar. Posso cuidar de você e seu bebê sempre que precisar. – falou Sakura sorrindo.

-Ok.

-Até mais Temari, Shikamaru se cuidem. – os abraçou rapidamente e foi andando até a porta do quarto.

-Não se esqueceu de alguma coisa testuda? – virou-se surpresa e fitou a loira de boca aberta.

-Ino? – a encarava sem acreditar que realmente ela estava em sua frente. Olhou para o quarto e se surpreendeu com a quantidade de pessoas que estavam dentro dele e ela não tinha percebido a presença de ninguém além do casal Nara.

Com certeza seus amigos estavam brotando do nada por toda cidade e ninguém a avisara sobre isso. Todos estavam ali direcionando olhares confusos a ela. Não havia mudando em nada na aparência. Apenas não reconheceu uma menina de cabelos cor chocolate iguais aos de Tenten e olhos perolados de Neji que a encarava fascinada, logo deduziu que era a filha deles.

-Quanto tempo. – correu e a abraçou forte. –Senti muita a sua falta. – as lágrimas ameaçavam escorrer dos olhos azuis e verdes.

-Eu também senti sua falta porca. – correspondeu ao abraço.

-É realmente você Sakura! – Hinata falou e logo se juntou ao abraço da rosada e da loira.

-Eu sabia que era você no mercado. Essa sua voz e o cabelo rosa são inconfundíveis. – e por último Tenten.

-Papai quem é ela? – a voz infantil de Akemi fez com que todos desviassem sua atenção a ela.

-Uma amiga que é muito querida entre nós.

-Esse é sua tia Sakura Akemi-chan! – completou Naruto. Aproximou-se da rosada e a abraçou também, depois das Hyuugas e a Yamanka a soltarem a contra gosto, mas sabiam que se não a soltasse ficaria asfixiada. –Todos querem saber o porquê de você ter desaparecido, então é bom pensando em sua explicação. – sussurrou em seu ouvido.

-Ela tem o cabelo rosa mamãe! Deixa Akemi pintar o cabelo dela de rosa também?

-Não é pintado, são naturais Akemi-chan, certo? – falou Sakura sorrindo, encantou-se com o jeito da menina.

-Eles são lindos! – os olhos da pequena Hyuuga brilharam. –Quando eu crescer o meu cabelo vai ser igual a da tia Sakura. – e abraçou as pernas da médica.

Sakura se assustou a princípio, mas automaticamente sua mão foi ao topo da cabeça de Akemi bagunçando de leve os fios chocolates.

-Vou indo, tenho que descansar. Daqui a três horas eu volto ao hospital mesmo. Nos vemos por aí. – abaixou-se e beijou a testa de Akemi. Levantou-se e andou até a porta.

Quando finalmente estava fora do quarto vários suspiros escalparam de seus lábios. Levou a mão até a região do coração e sentiu que ele estava acelerado. Estava feliz por ter visto os seus amigos e conversando sem nenhuma tensão, mas os olhos que ela não fizera contato visual nenhum momento estava cravado em suas costas apenas a fitando, ela sentira isso.

Sem que ela se desse conta lágrimas de felicidade misturadas com lágrimas de tristeza rolavam soltas por seu rosto alvo. Seu pedido foi atendido, mas veio com um extra.