Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 43
Capítulo quarenta e três – Tentar novamente


Notas iniciais do capítulo

Oii gente!! Como prometido, o último capítulo do post-triplo!! Aiai' como deu trabalho escrever esses três capítulos....
Espero que tenha compensado o atraso... e novamente eu peço desculpas pelo mesmo... =/
Boa leitura...
E já ia me esquecendo, Feliz 2017!!



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Desde que chegou naquele restaurante, seus ombros estavam tencionados e, suas mãos suavam. Apesar de o convite partir dela, não sabia como iniciar um diálogo com medo de gaguejar e, por isso Ino se condenou mentalmente, perguntando para si mesmo desde quando se sentia daquela forma com a presença de Gaara.

A ansiedade se transformou em irritação ao cruzar o olhar pela quinta vez em menos de dez minutos com o dele e visualizar um brilho divertido nos olhos verdes que estava acompanhado por uma expressão relaxada.

Franziu o cenho largando os talheres com certa rudez.

—O que você tem? Não vai falar nada? – disparou e recebeu um olhar interrogativo.

—O que você quer eu diga?

—Sei lá. – respondeu irritada.

O silêncio de minutos atrás retornou, trazendo o mesmo clima desconfortante.

—Então vou voltar a comer. – disse com um meio sorriso, levando uma porção de comida à boca.

—Isso não tem graça! – protestou e, o ruivo também depositou os talheres no prato enquanto suspirava discretamente.

—Ino, você me chamou para jantar, quer dizer que você tem algo para me dizer. E não o contrário.

—Eu preferia que você me ignorasse a ter vindo aqui. – colocou o pensamento em voz alta.

O impulso de mandar uma mensagem ao Sabaku na segunda a noite não foi freada ao assistir um casal entrar de mãos dadas e trocando sorrisos no restaurante de comida caseira em que ela e Gaara frequentavam na época da faculdade. Havia entrada no estabelecimento com a intenção de descansar após o trabalho, mas acabou cedendo à vontade de contata-lo para uma conversa, adiantando os seus planos de tentar reatar o namoro com ele.

Entretanto, se deu conta de que foi uma ideia precipitada. Afinal, ela tinha que provar ao ruivo que realmente mudou, antes de qualquer coisa.

—Então eu vou embora. – disse e levantou-se.

—Não! Você não pode! – exclamou prontamente, elevando a voz e pondo-se de pé também.

O cenho do Sabaku se franziu em confusão ao sentir o agarre feminino em seu pulso.

—Eu não sou adivinha Ino, portanto me diga qual foi sua intenção ao me convidar. – pediu, encarando a expressão aflita da loira.

—Desculpa.

A feição masculina suavizou e Gaara encurtou o espaço que os separavam, ficando a centímetros de Ino.

—Tudo bem, podemos começar a conversa de novo.

—Não Gaara, me desculpa pelo o que fiz comigo, com você e com nós.

Os olhos do Sabaku se arregalaram levemente.

—Eu deixei que as palavras de Kohana me influenciassem, o que me fez tomar decisões erradas. – fixou os olhos azuis nos verdes. –Gaara, eu chamei você aqui, porque quero mostrar que mudei. – falou confiante e viu o meio sorriso voltar aos lábios do ruivo. –Depois que visitei uma casa de reabilitação na Europa, percebi que estava a ponto de me matar por uma obsessão. Eu queria permanecer nas medidas certas, não um corpo esquelético, mas não me dava conta de que estava exagerando. Me perdoa.

—Ino, você já foi perdoada há muito tempo, mas eu continuo decepcionado pelas suas atitudes. Se não foi bom para você, foi pior para mim. Vê-la fissurada com o próprio peso e não conseguir fazê-la parar ou convence-la que já era o suficiente, me deixou de mãos atadas. – desabafou.

—Desculpa. – sussurrou, sem saber o que dizer. Ela estava ciente de que causou uma grande preocupação em Gaara, mas o cenho franzido numa expressão magoada partiu o coração dela, provando que não estava preparada para encara-lo. –Eu decidi mudar, porque não quero mais preocupar meus pais, nossos amigos e muito menos você.  

—Já estava na hora. – comentou enquanto sentia o rosto ser segurado pelas mãos da Yamanaka. O afago em suas bochechas, feitos pelos polegares, o relaxou, fazendo com que suavizasse o rosto novamente. –Mas essa decisão tem que ser para sempre, Ino, não quero flagra-la forçando o vômito de novo. Você tem que me provar que mudou de verdade.

—Eu prometo. – disse com um sorriso. –E vou cumprir, porque nunca mais quero me ver daquele jeito. Por Kami-Sama, eu estava horrível, acabada!

—Finalmente aprendeu a lição. Devo agradecer a essa tal de Tomoka? – perguntou e passou os braços em volta dela.

—Deve. – respondeu, fixando o olhar no dele. –Então você me desculpou e estamos juntos de novo?

Apesar de estarem em um ambiente público, Gaara a beijou, respondendo-a.

~~*~~*~~*~~

Olhou a vitrine, onde pequenos manequins vestidos de grossos casacos coloridos estavam expostos. O logotipo da marca não aparecia nas peças, mas a aparência da loja deixava claro que não era considerada uma das melhores e mais queridas pelos consumidores quando o assunto era roupas de bebês e infantis à toa.

—Queria comprar o roxo para Akemi, mas não tem mais lugar no guarda-roupa dela. – comentou Tenten ainda olhando os casacos.

—Ela nem usou todas as roupas de inverno que compramos.

—E pensar que no final do ano mais da metade vai para doação, porque já ficaram pequenos, me desanima. – desviou os olhos para o marido. –Faça alguma coisa Neji! – pediu e estapeou o braço direito do Hyuuga.

—Da próxima vez compramos uma numeração maior.

—Você acha que minha filha vai andar com roupas largas?

—Eu acho.

—Errado, papai! – disse pausadamente, encarando os olhos perolados.

—Qual é o problema? Assim, Akemi pode usar na próxima temporada de inverno.

—O problema é que se ela usar roupas largas agora, quando se tornar uma mocinha vai querer usar as justas e curtas.

O moreno apenas arqueou as sobrancelhas.

—Então para evitar futuras cenas de ciúmes por sua parte, estou fazendo o contrário com a nossa filha. Ela vai usar tanta roupa que cabe perfeitamente nela agora, que vai enjoar, e na adolescência vai optar pelas largas!

—Tenten, você está falando como uma doida. – falou assombrado.

—Agora você diz isso, mas daqui a alguns anos vai me agradecer. – contrapôs confiante, lançando um olhar superior ao marido, que por sua vez desistiu de falar, suspirando derrotado no lugar.

Neji tentava a todo custo entender como o desejo aquisitivo de Tenten os levou para uma discussão tão sem sentido como aquela. Fixou os olhos no rosto feminino na esperança de encontrar a resposta, mas só se deparou com os olhos chocolates brilhando em expectativa.

Então a ficha caiu.

—Tudo bem, faça o que achar melhor. – rendeu-se e puxou a carteira do bolso da calça.

Sentiu os braços da amada rodearem sua cintura em meios a pequenos pulos. Entregou o cartão de créditos com certa dor no peito, já imaginando o estrago que ela faria.

—Você vem comigo? Vou aproveitar e dar uma olhada nos vestidos, posso achar algo para Akemi usar no aniversário dela.

—Não, vou esperar naquela cafeteria. – e apontou com a cabeça o estabelecimento do outro lado da rua.

—Prometo não demorar. – disse empolgada e deu um selinho no marido.

Após assistir Tenten entrar na loja, virou sobre os calcanhares com as mãos nos bolsos do sobretudo e começou a andar.

Já estavam no fim do inverno, faltando pouco mais de um mês para a primavera chegar. As temperaturas se encontravam mais elevadas do que em janeiro, algo muito bom para ele que não aguentava mais vestir três blusas de frio para sair de casa.

Montou o tablete sobre a mesa após pedir um café, voltando a planejar o interior do prédio residencial, o seu primeiro grande projeto daquele ano. Deslizou o dedo de um lado para o outro, acrescentando e mudando alguns detalhes dos apartamentos.  Porém, depois de três toques na tela do aparelho para mover a mesa da recepção, ele bloqueou o tablete e fixou os olhos no movimento de pessoa lá fora.

Para o início da noite de uma quinta-feira, o local estava cheio, se o quesito frio fosse levado em conta. A galeria Kodomo no sekai* vendia somente produtos direcionados às crianças, indo desde roupas e brinquedos até enxovais de bebês e artigos de maternidade. Era um dos points da classe média alta japonesa, pois enquanto as mamães gastavam, seus filhos junto com os papais podiam passar o tempo no parque ao lado da galeria ou nas inúmeras cafeterias com o tema babies and kids que tinham ao longo da rua.

Neji pegou o celular com o intuito de fazer uma ligação, mas parou de deslizar o dedo sobre a tela quando visualizou Tenten, Hinata e Naruto com sua filha sentada nos ombros. Todos em frente da cafeteria em que ele estava.

Já passava da hora de eles se reunirem, pois o motivo de estar ali é pelo planejamento da festa de aniversário da filha. Sim, por mais inacreditável que fosse a Kodomo no sekai possuía lojas de materiais para festas infantis, até as tradicionais mesas enfeitadas com os temas eram disponibilizadas. E, como o casal Uzumaki era os padrinhos da pequena Hyuuga, resolveram acompanhar o passeio, que deveria ter sido curto.

—Papai! – saudou Akemi com a boca melada de algo azul. –Tio Naruto e tia Hinata compraram alulão doce. – e mostrou as mãos gordinhas e azuladas.

—É algodão doce meu amor. – corrigiu Hinata e levou mais uma bolinha à boca da menina.

—E serão vocês que a limparão antes de irmos embora. – a Hyuuga decretou brava. O tanto de açúcar que sua filha ingeria ao comer aquilo era incalculável. –Mas olhando assim até parece filha de vocês.

—Nem aqui e nem na China! – disse Neji enciumado, tirando a pequena de Naruto e a trazendo para seu colo. –Chega, você já comeu demais.

—Larga de ser chato! – protestou o outro, achando graça da careta de choro da pequena Hyuuga.

—Chato vai ser quando você dormir a noite toda enquanto que Tenten e eu temos que aturar a Akemi agitada. – contrapôs ao mesmo tempo em que passava o lenço umedecido nas mãozinhas sujas de açúcar derretido.

—Ainda cola. – reclamou ao abrir e fechar sua mão esquerda.

—Isso que acontece quando come alulão doce sem pedir para a mamãe ou o papai. – disse Tenten, segurando o pacote de lenços.

Em resposta, a menina inflou as bochechas e cruzou os braços, não deixando o pai terminar de limpar a mão direita. 

—Filha.

—Desculpa por não perguntar se podíamos dar à Akemi-chan, mas ela ficou tão fascinada que não resistimos.

—Tudo bem Hinata. Nós não estamos bravos por isso, só evitamos dar esse tipo de doce a ela, porque achamos que ela é muito nova. – a morena de coques explicou. –Logo vai vir a fase de querer comer apenas besteira e, se ela aprender a comer isso já nesse idade, nós teremos problemas.

A outra Hyuuga assentiu com a cabeça e estendeu a mão em direção da pequena com um meigo sorriso nos lábios.

—Nos deixe terminar de limpar?

Akemi soltou o ar preso na boca e, aos poucos, descruzou os braços, estendendo-os aos padrinhos, que já estavam com um lenço em mãos. Para facilitar o trabalho, Neji colocou a filha sentada em seus braços, de forma que ela ficasse de costas para si.

—Boa garota. – elogiou, mas sua atenção foi desviada para uma longa cabeleira loira, passando atrás do primo. –Ino-chan?

No mesmo momento, a mulher virou o rosto para sua direção. O brilho de reconhecimento apareceu em seus olhos perolados ao mesmo tempo em que a outra sorria.

—O que você está fazendo aqui? – perguntou Tenten.

—Comprar um mimo para o Shikadai e trazer a Tomoka para conhecer a galeria.

—Espera, a Tomoka está com você? – indagou Naruto surpreso.

No entanto, antes da Yamanaka dizer algo, finos braços envolveram o seu tronco. A única coisa que o grupo conseguiu ver antes da Okada mais nova abraça-lo foi o vulto de cabelo peculiarmente branco passar entre eles.

—Naruto! Eu estou aqui. Estava tão ansiosa para nos encontrar de novo!

Em um piscar de olhos, o clima confortável tornou-se pesado. O loiro soltou uma risada sem graça, caçou a nuca e cruzou o olhar com o da noiva, dizendo com o mesmo que ela não precisava se preocupar.  

—Está me apertando. Por favor, me solte. – disse na tentativa de se livrar do abraço.

—Desculpe, mas eu não quero lhe soltar tão cedo! – contrapôs soando carinhosa, porém fuzilou sutilmente com o olhar a figura delicada ao lado do loiro. –Você deveria querer o mesmo.

—No momento eu quero que você me solte para poder respirar. – foi simpático. –Por favor. – e tirou os braços que apertavam sua cintura.

—Olá, Tomoka. Tudo bem? – disse Tenten, atraindo a atenção da mulher.

—Oh! Desculpem. Eu fiquei tão animada que não percebi vocês.

—Está desculpada. – sorriu amigavelmente. –Acho que não nos apresentamos. Meu nome é Hyuuga Tenten, esse é meu marido Neji, nossa filha Akemi, e esta é a prima do Neji e noiva do Naruto, Hinata. – a morena falou a palavra NOIVA cuidadosamente.

—Prazer em conhecê-los. – os saudou, sorrindo da mesma forma que a Hyuuga. –E me desculpe por antes, não fazia ideia de que vocês estavam juntos. – dirigiu-se à Hinata. -Mas eu fico tão feliz por encontrar o meu único amigo de infância, que acabo agindo como criança.

—Eu entendo. Está tudo bem. – e com sutileza abraçou o noivo, que prontamente passou o braço por sua cintura e depositou um beijo em sua cabeça.

Apesar de não gostar de sentir o conhecido ciúme, assistir a Okada bufar discretamente pela clara demonstração de afeto do amado foi o que a fez parar de pensar que era infantil se incomodar pelo jeito atirado da mulher.

Como muitas pessoas já diziam: só estava cuidando do que é dela.

—Olha a hora. Temos que ir Tomoka, ou você vai perder o ônibus. – falou Ino, após receber olhares mortais de Tenten.

—Já estava me esquecendo. – colocou as luvas. -Adorei conhecer vocês, espero nos encontrar mais vezes. – disse a última frase encarando o loiro. Deu um sorriso ao grupo. –Até mais. – e passou o braço no de Ino, dando as costas a eles.

—Como é possível uma pessoa tão boa como a Namie ter uma irmã tão cobra? – a Hyuuga indagou e recebeu um olhar de censura do marido. –Ops. – cobriu a boca, pois xingamentos eram evitados na frente da pequena Hyuuga.

—Eu não sei, mas mais uma gracinha dela para cima do meu noivo e, eu dou na cara dela! – proclamou Hinata, muito irritada. O rosto vermelho era a prova disso. 

Os dois rapazes trocaram olhares assustados. Para conseguir irritar a pessoa mais calma do grupo, Tomoka deveria ganhar um prêmio.

—E eu dou na sua cara, se na próxima vez você não fazer nada para impedir as gracinhas, Naruto. – ameaçou Tenten com um olhar mortal.  

~~*~~*~~*~~

O sábado chegou, completando a primeira semana de recuperação de Sakura, que passou entre caminhadas e a companhia alegre e manhosa de Tsukimi.

Esta por sua vez, conquistou a rosada num piscar de olhos novamente. Na noite de domingo, a loirinha bateu o pé, dizendo que dormiria com a rosada dali para frente. Os olhos pidões e o bico em pura manha foram o suficiente para Namie permitir em meio a um suspiro resignado. Logo, dormir era algo mais que aguardado pela menina.

Somente nas manhãs de segunda e terça, a menina ainda hesitou em se aproximar, temendo se decepcionar com a pergunta que machucou o seu pequeno coração: quem é você?, mas Sakura tratava de espantar aquela sensação, acordando-a com beijos e leves mordidas nas bochechas.

—Eu vou. – a voz infantil soou insistente.

—Mas não pode. – Namie retrucou pela décima vez.

—Por quê? A tia Sakura vai ficar na casa dela sozinha, eu não quero isso. Eu vou!

—Tsukimi. – suspirou Itachi, cansado.

—A Watanabe-san não ficará contente em saber que passamos a responsabilidade de cuidar de você para Sakura. – referiu-se à assistente social. –Já foi difícil ela deixar você aqui.

—Mas eu quero ir. – fez manha, apoiando a cabeça no ombro da rosada.

—Não faça isso. – pediu Namie em uma última tentativa. –A Sakura precisa de um tempo para pensar, já passou uma semana inteira com você, ela precisa de um espaço só para ela.

—Ela não pode ficar até a memória voltar?

—Não é tão fácil assim, Tsukimi. Eu não posso ficar aqui até isso acontecer, vai que ela demora, só vou incomodar a Namie e o Itachi. – disse pela primeira, acariciando os fios dourados. –Além do mais, minha casinha precisa de mim.

—E eu preciso de você, tia Sakura. Quem vai cuidar de mim enquanto eles vão trabalhar?

A loirinha encarou os adorados olhos verdes com um bico nos lábios.

—Não seja egoísta! – a Okada repreendeu, desaprovando totalmente a manha da menina. Se alguém não colocasse um limite, Tsukimi corria um risco

enorme de crescer mimada, pensando que o mundo gira em torno do próprio umbigo. -Você irá comigo no estúdio, como fazíamos antes. As meninas sentem sua falta. – respondeu a pergunta, lembrando-se da bagunça que ela fazia quando entrava no quarto de fantasias e vestidos.

—A tia Sakura pode ir comigo?

—Oras essas, Tsukimi! – foi a vez de ela suspirar. Para aquela pergunta não precisava de resposta.

—Vamos fazer assim então: Namie ou Itachi a leva para minha casa todos os dias depois do almoço. Se quiser eu posso vim busca-la. E, no final da tarde você volta para cá. Assim, passa a parte da manhã com a Namie como antes e depois comigo, como você quer. – propôs com um sorriso nos lábios. –Que tal?

Os olhos azuis brilharam em animação enquanto que a dona dos mesmos balançava a cabeça, concordando.

—Perguntou se eles deixam?

No mesmo segundo, a menina desviou a atenção para o casal sentado a sua frente, lançando um olhar pidão.

—Se for assim eu posso? – a voz infantil soou doce, livre de qualquer tom manhoso. Os traços angelicais ficaram mais evidentes pela expressão de ‘’mocinha boazinha’’ que a Yamashita fazia, lançando o encanto próprio de convencimento, o mesmo que ela sempre usava nas enfermeiras do hospital.

—Karin tem razão, você tem que parar com isso! – esbravejo, cedendo ao pedido da menina. Namie já sentia que teria de ouvir o pedido de poder passar uma noite na casa de Sakura quando o primeiro dia do combinado se passasse. –Não quero nem imaginar se a filha da Tenten aprende.

—Parar com o que? O que a Akemi-chan aprendeu? – questionou inocente.

O Uchiha olhou-a divertido.

—Eu não sei se você faz isso de propósito, mas saiba que seus olhos precisam ser estudados, aliás, você precisa ser estudada, mocinha!

Tsukimi apenas pendeu a cabeça para o lado direito levemente, com a confusão estampada no rosto. As palavras de Itachi não faziam sentindo.

Os ombros da Haruno tremeram, rindo de toda a situação. A menina podia ser esperta, dobrando os adultos com muita facilidade, mas a ingenuidade era algo que ela carregava por ser uma criança e, era isso que tornava a expressão derrotada da Okada e o suspiro de conformação do Uchiha engraçados.

O som aguda da campainha os interrompeu e, num pulo a loirinha desceu do colo da rosada, correndo em direção da entrada com um grande sorriso.

—Espera só quando ela perceber que a manha dela é uma arma da persuasão. – resmungou Namie e pegou a caneca de chocolate quente. –Ela ainda não se conformou em apenas passar todas as tardes com você, dou até o final do dia para que volte a insistir.

—Isso está mais do que obvio. – concordou.

—Tio Sasuke está atrasado! – ouviram a loirinha bronquear o visitante assíduo de Konoha.

~~*~~*~~*~~

Olhou através do espelho a pequena figura de Tsukimi, sentada no banco traseiro pela terceira vez, na tentativa de não pousar o olhar em Sakura, que estava no banco da frente.

Mesmo assim, a inquietação que a rosada demonstrava por apertar de minuto em minuto a barra da blusa de frio não passou despercebido por ele.

De certa forma, se considerava pior que um idiota. Pois ele poderia começar uma conversa perguntando se estava tudo bem para deixa-la confortável, mas pelo olhar ressentido que recebeu quando chegou à casa de Namie, Sasuke se deu conta de que suas últimas atitudes com Sakura a magoaram muito. E, ele estava ciente disso antes mesmo de proferir as secas palavras no sábado passado.

Até para entrar no carro houve relutância por parte dela, que comentou que iria com Itachi e Namie, mas foi só Tsukimi pedir com seu jeito manhoso que ela aceitou.

—O que tanto olha? Eu estou suja? – a menina questionou, cansada de dedicar seu sorriso cada vez que o Uchiha desviava o olhar para si.

—Só reparei que seu cabelo cresceu. – falou a primeira coisa que lhe veio à mente. 

—Mas ainda falta muito para ele ficar como o da tia Sakura.

—Não falta tanto assim não. – a rosada falou pela primeira desde que estrou no carro. 

—Como assim?

—Estou pensando em corta-lo, até aqui. – e trouxe a palma da mão virada para baixa na altura do ombro.

A expressão horrorizada da loirinha foi a resposta, fazendo com que os dois adultos rissem.

—Eu vou ficar muito brava com você se fizer isso. – ameaçou. –Só pode cortar as pontinhas!

—E se eu mandar fazer uma peruca para você com o cabelo cortado? – propôs.

—Ela nem está mais careca para usar isso, Sakura. – o moreno interviu ao imaginar a loirinha correndo para todos os lados com uma peruca cor de rosa na cabeça.

Sakura virou o rosto e cruzou os olhos verdes com os pretos no segundo seguinte.

—Imagine o quanto vai feder se ela usar a peruca no verão.

O cenho da rosada se franziu em desagrado automaticamente.

—Tem razão. Acho melhor doar para alguma criança que precise mesmo. 

—Mas eu gostei da ideia. – disse Tsukmi, tentando trazer a atenção de volta para si.

A Haruno se bateu mentalmente. Mesmo pela pouca convivência, ela já sabia que dar ideias que agrade totalmente a Yamashita era como fazer uma promessa para o resto de sua vida: difícil de ser esquecida e sempre cobrada. Pediu que o Uchiha a ajudasse pelo olhar.

—Quem sabe você não pinta o seu cabelo de rosa quando ficar maior?

—Isso mesmo, é melhor que usar uma peruca. – reforçou.

Tsukimi arqueou as sobrancelhas levemente. As feições angelicais acabaram se contorcendo em uma careta duvidosa.

—Vamos lá, desfaça essa cara e desça, porque chegamos. – avisou Sasuke ao desligar o carro, mudando completamente o foco da conversa.

Desafivelou o cinto e desceu, mas antes sorriu divertido para a loirinha, que no mesmo segundo correspondeu com um sorriso animado, esquecendo-se da ideia da peruca cor de rosa.

Ela esticou os braços quando a porta traseira do lado direito foi aberta. Apesar de não estar mais fraca, Tsukimi pedia por colo ao moreno sempre que sentia vontade de ser carregada por ele ou por pura preguiça de andar sozinha. Dessa vez era a segunda opção, mas ela não perdia a oportunidade de receber aquele tipo de mimo e de se sentir acolhida nos braços masculinos.

—Tia Sakura que me perdoe. – comentou risonha e no tom que apenas o moreno conseguisse ouvir, para então passar os braços em volta do pescoço dele.

—Ela não se importa, agora vamos patinar. – falou enquanto passavam pela entrada da praça principal de Konoha.

Itachi e Namie já os aguardavam em frente à lagoa, que pelo intenso inverno estava congelada e que muitas pessoas deslizavam sobre ela. A cena do antigo casal se aproximando, um ao lado do outro e com Tsukimi sendo carregado por Sasuke, formava uma linda imagem que dava a impressão de que os três eram uma família.

—Pensei que tinham se perdido, já estava ligando para a polícia. – provocou Namie e riu quando o cunhado franziu o cenho.

O grupo seguiu para um dos bancos vazios em volta da lagoa. Aquela praça era um dos pontos turísticos da cidade, ficando apenas atrás das fontes termais no quesito popularidade, já que tinham as suas procuras aumentadas exponencialmente na época do inverno.

A neve acumulada em todos os cantos da praça formava um misto de cenário artístico e convidativo para qualquer pessoa que passasse por ali, pois além da patinação no gelo, o lugar proporcionava um momento de lazer com os caminhos para uma caminhada ou para fazer um lanche nas barracas dispostas pela praça.

Passando os olhos pelo ambiente, Sasuke pode percebe estes detalhes, que aqueceram seu corpo mais rápido do que a blusa de frio que vestia. Até que sua atenção prendeu-se na cena de Sakura agachada de frente para Tsukimi, ajustando o capacete na cabeça da menina.

Um sorriso de canto se formou nos lábios finos um segundo depois que ambas riram de algum comentário da mais nova. Se não fosse pela loirinha amenizando o clima desconfortável entre ele e a rosada, estaria mais perdido e complicando sua situação com ela.

Assistiu à menina dar as mãos ao irmão e à cunhada, receosa em deslizar sobre o gelo por ser sua primeira vez. Torceu para que ela não caísse, mas não pode segurar o curto riso quando a viu mexer as pernas desajeitadamente, tentando sair do lugar.

Era muito grato por Tsukimi estar com eles.

—Acha que ela vai querer que a gente patine também? – foi despertado pela voz da Haruno, que se acomodava ao seu lado no banco.

—Sem dúvidas. – respondeu.

Uma rajada de vento frio os atingiu, fazendo com que a rosada se encolhesse enquanto que um silêncio se instalava entre eles.

—E falando sobre nós. – murmurou incerta se começava com aquele assunto. –Itachi me disse que antes de eu entrar em coma, nós passamos a nos desentender com frequência. – virou a cabeça em direção do moreno. –Na verdade, eu meio que já havia pensado nisso por você estar diferente. Ele só me confirmou isso.

—Você está brava? – disse as únicas palavras que conseguiu formular.

Por mais estranho que soasse, a hipótese dela tinha um fundo de verdade, pois em suas visitas eles acabavam discutindo, muitas vezes por trivialidades, mas discutiam e, antes do esclarecimento do quase casamento também.

—Não, estou decepcionada. – cruzou os olhos com os dele. –Eu nunca quis que nós chegássemos a esse ponto, porque brigar com você é a última coisa que gosto de fazer. Aliás, detesto brigar com qualquer pessoa. – disse pesarosa. –Eu sei que está sendo difícil para você, Sasuke-kun, não consigo imaginar o que passa pela sua cabeça, mas pela sua cara me faz deduzir que está remoendo muitos sentimentos. 

—Então você quer que eu esqueça tudo? – tentou adivinhar o rumo daquela conversa.

—Estaria sendo uma completa insensível se pedir uma coisa dessas.

—Também seria impossível. – completou, surpresa pela resposta da rosada. Já que ele acreditava que ela faria aquele tipo de pedido por estar magoada pela forma que ele vinha a tratando. 

—Eu sei, é por isso que estou disposta a recuperar o tempo perdido. – disse e lançou um olhar decidido a ele. –Esperar que minhas memórias voltem enquanto choro é como esperar que meus pais me deem banho e comida na boca. – desabafou. –Não quero que você se sinta forçado, mas eu queria que voltássemos a ser como era antes das brigas.

—Eu também queria isso, Sakura, mas não dá. Nos últimos anos, nós mudamos.

—Está querendo dizer que não me ama mais? – perguntou de olhos arregalados. –O que você sente por mim hoje, Sasuke-kun?

Num movimento rápido, o Uchiha pegou o rosto feminino com as duas mãos, trazendo-o para mais próximo do seu e fixou os olhos negros nos verdes. Mesmo não admitindo, as perguntas da Haruno causaram um enorme desconforto dentro si. A mesma aflição que sentiu quando ela estava em coma o tomou ao cogitar na ideia de que não nutria mais sentimentos bons por ela.

—Eu não sei. – disse a mesma resposta de quando o irmão mais velho lhe perguntou se ainda a amava.

—Então, nos dê essa chance, por favor. – pediu após colocar suas mãos sobre as deles. –Nós podemos nos adaptar às mudanças individuais sem brigas. Por favor. – e deu um leve aperto.

Sasuke suspirou indeciso. A sensação calorosa que sempre sentiu vindo dela e a pele macia que adorava acariciar trouxeram as lembranças de quando estavam realmente juntos, e fizeram com que a vontade de tentar novamente aflorasse dentro de si, porém foi o pedido de Sakura que o fez juntar a sua testa na dela, finalmente dando o braço a torcer e a aceitando.

—Eu vou reconquista-lo, Sasuke-kun. – sorriu e passou os braços em volta do pescoço masculino.

Estava na hora de eles se acertarem da maneira correta, sem visitas com segundas intenções e muito menos discussões por banalidades. Apenas a segunda chance que ambos desejavam, mas que a mágoa e o ressentimento não os permitiam enxergar.

Sasuke tinha certeza de somente de duas coisas;

Primeira: dando certo ou não, ele teria o dever de contar toda a verdade, caso a memória dela não retornasse.

Segunda: ele teria que se esforçar para aceitar a situação dela o mais rápido possível, para não magoa-la.

Quando correspondeu ao abraço, sentiu uma paz o invadir como há tempos não acontecia.

~~*~~*~~*~~

E como dito por Namie, a loirinha voltou a insistir no assunto de dormir na casa de sua médica predileta. Quando eles estavam sentados ao redor da mesa de um restaurante próximo à praça, Tsukimi não perdeu tempo em perguntar se poderia passar aquela noite junto de Sakura, alegando que esta última ficaria com medo por ser a primeira noite.

Uma justificativa que deixou a Okada brava, pois a Yamashita já era grande para dizer algo daquele tipo, mas a indignação da mulher aumentou com a seguinte fala do cunhado:

—Deixa a menina. Ela só vai dormir, o que tem de errado nisso?

—Não é essa pergunta que você deve fazer Sasuke. – contrapôs prontamente. –Se a acostumarmos com todo esse mimo, ela vai começar a pensar que pode fazer tudo.

—Será só dessa vez, certo? – e bagunçou os fios dourados. –A partir de segunda você cumprirá o combinado, não é?

—Claro! – concordou Tsukimi. –Então, eu posso? – desviou os olhos pidões à Okada de novo, que apenas deu de ombros enquanto suspirava.

—Só dessa vez. – respondeu Itachi.

—Eba! – os curtos braços foram para o alto em comemoração. –Tio Sasuke e eu vamos ensina-la a jogar damas, banco imobiliário e uno. Montaremos o quebra-cabeça de cem peças enquanto assistimos desenho e jogaremos Just Dance.

—Não acha que é muita coisa para se fazer? E por que você incluiu só o meu irmão? – fingiu desapontamento.

—Se começarmos depois que comermos, vai dar tempo e, eu sei que vocês não vão querer ir, porque vão namorar.

—Ainda bem que você sabe. – disse entre risos, encarando a expressão presunçosa de Tsukimi. –Mas, ainda não entendi aonde meu irmão se encaixa nesse programa, achei que você queria só a Sakura.

—Oras Itachi! Eles fizeram as pazes. Eu prefiro passar o dia com os dois do que só com um deles.

As bochechas da Haruno ficaram carmim e um discreto sorriso apareceu em seus lábios, envergonhada. Provavelmente, o abraço de horas atrás foi visto pelos três, principalmente pela Yamashita.

~~*~~*~~*~~

No entanto, o planejamento da loirinha teve de ser adiado por causa da ‘’hora da soneca’’ da mesma. Pois ao chegar à casa da rosada perto das duas da tarde, a menina só conseguiu tomar um banho rápido para cair no sono e o meio do sofá-cama da sala foi o lugar da vez.

Sakura levantou-se do móvel com uma caneca de flores em mãos. A ideia de Tsukimi dormir em sua casa também não foi aceita por ela num primeiro momento, já que poderia estar empoeirada e com os armários vazios. Mas, foi um alívio para ela saber que tanto o casal Uchiha quanto Hoozuki manteve o seu cantinho limpo e abastecido, pronto para recebê-la de volta. Ou melhor, pronto para ela se acostumar novamente.

Depositou a louça na pia e voltou para sala, onde a televisão continuava ligada num dos canais de desenhos animados. Apesar de fazer a mesma coisa nos dias anteriores, o ritual entre ela e a loirinha, no qual a menina se recostava da forma mais relaxada em si, segurando uma caneca de chá doce enquanto assistiam a algum desenho, causou uma sensação a mais nela. Talvez seja a presença do moreno ou o novo ambiente.

Acomodou-se sobre o sofá-cama de novo e iniciou um cafuné no topo da cabeça loira ao mesmo tempo em que se lembrava de Sasuke do outro lado de Tsukimi brincando com os dedos dos pés dela, mas que agora se encontrava ressonando. E, sem perceber relacionou esta cena com a de mais cedo na entrada da praça. Parecia estranho, mas ela via algo bem semelhante a uma família.

Então, sendo pega de surpresa, Sakura imaginou que a sensação a mais poderia ser um sentimento maternal crescendo dentro dela. A surpresa foi tanta que até parou de acariciar o cabelo loiro.

Será que nós...

O som da campainha a tirou de seus pensamentos. Levantou-se num pulo e viu que o Uchiha se remexeu pelo seu movimento. Apressou-se mais ainda quando a pessoa do lado de fora apertou novamente o botão da campainha.

—Quanto tempo, Sakura.

Sentiu uma sensação de déjà vú tomar conta de si ao abrir a porta e se deparar com dois rapazes. A extrema palidez de um deles era estranhamente familiar a ela.  

—Desculpe, mas a gente se conhece de onde? – torceu o cenho em confusão.

—Poxa, assim você nos magoa. – disse o rapaz que não era pálido anormalmente.

—Esquecer-se do Keita está desculpada, ele não é muito importante, mas de mim, feiosa? É a segunda vez que isso acontece, o que me faz pensar que o nosso namoro no colegial não significou nada pra você.

Os dois assistiram os olhos verdes se arregalarem.

—Sai? – indagou.

—Como você está Sakura? – respondeu com uma pergunta.

—O que está fazendo aqui e quem é ele?

—Calma, assim não chegaremos a lugar algum. – e indicou com o olhar o interior da casa.

—Oh! Desculpe. – sorriu fracamente enquanto dava espaço para os dois rapazes entrarem.

—Ficamos tão felizes que você tinha ganhado alta, mas quando viemos aqui para uma visita, você não estava. – comentou Keita, já andando pelo corredor.

—Vocês sabem do meu acidente. – murmurou.

—Não há nenhum cidadão de Konoha que não saiba. – falou Sai.

—Nós pensamos em ir vê-la no hospital, mas era época de provas na faculdade.

—Eu não estou conseguindo acompanhar a conversa. Por que vocês não me explicam desde o começo enquanto preparo um chá para nós? Virem nessa porta, é a cozinha. – pediu e, em sua cabeça tentou relacionar as preocupadas palavras, as provas da faculdade e a possível amizade entre eles. O que era pouco provável por Sai ter sido seu antigo namorado.

Não demorou muito para que três copos de chá verde estivessem depositados sobre a mesa e a rosada ‘reconhecer’ Sasaoka Keita, amigo e colega de trabalho de Sai, e ouvir a história de como eles se tornaram amigos.

Em um determinado momento, Sakura levantou-se com o intuito de pegar algum biscoito no armário. O relato de Keita sobre os primeiros dias na Universidade de Konoha acontecia enquanto ela abria o pacote de senbei. Os colocou num prato e virou sobre os calcanhares, sua atenção se fixou na figura masculina de pé no batente da porta.

 -Sasuke-kun. – o chamou com um sorriso sem graça ao perceber que estava cometendo um erro enorme, colocando Sai no mesmo ambiente que o moreno. O que ele iria pensar de si, se de manhã prometeu reconquista-lo e agora conversava animadamente com o ex-namorado?

Provavelmente a amizade que ela começou com os dois rapazes foi motivo de desentendimentos meses atrás. Apesar do moreno não demonstrar nenhuma aversão às novas presenças naquele momento.

—Você se lembra do Sai? – perguntou com o intuito de saber mais.

A resposta foi um dar de ombros. Então resolveu não se importar com o assunto, afinal já tinha problemas demais para resolver.   

—Está com fome? – perguntou e mostrou o prato cheio de biscoito com sementes de gergelim.

—Um pouco. – respondeu já se aproximado da Haruno e esticando o braço para pegar um dos pacotes individuais.  

—Continua sendo antipático, não? – disse Sai. –Nem para cumprimentar o senpai do ensino médio ou o colega de estudos da faculdade. Quanta falta de consideração.

O casal em construção franziu o cenho em confusão, não entendendo a última parte.

—O quê? – questionou após comer o primeiro biscoito.

—Começo a acreditar que não sou importante, como o Sai disse. Posso perdoar a Sakura por se esquecer de mim, mas você? Poxa, Sasuke! – fez uma expressão tristonha.

—Não me chame pelo primeiro nome, eu nem te conheço.

—É claro que me conhece, mas por vias das dúvidas. Sou Sasaoka Keita.

O moreno parou de mastigar no mesmo instante, a habitual expressão séria foi se desfazendo, os olhos negros se arregalaram levemente e uma linha avermelhada tomou as bochechas masculinas.

—Recordou-se, não é? – sorriu em um misto de animação e malícia.

~~*~~*~~*~~

A expressão transtornada permanecia no rosto masculino, apesar de Sai e Keita terem ido embora há trinta minutos. Após o curto diálogo, Sasuke ficou calado nos dez minutos que se seguiram e que foi o tempo que os dois rapazes tiveram uma conversa sobre a recuperação de Sakura com a mesma e se foram.

Sorveu dois goles do chá verde, tentando não se lembrar da época do grupo de estudos da faculdade.

Ele só havia ido à cozinha para descobrir o motivo de tantas vozes atrapalhando o seu descanso, só não imaginava que se depararia com o ex-namorado da Haruno e Sasaoka Keita. O mundo, sem dúvidas, era pequeno.

—O que o Sai quis dizer com grupo de estudos? – indagou curiosa, estranhando o súbito desconforto que o Uchiha demonstrou na presença do Sasaoka.

—Era um grupo formado pelo pessoal de ADM, economia, engenharia civil e de produção, física e matemática. Na época de provas, a gente se reunia, mas os alunos dos dois últimos cursos que praticamente davam aulas, explicando as partes que não entendíamos na sala.

—Pela sua cara, parece que não eram somente aulas que aconteciam. – comentou e riu ao ver que a coloração vermelha voltou à face do moreno.

—Como você sabe, eu nunca me dei bem com matemática financeira, então eu pedi ajuda para este grupo. O Sasaoka logo veio me ajudar, mas... – não sabia como contar aquilo sem parecer preconceituoso.

—Mas? – incentivou.

—As coisas ficaram estranhas um dia depois quando ele me encontrou na biblioteca. – desviou seu olhar para a loirinha, que ainda dormia. –Perguntou qual eu preferiria: ser ativo ou passivo. Na hora eu pensei que era uma brincadeira, mas ele passou a jogar indiretas toda vez que o grupo de estudos se reunia. – ouviu a risada contida da rosada. –Era desconfortável.

—Por que você não me contou essa história antes? – quis saber entre risos.

—Não achei necessário.

—Então por que não disse a ele que você prefere meninas e, que namorava?

—Tentei, mas ele dava um jeito de não ouvir. Um dia ele conseguiu o meu número, passou a mandar mensagens pedindo um encontro ou elogiando a minha roupa.

Naquele momento, Sakura não pôde impedir de sentir uma pontada de ciúmes, porém, ao mesmo tempo, rir da expressão desconcertada que Sasuke fazia enquanto contava uma desventura da faculdade. A ideia de que ele foi a paixão de um gay era muito inusitada.

—Então passei a ignora-lo e bloqueei o número dele.

Ainda rindo, a Haruno pegou a mão esquerda do Uchiha entre as dela, fazendo com que seus olhares se cruzassem. Ficou feliz ao não ser repelida, como imaginava que aconteceria.

—Se um gay bancou o stalker, quer dizer que você é muito bonito. E, nessa parte eu tenho que concordar. – disse, começando a movimentar os polegares em círculos sobre o dorso da mão masculina. –Só que, Sasuke-kun, você não precisa mais ficar assim. Isso é passado. – tentou faze-lo se esquecer da situação.

—Sakura, não conte a ninguém. – pediu desconcertado.

—Eu prometo! – disse e depositou um beijo na bochecha dele.

~~*~~*~~*~~

Fazia, mais ou menos, uma hora que Sasuke e Tsukimi haviam ido embora. E mesmo assim Sakura permanecia sentada sobre o tapete felpudo da sala, encarando os desenhos infantis que ela e o moreno ajudaram a loirinha a fazer naquela tarde de domingo.

A maioria deles retrava os três brincando, seja na neve ou dentro de casa, mas o que mais chamou a atenção da rosada foi o desenho que Tsukimi fez sozinha, logo que despertou.

Tratava-se de um momento muito marcante às crianças, pois ela rabiscou o dia da cerimônia de entrada para o primário, algo que provavelmente ela não pôde participar. O mais surpreendente foi os pontos rosa e preto presentes na folha ao invés da representação dos progenitores dela.

Pegou o desenho com os olhos presos no rabisco loiro entre eles e sorriu. O carinho que passou a sentir por aquela menina, que mais parecia um anjo, quase não cabia dentro do coração. Tsukimi conseguia trazer uma alegria para todos que a rodeavam, principalmente a ela.

E como aconteceu no dia anterior, ao pensar na Yamashita, o rosto do Uchiha aparecia em sua mente, como se fosse um bônus. A conversa que ela iniciou no banco da praça trouxe umas pequenas mudanças ao comportamento do moreno.

Por exemplo: ele ainda mantinha um ar indiferente consigo, mas quando ela lhe dirigia a palavra, as respostas soavam mais receptivas e não dava mais a impressão de que queria sair de perto dela como antes.

Com um sorriso nos lábios, pôs-se de pé, mas antes de dar o primeiro passo, sua atenção se fixou no desenho que havia chamado sua atenção. O ponto preto, cujo triângulo azul era o corpo, a fez levar os dedos indicador e médio aos lábios enquanto começava a andar em direção à cozinha.

Por mais que tenha o beijado somente na bochecha três vezes, a deixou satisfeita. Afinal era um passo de cada vez.

Atravessando o corredor, ela passou os olhos ao redor, ainda não estava acostumada com a casa. Porém um envelope branco, que não deveria estar caído na entrada, despertou sua curiosidade.

A passos apressados foi até a porta, torcendo para que fosse um bilhete do moreno ou da loirinha, ou até mesmo de ambos. Pegou o envelope e percebeu que não havia remente, apenas o seu nome escrito em vermelho. Como se fosse um aviso, um arrepio passou pela sua espinha ao abri-lo.

O conhecido frio na barriga apareceu ao tirar de dentro do envelope um pedaço de papel rosa claro dobrado ao meio. Engoliu em seco, e o desdobrou.

Não tente uma segunda vez.

Você se decepcionará.

Porque você sabe que não merece ele.

Então, é melhor se afastar enquanto pode.

 

Momento de propaganda: 

Acho que a maioria já viu isso num capítulo passado, mas iniciei uma nova fanfic, ela é bem fora da caixinha por enquanto... Vou deixar os link para quem se interessar: 

https://fanfiction.com.br/historia/717332/Sapatinhos_de_Cristal/

Sinopse: MALDIÇÃO, sinônimo de praga, calamidade. Tem como significado a imprecação que se dirige contra uma pessoa ou coisa, ou então, é o ato de maldizer ou amaldiçoar. (De acordo com o minidicionário RUTHROCHA)
‘Se o único par dos sapatos de cristal for o primeiro presente do príncipe à princesa, quando houver amor, este será a símbolo de união do casal. E se um dia, o par de sapatos for separado, a mulher morrerá e o homem se transformará em um monstro imortal. ’
Um reino denominado Reino do Fogo, onde o inverno é somente uma palavra. Mas, quando os soberanos se negam a ajudar um grupo de nômades, a rainha desaparece junto com um dos sapatinhos de cristal e o rei é amaldiçoado, fazendo com que se sinta culpado e solitário.
Agora, o Reino do Fogo conhece o real significado de inverno e o vive até os dias de hoje.

Obrigada pela atenção... ;D 


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Notas finais do capítulo

Momento referência: o senbei deste capítulo que a Sakura comeu foi esse aqui: http://www.nippo.com.br/historia_culinaria/n107-251/n107_sembei01.jpg Assim, eu não curto o gingelim, mas o desenho de panda, eu adoro!! *3*
Kodomo no sekai não é uma galeria que existe em Tóquio, está bem? Inventei esse local para dar o ambiente para a cena... Traduzindo fica: mundo das crianças.
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GaaIno está de volta!! Pode comemorar gente! Depois de vocês ficarem P da vida com a Ino e tudo mais, o casal finalmente reatou.... ô/
Um pouco de família Hyuuga para me consolar da morte do Neji.(sim, apesar de ter acontecido há três anos, eu ainda não me recuperei) E a lógica da Tenten é meio estranha, não tentem entender... ;)
Já o nosso casal deu o primeiro passo para a volta, será que isso vai dar certo??
E gente, a parte do Keita ser gay e ter dado em cima do Sasuke na faculdade foi planejada desde que a fic estava na primeira fase, como eu esperei por esse momento!! *---*
A parte do bilhete misterioso também foi planejado nos primórdios da fic!! Cara, como tô feliz!! Esses acontecimentos finalmente chegaram!! *u* Preparem o coração, porque vamos ter muita coisa planejada sendo posta nos próximos capítulos!!
O aviso foi dado, agora vamos para a parte mais esperada: uma interação mais suave entre o Sasuke e a Sakura... Espero que vocês entendam que os dois estão num período de reaproximação mais verdadeira, onde o progresso será a passos de tartaruga com um empurrão de Tsukimi... Nossa loirinha é SasuSaku forever!! kkkkkkk' =P
Enfim, encerro a atualização tripla de Soba ni Iru né!! Até mais, gente!! Beijos! ;D



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