Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 39
Capítulo trinta e nove – Vontade de despertar


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o capítulo 39!!
O que acharam do anterior?? A interação da Tsukimi com a Akemi e o pessoal foi a parte que mais me deixou empolgada. E a história da Katia me fez chorar....
Foram muitas emoções, mas neste aqui, teremos mais ainda... Se preparem, e por favor, não fiquem bravas comigo....
Boa leitura... ô/



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Puxou o ar para dentro dos pulmões, tomando coragem. Havia acabado de tomar um banho e vestido o conjunto de lingerie, agora se encontrava de frente para o espelho do quarto.

As emoções daquele dia aceleravam seu coração, enquanto que as aparências esqueléticas das jovens da casa de reabilitação passavam pela sua cabeça em flashes. Abriu os olhos após contar até três, a surpresa ao se deparar com o seu reflexo chocou seus olhos azuis.

Seu cabelo poderia estar sedoso assim como a pele se encontrava macia, mas uma leve marca abaixa dos olhos, as costelas mais visíveis que o normal e a inexistência de uma barriga plana estragaram a imagem refletida no espelho.

Levou a mão até a clavícula esquerda e a deslizou para baixo, passando os dedos sobre o esterno marcado perfeitamente sob a pele. Viu que seus seios se reduziram a metade do tamanho de antes. Sua visão embaçou por conta das lágrimas.

~~*~~*~~*~~

(...) –Não sei você, mas eu estou detestando o que o espelho mostra.

—Eu só não quero engordar!

(...) –Pense nos seus pais que ficariam decepcionados ao te verem assim. Pense em mim que sofro ao perceber que minha bela namorada está a alguns passos para parar em uma casa de reabilitação. Pense nos nossos amigos que não gostam de imagina-la mais magra do que já está. Uma modelo sabe diferenciar o termo: manter-se nas medidas certas do termo: fique muito magra!

~~*~~*~~*~~

Apalpou os dois lados do corpo, na região das costelas, sentindo que a camada essencial de gordura não estava ali. Abaixou ambas as mãos até onde deveria estar sua demarcada cintura e seus olhos se arregalaram, deixando as primeiras lágrimas escorrem pelas bochechas. Ela havia sumido, dando lugar a uma região reta e a única curva de seu abdômen era a protuberância do osso da pélvis.

~~*~~*~~*~~

—Fique calma Ino, ninguém aqui vai reprovar suas atitudes... — a voz de Naruto ecoou pela sua mente.

(...) –Não precisa chorar, foi só um pequeno problema que você vai superar rapidinho. — logo em seguida a voz de Temari.

(...) –Apenas ignore e volte a comer como antes, garanto que você não vai parecer uma obesa. — lembrou-se também do dia que fez as pazes com as amigas.

~~*~~*~~*~~

Encarando o seu reflexo no espelho, abaixou o olhar para as pernas. O primeiro soluço foi solto pela loira. Não havia mais coxas torneadas e o desenho delicado da panturrilha. Apenas um par de pernas magras.

~~*~~*~~*~~

—Eu só queria que você visse o quanto pensar apenas na aparência pode ser prejudicial, Yamanaka-san.

—Olhe para o que você está fazendo consigo mesma, Ino!

~~*~~*~~*~~

Virou-se de costas na tentativa de não se avaliar mais.

—O que foi que eu fiz comigo? – repetiu a mesma pergunta de meses atrás.

Apenas imaginar-se internada em uma casa de reabilitação como as garotas que conheceu naquele dia, um arrependimento pesava sobre seus ombros. Não gostaria de passar um período indeterminado, recuperando-se de um problema, que poderia ter sido evitado, se não tivesse distorcido sua imagem diante do espelho.

Na primavera daquele ano, ela estava dentro das medidas ideais, no verão também. Então em que momento havia se tornado uma irresponsável?

Envergonhada, desviou o olhar para o espelho novamente e assistiu as lágrimas escorrerem pelas magras bochechas. Sua ficha finalmente caiu ao visualizar a parte de trás de seu corpo.

Até o meu bumbum sumiu.— pensou, encarando-se pelo espelho.

As garotas da casa de reabilitação não eram as únicas que tinha a aparência quebrável. E ela sabia o momento exato quando resolveu distorcer sua imagem: após as férias em Konoha.

Pois foi ali que algo dentro dela se abalou com os sentimentos oscilando, primeiro se sentiu feliz em reencontrar a amiga de infância depois de ela sumir sem explicações, em seguida veio a sensação de frustração ao perceber que Sakura não esclareceria as dúvidas do grupo, expressando apenas uma dor nos olhos, que causou confusão em Ino. Se foi a rosada que dispensou o moreno de forma humilhante, por que ela se sentia mal?

A conclusão que chegou foi que Sakura não amava Sasuke de verdade e encontrou outra pessoa e, que a dor na verdade era vergonha em encara-los após bagunçar as vidas de todos ali. Esta era resposta em que acreditava, mesmo não dizendo a ninguém, pois ela esperava que os amigos concluíssem o mesmo que ela. Algo que nunca aconteceu, já que eles insistiam em defender a rosada, alegando que teria uma explicação cabível para o desaparecimento dela.

Isso a irritou tanto que nas reuniões do grupo acabava se desentendo com todos, chegando a discutir, quando o assunto era o sumiço da Haruno. E para piorar a própria bola de neve que criava, no trabalho sempre ouvia de Kohana que ela deveria fazer uma dieta.

Num primeiro momento, não havia dado importância, porque não estava acima do peso, mas ter de escutar toda manhã alguma insinuação sobre seu corpo estar mais cheio ou que deveria comer menos, a sensação de estar engordando tomou conta de si ao mesmo tempo em que já se imaginava com os braços grossos e a barriga com dobrinhas de gordura.

O estopim foi quando a Shiroki se aproximou de si após um ensaio fotográfico e contou que uma das modelos mais bem pagas do Japão abandonou a carreira por ter engordado. Naquele instante, a Yamanaka temeu que o mesmo acontecesse consigo.

Ela tinha que fazer algo para não perder o emprego que se dedicava tanto. Então continuou comendo normalmente, mas o costume de induzir o vômito apareceu junto com o hábito de ingerir laxantes a cada três dias. Havia sido a única saída encontrada em um momento de estresse acumulado. Não demorou muito para que os hábitos, que a deixariam numa magreza extrema, fossem praticados mais do que a quantidade de alimento que ingeria.  

Estava procurando alguém para culpar por seu estado atual, mas ela sabia que Kohana, Gaara, seus pais ou seus amigos, e muito menos Sakura era responsável pela sua horrível magreza.

~~*~~*~~*~~

— (...) Não sou eu quem deve estender a mão, pedindo ajuda, e sim você! Mas se ainda não entendeu que bulimia pode te matar, eu não posso fazer nada.

~~*~~*~~*~~

A voz grave de Gaara ecoou pela sua cabeça, fazendo-a derramar mais lágrimas.

A culpa era toda dela, Ino permitiu que sua mente se bagunçasse entre nós e mais nós ao acreditar que Sakura fosse capaz de largar Sasuke por outro e deixar as palavras de Kohana se impregnar na sua cabeça.

Deveria ter tido mais consideração pela Haruno e ter sido mais forte emocionalmente.

Abaixou o olhar, passando os olhos pelo próprio corpo novamente, estava na hora de deixar de ser mimada e egoísta. O coração disparou quando ela viu nos olhos azuis refletidos a determinação brilhar.

~~*~~*~~*~~

Repassou as palavras da enfermeira Mori pela terceira vez, o processo do transplante era relativamente fácil e segura, ela havia garantido. O que poderia ser complicado, ou melhor, delicado, seria o seu pós, porque a menina ficaria isolada em um quarto para evitar qualquer tipo de infecção.

É parecido com doar sangue. — repetiu em pensamentos a última frase da enfermeira e encarou a mangueira que transportava o seu sangue para uma bolsa.

O constante barulho agudo que a máquina de monitorar a frequência cardíaca lhe desviou a atenção para o lado direito do quarto, fazendo-o sorrir de canto.

Tsukimi com suas artimanhas conseguiu dobrar até mesmo o diretor do hospital. Sasuke se recordava perfeitamente da expressão pidona que ela havia feito para que o homem de meia-idade cedesse ao pedido um tanto quanto inusitada da menina. Não era a toa que ela conseguia controlar as enfermeiras.

Apesar do cansaço evidente pelo intenso procedimento que deveria se submeter antes do transplante, um sorriso triunfante brilhou nos lábios ressecados de Tsukimi quando o senhor permitiu, com uma expressão de derrota, que ela recebesse a nova medula óssea no quarto de Sakura, indo contra o protocolo do hospital. O moreno se arriscava a dizer que aquela permissão ia contra o protocolo do Conselho de Medicina do país.

Suspirou um pouco cansado, sentindo a primeira tontura, mesmo assim conseguiu focalizar o rosto adormecido da rosada. Desde a sua última visita, o quadro dela não se alterou, continuava a respirar em um ritmo devagar em sincronia com os batimentos do coração e uma bolsa de soro sempre ligada em um dos braços. Apenas o rosto não estava mais com os curativos, visto que os ferimentos já estavam cicatrizados.

Encarando-a, pegou-se pensando em como ela reagiria ao saber que o tão procurado doador foi encontrado. A única reação que lhe vinha à mente era um choro emocionado.

Respirou fundo e moveu a cabeça, ficando com os olhos fixados no teto branco novamente. No mesmo instante a porta foi empurrada para o lado, revelando a enfermeira Nakamura com Tsukimi adormecida nos braços.

—Boa noite, Uchiha-san. – cumprimentou a enfermeira gentilmente.

O moreno apenas assentiu com a cabeça em resposta.

—Fui busca-la e a encontrei no seu quinto sono. – comentou enquanto se aproximava da maca vazia entre a sua e a de Sakura. –Fiquei com dó em acorda-la, os últimos dias consumiram toda a energia dela.

—Mas ela estava feliz.

—Isso ninguém pode negar. – concordou, depositando a menina com cuidado sobre a maca. –Espero não receber uma advertência por pega-la no colo.

—Se levar, será por uma boa causa.

—Acho que ninguém vai se importar, pois todos estão empolgados com esse transplante. – falou risonha, esterilizando o local onde a agulha seria aplicada na menina. –Tsukimi, ei! – a chacoalhou levemente. –Acorde querida. Está na hora.

Os olhos azuis se abriram devagar.

—Nakamura-san, tem que ser no quarto da tia Sakura. – resmungou sonolenta, franzindo o cenho.

—Nós estamos no quarto da Haruno-san. Ela está a sua direita, querida.

O sono de segundos atrás desapareceu para a loirinha, que virou para a direção dita em uma rapidez, que por alguns milímetros a enfermeira não espetou o rosto angelical com a agulha.

—Tsukimi, isso foi perigoso! – advertiu assustada.

—Oi tia Sakura. – ignorou a bronca da enfermeira. –Eu vou sarar então nós duas poderemos fazer o Hanami* e ver a lua, tudo no mesmo dia! – falou com certa dificuldade por conta do cansaço.

—Está pronta?

Desviou sua atenção para Nakamura e a respondeu com um acenar de cabeça. No intuito de se distrair da pequena dor que as agulhas lhe causavam, virou seu rosto para o lado esquerdo e sorriu.

—Tio Sasuke! – o chamou e no mesmo instante sentiu a picada. –Oi. – a voz soou mais aguda que o normal.

—Achei que tinha se esquecido de mim. – falou brincalhão.

—Só se você me passar a doença que faz a pessoa se esquecer de tudo.

—Até onde sei Mal de Alzheimer só aparece em idosos.

—Você é vovó perto de mim. – e riu.

—Pronto Tsukimi, agora fique quietinha aí até eu voltar, o Uchiha-san vai me falar se você tentar alguma coisa. – disse Nakamura já se encaminhando para a porta, após afagar o topo da cabeça da menina.

—Eu estou tão cansada, nem cair da cama vou conseguir. Então prometo me comportar. – disse com a voz arrastada.

—Boa sorte querida. – a enfermeira desejou antes de fechar a porta.

Um silêncio se instalou no quarto. Os olhos da loirinha acompanhavam o liquido vermelho preencher a mangueira transparente ligada a ela com um fraco sorriso. O sono havia voltado.

—Tio Sasuke. – o chamou em um tom baixo, atraindo a atenção do mesmo no instante seguinte. –O que vai acontecer depois que eu sarar?

—Vai voltar a ser uma criança que frequente a escola e brinca no parque. – respondeu surpreso com a repentina pergunta da menina.

—E que mexe no celular como gente grande?

—Isso também. – e por puro reflexo levou a mão ao bolso esquerdo, prevendo que ela pediria o aparelho para passar o tempo.

No entanto, a decepção se misturou ao cansaço na expressão angelical da Yamashita, surpreendendo o Uchiha.

—O que foi? – perguntou em um tom suave, mas com preocupação estampada no rosto.

—Eu queria que você tivesse dito que a tia Sakura continuaria comigo.

E como um click em sua cabeça, Sasuke entendeu o que se passava com Tsukimi. Vencer a leucemia tinha um ponto negativo, e apesar de ser pequeno comparado aos milhares de pontos positivos, era o suficiente para entristecê-la, pois assim que estivesse livre do câncer não ficaria mais no hospital e consequentemente não veria a tão adorada médica rosada. Pensar para onde Tsukimi seria mandada também o inquietou. Como a menina era órfã e os parentes não queriam se responsabilizar por ela, a opção era o orfanato.

As duas constatações o fizeram franzir o cenho em desagrado. Depois de todo aquele sofrimento, ela teria um futuro incerto? Sasuke quis acreditar que não e desejou fazer algo para que isso não acontecesse ao cruzar o olhar com o dela.

—Desculpe. – foi a primeira coisa que pensou. –Não posso prometer nada pela Sakura, mas tenho certeza que ela não deixaria você sozinha. – disse, observando os olhos azuis brilharem. –Assim como eu não faria isso. – completou e sentiu uma vontade abraça-la. –Agora descanse Tsukimi, porque quando acordar estará curada.

O assentir da cabeça em concordância foi a resposta da loirinha, que sorria pelas palavras do moreno já de olhos fechados.

—Obrigada, tio Sasuke. – agradeceu em um fio de voz.

Mas o Uchiha não sabia se o agradecimento era pela medula óssea ou pela promessa de não deixa-la sozinha. Provavelmente era por ambas, concluiu com um sorriso de canto.

Já a loirinha, permitiu que o sono tomasse conta de si com a insegurança de momentos atrás evaporada de seu coração, pois ela sabia que continuaria dentro do calor que o rosada e o moreno lhe transmitiam, tanto é que estava entre os dois, e para reforçar a ideia, o som agudo da máquina cardíaca de Sakura marcou um ritmo mais acelerado.

Sendo este o último som que Sasuke e Tsukimi ouviram antes de adormecerem.

~~*~~*~~*~~

O Ano Novo chegou para todos os japoneses. O anual Kohaku Utagassen*, uma competição entre dois grandes grupos compostos por músicos e bandas de variados gêneros, segurou a maioria das pessoas em suas casas até a meia-noite do dia trinta e um. Porém já é de conhecimento geral que os templos, que estavam enfeitados especialmente para essa data, já recebiam centenas de pessoas.

Nesta data, muitas pessoas têm o hábito de receber o novo ano junto aos progenitores, costume este que foi seguido pelos casais.

A família Hyuuga, sendo uma das mais tradicionais de Tóquio, reuniu todos os integrantes em uma festa animada no primeiro dia do novo ano. Naruto e Hinata compareceram, assim como Neji e Tenten junto com Akemi.

Já o casal Nara foi comemorar o início de um novo ano na mansão Sabaku, na companhia de Gaara, Kankuro, pai dos irmãos e parentes da família. O pequeno Shikadai pôde conhecer a todos e acabou se tornando o centro das atenções do avô e dos tios, até sua bisavó o segurou no colo.

A Yamanaka continuava em Paris com seus pais, que cumpriram a promessa e retornaram da Bélgica no dia dito. Apesar da falta que passou a sentir dos amigos, assistir ao espetáculo de fogos de artifícios ao lado da Torre Eiffel abraçada aos progenitores, foi memorável.

Voltando ao Japão, o casal Hoozuki e o pequeno Yuuta acabaram indo para Kyoto, no casa dos avós paternos de Suigetsu.  Karin havia cogitado a ideia de não viajarem, pois o filho era muito novo, mas cedeu quando recebeu o telefonema da sogra.

Namie e Itachi resolveram passar o Ano Novo separado; ela foi para Hiroshima, onde ficou com seus pais, Tomoka e avós paternos enquanto que o moreno foi para Tóquio com o irmão caçula.

Infelizmente, Sakura não dava nenhum sinal de que despertaria. A reação mais recente dela foi a curta alteração no ritmo cardíaco ao final da tarde do dia trinta, quando seu quarto foi usado para o transplante de Tsukimi. A passagem de ano da rosada foi na inconsciência com a companhia de seus pais.

~~*~~*~~*~~

O trajeto que fazia junto com o irmão mais velho era mais do que familiar. A última vez que andou por aquela calçada foi em seu aniversário.

 -Vamos logo, Sasuke. – apressou o mais velho, carregando dois buques de crisântemo. –Tenho que me desculpar por não ter vindo em julho.

—Se eu andar mais rápido o arroz vai chegar misturado aos incensos. – contrapôs. –Se quiser ir à frente, pode ir. – disse, ajeitando o cachecol.

—Vou ser um irmão mais velho legal e acompanhar você, que ainda está fraquinho. Vai que você desmaia, né. – falou num tom de voz brincalhão.

Em resposta, Sasuke bufou em irritação.

No dia que presenteou a loirinha com sua medula óssea, saiu do hospital apoiado em Itachi, pois se sentia zonzo - o único efeito de seu ato caridoso, de acordo com Nakamura. Mas, no dia que se sucedeu a este, ou seja, ontem teve que ficar deitado e ingerindo alimentos ricos em ferro para ajudar o próprio organismo a produzir o sangue que lhe foi tirado, e com isso veio os provocações do mais velho, já que se hospedou na cada de Itachi desde o dia em que havia feito o exame de compatibilidade.

De repente, o rosto adormecido de Tsukimi povoou sua mente. A última vez que a viu foi no dia anterior, na parte da tarde quando já se sentia bem e resolveu fazer uma visita rápida. Não pôde entrar no quarto dela, porque o período de isolamento havia começado então teve que se contentar com a janela retangular, que dava a perfeita visão da cama hospitalar da loirinha. Lembrava-se que até aquele momento, tudo estava indo nos conformes.

—Olá, pai. Boa tarde, mãe. – foi despertado pela voz do mais velho.

Sasuke respirou fundo, depois de seis meses, estava em frente ao túmulo dos progenitores em uma visita que Itachi insistiu em ser apenas os dois.

Em silêncio, o Uchiha mais velho depositou cada buque nos suportes de mármore escuro que estavam ali, em seguida recebeu um ochawam* de arroz branco com um par de hashi espetado no meio e uma bandeja de frutas da época de Sasuke.

—Eu devia ter vindo em julho, me desculpem pelo atraso. – disse em um murmúrio, encarando fixamente os nomes dos pais escritos na lápide.

—Ele está com medo de dizer que se esqueceu da data de falecimento de vocês. – comentou Sasuke enquanto ascendia dois incensos. –Mas foi ideia do Itachi vir aqui neste Ano Novo. – e entregou um incenso ao mais velho e o outro permaneceu consigo.

Sem mais nenhuma palavras, os irmão depositaram os finos e esverdeados incensos em pé sobre as cinzas dos outros postos ali para em seguida juntarem as palmas das mãos, começando uma oração silenciosa de olhos fechados.

—Nos últimos anos, a gente ficou brigado por um mal entendido, mas fizemos as pazes e prometo não deixar mais o meu irmãozinho. – e finalizou sua oração. –Feliz ano novo. Continuem tomando conta da gente de onde vocês estiverem. – disse, abrindo os olhos.

O coração de ambos se aqueceu ao mesmo tempo em que uma rajada de vento frio passava por eles, bagunçando os seus cabelos negros. Rapidamente, cruzaram o olhar com sorrisos presunçosos nos lábios, poderia soar estranho, mas aquele vento possivelmente podia ser relacionado com Fugaku e Mikoto. Algo como um sinal de que continuavam vivos nos pensamentos dos filhos. 

—Acho que dona Mikoto ficou feliz por estarmos juntos novamente. – se referiu ao calor que sentiu no peito.

—Ela não gostava quando a gente brigava. – lembrou o mais novo.

—Verdade, até porque você ia chorando para ela quando eu te batia.

—Esqueceu-se de acrescentar o de graça.

—Sem essa, Sasuke. Você levava um peteleco na cabeça porque sempre mexia nas minhas coisas.

—Não mesmo. Teve uma vez que você me bateu, porque eu estava dormindo na sua cama.

—Se não me falha a memória, nesse dia eu te bati por causa da poça de xixi que tinha ao lado da minha cama. – o mais velho contrapôs, lançando um olhar bravo ao caçula.

—Eu tinha três anos! – se defendeu.

—Sim, você tinha três anos e ainda fazia xixi na calça, mas naquele dia foi na cueca. Você teve a cara de pau de tira-la e dormir na minha cama como se nada tivesse acontecido. – disse bravo e com divertimento brilhando nos olhos. –Espera, acho que naquela época você ainda usava frauda. – provocou.

A risada escapou dos lábios de Itachi no instante seguinte ao visualizar a carranca do caçula.

—Deixe-me reformular meu argumento: você teve a cara de pau de tirar a frauda, mas ficou com medo da nossa mãe te dar uma bronca.

—Cale a boca! – esbravejou. Porém logo caíram na risada.

A distância dos, agora, três anos, havia diminuído entre os irmãos Uchiha.

~~*~~*~~*~~

Chegou da Europa há três dias e ainda não havia ido cumprimentar os amigos, desejando o costumeiro feliz ano novo. O máximo que conseguiu foi desfazer as malas e visitar o templo como manda a tradição de seu país, pois quando se deu conta já estava comprando um buque de astromelia, dirigindo rumo à Konoha.

—Até aonde sei, ela permanece do mesmo jeito. — a voz de Temari preencheu o carro. —Os pais dele sempre a visitam então não se surpreenda se eles estiveram lá. — completou.

 -Sem problemas, estou sentindo falta da tia Mebuki mesmo. – encarou o celular sobre o painel rapidamente. –A última vez que conversei com eles foi no aniversário da Sakura. – pensou em voz alta.

—Ainda bem. Porque, quando os encontrávamos, perguntavam de você.— a Nara disse. —Mas Ino, o que aconteceu para você ir visitar a Sakura?

—Tantas coisas, Tema. – respondeu ao mesmo tempo em que trocava a marcha. –Prometo contar tudo a você e às garotas então que tal um vinho na sua casa amanhã?

—Ótima ideia! Já vou avisa-las. — falou animada.

—E eu vou desligar. – e pegou o celular. –Até amanhã então.

—Se cuide, Ino.

—Só adianto que eu voltei com uma enorme vontade de mudar. – disse, já deslizando o dedo sobre a tela para encerrar a ligação.

Cinco minutos depois, recebeu uma mensagem de Hinata com o endereço do hospital. Violando uma das leis universais de trânsito, Ino localizou-o no GPS do celular, e ouvindo a voz do aplicativo adentrou a cidade.

Parada na entrada do grande prédio branco, ela se perguntava se o horário de visita não expirou para aquele dia. Apertou o buque contra o peito e recomeçou a andar ao notar que atraia olhares de pessoas de dentro do hospital e de fora. Aproximou-se da recepção um pouco tímida.

—Boa tarde. – atraiu a atenção do rapaz atrás do balcão. –Vim visitar uma paciente, mas não sei se o horário de visitas já acabou.

—A senhorita gostaria de ver quem?

—Haruno Sakura.

—A Haruno-san está no quarto 313. Até a noite ela pode receber visitas. – disse com profissionalismo, apesar de encara-la fixamente. –Fique a vontade, terceiro andar.

—Obrigada. – agradeceu, correspondendo ao sorriso gentil do rapaz.

A porta metálica abriu no andar indicado e entre suspiros, Ino encontrou o quarto 313. Suas mãos ficaram suadas à medida que se dava conta de que ainda não estava preparada para visitar a rosada, pois receava em encontra-la muito mal. Mesmo que a Nara tivesse garantido que a Haruno estava apenas pálida e com cicatrizes por conta dos cacos de vidro.

Respirou fundo e bateu na porta. No minuto seguinte, ela foi aberta por uma senhora de feição abatida e cansada.

—Ino! – exclamou a mulher enquanto terminava de deslizar a porta. –Pensei que não viesse.

—Eu estaria jogando o restante da nossa amizade no lixo se não viesse. – disse e abraçou a mulher. –Quanto tempo tia Mebuki! – apertou o abraço.

—Sentimos a sua falta. – falou, se afastando para poder encarar os olhos azuis. O cenho de Mebuki se franziu ao dar uma analisada em Ino. –Você está precisando comer os seus sushis preferidos.

—Com toda certeza. – aceitou ao convite com um sorriso sem graça.

—Agora venha. – deu espaço para a loira passar. –Sakura gostará de saber que você veio vê-la. – e puxou a Yamanaka pelo braço, sorrindo em alegria.

Aproximaram-se do leito.

A imagem da rosada coberta de faixas e várias máquinas ligadas a ela desapareceu de sua mente quando ficou ao lado da cama dela. Ela aparentava estar dormindo um dos melhores sonos pelo movimento calmo de seu tórax, mas o som agudo que a monitor cardíaco emitia provava que estava inconsciente. 

Mabuki indicou a cadeira com o olhar e as duas se sentaram, uma de cada lado da cama hospitalar.

—Como aconteceu? – a dúvida soou sem ela se dar conta. Olhava fixamente o corpo inerte da amiga de infância ao mesmo tempo em que sentia o coração se apertar.

Não sabia por que sentia receio em visita-la, o motivo havia desaparecido ao passar os olhos pelo rosto inexpressivo da rosada com cicatrizes. De repente o abraço, que deram quando se reencontraram, apareceu em sua mente.

—Ninguém sabe explicar isso. Ela simplesmente foi baleada numa noite de chuva forte. – a mãe de Sakura respondeu angustiada, envolvendo os dedos dela em sua mão. –O vizinho que a trouxe contou que apenas ouviu um barulho e foi ver o que era, quando ele chegou, a encontrou desmaiada e ensanguentada na sala. – Mebuki puxou o ar vagarosamente, no intuito de conter a emoção. –A polícia arquivou o caso da Sakura por falta de informação. Eles chegaram a suspeitar do Sasuke, mas o descartaram. Apesar do que aconteceu, ele não chegaria a esse extremo.

—Não mesmo. – concordou.

—Sasuke não é louco. – acrescentou, encarando o rosto da filha. Fizeram-se uns minutos de silêncio. –Até ela acordar, vou ficar me perguntando quem é o culpado, porque Sakura não merecia isso, ela é tão boa com as pessoas. – em todas as palavras, o sofrimento da senhora Haruno era evidente. -Vê-la nessa situação é pior que não conversar com ela, como foram durante esses últimos anos. Saber que ela pode não acordar triplica a tristeza.

A visão da Yamanaka embaçou e uma sensação desconfortável passou por ela.

—Uma vez, a Tenten me perguntou qual seria a minha primeira reação quando Sakura acordasse. A primeira opção que pensei foi brigar pela falta de notícias e por nos deixar preocupados nos três últimos anos, mas isso não me deixaria feliz, estaria sendo uma mãe incompreensível. Então a minha resposta foi que a abraçaria e diria que independente da burrada que ela havia feito, sempre estaria ao lado dela, e Kizashi concordou. – contou com a voz chorosa.

Não conseguiu conter mais a emoção e permitiu que as primeiras lágrimas escorressem por suas bochechas. Primeiro foi Tomoka, abrindo seus olhos para se cuidar e se amar mais sem culpar os outros, e agora vinha Mebuki ensinando-a, mesmo que inconscientemente, que perdoar as pessoas era o melhor do que condena-la e julga-la.

—Encontrar a Sakura aqui em Konoha, nas férias que eu tirei junto com o pessoal, foi inacreditável. Primeiro veio a surpresa, depois a alegria, porque finalmente a achamos, mas ela parecia estar sofrendo, me deixando confusa. Acabei tirando minhas próprias conclusões, não acreditando quando a maioria ainda insistia em dizer que ela tinha um bom motivo para sumir naquele dia. – confessou. –Depois que voltamos, adoeci. O médico me diagnosticou com bulimia e a confusão em relação a Sakura se transformou em ressentimento. – fez uma pausa para respirar. -Ela sumiu, abandonando até mesmo os amigos. Que tipo de melhor amiga era ela, eu me perguntava. O que acabou gerando discussões com as outras.

Fixou os olhos novamente no rosto pálido, manchado pelas cicatrizes. Como em um flash uma Sakura criança povoou suas lembranças.

~~*~~*~~*~~

A careta de choro estampava o rosto infantil. Ela não conseguia entender por qual motivo seus colegas de sala implicavam daquela maneira consigo. Qual era o problema de sua testa? Até onde sabia ela era apenas mais evidente.

Apertou a folha com força, como se com aquele ato as provocações deixadas em baixo de sua mesa acabassem. Seus olhos se encheram de lágrimas pela segunda vez, mas os dizeres: VÁ PARA O FUNDO DA SALA, SUA TESTA ENORME ME ATRAPALHA, ainda estavam nítidos.

—Ei. – uma voz dina e infantil a chamou. –Ei. – a voz insistiu. –Você está me ouvindo? Estou falando com você.

Surpreendida, a menina amassou a folha, levantando o olhar. Se deparou com um par de olhos azuis a fitando curiosamente.   

—Por que está chorando? E o que é isso? – e apontou para a bola de papel, fazendo uma expressão de desentendimento.

As lágrimas se intensificaram, mas a menina não se importou, pois encarava a outra sem entender nada.

—Ei, pare de chorar. – pediu e levou a mão até o topo da cabeça rosada, afagando. –Eu me chamo Yamanaka Ino, qual é o seu nome? – perguntou com um sorriso gentil.

A resposta não veio, nem nos próximos cinco minutos, onde a rosada ficou com os olhos fixos na menina sentada na cadeira da sua frente.

—Você fala né? – disse impaciente. –Olha, se não me dizer o seu nome, eu vou chama-la de testuda. – ameaçou em um tom brincalhão. Porém se arrependeu no instante seguinte, quando assistiu a feição da menina se contorcer para iniciar de novo o choro.

—Eu não tenho uma testa grande! – exclamou entre dois soluços.

—Oh! Finalmente disse alguma coisa. – comemorou para em seguida soltar uma risada.

—Minha testa não é grande. – dessa vez, murmurou.

—Claro que é. – os olhos da rosada se arregalaram, e por eles passaram um lampejo de irritação misturada com tristeza. –Mas qual o problema nisso? – e retornou a mão ao cabelo de cor exótica para empurrar a franja. –Olha como você é fofa! Eu sei que tem uns idiotas enchendo você por causa da sua testa, mas não precisa dar ouvidos ao o que eles dizem. E escondê-la com a franja não vai fazê-los parar. – falou como se soubesse de tudo.

O sorriso que deu foi de puro contentamento ao ver que a rosada continuava a encarar, porém agora um pouco receosa.

—Da próxima vez que você receber um bilhete besta como esse, é só rasgar em vários pedacinhos sem ler o que está escrito, se quiser pode cuspir também. – e riram pela última insinuação. -Com o tempo eles vão parar, porque vão perceber que você não está mais ligando. – disse enquanto fazia o que havia dito. –Caso isso não resolva, a gente bate neles. – completou, dando uma piscadela para em seguida se levantar, levando a rosada junto. –Agora vem, vou te apresentar a uns amigos legais, que vão nos ajudar quando formos bater naqueles babacas!

E num impulso, a puxou para fora da sala de aula.

—Mas Yamanaka-san, eu não quero que você brigue. – murmurou assustada, tanto pelas palavras encorajadoras quanto pela menção de briga.

—Oras Haruno Sakura, se não quer que isso aconteça então seja forte! – esbravejou, olhando-a sobre o ombro direito. Um sorriso brincou nos lábios de Ino. –Porque de agora em diante seremos amigas, testuda! – decretou radiante, enquanto aumentava o ritmo dos passos.

Mesmo se sentindo um pouco assustada ainda, a rosada acompanhou a corrida com um sorriso nos lábios, apesar de estar com alguns resquícios de choro.

~~*~~*~~*~~

Despertou da lembrança ao piscar os olhos e se sentir os braços de Mebuki rodearem os seus ombros.

—Converse um pouco com a Sakura, eu acho que ela ficará feliz. Além do mais, o médico responsável por ela garantiu que isso pode ser bom. – disse após depositar um beijo no topo da cabeça loira. –Eu vou comer alguma. Volto logo. – deu um último aperto em torno de Ino e se retirou do quarto.

Respirou fundo, limpou as lágrimas acumuladas em seus olhos e tentou se acalmar. Aproximou-se mais da cama.

—Não sei como começar... – comentou com a voz rouca.

Perdida no clima desconfortável que se instalou no quarto, Ino suspirou.

—Lembrei-me do dia em que te apresentei ao grupo. Você era tão chorona. – se remexeu sobre a cadeira, respirando fundo. –Sabe, eu deveria não considera-la uma melhor amiga, depois de você ter sumido, o que me fez supor muitas teorias. Espero que um dia possa me contar o que te levou a fazer aquilo. – falou e depositou sua mão esquerda sobre a dela, sentindo-a levemente gelada. –Cheguei a achar que você não amava o Sasuke de verdade e fugiu, porque se cansou dele ou porque encontrou outro que prometeu um futuro melhor a você. Olha a que ponto uma amiga chateada pode chegar para encontrar uma explicação. – apertou a mão da rosada. –Me desculpe por isso, Sakura. Vendo você em coma eu percebi que é mais fácil não acreditar nessas suposições.

De repente, jogou o tronco para frente, encostando a própria testa na mão que antes segurava. A súbita sensação de que um nó se formava na garganta tomou conta da Yamanaka. Tamanha era o arrependimento.

—Você me deve muitos pedidos de desculpas por ter me feito uma falta enorme. Saber que não poderia desabafar com você depois de discutir com Gaara, me entristeceu muito; e quando precisava de apoio em alguma ideia, essa foi a pior parte, eu sempre perdia, pois você não estava lá para me ajudar a convencer o pessoal. – desabafou com os olhos cheios de lágrimas novamente. –Não fui apenas eu que sentiu isso. Todos perceberam que o grupo ficava incompleto sem você.

Puxou o máximo de ar que conseguiu para dentro dos pulmões, endireitou-se sobre a cadeira enquanto voltava a envolver a mão da Haruno.

—Independente do que fez com que você sumisse, eu desculpo. Perdoou você, porque quero mudar, e para isso tenho que consertar algumas coisas, porque não quero voltar a ter problemas comigo mesma, e muito menos guardar ressentimentos. – e sorriu fracamente. –Quando você acordar, vamos voltar a ser o grupo de antes. Algo que eu queria falar com convicção, mas todos nós sabemos que voltar a ser alguma coisa é impossível. Porém se acostumar com as mudanças é possível, então acorde logo, Sakura. – pediu, sentindo uma leveza tomar conta de si, o que a fez pender o corpo para frente até encostar a lateral do rosto no colchão, na frente da mão de Sakura. –Para vermos o que mudou e restabelecer a nossa amizade, assim como o Naruto, a Hinata, a Tenten e os outros desejam. Todos estão esperando por você. – murmurou a última frase, fechando os olhos.

Um pico maior foi registrado no monitor cardíaco quando a loira já dormia profundamente.   

Mebuki deslizou a porta, fechando a fresta que tinha aberto. Eram raras às vezes em que conseguia presenciar o ritmo do coração da filha se alterar. Porém, nessas poucas oportunidades, ao ouvir o barulho ficar mais rápido ou mais lento, a esperança tomava conta de seu coração, como se o fortalecesse.

Está na hora de acordar, Sakura. Todos estão esperando por você. — falou em pensamento.

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O inverno se seguiu com o passar dos dias do mês de janeiro, boa parte do país japonês enfrentava uma temporada de neve. E apesar de não acontecer como nas províncias do norte, em Tóquio nevou assim como em Konoha, naquele começo de ano.

A paisagem das cidades cobertas de neve era a alegria da maioria, em qualquer hora do dia era possível se deparar com crianças e adolescente, ou até mesmo adultos se divertindo com os cristais de gelo.

Tsukimi, que ainda não havia se recuperado por completo, apenas assistia os flocos de neve cair através da janela, havia perdido a conta de quantas vezes ficou tentada a fugir de seu quarto especial para rolar nos montes brancos. Só não fez isso, pois as três semanas e meia de isolamento eram essenciais para se curar.

Por outro lado, Sakura não dava indícios de que iria acordar, permanecendo em coma por todo aquele mês. Vez ou outra, seu ritmo cardíaco se alterava, mas nada que não durassem escassos minutos.

Mesmo assim, as visitas continuavam não na mesma intensidade que antes, pois as estradas cobertas de neve não eram confiáveis por mais que o motorista estivesse atento.

Os pais da rosada pediam aos céus para que a filha despertasse, mas só o cansaço e a angústia apareciam quando a visitavam.  

Fevereiro chegou. E no dia oito completou três meses desde que Sakura caiu na inconsciência profunda.

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A pontada na lateral da cabeça foi certeira ao mesmo tempo em que sentiu uma imensa vontade de mudar de posição, porque tinha a ligeira impressão de que estava deitada de barriga para cima há um bom tempo, começando a incomoda-la na região das costas.

No entanto seu corpo não virou para nenhum dos lados, fazendo com que uma frustação tomasse conta de seu peito. De repente, um som agudo, constante e familiar invadiu sua audição.  

 Tentou abrir os olhos, porém, assim como a tentativa de mudar de posição, não se passou apenas de uma vontade.

—Nishi-san, tem alguma coisa estanha. – ouviu uma voz masculina, soar preocupada. –O coração... Quero dizer, o ritmo cardíaco está muito alterado.

—Sanada-san, pode ser uma parada cardíaca.

 Conseguiu franzir o cenho em desentendimento e escutar exclamações surpresas logo em seguida.

Entretanto, quem estaria tendo uma parada do coração? E por que cargas d’água ela estava no quarto que acontecia isso? Uma irritação cresceu dentro de si. Se não poderia fazer nada para ajudar e não tinha o controle do próprio corpo, o que estava fazendo ali?

Um click se fez em sua cabeça quando puxou o oxigênio com mais força enquanto ouvia o som agudo apitar freneticamente. O frio na barriga apareceu à medida que a sua ficha caia.

Se não conseguia se mexer e muito menos abrir os olhos, poderia ser ela a estar sofrendo uma parada? Mas, por quê?

O desejo de abrir os olhos se intensificou quando mais exclamações surpresas alcançavam seus ouvidos, reunindo forças de um lugar desconhecido, novamente tentou.

Porém, suas mãos se fecharem em punhos.

—Sanada! – o médico Nishi sobressaltou-se.

O teto branco foi a primeira coisa que visualizou, com um sentimento de vitória, forçou-se a levantar o tronco para se sentar. Passou os olhos por todo o local, se dando conta que estava em um quarto de hospital ao encarar as paredes brancas e o cheiro de antisséptico. Porém não sabia dizer o motivo de estar ali.

—Você acordou Haruno-san. – comemorou o enfermeiro, e ela percebeu que a era mesma voz que havia escutado momentos atrás.

—Quem são vocês? – não estava entendendo nada.  


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Notas finais do capítulo

Hanami - é um evento que acontece na primavera japonesa, quando as flores de cerejeira florescem e estão em seu auge, os japoneses têm o costume de fazer um pique-nique embaixo destas árvores....
Kouhaku Utagassen é um programa de televisão do final do ano da NHK, tipo um especial de Ano Novo...
Ochawan é a vasilha em que se coloca o arroz cozido...
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Então minha gente, o que vocês acharam??
Meus dedos coçavam para escrever a cena da Ino, o dia em que ela finalmente iria cair na real foi idealizado no momento em que decide colocar a bulimia como tema.... Deu até uma emoção...
Mas ela foi maior no momento do Sasuke/Tsukimi. Vocês acertaram que ele seria o doador e já sabem que ela será adotada pelo nosso casal, e isso está meio que evidente na promessa que ele fez a ela... E olha como a Tsukimi é abusada, se não fosse no quarto da Sakura, o transplante não aconteceria...
E sim, tivemos meio que uma descontração com os irmãos Uchihas se reaproximando..... Já na relação Ino/Sakura foi algo mais sério, o que vocês pensam sobre isso?
Para finalizar, a nossa Sakura finalmente acordou!! Depois de ver tanta leitora ansiosa, aqui está gente!! (por favor, não me matem!!) Eu falei que tinha surpresas!! kkkkk'
Enfim, esperando vocês nos reviews!! Beijos!! Até lá! ;D



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