Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 37
Capítulo trinta e sete – Presente de Natal


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!! Não é um sonho... é capítulo novo mesmo, mas é um, tá, porque a autora aqui não tá tendo muito tempo para planejar um post-duplo ou triplo!!
Então, desculpem-me pela demora... É que estava esperando as ideias se organizarem e para escrever Soba ni Iru né... Por favor, me perdoem...
Era para Sakura acorda nesse capítulo, mas resolvi deixar para o próximo, porque neste vai acontecer uma coisa linda, me fez chorar enquanto escrevia a cena!!
Ah! Tenho que agradecer às leitoras e os reviews que vocês me mandaram!! Foi de ótimo incentivo!! Obrigada, pessoal!! E vou deixar um obrigada especial para Mari Araújo pela décima recomendação da fic!! ♥
Enfim, boa leitura!!



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Assoprou e levou a xícara, que continha um chá feito a menos de cinco minutos, à boca, sorvendo com certo cuidado pela temperatura que o líquido se encontrava.

—Soube que a polícia deu uma pausa nas investigações. – comentou após um longo gole.

—Eu sei, fiquei sabendo disso primeiro que vocês dois, e ainda tive que ouvir que ela resolveu bancar à ‘Bela Adormecida’. – disse desgostosa.

—O que estava pensando quando puxou o gatilho? – indagou uma segunda voz masculina.

—Assusta-la. – deu de ombros.

—Não minta sua desmiolada, você teve a intenção de mata-la, e isso não foi combinado e nem consentido por nós dois.

Um grunhido em irritação foi solto pela mulher.

—Não foi minha culpa se ela estava no ruma da janela na qual eu mirei. – defendeu-se, mas um sorriso logo apareceu nos lábios carnudos. –Talvez tenha sido sorte.

—Foi uma sorte muito grande. - concordou o outro após mais um gole de chá.

—Mas isso ainda continua sendo tentativa de assassinato.

A mulher franziu o cenho.

—Relaxa tá legal. Logo ela acordará e a polícia concluirá que foi uma vitima de bala perdida. Não tem outra opção a não ser essa no contexto que aconteceu.

—Você está muito confiante.

—Tenho que estar, porque, de acordo com os amigos dela, ninguém atentaria contra a vida dela.

—Cuidado, confiança demais pode acabar te prejudicando. – o outro homem falou, segurando a xícara, agora vazia. –Afinal, nós três sabemos que por dentro você está aliviada pela polícia ter parado com as investigações. Se eles continuassem, você seria descoberta.

—Agora eu tenho certeza que sou uma mulher sortuda. – falou e sorriu.

 ~~~*~~*~~*~~

Os olhos azuis da Yamanaka se encheram de lágrimas. Quando visualizou o embrulho de cor verde-água, sentiu que se apaixonou, mas a sensação maior veio ao pegar pequeno ser humano de bochechas coradas nos braços.

—Você é a coisa mais linda que eu já vi! – afinou a voz, no típico tom que se dirige aos bebês. –Me arrependo de não ter vindo antes. – lamentou-se enquanto trazia Shikadi para mais perto de si.

—Devo te lembrar de que você falou a mesma coisa quando a Akemi nasceu?

—Não estrague o momento Shika! Pelo menos ela teve a decência de dizer isso, ao contrário de você que vive falando que seu filho se parece com um joelho. – repreendeu Temari, depositando copos de chá sobre a mesa de centro. 

—O que eu posso dizer se Shikadai nasceu com a cara arredondada e amassada? Agora ele deu uma melhorada, mas nos primeiro dias ele tinha sim uma cara de joelho. – explicou-se em um tom preguiçoso. –Hoje eu concordo que meu filho é lindo! – completou e sorriu orgulhoso, encarando o filho que mantinha as pequeninas mãos fechadas em punhos e próximas ao rosto.

—Cala a boca, Shika. – a esposa o cortou, mas nenhum dos três adultos levou a sério, pelo contrário riram. –Quando a Tenten veio, ela acabou chorando ao pegar o Shikadai no colo. – contou, recordando-se da careta de choro que a Hyuuga havia feito logo após o recém-nascido mexer os braços em puro reflexo por ter sido passado de um colo para o outro.

—Consigo imaginar isso. – comentou com um sorriso. –E como o Sasuke está?

—Bem. – o Nara respondeu.

—Apesar dos meus desentendimentos com ele e não tê-lo visitado, fiquei preocupada quando a Hinata me contou o que tinha acontecido.

—Ele deu um susto em todos nós e parece que já está querendo voltar ao trabalho. Itachi deve estar tirando paciência até da bexiga para aguenta-lo.

—Também me contaram que eles fizeram as pazes. – falou meio insegura, a conversa estava se tornando tensa. 

—Então a Hinata também deve ter contado sobre a Sakura. – disse Temari, fazendo o coração de Ino se apertar.

—Ela me falou que eles tinham um tipo de relação, e que a Sakura foi baleada misteriosamente. Mas eu não quero falar dela. – e abaixou a cabeça, continuava magoada com o estranho reencontro de meses atrás.

A atenção da Yamanaka voltou-se para o pacotinho de vida em seus braços, jogando qualquer tipo de sentimento negativo para escanteio. E a tentativa funcionou mais rápido do que ela imaginava, pois uma alegria tomou conta de si ao assistir seu dedo indicador sendo capturado por uma mão pequenina.

—Então nos diga como você está. – pediu Temari, mudando de assunto.

Porém, o casal Nara sentiu o clima na sala ficar mais pesado conforme observam o sorriso da modelo diminuir gradativamente, fazendo com que no instante seguinte, trocassem olhares em busca de ajuda para amenizar a situação criada.

—Com o apoio que venho recebendo de vocês, ando até animada com a dieta. – respondeu, passando o outro dedo indicador sobre a bochecha de Shikadai. –Ganhei meio quilo desde o nascimento dessa coisa linda, eu acho que Shikadai também me ajudou. – respondeu com mais firmeza.

—Meu filho só come e dorme, e nem tem um mês de vida, e já está mexendo com as mulheres, primeiro Tenten e agora você. – falou a nova mamãe com um sorriso orgulhoso. – Mas e as novidades?

—Vou fazer a capa da Golden Star para a edição de Natal.

—Só pelos quinhentos gramas?

—Sim.

—E falando em Natal, com quem vai passa-lo? – o Nara perguntou, cogitando a ideia de convidar a amiga para a festa natalina na casa de Itachi.    

—Com meus pais na França. Quando eu contei a eles sobre a bulimia ficaram decepcionados e depois que falei do Gaara, eles ficaram bem tristes. Então decidimos uma viagem em família para curtir as festas do fim de ano. – explicou. –Mas está claro que essa viagem é para amenizar o clima.

—Visitando Paris quem sabe você não encontra mais motivação? Pense que isso será uma forma de reabilitação.

—Temaria está certa, Ino. Essa viagem pode te fazer bem, passar um momento com seus pais fora do país pode ser ótimo para você. – completou o Nara, lançando um olhar de conforto à amiga.

—Eu também acho que vai ser bom, mas eu não queria terminar o ano sem resolver a minha situação com o Gaara. – e suspirou.

—Bom, nem sempre o que a gente quer, é o que acontece. Não fica assim, Ino. Viaje com seus pais e dê mais um tempo para o meu irmão então vocês sentam e resolvem as coisas.

A Yamanaka permanecia calada e de cabeça baixa, ouvindo os conselhos dos amigos enquanto repensava sobre a situação em que se encontrava. Talvez a amiga loira estivesse certa, se mostrasse ao ex-namorado que estava tentando de verdade superar o problema, eles voltariam e a Europa poderia ajuda-la de alguma forma.

Balançou a cabeça em afirmação ao mesmo tempo em que sentia uma pequena força apertar o seu dedo indicador.

—Ainda sou madrinha dele né? – questionou com um sorriso.

O casal Nara apenas devolveu o sorriso.

~~*~~*~~*~~

E assim, novembro passou. O clima já fazia os termômetros de Tóquio marcar dez graus célsius, o que mostrava aos habitantes da maior metrópole do mundo que o outono estava indo embora, dando lugar ao inverno.

Infelizmente, a rosada não mostrava nenhum indício que despertaria, mas o fato de conseguir respirar sem o aparelho trouxe mais esperanças aos pais e amigos. Kizashi e Mebuki visitavam a filha muitas vezes na semana, chegando ao ponto de fecharem o restaurante até que ela acordasse, porém Itachi os convenceu do contrário, garantindo que ele e a namorada cuidariam de Sakura quando o casal não pudesse vir.

Sasuke era outro que já era conhecido pelos médicos responsáveis por Sakura, pois, logo que as costelas pararam de reclamar, estava indo em direção ao hospital com um nó se formando em sua garganta e sentindo a mesma aflição de quando a visitou pela primeira vez.

Não entendia por qual motivo fazia isso, afinal o desconforto em vê-la de olhos fechados era grande, porém a inquietação no peito sumia só depois de sua habitual visita. E qual foi sua surpresa ao se deparar com os pais da Haruno no último final de semana de novembro, de início ele ficou sem reação, mas quando começaram um diálogo cortês, o clima no quarto hospitalar amenizou-se.

Apesar do trabalho de cada amigo da rosada, pelo menos uma vez na semana, Itachi, Namie, Suigestu e Karin, com o filho, a visitavam, juntos ou individualmente. O pequeno Hoozuki já foi colocado sobre a barriga de Sakura numa tentativa inútil de fazê-la despertar, porém a resposta foi uma pequena mudança no ritmo cardíaco, nada a mais. Hinata e Tenten apareciam nas tardes de sábado acompanhadas de seus amados e Gaara, às vezes com Mabuki e Kizashi também, Temari e Shikamaru faziam pouquíssimas visitas pelo filho que ainda era muito pequeno e por terem medo de contrair alguma infecção.

Ficavam no quarto de Sakura por no máximo quarenta minutos, ouvindo o relatório do médico responsável por ela, que já haviam decorado, observando-a ou conversando entre eles assuntos aleatórios, pois ela permanecia imóvel, com o ritmo cardíaco estável e, pálida. O que desanimava todos os visitantes, os fazendo questionar-se mentalmente se ela acordaria.

No entanto, Tsukimi ganhava de todos, até mesmo dos pais da Haruno. A loirinha se encontrava em um estado de surpresa e tristeza misturadas, chegou a dizer que sua médica predileta estava brava consigo e por isso não vinha lhe ver, claramente negando o coma de Sakura, mas ela desabou em lágrimas quando Namie contou o que aconteceu de verdade. Agora, tomava soro e apresentava mal-estares regulamente, parecia que a leucemia se agrava, mas os médicos sabiam que era o seu lado emocional.

~~*~~*~~*~~

—Acho que não vou mais pedir brinquedo ao Papai Noel. – falou Tsukimi cansada.

—Por quê? – perguntou Karin, enquanto amamentava o pequeno Yuuta.

Um suspiro pesaroso foi solto pela loirinha.

—Porque eu quero outra coisa no Natal.

—E o que seria Tsukimi?

—Que a tia Sakura acorde logo. – respondeu com os olhos brilhando pelas lágrimas.

Um fraco sorriso se formou nos lábios da ruiva ao mesmo tempo em que lançava um olhar de afeto à loirinha. Naquele dia fazia exatamente um mês que a rosada estava em coma, e por tanto suplicar às enfermeiras e ao médico Kouchi, a menina foi trazida para o quarto da Haruno para tomar seu primeiro soro da parte da tarde.

—Espero que seu pedido seja atendido como nos outros anos, porque eu também quero que ela acorde. – disse, fixando seu olhar no rosto com fracas cicatrizes.

Ela precisa de você, Sakura. Assim como, você precisa acordar. — falou em pensamento.

—Olha, o soro acabou. – foi desperta pela voz infantil. –Posso segurar o Yuuta agora? – estendeu os braços, reforçando o pedido.

E num timing perfeito, o bebê parou de sugar o leite materno, se dando por satisfeito. Karin pensou em não atendê-lo com a desculpa de que a loirinha estava fraca e cansada, como as feições angelicais demonstravam, porém engoliu as palavras ao visualizar a expressão pidona, utilizada para derreter os corações das enfermeiras.

—Você tem que parar de fazer isso. – suspirou derrotada.

Com um sorriso no rosto, Tsukimi se arrumou no sofá, encostando as costas e esticando as pernas. Por não ter força o suficiente para sustentar o bebê nos braços, Karin depositava o filho sobre as pernas dela enquanto que um dos braços servia de apoio para a cabeça e o outro deveria envolver o tronco do recém-nascido, mas naquele momento estava impedido pela agulha do soro.

—Ele ficou mais pesado.

—Para mim, ele está pesando o mesmo que semana passada. Ou até menos. – contrapôs divertida, ajudando a menina a segurar o filho.

Sentindo a falta do calor materno, Yuuta se remexeu no novo colo, fazendo uma careta de choro e mexendo as minúsculas mãos. O que encantou Tsukimi, a fazendo soltar uma curta risada. Porém, a alegria deu lugar ao espanto quando o pacotinho de vida abriu os olhos.

Foi a vez de a ruiva soltar uma risada. A reação da menina foi a mesma que a sua quando seu filho mostrou os olhos a ela pela primeira vez. Num primeiro momento pensou que era uma alucinação, porque ainda estava cansada, mas o obstetra, o pediatra e o oftalmologista invadindo seu quarto, já a bombardeando com perguntas sobre heterocromia nas famílias do casal foi a prova de que estava sã.

Até onde sabia nenhum parente, tanto do seu lado, quanto do de Suigetsu, possui essa anomalia genética, então no mesmo dia em que estava transbordando de alegria, a possibilidade de Yuuta ter a Síndrome de Waardenburg* ou a de Horner* a assolou.

Sentiu seu coração se apertar em apenas recordar o momento mais angustiante que enfrentou, aguardando os exames. Por sorte seu pacotinho de vida não portava nenhuma das síndromes, só apareceu com heterocromia, porque Deus quis assim, palavras do pediatra de Yuuta.

—Não precisa fazer essa cara, Tsukimi.

—Ele tem um olho diferente do outro! – exclamou com a voz falha. –Ele está doente?

—Não, Yuuta está mais forte que você, se duvidarmos. Ele apenas nasceu assim.

—Com um olho roxo e outro vermelho?

—Isso mesmo Tsukimi, digamos que ele escolheu ter um olho diferente do outro. – respondeu com um sorriso e beijou o topo da cabeça do recém-nascido, onde um ralo cabelo do mesmo tom que o seu havia.

~~*~~*~~*~~

O dia vinte e cinco chegou, e como planejado, a festa natalina foi comemorada na casa de Itachi que nunca tinha visto a mesma tão cheia. De certa forma a situação de Sakura aproximou os amigos atuais e os antigos.

O casal anfitrião apreciou a presença de cada um, fazendo com que até uma troca de presentes acontecesse. Porém, o centro das atenções foi os dois bebês, que a cada quinze minutos se encontravam em um colo diferente.

Gaara e Sasuke, os que não levavam muito jeito com os pequeninos, também os carregaram por pelo menos dez minutos, causando zombarias quando Shikadai e Yuuta choraram pela fome, mas Naruto fez questão de dizer que o ruivo havia beliscado o sobrinho e que os braços do moreno tinham espinhos.

Akemi logo veio em defesa dos adorados tios, contrapondo que os bebês não sabiam apreciar um caloroso colo. O que causou uma onda de risos entre os presentes.

~~*~~*~~*~~

O bondoso senhor de trajes vermelhos e barba branca não atendeu ao pedido de Tsukimi naquele Natal. Em sua véspera, a menina conseguiu convencer o diretor de o hospital a deixa-la dormir junto a Sakura, dizendo que a mesma despertaria na manhã seguinte, e que aquilo seria seu presente. Porém a decepção estampou o rosto da loirinha quando o relógio marcou onze e meia e sua médica predileta não abriu os olhos ou se mexeu.

Faltava menos de vinte minutos para iniciar mais uma sessão de soro, que em sua opinião, não precisava, pois nos últimos dias havia se cuidado, não queria parecer mias doente que estava quando a rosada despertasse.

Um soluço escapou, ecoando pelo quarto.

—Você tinha que ter acordado. – murmurou chorosa.

A porta deslizou para o lado no instante seguinte, desviando sua atenção para a pessoa que adentrava o quarto.

—Tsukimi. – e a passos apressados se aproximou da cama.

Sasuke depositou o embrulho que carregava sobre a primeira superfície sólida que viu sem o menor cuidado e se colocou na frente da menina. Em todas as suas visitas, aquela foi a primeira vez que encontrou Tsukimi no quarto de Sakura, algo que o surpreendeu, pois estava planejando visita-la depois, mas uma preocupação tomou conta de si ao vê-la chorar.

—Ei, por que está chorando? – perguntou enquanto a ajudava a ficar de pé sobre o colchão.

—Papai Noel é cruel. – respondeu para em seguida um soluço fazer o pequeno corpo tremer todo. –Eu sei que sou mimada, mas deixei de pedir mais uma boneca a ele nesse Natal, para pedir que acordasse a tia Sakura, mas eu acho que ele não leu a minha carta ou se esqueceu. – e se jogou sobre o moreno.

Seu único reflexo foi acomodar a loirinha em seu colo. O que poderia dizer a uma menina de oito anos? Que o velhinho de barba branca não leu sua carta, porque ele não existe? Nem que o Japão estivesse sob ameaça de bombas nucleares estragaria a ‘’magia’’ natalina do Papai Noel, que com certeza entristeceria a loirinha ainda mais.

—Ano que vem não mande mais cartas a ele. Se ele se esqueceu do seu presente uma vez, quem garante que ele não esqueça uma segunda? – falou meio receoso, pois não levava jeito em consolar as pessoas, apenas estava falando as palavras que vinham em sua mente. 

—Então quem vai me dar presentes?

—Eu, até trouxe um para você ver que cumpro com o que digo. – respondeu em tom brincalhão, reforçando o aperto em volta da loirinha.

—A tia Sakura também?

—Se ela acordar até o Natal do ano que vem, ela pode até te dar dois para compensar o deste ano.

—Ah tio Sasuke! Eu queria tanto que ela acordasse hoje. Sinto muita falta dela. – lamentou manhosa com a cabeça descansando no ombro esquerdo do Uchiha.

—Todo mundo quer que a Sakura acorde. – e afagou as costas da menina.

—Até você?

—Até eu, Tsukimi. Mesmo com toda a situação que nos envolve, a última coisa que eu gostaria que acontecesse a ela é isso. - confessou, sentando-se na poltrona ao lado da cama.

—Então seu coração finalmente amoleceu. – disse em um murmúrio.

E em um flash o dia que conheceu a figura infantil em seu colo preencheu a sua mente. Sasuke se recordada que naquele dia não estava de bom-humor pela perna quebrada e engessada, o que o fez trata-la com descaso. Porém isso não impediu Tsukimi de contar a história de sua curta vida e de lê-lo com uma facilidade estranha para uma criança de oito anos.

—Mas eu sei que ainda você sofre tio Sasuke. Assim como a tia Sakura.

—Que tal abrirmos o seu presente? – desconversou, já se pondo de pé.

—Depois você me conta o porquê de você e a tia Sakura ainda sofrerem? – disse com os olhos fixos no rosto do moreno.

—É assunto de gente grande, Tsukimi. – e pegou o embrulho com a mão esquerda enquanto equilibrava a menina com o outro membro.

De volta à poltrona, Sasuke a acomodou de forma que ficasse encostada em seu tronco e que ele pudesse segurar o presente para Tsukimi desfazer o laço violeta.

Entretanto, o gemido agudo e de dor não era esperado.

—Tio Sasu... – o tom de voz infantil mudou drasticamente.

—O que foi? Está tudo bem? – o coração do Uchiha disparou ao ouvir mais um resmungo de dor.

—Tonta. – e perdeu as forças.

O desespero tomou conta de sua expressão facial no memento que sentiu o corpo da loirinha amolecido sobre o seu. Sem pensar duas vezes, soltou o embrulho e se pôs de pé novamente.

Tsukimi resmungou pelo movimento brusco, não sabia dizer o que mais causava desconforto; o enjoo que lhe subiu a garganta ou a tontura que apareceu do nada. Sentiu ser depositada sobre algo macio e, mesmo com tudo ao seu redor girando, conseguiu chegar mais perto do corpo inerte de sua médica predileta.

De longe, ouvia a voz de Sasuke pedindo por ajuda.

~~*~~*~~*~~

—Ela já está calma, Uchiha-san. Não precisa se preocupar. – a enfermeira Nakamura informou após verificar a temperatura da menina. –É um efeito do tratamento que ela vem enfrentando. Mas eu acho que esse mal estar foi causado pelo o que aconteceu hoje. Ela estava confiante que a Haruno-san iria acordar e isso acabou alimentando expectativas, e quando ela não abriu os olhos o lado emocional dela sofreu uma queda.

—Isso acontece muito? Digo os enjoos e tonturas.

 -Posso dizer que sim, já que são efeitos colaterais da quimioterapia, mas tem dias que ela apresenta dores de cabeça ou sangramentos nasais. É muito variado.

—Tirando a queda de cabelo?

—No caso dela, isso é inevitável. Porém tem casos que o cabelo fica intacto, depende dos produtos químicos que é utilizado. 

Sasuke se limitou a assentir em concordância, seus ombros permaneciam tencionados e sua mente o fazia reviver os momentos de minutos atrás:

Uma maca sendo posta ao lado da de Sakura e três enfermeiros entrando no quarto, o primeiro já injetando um soro no fino braço da loirinha ao mesmo tempo em que a mesma vomitava o almoço entre murmúrios para não afasta-la de Sakura, foram cenas marcantes. E ele apenas se encostou a parede, se aproximando das duas macas quando Tsukimi não havia mais nada para por para fora.

—As chances de ela se curar é... – não tinha coragem de concluir a pergunta, pois pensava que o obstáculo que foi posto para a loirinha superar era muito grande.

—Eu não posso falar sobre isso se não for com os familiares dela. Só digo que temos que encontrar um doador antes do ano novo. – respondeu, encarando o rosto angelical.

—Tsukimi me contou sobre os pais dela, mas então por que não vejo os avós ou tios a visitando ou ficando com ela?

—Nenhum deles se mostrou preocupado com a situação dela.

O Uchiha apenas franziu as sobrancelhas em desentendimento.

—A família por parte de pai da Tsukimi é desconhecida por nós, e a materna se negou a assumir a responsabilidade no primeiro contato que o hospital fez. Pelo que eu sei, o pai dela foi criado em um orfanato em Kanagawa e conheceu a mãe dela no ensino médio. A relação não foi aceita e eles fugiram para cá quando terminaram os estudos. - contou com o olhar cheio de compaixão.

—Então é por isso que ela é tão apegada à Sakura.

—Sim, mas eu não deveria ter contado isso. Que fique em segredo. – pediu enquanto pegava o prontuário da menina.

—Não tenho ninguém a quem contar. – garantiu.

—Tia Sakura. – a voz infantil soou baixa. –Acorda logo. – falou de olhos fechados.

—Ela vai dormir a tarde inteira, consequência de não ter descansado direito noite passada. – informou, dando uma última olhada no rosto da menina. –Acabei o meu trabalho por aqui, vou indo. Feliz Natal Uchiha-san. – e saiu com um sorriso gentil nos lábios, após afagar levemente a bochecha esquerda da loirinha.

O moreno puxou o ar e o soltou devagar enquanto relaxava o corpo sobre a poltrona, que agora estava no meio das duas macas. Saber que Tsukimi corria o risco de não aproveitar as festas do Ano Novo, o entristeceu, no entanto ouvir a história familiar da mesma triplicou sua tristeza, nunca imaginou que ela era rejeitada pelos parentes.

Suspirou profundamente e desviou o olhar para o rosto infantil adormecido. Pelo enorme carinho que a loirinha nutria pela rosada e a maneira como era tratada por toda equipe médica, a questão familiar não parecia afetar a menina, ou talvez, ela nem tivesse conhecimento da situação.

Sasuke encostou o dedo indicador na palma da mão de Tsukimi e sorriu quando os pequenos dedos o seguraram, o fazendo sorrir ao constatar que ela ainda possuía o reflexo de um bebê.  Imagens dos sorrisos da menina passaram por sua mente.

Não poderia sentir pena dela. Tsukimi era a criança mais forte que havia conhecido e a que conquistou um lugar em seu coração mais rápido que Akemi. De repente, a tristeza deu lugar a uma sensação leve e boa. Algo dentro de si dizia que deveria fazer o impossível para que o sorriso angelical nunca sumisse.

Seu primeiro impulso foi passar os olhos por todo o quarto. Parou na cama ao lado, porém como não poderia fazer milagres, a opção de acordar a rosada foi descartada. Mas, o embrulho amarelo de fita violeta lhe prendeu a atenção.

Então como o lindo amanhecer, sua mente se iluminou.

Prometi isso, mas até agora eu não fiz um nem outro. — concluiu

—Vou te dar um presente melhor do que uma boneca. – murmurou determinado, pondo-se de pé.

Sacou o celular do bolso e tirou o indicador do agarre da loirinha. Não seria apenas ele se submeteria, afinal, Sasuke havia prometido que faria o teste de compatibilidade e procuraria pessoas para fazer também.

—Só espero que um de nós salve você, Tsukimi. – e abaixou-se para depositar um beijo na testa para em seguida sair do quarto a passos apressados e uma grande esperança no peito.

Dentro do quarto, o monitor da Haruno marcava umas batidas mais fortes depois de quase uma semana sem reação.

 

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Momento propaganda: 

Não sei se vocês conhecem, mas a DaniiUchiha é uma ficwriter excelente, ela me contou que quer chegar a dez fic postadas e concluídas, e por isso lançou Inconstante, que seria sua fic de número 10... Só que ultimamente ela vem se sentindo desmotivada pela falta de voz das leitores. Sabe gente, ela foi uma das pessoas que mais me motiva a não abandonar Soba ni Iru né, e por isso acabou se tornando uma amiga muito importante para mim, então se vocês puderem tirar um tempo de seus dias para ler Inconstante e deixar reviews construtivos e motivadores, eu vou ficar muito feliz e agradecida!! (posso até fazer um post-duplo... =P kkkkkkkk')  Obrigada pela atenção e deixarei o link nas notas finais... ;D 


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Notas finais do capítulo

Então quer dizer que é um trio atentando contra a Sakura?? Ou eu entendi errado... :v E que momento Tsukimi e Sasuke foi esse, isso me fez chorar hein, "papai noel é cruel" - cara, como fiquei emotivo com isso... ;-;
Ino vai refrescar mais um pouco a cabeça... E sim minha gente, o filhote da Karin tem heterocromia e é ruivo, imagina quando ficar grande, será um colírio para as menininhas... (ideia que veio conversando com a Danizita... ♥)
Por último vou deixar o gabarito das perguntinhas que deixei nos finais dos capítulos anteriores... ALERTA DE SPOILER!!
1-o que vai acontecer com o casal NaruHina na fic? C
2-senhor Kizashi e senhora Mebuki se encontrarão com o ex-genro quando? C
3-Tsukimi vencerá o câncer e será adotada por qual casal? A
O link da fic: https://fanfiction.com.br/historia/700089/Inconstante/
Enfim, gente!! Espero vocês nas reviews!! Beijos e espero que tenham gostado... ;D