Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 36
Capítulo trinta e seis – Querer não é poder


Notas iniciais do capítulo

Olá, de novo pessoal!!
Vou adiantar pra vocês uma coisa: a Tsukimi é mimada sim, e ela faz o que bem entender e quando quer, vocês vão entender isso nesse capítulo... Mas ela logo tomará jeito..
Bem, este capítulo é último desde post, e espero ter acalmado os ânimos... Escrevi os três com o coração, levei o caderno de fic até para escola para escrever, então espero que tenham curtido esse três capítulos!!
Até lá embaixo...



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O barulho irritante da máquina, que mostrava o ritmo do coração da Haruno, não era ouvido, mas os pais da mesma acompanhavam as ondas constantes do marcador através da janela. E para a aflição do casal não havia acontecido nenhuma alteração nos batimentos.

—É difícil de acreditar que a nossa filha esteja naquele estado. – lamentou Mebuki com a voz embargada. –E saber que descobrirão quem a baleou... – deixou a frase pela metade.

—Se acalme, querida. – pediu o marido em um murmúrio, deixando as lágrimas escorrerem pela face.

—Eu quero que ela acorde, será que é pedir muito? – as palavras eram carregadas de dor.

O forte aperto que sentiu no peito quando ficou sabendo do estado da filha não fazia nem cócegas ao que estava sentindo naquele momento, era um misto de aflição, preocupação e dor. Sentimentos que um coração de mãe é capaz de suportar, mas este se quebrava a cada visita que fazia à filha.

Mebuki recebeu um golpe certeiro naquela manhã de domingo, ao ficar ciente de que a investigação para descobrir quem baleou sua filha foi pausada, porque faltava o importante depoimento de Sakura. Até que ela acorde não poderia dizer se foi vítima de bala perdida ou alguém atentou contra a vida dela.

—Querida... – sussurrou Kizashi, sem saber o que dizer à esposa. –Eu também quero que Sakura acorde. – a trouxe para mais perto de si, a envolvendo nos braços. –Mas depende da vontade dela.

—Eu daria tudo para poder entrar lá. – intensificou o abraço e respirou fundo. –Para nós entrarmos lá. – corrigiu-se. -Ela parece tão frágil e, como pais, temos o dever de protegê-la.  

Os olhos verdes do Haruno se fixaram na filha.

—Por enquanto, a única forma de proteger Sakura é não perdemos a esperança.

~~*~~*~~*~~

A barriga de nove meses completos recebia um carinho, na tentativa de se distrair das contrações que iam e vinham a cada trinta minutos. Se ocorresse conforme planejado, estaria com seu tão aguardado filho nos braços no começo da tarde.

—Ainda dá tempo de fazer uma cesárea. – a voz do marido soou ao mesmo tempo em que sentia a mão masculina acariciando a sua barriga.

—Minha dilatação já começou. – levou a sua mão que fazia o carinho para perto da do marido.

—Não importa ruiva. Você ainda pode mudar.

—E ficar com a minha vagina dilatada para sempre? – capturou os dedos do marido.

—Assim facilitaria o meu trabalho, não acha? – um sorriso sacana moldou os lábios de Suigetsu.

As bochechas da grávida se avermelharam pela raiva e, para demonstrá-la apertou os dedos do Hoozuki com muita força.

—Você não leva a séria até o nascimento do seu filho. Saia já daqui, Suigetsu! – enfureceu-se.

—Não é verdade, eu estou levando a sério sim, caso contrário não estaria falando sobre cesariana. – entrelaçou seus dedos nos dela.

Karin apenas virou o rosto para a direção oposta para não encara-lo. Uma ação um tanto quanto ruim, pois uma apreensão tomou conta de seu coração.

—Ruiva. – a chamou em tom de voz sereno. –Não era para você ficar brava, me desculpa. – pediu ao se dar conta de que a esposa poderia ter se entristecido com a sua piada.

Karin apenas fixou seus olhos na janela, observando as poucas nuvens que flutuavam no céu. Estava feliz, não havia dúvidas quanto a isso, pois finalmente se tornaria uma mãe propriamente dita, porém dividia a felicidade com a tristeza. E não, não era pela ridícula piada de Suigetsu.

—Acho tão injusto o céu estar bonito lá fora, mas aqui dentro não. – e a imagem da rosada deitava na cama de UTI veio como um flash em sua mente.

—Você sabe que não pode falar isso. – o Hoozuki repreendeu, entendendo o que a amada estava falando. –Nosso filho vai nascer, deveríamos estar felizes. – disse, mas no fundo ele também sentia a mesma coisa.

—E quem disse que não estou feliz com a vinda dele? – desviou o olhar para ele. -Só que eu estaria mais feliz se a Sakura estivesse bem.

A expressão aflita da ruiva fez seu peito e sem saber o que fazer para alivia-la daquele sentimento, pois ele também se sentia daquela maneira, a envolveu em seus braços.

—Não é só você que a quer bem. Ver a Sakura daquele jeito me deixou mal, mas vou ficar pior se você continuar com essa expressão. – falou carinhoso enquanto brincava com alguns fios ruivos.

—Desculpe. – murmurou contra o peito masculino.

—Tudo bem, mas vamos nos concentrar no pirralho, porque nós sabemos que a Sakura ficará bem.

—Lógico que ela ficará bem. – acariciou a barriga absurdamente arredondada. –E não chame seu filho de pirralho! – exclamou brava.

Suspirou resignado, provavelmente o estresse que o parto causava, estava afetando o humor da esposa.

—Ai! – era uma contração, uma de tantas que viriam naquela manhã.

~~*~~*~~*~~

—Tsukimi, por favor. – a enfermeira mais velha implorou pela terceira vez, recebendo um bico e uma careta emburrada da criança.

—Não! – disse, encarando as duas mulheres. –Tem que ser a tia Sakura.

—Mas a doutora Haruno está afastada, Tsukimi-chan.

—Vocês disseram que era apenas uma gripe, tia Sakura deveria estar melhor já.

A manha de uma criança acostumada em ter todos os seus desejos atendidos era um pesadelo para as enfermeiras.

—É uma gripe forte. – tentou explicar a mais velha. –Agora, por favor, deixe tirar o seu sangue, queria. – pediu, torcendo para que a loirinha cedesse, já estava ficando irritada com a atitude dela.

Percebendo que não ganharia, esticou o braço, porém a careta emburrada permanecia no rosto infantil.

—Mas eu queria que fosse a tia Sakura. – murmurou derrotada, assistindo a enfermeira mais nova passar o algodão umedecido de álcool na dobra do cotovelo.   

As duas mulheres soltaram baixas risadas enquanto balançavam as cabeças de um lado para o outro.

O apego que a loirinha tinha pela rosada era uma relação muito admirada pelos funcionários do hospital, a presença da médica fazia muito bem à Tsukimi, e por isso, resolveram não contar a real situação de Sakura à menina, pois a probabilidade de afetar no tratamento dela era alta. A desculpa que encontraram foi uma suposta forte gripe que Sakura havia pegado. Entretanto, a ausência da médica predileta de Tsukimi também a afetava, e as duas enfermeira sabiam que chegaria o momento em que teriam que contar sobre o coma da rosada.

A seringa já estava cheia quando o porta se abriu.

—Olá Tsukimi-chan! – uma voz feminina soou.

—Okada-san.

—Já falei que pode me chamar de Namie. – a corrigiu com um sorriso.

—Oh! Me desculpe, mas ainda não me acostumei. Chamar Okada-san de Namie parece tão desrespeitoso*.

—Conversamos sobre isso na minha última visita, não será desrespeitoso, eu te garanto. - e se sentou na borda da cama.

Quando a Okada encontrava um tempo, visitava a loirinha para tentar suprir a falta que a amiga rosada fazia na menina. E em sua última visita, falou que Tsukimi poderia chamar tanto ela quanto o namorado pelo nome, porque já se conheciam há um bom tempo e a formalidade estava deixando Namie incomodada. Sem contar que se Sakura não acordasse, Namie se sentia na obrigação de tomar conta da menina e, não poderia fazer isso sem ter certa intimidade.

—E aí, Tsukimi. – cumprimentou Itachi só com a cabeça para dentro do quarto. –Como está? – indagou gentil ao mesmo tempo em que adentrava o quarto por completo.

—Ela está brava, porque a doutora Haruno não vem vê-la há duas.

—Que pena. Assim não poderemos leva-la a um passeio. – o Uchiha fingiu decepção.

—Vou poder ver a tia Sakura? – os olhos da menina brilharam em expectativa ao ouvir a palavra PASSEIO.

Uma rápida troca de olhares aconteceu entre as enfermeiras e o casal. A desculpa ainda estava funcionando.

—Desculpe, Tsukimi-chan, mas a Sakura está muito doente. Você pode pegar a gripe e não temos autorização de tirá-la do hospital. – explicou Namie.

—Além do mais, você foi uma mimada exigente para nos deixar colher o seu sangue. E, é por isso não poderá sair do quarto hoje. – a enfermeira mais velha impôs.

A expressão facial da loirinha se apagou, até as bochechas coradas, que estavam assim desde que despertou naquela manhã, perderam a coloração. O casal sentindo uma culpa desconhecida viu a menina encolher os ombros.

—Não seja tão dura, senpai. Andar a fará bem, afinal todos precisam esticar os músculos de vez em quando. – a outra mulher veio em socorro de Tsukimi. A tristeza estampada no rosto infantil, a fez relevar.

—E nós prometemos não leva-la para muito longe. No máximo, nós iremos até o jardim tomarmos um sol. – acrescentou Namie. –Mas antes podemos passar no quarto da Karin. Hoje nascerá o filho dela, se me lembro bem a Tsukimi não a viu nenhuma vez de barriga grande. Garanto que ela vai ficar muito feliz com a nossa visita. – um sorriso tomou contas dos lábios da Okada.

—É verdade, eu não vejo a Karin-san desde o aniversário da tia Sakura.

—Em março, ela ainda estava bem no começo da gravidez.

—Eu quero vê-la! – exclamou Tsukimi em animação, de súbito, fazendo as pessoas presentes ali rirem.

De certa forma, era fácil distrai-la.

—Então, podemos leva-la? – inquiriu Itachi.

—Nós cuidaremos dela, eu prometo. – e Namie mandou uma piscadela.

A enfermeira mais nova assentiu, concordando prontamente.

—Não tem como dizer NÃO a essa mimada. – respondeu a outra após suspirar em derrota.  

O sorriso de Tsukimi cresceu.

~~*~~*~~*~~

Apesar de ser de não permitido, Tsukimi foi levada até o quarto de Karin por Itachi, que a carregou em suas costas, arrancando risadas vez ou outra ao simular um trote de cavalo. O corpo de criança dava pequenos saltos, ação que causou uma bronca ao casal. Afinal estavam em um hospital e, de acordo com as regras não podiam fazer muito barulho.

No entanto, a bronca não apagou a animação da loirinha, só a fez desculpar-se da maneira encanadora e manhosa, e adentrar o quarto da ruiva grávida, justo no momento em que a mesma estava tendo uma forte contração. A surpresa em ver pela primeira vez na vida uma enorme barriga com um bebê dentro se somou com a animação anterior, e logo estava acariciando o ventre avantajado com os olhos brilhando em fascinação.

A tia Sakura também teria uma barriga assim se o bebezinho não tivesse ido para o céu tão cedo.— pensou.

Dez minutos depois, a menina andava com ambas as mãos dadas para o casal em direção do elevador. Havia sido uma visita rápida, apenas para desejar forças à grávida, ação que foi agradecida pelo casal Hoozuki, porque estavam precisando.

Agora, faziam o caminho para o jardim e a loirinha acompanhava a luz que brilhava no painel da caixa metálica, indicando o andar que a mesma estava passando. Porém, ao ver o brilho no número três, o coração da menina disparou e uma sensação de nervosismo tomou conta de seu corpo, a assustando.

—Namie-san. – a chamou já esticando os braços, num pedido mudo de colo.

Tanta a Okada quanto o Uchiha estranharam a atitude.

—O que houve, querida? – e atendeu ao pedido, porém Tsukimi nada respondeu, apenas encostou a cabeço no ombro de Namie.

—A sensação que o elevador causa nas pessoas, deve estar a incomodando. – disse Itachi, analisando a menina. –Sabe, o frio na barriga e sentir que está sendo puxada para baixo. – compreensão brilho nos olhos negros. –Já vai passar Tsukimi. – falou enquanto acariciava o topo da cabeça dela.

E, realmente passou. Quando saíram do elevador, a menina já não expressava tristeza em suas feições e o casal conclui que o elevador não era uma boa invenção para pacientes que faziam quimioterapia.

Sabendo que Tsukimi se cansava facilmente, sempre faziam pausas entre a caminhada nas pequenas ruas de concreto entre o gramado. Apesar de não estar mais assustada como minutos atrás no elevador, o nervosismo ainda se fazia presente e sem se dar conta, desviou o olhar para as janelas do terceiro andar.

—Eu queria visitar as pessoas do terceiro andar, mas nunca me deixaram ir lá. – comentou pensativa.

—E não vão deixar mesmo. Lá é a UTI, onde os pacientes com as doenças mais difíceis de curar ficam. Imagina se você passear por lá e voltar com alguma doença. Metade das pessoas que trabalham no hospital enlouqueceria.

—Nem se eu for toda coberta?

As duas cabeças se moveram de um lado para o outro em resposta, o que causou um bico na menina.

—Eu tenho leucemia, então por que não estou lá? – indagou se sentando num banco.

—Porque você é uma criança e tem um andar apenas para a pediatria e a oncologia pediátrica. – a Okada respondeu, apontando para o quinto e último andar do hospital.

Um suspiro foi solto pela menina.

 -Agora vamos. Você precisa descansar depois de tanto caminhar. – falou o moreno se agachando, oferecendo as costas à loirinha.

Sem vontade de contrapor, pois a caminhada a cansou de verdade, aceitou ser carregada.

—Eu gostei do nosso passeio. – e abraçou o pescoço masculino.

—Nós também, Tsukimi-chan. - falou sorrindo e começou a andar junto com o namorado. -Vamos fazer mais vezes, certo? – afagou as costas da menina enquanto a observava assentir com a cabeça.

Entraram no elevador momentos depois. Itachi sentiu a tensão tomar conta de Tsukimi, mas deixou de lado, porque sabia que ela estava assim pela sensação desconfortável que o elevador lhe causava. No último segundo, mais uma pessoa adentou a caixa metálica.

—Bom dia. – cumprimentou Nishi Gakuto, vestido com o jaleco. Provavelmente estava indo checar seus pacientes pós-operados.

—Bom dia. – Tsukimi e Namie devolveram o cumprimento juntas enquanto Itachi se limitava em um acenar de cabeça.

O trajeto foi feito em silêncio, as portas metálicas se abriram quando o painel permaneceu com a luz ligada no número três, o que atraiu a atenção da menina.

—Vamos lá, né. – disse o médico em um tom pesaroso.

Naquele momento, o coração de Tsukimi novamente disparou enquanto que um nervosismo crescente a agitava e, para completar, como se alguém a chamasse, ela tomou impulso e desceu das costas masculinas num pulo, que assustou o casal.

—Tsukimi! – o chamado de Itachi foi a última coisa que ouviu antes de sair do elevador.

Iria descobrir o motivo do desconforto. E como não conhecia nada daquele andar, resolveu seguir o médico que veio no elevador junto com ela, o seguiu praticamente correndo. Algo bom, pois se distanciaria de Namie e Itachi.

Após dobrar alguns corredores e quase perder o jaleco do doutor Nishi de vista duas vezes, finalmente o viu deslizar uma porta para o lado e adentrar o quarto. Um frio na barriga se fez presente na menina, e considerando isto um incentivo correu em direção do quarto. Algo lhe dizia que o motivo estava ali dentro.

Adentrou o quarto confiante.

Mas o que seus olhos viram a fizeram estacar a dois metros da cama.

O conhecido cabelo cor de rosa de sua médica predileta estava esparramado pelo travesseiro, faixas envolviam algumas partes do rosto muito familiar a ela, uma máscara de oxigênio, uma intravenosa no braço direito e muito fios ligados a ela.

—Tia Sakura. – a chamou em um murmúrio com os olhos arregalados, que se enchiam de lágrimas.

—Tsukimi-chan! – chamou Namie parada no batente da porta.

—Quem deixou vocês entrarem? – indagou o médico sobressaltado.

~~*~~*~~*~~

Como se estivessem entrando em uma sala de aula, Gaara, Neji, Tenten, Akemi, Hinata e Naruto entraram no quarto de Sasuke, o fazendo arquear as sobrancelhas.

—Como o médico deixou todos vocês entrarem de uma só vez? – questionou, mesmo estando feliz pela visita dos amigos.

—Akemi queria te ver, e o Naruto falou que você tem algumas coisas para falar. – respondeu Tenten, se aproximando do leio com a filha no colo. –Acho que Akemi terá que se sentar ao lado do tio Sasuke quietinha, ele não está em condições para brincar, filha. – explicou ao visualizar o soro no braço direito do Uchiha e o outro braço engessado.

Resmungando em descontentação, a pequena Hyuuga foi posta ao lado do tio favorito.

—Desculpe Akemi. – pediu sem encara-la.

—Shikamaru não pôde vir, a Temari ficou com medo de trazer o Shikadai e pegar alguma infecção, mas eles mandaram melhoras. – disse Hinata, já se acomodando no sofá. –Oh, boa tarde Itachi-san. – saudou o outro Uchiha sentado na outra extremidade do móvel.

—Olá, Hinata. Olá pessoal, quanto tempo.

As reações foram das mais variadas; Tenten arregalou os olhos em surpresa, Gaara o encarou espantado e Neiji paralisou ao lado da cama, os três olhando fixamente para a figura masculina.

—Depois não querem que a gente suma. – comentou Itachi sarcástico. –Acho que um cumprimento de volta não faz mal, né. – sorriu.

—Quem é ele, tio Sasuke? – curiosidade brilhos nos olhos perolados da menina.

—É o tio Itachi, Akemi, meu irmão mais velho.

—E por que tio Sasuke não está olhando para Akemi? – franziu o cenho, fazendo bico.

—Porque você é muito bonita. Os olhos dele podem não aguentar a tanta fofura. – o mais velho respondeu, fazendo com que as bochechas de Akemi ficassem vermelhas. –Ela é uma graça. – disse com a atenção desviada para os pais da menina e o ruivo.

—Obrigado, mas não era para vocês dois estarem brigados?

—Fizemos as pazes. – Sasuke foi mais rápido.

—Do nada? – indagou o ruivo, após se recuperar do susto.

—Não foi do nada. Eu só senti que não podia mais ficar afastado do meu irmãozinho por causa de um mal entendido. – e se pôs de pé enquanto via caretas de confusão nos rostos da maioria. –Vocês têm muito que conversar então eu vou saindo, mas posso levar esse toquinho de gente para conhecer uma pessoa, ou melhor duas? – andou até a cama enquanto falava e ao pedir a permissão tocou na ponta do nariz da menina.

—Não acho que seja uma boa ideia. – a Hyuuga hesitou, como uma mãe zelosa. –Ela mal conheceu você.

—Akemi quer passear com o tio Ita pelo hospital e conhecer a minha namorada e uma amiguinha para brincar?

A pequena Hyuuga ainda com as bochechas avermelhadas, assentiu com a cabeça, meio tímida, e estendeu os braços em direção ao Uchiha mais velho.

—Itachi.

—Relaxe, Neji. Ela estará em boas mãos, e quando a conversa acabar, eu a trago de volta. – disse sério, pegando a menina no colo.

—Tchau. – e Akemi acenou com a mão.

O Uzumaki assistia a tudo em silêncio, mas a maneira que se sentou ao lado da noiva demonstrava com clareza a sua inquietação. No final da tarde de ontem, quando retornava à Tóquio, as perguntas que havia feito ao Uchiha mais velho martelavam em sua cabeça, e nem quando se deitou com a amada, pode desfrutar de um descanso.

Respirou profundamente, na tentativa de tomar coragem para começar. Entretanto desviou seu olhar para o amigo com o colar cervical, numa pergunta muda se poderia contar.

Sasuke, em resposta, bufou resignado. Percebendo que Naruto já sabia da enorme bola de neve que criou com as visitas à Sakura, seu irmão deveria ter contando. Por fim, deu de ombros enquanto jogava suas pernas para fora da cama hospitar e virava o tronco.

—Sentem-se, pessoal. Pela cara do dobe, a conversa vai ser longa. – sentiu suas costelas fisgarem e o pescoço latejar.

—E olha que só viemos visita-lo, Sasuke. Naruto falou que tem uma coisa para contar na porta do hospital. – o Sabaku comentou, se acomodando na cama.

Em silêncio, o Hyuuga puxou um banquinho, que estava embaixo da televisão e Tenten sentou-se ao lado de Hinata, pois o sofá era de três lugares.

—Naruto-kun. – a morena colocou sua mão sobre a do noivo.

—Acho que nós fizemos um julgamento errado sobre o desaparecimento da Sakura-chan. – despejou de cabeça baixa, planejando o que diria a partir dali.

O clima pareceu pesar nos ombros das seis pessoas.

—O que você quer dizer com isso? – o Hyuuga indagou.

—Que ela teve um motivo muito forte para largar o Sasuke.

—Isso é meio óbvio, não? Ninguém desaparece sem motivo. – disse o ruivo.

—Mas o que esse assunto tem a ver com a situação do Sasuke? Pensei que você ia nos contar como ele sofreu o acidente.

—Junte os fatos, Ten-chan. Sasuke sofreu um acidente em Konoha e a Sakura mora em Konoha. – explicou Hinata, já ciente da história por ter ouvido toda a descoberta do noivo na noite anterior antes de pegar no sono.

—Quer dizer que...

—Eu tenho visitado a Sakura todos os finais de semana e na volta da minha última visita bateram no meu carro. Agora estou com o pescoço imobilizado, algumas costelas quebradas, o lado esquerdo do meu corpo dolorido, minha testa roxa e o braço esquerdo engessado. – listou seus machucados, irritado.

—Dá para ver a sua situação desfavorável. Porém ainda nós não entendemos o que que você acabou de falar tem a ver com o sumiço da Sakura. – cruzou os braços com o cenho franzido em confusão.

—Mas não tem nada a ver. – disse Naruto, fazendo caretas de desentendimentos se formarem nos rostos dos amigos.

—Mas você estava certa quanto a Sakura ter um bom motivo para sumir. E, isso tem muito a ver com toda essa situação. – o Uchiha disse, dando a brecha para Naruto contar, porque não aguentaria mais falar, suas costelas o incomodavam muito, além de que não gostaria de tocar naquele maldito assunto.  

—Lembram-se da história, meio assustadora, do teme ter um filho escondido? – não sabia por onde começar, então soltou as primeiras palavras que vieram à mente, e tomando fôlego, prosseguiu.

O loiro contou tudo da forma que ouviu de Itachi no dia anterior, as fotos editadas, o exame falsificado, a suposta paternidade e a infidelidade. Todo o plano, um tanto quanto diabólico, que a ex-secretária do moreno seguiu para destruir uma das relações mais admiradas do grupo de amigos. E ele acabou percebendo que narrando os fatos, conseguia ver o fundo de verdade que neles havia, porque ouvi-los dava a impressão de algo que não aconteceria na vida real.

Após a história, Neji e Gaara abaixaram as cabeças e permaneceram quietos, digerindo as novas informações que julgavam ser inacreditáveis; Tenten encolheu os ombros e fez uma expressão pensativa; e Hinata, que mesmo já ter ouvido a história, não pode evitar um frio passar pela espinha, o plano daquelas pessoas chegava a ser insano em seu ponto de vista.

—E desde o esclarecimento dos fatos, eu passo os finais de semana com a Sakura, até que sofri esse acidente. – finalizou o moreno.

Algo em Naruto dizia que as visitas não começaram depois que Morinaga Yuri confessou sua maldade, desviando o olhar para Hinata, viu que ela também pensava a mesma coisa. E isso respondeu a sua dúvida sobre a cronologia.

—Sasuke, como você descobriu que a sua secretária substitua fez isso? – questionou Tenten.

O coração do moreno falhou uma batida. Seus amigos já ouviram a parte mais importante nos mínimos detalhes, eles deveriam estar satisfeitos em saber que a mágoa dele e de Sakura foi planejada por pessoas mal intencionadas. Engoliu em seco ao se dar conta de três olhares inquisitivos em sua direção.

—Você acabou de descobrir o porquê que a sua amiga sumiu e se prende nisso? Eu tenho meus métodos, além do mais, estava de saco cheio dessa história, sendo acusado de coisas que eu nem fiz. – respondeu invasivo, não diria nunca, nem em seu leito de morte, como uma atitude inconsequente o rumou para o esclarecimento. Esperava que os amigos acreditassem.

Suspiros foram soltos.

—Olha, não dá para acreditar nessa justificativa, mas vou deixar para lá, porque agora é entre você e a Sakura, se resolvam. O que nós queríamos saber, já foi contado, ninguém mais vai ficar supondo teorias, até porque se consegue enxergar a verdade na história que o Naruto nos contou.

—Acho que você já ouviu isso do Itachi-san ou da Namie-san, mas vou falar do mesmo jeito, tanto você quanto a Sakura-chan foi vítima, então não culpamos nem um dos dois. – emendou Hinata, expondo sua opinião que foi formulada no trajeto até Konoha. –A propósito, ela veio te ver?

—Antes de voltarmos para Tóquio, poderíamos ir visita-la. O Sasuke sabe o endereço e, sinceramente, eu sinto muita a falta dela. – e abraçou a outra morena com um sorriso em felicidade.  

O Sabaku e o Hyuuga assentiram com a cabeça, aprovando a ideia. Entretanto, o Uzumaki e o Uchiha trocaram um rápido olhar, e uma expressão triste no rosto do primeiro se formou.

—Ela não veio aqui e nem vai estar na casa dela. – falou Sasuke encarando um ponto invisível acima da cabeleira loira do amigo.

—Por quê?

—Porque ela levou um tiro e está em coma na UTI, Gaara. – a voz soou pesarosa.

E novamente, o clima no quarto ficou pesado.

~~*~~*~~*~~

Seu corpo vibrou em comemoração, depois de exatos dez dias internado e usando o colar cervical, sua alta seria assinada naquela manhã de quarta-feira.

Então você está há onze dias no hospital. — concluiu mentalmente, mas aquele dia poderia não ser contado.

Seus amigos fizeram questão de deixar o trabalho de lado para preparar uma pequena festa na casa de Itachi, o casal Nara também participaria.

Estendeu o braço direito para cima e se alegrou com a ausência da agulha do soro em alguma veia do mesmo, não ligando para as escoriações arroxeadas, estava livre desde a manhã de segunda-feira. O colar cervical foi retirado na tarde do dia anterior. De certa forma, o soro e o color tinham um significado de liberdade.

Desviou o olhar para a espécie de mesa acoplada na cama e franziu o cenho, sobre ela havia dois frascos de remédios, um para a dor muscular no pescoço e outro para o dor nas costelas. Dois analgésicos, Sasuke poderia tomar apenas um, afinal tinham o mesmo fim, mas sua médica resolveu fazer seu fígado saudável trabalhar dobrado. 

Deixou um suspiro escapar e repousou o braço direito sobre a barriga. A doutora Goto estava demorando em trazer a sua desejada permissão de saída hospitalar, o Uchiha não via a hora de se livrar do cheiro de antisséptico.

Fechou os olhos e como em um flash visualizou o cabelo cor de rosa. Não se encontrava mais bravo com a Haruno, muito menos irritado, o tempo que passou no hospital o fez refletir sobre isso e chegou à conclusão que não adiantaria ficar assim, porque Sakura estava em como por causa de uma bala disparada misteriosamente e porque ele não tinha o direito de se irritar ou esbravejar, era apenas uma relação desprovida de compromisso.

—Uchiha-san, vim lhe buscar. – foi tirado de seus devaneios pela voz de uma enfermeira.

—Certo. – concordou, levantando o tronco com certa dificuldade. As costelas ainda fisgavam.

Seu cenho se contorceu em desgosto ao visualizar a cadeira de rosa que a enfermeira estacionou próximo à cama.

—Pode deixar comigo, Kaneko-san. Eu o levo. – a cabeça do Uchiha mais velho foi posta para dentro do quarto. –Acho que a cadeira de rodas não é necessária. – veio ao socorro do caçula, querendo rir da careta do mesmo.

—Sei que não, mas é o protocolo do hospital.

—Ele ficou com a bunda branca dele nesses onze dias naquela cama, uma caminha até o carro o ajudará com a circulação, não o matará. – contrapôs divertido ao ver a carranca de Sasuke, logo em seguida mandou uma piscadela à mulher.

—Tudo bem, mas se eu levar uma advertência será culpa de vocês. – avisou e saiu do quarto, empurrando a cadeira de rodas e rindo.

—Podemos ir? – desviou a atenção para o caçula. –Estou louco para comer os salgadinhos.

Sem falar nada, Sasuke se pôs de pé apoiando-se na cama. Sentiu um incomodo nas costelas quando respirou, mas não deu muita importância, e começou a andar.

—Antes de ir, eu quero ver a Sakura. – declarou.

Itachi virou sobre os calcanhares, surpreso pelo pedido, porém sua expressão foi se suavizando ao ver um misto de ansiedade e preocupação no rosto do caçula. Assentiu com a cabeça.

~~*~~*~~*~~

Os passos ecoavam pelo corredor silencioso da ala de Unidade de Tratamento Intensiva. Itachi, após virar mais um corredor, se aproximou da janela que dava a perfeita visão da cama de Sakura. Por mais que estivesse acostumado a vê-la, o aperto no coração sempre acontecia.

Sasuke o seguiu, sentindo um nervosismo crescente dentro de si. Ao visualiza-la, paralisou. Se não fosse pela cor diferente do cabelo, não acreditaria que fosse ela.

Sua mente foi tomada por flashes dos momentos que passou no último mês com ela, sempre com as bochechas coradas, aparência saudável apesar do cansaço causado pelo trabalho e irradiando um brilho caloroso. O que fazia com que o moreno nunca imaginasse que a veria naquele estado: pálida, olhos fechados, envolvida por faixas, imóvel e com uma máscara de oxigênio.

De repente, Sasuke quis trocar de lugar com ela.


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Notas finais do capítulo

Vamos fazer um rápido resumo, o papai Haruno e mamãe Haruno estão sofrendo e eu sofro junto, os amigos de Sasuke sabem da verdade, Karin terá o filhote dela nos braços, Tsukimi descobriu onde a tia Sakura está, Itachi e Sasuke fizeram as pazes, apesar de ainda ter certo ressentimento, até porque uma reaproximação leva tempo, mas parece que o Ita se encantou pela Akemi. E sim, Akemi e Tsukimi serão amiguinhas, mesmo com a diferença de idade... E para finalizar o Sasuke finalmente vê a Sakura, olha só, essa última cena partiu meu coração, e ainda tem tanta coisa triste para acontecer... aiai’
Deixo a última pergunta a vocês: Tsukimi vencerá o câncer e será adotada por qual casal?
(a) SasuSaku
(b) ItaNami
(c) NejiTen
(d) NaruHina
Então, o que vocês acharam?? Aguardo comentários!! Finalizo o post-triplo aqui, minha gente, e bem não sei quando será a próxima atualização... (torçam para que seja o mais rápido possível.) Beijos!! Até mais!! ;D



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