Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 32
Capítulo trinta e dois – As promessas


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!! Como vocês estão??
Já peço desculpas pela demora... Mas até concluir o capítulo 33, eu me segurei, porque vou fazer post dublo.... ô/ Espero que vocês gostem das minhas surpresas... kkkkkk' =P
E agradeço imensamente a vocês, suas lindas!! Não sabem o quão me sinto motivo a escrever com os reviews de vocês!!
Boa leitura!!



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Já era a quinta revista que folheava, mas nenhuma imagem estampada nas folhas despertava o interesse do Uzumaki. Estava certo que havia prometido que ajudaria a noiva com os preparativos do casamento, mas Naruto achava que estava muito cedo para escolherem a decoração, o local, o terno e afins.

—Naruto-kun. – Hinata o chamou percebendo o desinteresse na expressão facial masculina.

—Oi, Hime? – desviou rapidamente o olhar desfocado da revista para a noiva.

—O que você acha se a mesa de doce for decorada com nossas flores favoritas? – perguntou curiosa esticando a revista que folheava. –Essa matéria conta como ficou linda essa ideia.

O loiro não conseguiu conter um sorriso sem graça em um sinal claro de que não estava prestando atenção em que estava fazendo.

—Pode ser. – coçou a nuca. –Mas Hime... – se aproximou da Hyuuga que estava na outra ponta do sofá. –Não acha que é muito cedo para começarmos a pensar nosso casamento. – pegou a revista estendida para si e jogou na mesa de centro para em seguida envolver as mãos delicadas com as suas.

—Não foi você que estava falando em casamento no domingo que fomos à casa da Tenten? – arqueou as sobrancelhas em desentendimento, tinha a leve impressão de que seu noivo estava com medo de ficar doido por causa dos preparativos.

—Fui eu sim, Hime. Mas era só a data. – depositou um beijo na bochecha direita de Hinata.

—Sei disso, Naruto-kun, mas o mês de setembro está acabando e se deixarmos o planejamento para o final do ano, eu sinto que não vai dar tempo de nos casarmos na primavera ou no verão. – encostou a lateral do seu rosto ao dele, sentindo o calor que emanava do noivo.

—E você prefere a primavera ou verão?

—Para mim, as duas estações são ótimas.

Sem avisar, Naruto se jogou para trás, deitando de costas no sofá e levando Hinata junto no movimento brusco, o que a assustou, mas logo um doce sorriso moldou os lábios femininos ao sentir os braços do noivo em torno de si, acomodando-a sobre o corpo do mesmo.

—Então vamos nos casar na época em que a primavera está acabando e o verão chegando. Que tal? – questionou com um sorriso alegre.

—Nem tão frio, nem tão calor. Perfeito, Naruto-kun! – respondeu animada enquanto o sorriso se alargava nos lábios, correspondendo ao noivo.

—A data está mais ou menos decidida, então estamos indo bem. Agora um jantar no seu restaurante favorito seria bom, não?

A Hyuuga se acomodou melhor sobre o corpo do Uzumaki, apoiando o queixo em cima do peitoral para poder encará-lo nos olhos.

—Quer me levar para comer comida árabe só para não ficar olhando as revistas? – perguntou risonha.

—É que essa parte você pode fazer com as garotas. Eu só vou assinar os cheques... – fez um carinho no rosto angelical da noiva, que fechou os olhos por alguns instantes para aprecia-lo.

—Nem pensar, Naruto-kun, vou querer sua opinião em tudo. Poxa, é o nosso casamento. – franziu o cenho dando ênfase ao pronome possessivo.

A expressão pidona que Hinata fez com que o coração de Naruto se derretesse.

—Tudo bem, eu vou tentar ser mais participativo. Mas podemos deixar para outubro?

—Só se você me prometer que não demonstrará desinteresse total para com os preparativos. – depositou os finos braços um de cada lado da cabeça loira

—Prometo. – respondeu prontamente apertando o abraço. –Se você me explicar por que a pressa com o nosso casamento.

—Porque são muitas coisas para decidir e experimentar, como os pratos que será servido, o local onde faremos a cerimônia e a recepção, nossas roupas, nossos padrinhos, as daminhas, a decoração. É muito trabalhoso planejar um casamento, Naruto-kun, por isso quero ver já algumas opções. – de repente a expressão alegre da Hyuuga tornou-se séria mesclada a uma preocupação que o Uzumaki não compreendeu o porquê de estar ali.

—Hime, tem alguma coisa a mais? – perguntou ao perceber que a noiva não dizia mais nenhuma palavra, presa nos próprios devaneios.

A morena engoliu em seco, tomando coragem para por em palavras o que vinha sentindo há três dias.

—Sinto que algo acontecerá antes do nosso casamento e não é bom, é por isso que quero deixa-lo planejado. – disse receosa encarando fixamente o noivo.

Num impulso, o loiro cobriu os lábios avermelhados da morena em um beijo calmo.

—Calma Hina-chan. Vai dar tudo certo, nada nem ninguém vai impedir o nosso casamento. – prometeu.

~~*~~*~~*~~

Os gritos infantis que demonstravam a clara animação de uma criança de dois anos ecoavam por toda casa, e por um momento a Hyuuga cogitou que a sua agitada filha acordasse os vizinhos.

—Filha, por favor, não grite. – a morena de coques advertiu pela sexta vez.

—Mas mamãe, Akemi sabe mais que a Dora. – apontou para a televisão onde passava o desenho animado no canal infantil.

Tenten balançou a cabeça de um lado para o outro com um sorriso nos lábios, não tinha dúvidas que sua filha era mais inteligente que a Dora, encontrando todos os objetos que a personagem fingia não saber onde estava. Estendeu os braços em direção de Akemi perguntando silenciosamente se queria colo.

—Não. – a pequena Hyuuga respondeu assim que entendeu, o que pegou a mãe desprevenida.

Com um sorriso sapeca nos lábios, Akemi sentou-se ao lado de Tenten, que fazia uma careta de confusão, pois até onde se lembrava a filha não havia recusado seu colo nenhuma vez.

—O colo da mamãe agora é do meu irmãozinho. – falou encarando os olhos castanhos da mãe.

—Mas filha, seu irmãozinho ainda não está dentro da barriga da mamãe.

—E quando ele vai estar? – questionou com a inocência de uma criança e as palavras saindo emboladas.

—Quando o papai plantar uma semente na barriga da mamãe. – respondeu uma voz masculina.

Em seguida o outro lado da Hyuuga afundou com o peso do marido que se acomodava confortavelmente após encarar uma reunião no andar de cima com um novo cliente.

—Papai! – exclamou animada pulando para o colo do progenitor.

Neji depositou um beijo terno na cabeça da filha para então desviar sua atenção à Tenten que esperava pelo menos um selinho como um cumprimento.

—Tive muita vontade de encerrar o Skype ao ouvir os gritos da Akemi. – comentou.

—Para vir brigar com ela? – tomou a iniciativa e beijou o marido.

Por alguns segundos ficaram com os lábios juntos, apreciando a carícia calma e leve que um fazia no outro.

—Claro que não. Vir agradecê-la por fazer o senhor Barker perceber que aqui no Japão já é noite.

—O novo cliente dos Estados Unidos?

O Hyuuga apenas assentiu com a cabeça e passou o braço que não segurava a filha em volta da esposa pendendo a própria cabeça para o lado até encostar com a da Tenten.

—Estou exausto. – suspirou.

—Então não poderá atender ao pedido da sua filha. - falou em tom baixo apenas para o amado ouvir, mas para confirmar isso, a morena de coques deu uma rápida espiada e viu que a pequena Hyuuga assistia outro desenho animado, alheia ao que conversavam. –Como você vai plantar a semente em mim se está cansado? – indagou maliciosa.

Um beijo foi a resposta de Neji, que mesmo com certa dificuldade puxou Tenten pela nuca unindo os lábios já explorando a boca com uma ferocidade que a assustou, mas não quer dizer que não gostou.

—Eca! – foram obrigados a se separarem. –Não é assim que se beija papai. – bronqueou Akemi com uma estranha careta.

O Hyuuga apertou o cenho para conter uma exclamação de dor, pois a amada havia acabado de lhe beliscar na região das costelas, onde era mais sensível, em uma advertência por ele ter sido um descuidado e ter esquecido a filha que estava praticamente deitada sobre o moreno.

—Está certa filha, brigue com o seu papai. – apoiou lançando um olhar mortal ao marido.

—Akemi não vai brigar com o papai, e sim ficar brava! – virou para os pais, se sentando como um índio sobre as pernas do progenitor.

—Brava? Mas por que, filha? – se fez de desentendido enquanto a via cruzar os braços com um bico nos lábios, se fazendo de difícil.

—Porque o papai ainda não foi plantar a semente na barriga da mamãe. Akemi quer um irmãozinho! – falou exigente, mas o tom de voz beirava à impaciência típica de uma criança.

Um sorriso discreto, mas verdadeiro moldou os lábios do Hyuuga ao ver a manha da filha, ela estava mais que animada com a ideia de ter mais um pacotinho de vida em forma de criança em casa. Só uma coisa fazia Neji pensar duas vezes antes de atender ao pedido de Akemi; o ciúme que a mesma pode vir a sentir, pois até mesmo as pessoas que não os conheciam percebiam o quão a menina é ligada à mãe, praticamente um xodó. E quando seu olhar se encontrou com o da esposa, percebeu no mesmo instante que ela também estava pensado o mesmo.

—O papai pode plantar agora mesmo a semente na mamãe, mas você terá que dormir, ou então não acontece a mágica. – e bagunçou o cabelo marrom.

Rapidamente, a pequena Hyuuga se pôs de pé e disparou escada acima soltando as risadas infantis pelo trajeto, como se estivesse comemorando.

—Não se esqueça de escovar os dentes! – Tenten avisou com a voz elevada a uma oitava encarando fixamente as escadas com uma expressão alegre. –Ela está radiante com a ideia de um irmãozinho, não acha? – desviou sua atenção ao marido, agora com a feição séria.

O Hyuuga apenas assentiu com a cabeça enquanto apertava mais o braço em volta do corpo feminino.

—Desde o domingo retrasado é a única coisa que a deixa agitada, parece mais que está impaciente.

Um suspiro escapou dos lábios da Hyuuga e num impulso o moreno a trouxa para seu colo.

—Sinceramente me sinto pressionada por nossa filha. Ela quer muito um bebê, mas acho que ainda não está na hora. – desabafou de cabeça baixa.

—Oras Tenten, o neném não precisa ser para já. Quando você estiver pronta a gente tenta. – levou a mão até o rosto da esposa e o levantou pelo queixo fixando seus olhos perolados nos castanhos dela. –Akemi uma hora vai esquecer essa ideia, porque se ela descobrir que vai ter que dividir você com o bebê, não vai mais querer, te garanto. – e depositou um selinho demorado nos lábios avermelhados.

—Eu te amo. – declarou passando os braços em volta do pescoço do amado.

—Também te amo. – falou a fazendo passar as pernas uma de cada lado do seu corpo enquanto a beijava.

Tenten colou o próprio corpo no do marino e sentiu um aperto em uma de suas nádegas em resposta do mesmo.

—Não era você que estava cansado? – os olhos brilharam de forma diferente.

—Falou certo, estava. Não estou mais. – deixou um beijo molhado no pescoço fino. –Acho que posso começar a preparar o lugar onde vou plantar a minha semente. – murmurou com a voz propositalmente mais rouca, o que provocou uma onda de arrepios pelo corpo da Hyuuga.

A noite do casal seria longa, isso ambos não tinham dúvidas, porém eles sabiam que tinham que fazer algo bem simples antes de se trancarem no quarto para tentarem providenciar um novo rebento.

—Mamãe, onde está o pijama da Akemi?

Com as testas unidas, se entreolharam depois de ouvirem o chamado da filha e sorriso cumplices foram trocados.

~~*~~*~~*~~

Já estava há cinco minutos parado na entrada do quarto da Haruno com uma bandeja em mãos, assistindo a clara demonstração de carinho que seu irmão caçula fazia no cabelo cor de rosa. Sakura já deveria estar em seu quinto sono, pois o chá que Namie havia ido providenciar demorou mais que o esperado e, ele também perdeu alguns minutos vendo Sasuke afagando o cabelo feminino com uma expressão neutra.

Não sabia o que se passava na mente do Uchiha menor exatamente, e foi com esse medo que forçou a perna quarto adentro. O som do primeiro passo foi o sinal para que o moreno sentisse a presença do irmão mais velho.

—Tem um tempo para mim? – perguntou depositando a bandeja em uma cômoda próxima a porta.

Quando a voz de Itachi começou a soar, Sasuke já estava de pé encarando o irmão que não tinha mais uma aura hostil ao redor dele.

—Se for para me condenar ou para me bater, não tenho. – respondeu de braços cruzados vendo o irmão virar sobre os calcanhares para encara-lo.

—Apenas uma conversa. – levantou a mão em sinal de paz.

O Uchiha menor deu de ombros.

—O que Sakura falou na sala é verdade? Foi tudo uma armação? Uma mentira?  – foi direto, pois a curiosidade estava deixando-o inquieto, apesar de não demonstrar.

—Mesmo que tenha provas, como fotos e exames, tudo foi uma mentira. Alguém quis arruinar nosso casamento e conseguiu. – suspirou pesadamente, estava com a cabeça cheia.

—Esse alguém é a Morinaga Yuri, não é?

—Eu não estaria com essa cara se fosse ela. – riu pelo nariz. -A Morinaga foi paga para contar essa mentira, mas ela não quis dizer quem a pagou. – tencionou os ombros quando o nervosismo passou em forma de onda pelo corpo.

—E você está doido para descobrir quem foi. – completou Itachi observando as ações corporais do caçula.

—Quando descobrir, só vou querer saber o motivo da pessoa ter feito isso. – fez uma expressão cansada.

—Então você não traia a Sakura e nem tem um filho escondido?

—Claro que não! Posso ter recusado os sentimentos dela na adolescência, mas nunca a traí no longo período que estive a namorando. – respondeu entredentes, só de imaginar-se ‘’pulando a cerca’’ ao estar comprometido, uma vontade de socar-se borbulhava. –Além do mais, essa história é absurdamente ridícula. – sentou na beirada da cama.

—Para você é ridícula, Sasuke, mas para ela foi como ter levado um tapa. Você sabe muito bem que essa mentira a magoou muito.

—E você acha que eu saí ileso? Experimente ser largado em pleno altar sem nenhum motivo aparente, me decepcionei com ela, mas também fui humilhado diante de pessoas importantes. – falou indignado encarando a expressão séria do irmão mais velho.

Entretanto a indignação foi embora ao ver o brilho de compreensão aparecer nos olhos escuros, e Sasuke pode relaxar os ombros.

—Nunca disse que você saiu sem ressentimento do ocorrido, e sim que você é o culpado pela mágoa que a Sakura carrega. Mas eu peço desculpas por isso, Sasuke. As provas eram tão comprometedoras que nem me passou pela cabeça que você podia ser outra vítima, realmente desculpe-me. – aproximou-se do caçula o suficiente para se abaixar e encara-lo da mesma altura.

 -Tudo bem, Itachi. Já aconteceu e se eu for guardar ressentimentos de você, sinto que posso me distanciar mais do meu irmão mais velho. – falou em tom baixo, como se estivesse envergonhado de dizer aquelas palavras, porém o Uchiha mais velho deixou que o lado direito da boca se levantasse em um discreto sorriso de canto ao observar que uma fina camada da mágoa de Sasuke desaparecia dos olhos.

—Beleza, mas agora me deixe repassar tudo o que aconteceu para ver se eu entendi. – jogou todo o peso para trás, sentando-se como um índio. –Sakura acreditou em uma mentira muito bem contada, logo você não é infiel e muito menos papai. Morinaga inventou essa história para ganhar dinheiro. – viu o caçula assentir com a cabeça.

—Não de mim, mas sim receber de umas pessoas que prometeram pagá-la para contar que eu já havia construído uma família com ela. Levou fotos e exames para parecer mais verdadeiro. – completou Sasuke sentindo seus ombros tencionarem por apenas lembrar-se da bola de neve que a secretária substituta criou.

Um profundo suspiro foi solto pelo mais velho.

—Que confusão vocês foram metidos, hein! – comentou de olhos fechados para organizar os novos fatos que acabou de descobrir e ao mesmo tempo para imaginar as diversas reações que os amigos e os pais da rosada teriam ao ficarem sabendo do mais recente pepino. Os olhos se abriram de súbito, tornando-se sérios. –Mas Sasuke, eu posso acreditar veemente nessa versão? Você me garante que tudo foi uma mentira? E que não inventou isso para se reaproximar da Sakura?

No mesmo momento o Uchiha mais novo bufou indignado.

—O que falta para você acreditar que eu também sou uma vítima? – revoltou-se, não estava acreditando que depois de desmentir a confusão de anos atrás, o irmão mais velho ainda desconfiava dele. –Itachi, se você quer que eu chame a Morinaga para confirmar a minha versão para poder acreditar em mim, faço isso agora! – exclamou irritado, sacando o celular do bolso.

—Não há necessidade, Sasuke. Vejo em seu rosto que não está mentindo. – após anos de trabalho como advogado havia aprendido a ler algumas expressões corporais, e dificilmente errava em suas deduções. –Mas eu não posso acreditar numa segunda história sendo que a primeiro tem provas para torna-la concreta. Desculpe.

O moreno abaixou a cabeça e fechou as mãos em punhos, o irmão mais velho ainda desconfiava dele e isso o deixou irritado. Estava fazendo um esforço enorme ali para que pelo menos Itachi e Sakura percebessem que ele não tinha culpa, ou melhor, não tinha feito nem um terço do que Morinaga havia dito.

—Se pelo menos tivesse as provas para eu dar uma olhada. – lamentou-se em tom baixo.

—Para quê? – arqueou as sobrancelhas.

—Para jogar na sua cara que não vai ser. – foi sarcástico, em troca recebeu um olhar significativo do irmão. –Você já foi mais inteligente, Itachi. Se a história da traição foi uma mentira, é obvio que as fotos são montagens e os exames são falsificados. – explicou encarando os olhos do Uchiha mais velho.

—Eu já volto. – avisou já dando a terceiro passo em direção da porta.

Sasuke apenas arqueou as sobrancelhas sem entender a atitude apressada do irmão.

Sobre a cama, a rosada tentava ao máximo prender o soluço na garganta, e para ajudar a contê-lo encolheu-se sob a coberta. Sentia-se uma completa idiota, a calmaria que havia tomado de seu corpo antes de pegar no sono, evaporou-se à medida que ouvia a conversa dos irmãos, a fazendo perceber que sua fuga desesperada afetou um dos laços mais bonitos que ela pode ver em sua vida, a relação de companheirismo entre Itachi e Sasuke. E a culpa apertou seu peito novamente.

As consequências apareciam a cada minuto, a assustando com o tamanho da culpa que teria que carregar até poder se perdoar. A franja cor de rosa caiu sobre o rosto e Sakura agradeceu por ela tampar suas lágrimas. Ao ouvir um suspiro apertou o lençol entre os dedos condenando-se.

Já estava esperando pelo irmão há quase quinze minutos e nada de Itachi. O cansaço mental apareceu em forma de sua conhecida dor de cabeça, e por um instante Sasuke cogitou a ideia de deitar-se ao lado dela. Suspirou de novo desviando o olhar para o monte que se formou sobre a cama. Não havia engolido de forma alguma a sua suposta infidelidade e paternidade e, quando descobriu que não se passava de uma mentira, quis gritar com a rosada por ser tão burra por ter acreditado.

Porém essa vontade sumiu ao assistir de camarote a reação inesperada da Haruno quando Morinaga desmentiu o acontecimento, o fez perceber que quem sofreria mais, era sem sombras de dúvidas a rosada. E por isso sentiu-se muito incomodado, mas ao mesmo tempo aliviado por conseguir trazer a verdadeira história.

Os passos na escada despertaram os dois de seus devaneios.

—Vou acreditar em você, Sasuke. – foi a única coisa que Itachi disse antes de estender o tablete em direção do irmão com as fotos que foram usadas para comprovar suas ‘’puladas de cerca’’.

Pegando a peça tecnológica, o Uchiha mais novo analisou a imagem que aparecia na tela, onde estava ele sentado bem próximo a Yuri e riam de algo.

—Isso aqui é montagem. – declarou incrédulo. –Lembro-me muito bem que usei essa camisa vermelho apenas uma vez, e foi nesse dia, porque era aniversário da Sakura e é impossível eu ter levado a Morinaga ao restaurante favorito dela. – passou para a próxima imagem.

Nesta, eles estavam de mãos dadas provavelmente de saída de um dos hotéis luxuosos de Tóquio.

—Nem que a minha suposta amante liberasse atrás, eu seria louco para leva-la a um hotel de luxo, seria em um motel de estrada mesmo. – comentou abismado. –Essa também é montagem, pois se não me falhe a memória, esse dia foi o dia anterior ao nosso aniversário de namoro, e eu levei a Sakura para o hotel, porque queria privacidade já que a minha casa era a sua também, Itachi. – deslizou o dedo sobre a tela.

E nela apareceu uma imagem em que ele estava abraçando Yuri em um chique restaurante de frutos do mar. O Uchiha não pode deixar de respirar profundamente, sentindo-se decepcionado.

—Começo a pensar que era a Sakura que queria se separar de mim, porque não posso acreditar que ela confiou nesta foto. – encarou o irmão mais velho. –A levei para experimentar a melhor lagosta do Japão, porque ela estava precisando relaxar depois de um longo plantão. – explicou e fez um movimento para dar zoom. –Está vendo isto? – mostrou a Itachi uma pulseira de dourada com pingentes rosa e azul. –Eu mandei faze-la para Sakura, ou seja, é uma peça única. É impossível Morinaga ter uma igual.

O Uchiha mais velho arqueou as sobrancelhas.

—Pergunte à Sakura se está duvidando. – deu de ombros. –Ainda não acredito que ela confiou em fotos de montagens tão mal feitas. – falou decepcionado com os olhos fixos no monte que o corpo da rosada fazia em baixo da coberta. –Tem certeza que ela olhou as imagens?

—Só no casamento. Sakura não tem coragem de olhar novamente, é por isso que as fotos e os exames estão arquivados no meu tablete. No dia em que ela acordou no hospital implorou para que eu desse um fim no envelope. – contou com certo pesar. –Foi meio complicado driblar a mídia, mas nada que cem mil dólares para calar as bocas dos jornalistas.

O moreno assentiu com a cabeça ainda com a atenção na cama, e o irmão mais velho logo percebeu onde estava a mente do caçula, desviando também o olhar à rosada com uma expressão séria, mas ao mesmo tempo apreensiva.

A sensação de alivio ficou mais evidente dentro de Sasuke quando desmentiu as imagens, que olhada com pressa os detalhes que havia ressaltado não seria percebido, porém sua dedução que elas eram montagens foi comprovada e uma vontade de descobrir quem arquitetou toda aquela bola de neve cresceu dentro de si. Mas esse detalhe poderia se preocupar depois e se concentrar com o monte que havia acabado de tremer levemente.

—Você conseguiu suas respostas, e agora, o que vai fazer em relação à Sakura? – a pergunta de Itachi saltou de sua boca, mesmo tento conter a curiosidade.

E aquilo o pegou desprevenido. Sasuke se quer pensou em o que fazer depois que o mal entendido intencional fosse esclarecido, ele só havia vindo para trazer a verdade e ir embora, nada mais que isso.

—Não sei. – desviou seu olhar para um ponto no colchão que a Haruno não ocupava.

—Pretende voltar com ela? – hesitou por alguns instantes em perguntar.

—Não sei se conseguiria. Perdi minha confiança nela. – suspirou pesadamente, tentando dizer discretamente ao irmão que as perguntas estavam deixando-o desconfortável. –Porque toda essa bagunça poderia ter sido evitada se ela tivesse vindo me perguntar se a história da infidelidade era verdadeira.

—Sim. – concordou. –Mas tente entende-la que naquela situação a ideia de procura-lo nem aparecia em sua mente. Foi um choque tanto para Sakura quanto para você, Sasuke, mesmo sendo por motivos diferentes. Entretanto a confiança já é outros quinhentos, isso deve ser resolvido apenas entre vocês. – levantou os cantos da boca em um pequeno sorriso. –Só me deixe fazer mais uma pergunta. – encarou o caçula fixamente. –Você ainda a ama?

Debaixo da coberta, a Haruno apertou as mãos em punhos ao entender a pergunta que ela mais temia a reposta, tanto uma afirmativa ou negativa fazia seu coração se apertar e subir um frio pela espinha.

Por outro lado, o Uchiha mais novo paralisou. Se não havia pensado em o que fazer em relação à rosada depois de desfazer a bagunça, refletir e descobrir se ainda a amava ou não era algo inimaginável, nem passava pela sua cabeça. No intuito de ganhar tempo para pensar em uma resposta à pergunta do irmão, Sasuke bloqueou o tablete e o jogou em direção da cama, pois se entregasse ao dono, sentia que o olhar inquisitivo o deixaria ainda mais perdido.

—Eu não sei. – pronunciou as únicas palavras que conseguiu pensar.

Um suspiro em alívio foi solto pelo Uchiha mais velho.   

—Fico contente em saber disso, Sasuke.

—Como? – franziu o cenho em desentendimento.

—Vamos descer, ela não vai conseguir dormir direito se a gente continuar aqui conversando. – e pegou o caçula pelo braço esquerdo.

O som de passos, fez com que a rosada abrisse os olhos em segundos enquanto tirava o cabelo que atrapalhava a visão.

—Itachi. – o chamou em um fio de voz.

Atendendo ao chamado, o Uchiha mais velho parou um passo da porta, o mais novo já estava no corredor, e a encarou por sobre os ombros com uma neutralidade estampada no rosto.

—Me desculpe. – falou baixando o tom de voz pela emoção, os olhos já estavam cheios de lágrimas.

Por um momento, Itachi paralisou com as palavras de Sakura sem entender o significado do pedido de desculpas, mas quando seus olhos observaram uma lágrima escapar de um dos olhos verdes, a fixa caiu e deixou um sorriso gentil se formar em seus lábios. Entendeu que a rosada sentia-se culpada e arrependida por tê-lo feito acreditar na mentira de Yuri e afastá-lo drasticamente de Sasuke.

Ele precisou de você mais do que eu. — concluiu em pensamentos após ouvir a conversa dos irmãos.

—Durma Sakura, porque você não têm motivos para desculpar-se. – virou sobre os calcanhares e pegou a xícara de chá já frio.

—Mas... – foi interrompida.

—Você só quis se proteger e não vejo nada de ruim nisso. Então não peça desculpas, se eu me afastei do Sasuke, foi porque eu quis. – e depositou a peça de porcelana sobre o criado-mudo.

Até os olhos escuros de Itachi adquiriram um brilho gentil para combinar com o sorriso. E quando assistiu o corpo delicado da rosada dar um pequeno pulo causado por um soluço, levou a mão direita até o topo da cabeça cor de rosa e iniciou um afago.

—Está tudo bem, Sakura.

~~*~~*~~*~~

O ambiente totalmente branco do hospital, aonde a loirinha vinha vivendo, passava diante dos olhos negros com uma rapidez que o moreno pensou em uma possível dor de cabeça posteriormente.

Suspirou em cansaço, sua mente continuava cheia com as informações do dia anterior e por isso não havia conseguido dormir direito. As últimas perguntas do irmão mais velho eram as que mais lhe atormentaram em seu momento de descanso, Sasuke realmente não sabia o que faria ou o que sentia em relação à Sakura. Poderia continuar com suas visitas aos finais de semanas, mas sentia que o toque de diversão que havia, não haveria mais, restando apenas a tensão e o desconforto que se instalaria entre eles.

Pelo menos sua preocupação não chegava até Morinaga Yuri que depois da conversa nada amigável com a Haruno, havia sumido, nem fez questão de procura-la, pois ao dar entrada no hotel recebeu uma mensagem da dita cuja avisando que já estava voltando para Tóquio. Com um último suspiro agarrou o puxador e deslizou a porta para lado, entrando no quarto hospitalar.

—Tio Sasuke? – a voz infantil de Tsukimi soou fraca.

Aproximou-se do leito sentindo o coração disparar ao visualizar a loirinha que havia mudado drasticamente desde sua última visita.

—Olá, Tsukimi. – cumprimentou com um meio-sorriso, como se estivesse com medo de conversar ou fazer qualquer outro tipo de coisa com a menina.

A felicidade tomou conta do pequeno corpo, mas ela apenas sentiu dentro de si mesma, pois se sentia cansada, quase sem forças para se colocar em uma posição meio deitado-sentada.

—Trouxe um presente a você. – e depositou o embrulho de tamanho médio sobre a cama.

—Eu queria abrir, mas não consigo nem me levantar, imagina rasgar esse embrulho. Mesmo assim quero um abraço e um beijo seu tio Sasuke. – falou com a voz arrastada.

Meio receoso, o Uchiha se aproximou da cama e pendeu levemente o corpo para frente. Ainda com o meio-sorriso nos lábios, ergueu a menina trazendo para perto de si. Tsukimi estava leve, mas quando levou a mão direita às costas da menina, se assustou, pois ele conseguia sentir os ossos quase que evidente por completo.

—Emagreci mesmo, tio Sasuke. – continuou com o tom de voz arrastado.

—Não estão lhe alimentando direito? – apertou mais o pequeno corpo, porém o medo de quebra-la apareceu.

—É claro que não. Só não tenho fome. – e descansou a cabeça no ombro masculino tentando corresponder ao abraço na mesma intensidade.

—A Sakura sabe que você tem falta de apetite?

—Sabe e ela também sabe que é normal ter isso, mais ainda agora, porque estou fazendo quimioterapia de uma em uma semana e, é mais forte que antes. – respirou fundo depois da explicação.

—Vou te pôr na cama, está bem? – disse Sasuke com a voz terna, entretanto a resposta foi um resmungo preguiçoso, quase manhoso.

—Eu não vou quebrar. – comentou. –Então me deixa ficar só mais um pouquinho? – pediu manhosa.

Reforçou o aperto em volta de Tsukimi, tentando ajeita-la confortavelmente em seu colo e um sorriso em contentamento se formou nos lábios infantis.

—Faz tempo que não recebo um abraço. A tia Sakura andava ocupada então ela só vinha me ver quando eu já estava dormindo. – deu uma pausa. -As enfermeiras só conversavam comigo e o tio Kouchi está viajando. – respirou.

—É o trabalho deles, Tsukimi.

—Eu sei, mas às vezes eu quero muito a atenção deles, principalmente da tia Sakura, ela está louca atrás de um doador por isso que não tem muito tempo para mim.

Sasuke sentiu um banque dentro de si, nunca havia pensando contra qual doença Tsukimi estava lutando, porém ao vê-la sem nenhuma força e fadigada, e principalmente careca, deveria ter percebido que enfrentava uma quimioterapia. Contudo, foi só naquele momento em que a ficha caiu.

—Você tem câncer. – não foi uma pergunta.

—Leucemia tio Sasuke. – o corrigiu com a voz arrastada. –Estamos aguardando um doador desde julho, quando foi controlada com a quimio, mas é difícil encontrar um compatível e... – respirou fundo, no intuito de achar forças para continuar. -Olha que todos que me conhecem fizeram o exame, mas nenhum deu positivo. E tudo isso está deixando a tia Sakura maluquinha.

O morno engoliu em seco, por um momento a ideia de sobrecarregar a rosada apareceu em sua mente. Pois ele imaginava o quão estressante e cansativo era trabalhar em um hospital, cuidando de outras pessoas e tendo preocupações médicas, somando os esclarecimentos que a pegaram desprevenida, provavelmente Sakura já esteja arrancando os cabelos. Deixou um suspiro sair.

—Maluquinha mesmo... – concordou enquanto sentava-se na cama ainda com a loirinha no colo. 

—Mas já vai passar, porque eu sinto que o doador de medula óssea está perto de aparecer. – e deu uma curta risada, que contagiou o moreno.

Sasuke não queria que Tsukimi deixasse este mundo por causa de um câncer, ou melhor, ele não aceitava. Abaixou o olhar até conseguir enxergar o rosto angelical da menina, prometendo para si mesmo que a ajudaria, seja fazendo o exame de compatibilidade ou procurando um doador.

Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Naruto combina com preparativos?
O casal Hyuuga levam jeito para ''inocentizar'' o ato de conceber bebês??
Uma conversa um tanto quanto cômica entre os irmãos Uchihas merece risadas??
Para quem gosta da Tsukimi, ela apareceu para conversar com o Sasuke... :v Aprovado a atitude do nosso lindo??
Espero suas opiniões.. Até mais! Beijos!! Em uma hora eu volto... ;D



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