Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 31
Capítulo trinta e um – A hora da verdade.


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, gente.... Demorei um pouquinho para voltar com mais um capítulo... Mas ele está aí, sem nenhuma enrolação para vocês lerem o acontecimento que deu origem à Soba ni Iru né, em uma manhã de agosto dentro do ônibus, indo à escola.. kkkkkk' Espero que gostem... ô/
Antes, queria deixar um enorme obrigas a todas as leitoras que me mandaram um review, me apoiando!! Muito obrigada meninas!! E também as fofas, Naomi e Saturni, que mandaram MP!! As palavras de apoio de todas vocês me deram forças para não desistir ou abandonar meu xodó, que é essa fic!! Sério mesmo, obrigada de coração... O capítulo dedico a todas vocês!! ô/
Boa leitura... E preparem o coração, o final da fase 2 está terminando e preparei algumas surpresas para encerra-la... xD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/402418/chapter/31

Sasuke sentiu um frio na barriga, um claro sinal de ansiedade, mas disfarçou muito bem. Estava na hora de Sakura ouvir algumas verdades, que demorou mais que o previsto para serem encontradas, precisamente quase uma semana. Respirou fundo e desceu do carro, sem esperar Yuri fazer o mesmo.

Quando pediu para Matsumoto localizar sua secretária substituta, nunca imaginou que a mesma estaria vivendo em um apertado apartamento com uma criança de quase três anos, em um dos bairros mais pobres de Tóquio. E ao ser convocada para uma conversa com o antigo patrão, ela agiu de maneira arisca, quase como se estivesse escondendo algo. Foi neste momento que o Uchiha percebeu que havia um significado mais profundo do que “eu precisava de dinheiro e vi que você seria uma ótima opção, mas não tive coragem de levar o plano até o final.”. No entanto, ao ser questionada o porquê de não conseguir, Morinaga se calou dando total atenção ao menino que dormia em seu ombro.

Sasuke não se importou com a atitude da mulher, porque suas dúvidas foram esclarecidas e ele não era o errado na história, muito pelo contrário, também era uma das vitimas. Ele não sabia o que faria depois daquela conversa, mas sentia que deveria mostrar à Sakura que havia sido enganada e que aquela história de traição não passava de uma tremenda mentira bem contada. E foi essa determinação que invadiu o lar da rosada lançando um olhar sério após suas palavras ecoarem no andar debaixo.

Um silêncio coberto de tensão tomou conta do local e o Uchiha considerou o plano de explicar com calma o mal entendido deles, já querendo despejar tudo de uma vez para seus ombros não doerem mais.

–É muita cara de pau. – resmungou desgostosa cruzando os braços abaixo dos seios, como se aquele ato a protegesse da mulher que havia parado exatamente na sua porta.

Por dentro, Sakura pedia para que eles fossem embora, pois estava com muito medo de que suas lembranças dolorosas voltassem como uma onda do mar.

–Veio exibir de novo a família que conseguiu dar a ele? – questionou com raiva, só de encarar o rosto de Yuri seus músculos se contraíam, no intuito de se encolher.

Sem nenhuma cerimônia, o Uchiha se acomodou no sofá da sala deixando uma mensagem que pretendia conversar confortavelmente sentado, como pessoas civilizadas.

–Ninguém falou para você e muito menos essa mulher entrarem, Sasuke! – protestou Sakura, a mágoa e o medo se transformando em raiva pura.

–Sei que não fomos convidados, mas como disse, temos que conversar. – declarou com a voz controlada, não podia se deixar levar pela tensão do ambiente. –Entre logo, Morinaga. Não temos o dia todo. – ordenou. Estava na hora da verdade.

Reforçou o aperto em volta do filho tomando coragem para encarar Sakura, curvando-se levemente, como se pedisse permissão para entrar, sentou-se no sofá que ficava contra a parede e por azar de frente a poltrona, onde a rosada se acomodou com uma careta de desgosto.

Não ofereceria nenhuma bebida aos seus convidados indesejados. Levantou o olhar fixando-o na mulher sentando bem a sua frente, lembrou-se que em seu quase casamento, Morinaga Yuri estava linda, com os cabelos ondulados hidratados e sua face maquiada suavemente, entretanto, poderia dizer agora que ela estava no mínimo apresentável com os cabelos preso em um coque baixo e com os lábios brilhantes. No momento que seus olhos se cruzaram, Sakura não esperava visualizar o sentimento de arrependimento tomar contar das feições da mulher, e isso a intrigou. O que a atormentava?

–Então? – perguntou curiosa lançando um olhar aquisitivo à Yuri. –Posso saber o que está acontecendo aqui? – desviou sua atenção a Sasuke que encarava um ponto qualquer acima da televisão.

–Morinaga tem algo para te contar. – deu de ombros contendo uma inquietação que começou a crescer dentro de si.

Mas a mulher hesitou. Por um momento a ideia de que eles finalmente iriam se casar passou pela cabeça da rosada, porém essa ideia foi logo ocultado, pois essa ‘’novidade’’ ela não precisa saber. Então concluiu que era outra coisa.

–Haruno-san. – a chamou para tomar coragem, mas só depois que respirou fundo, dita cuja apareceu. –Eu nunca tive e nem tenho interesse no Uchiha-san. Só fiz aquilo porque precisava de dinheiro ou então, meu filho sairia prejudicado. – disse com um toque de receio na voz. –Há pouco menos de quatro anos, eu tinha acabado de ser demitida quando a Sharigan me chamou para substituir temporariamente a secretária do Uchiha-san.

Sakura recordava-se que naquela época a secretária de Sasuke havia sofrido em um grave acidente de carro, no qual Matsumoto fraturou as duas pernas, impossibilitando-a de andar por um longo tempo.

–Fiquei muito feliz, o emprego foi como um presente dos céus, mas nove meses depois descobri que estava grávida e me desesperei, porque não tinha ninguém para me apoiar.

–Sasuke estava lá, afinal essa criança é dele. – comentou azeda encarando fixamente para o menino ainda adormecido no colo materno.

–Não Haruno-san. – balançou a cabeça de um lado para o outro com os olhos marejados. –Como falei no começo não tenho interesse pelo Uchiha-san.

–Então, o que aconteceu no dia do casamento...

–Foi uma mentira. – abaixou a cabeça . –Me desculpe, mas se eu não fizesse aquilo, não conseguiria sustentar meu filho.

–E o seu emprego?

–Era temporário, lembra? Meu contrato era trabalhar por um ano e meio e pode-se dizer que foi sorte meu filho nascer bem na época do término dele.

–Você não foi atrás do Sasuke. Ou então estariam casados nesse momento. – observou.

–Não. – concordou. –Não tive coragem de mentir uma segunda vez, vê-la magoada foi o suficiente para me fazer repensar meu próximo passo. E não estaríamos casados, o filho não é dele. Ele nunca te traiu, Haruno-san.

Algo dentro de Sakura se remexeu e um gosto ruim invadiu lhe a boca. Fechou as mãos em punhos ao sentir uma onda de raiva passar por todo seu corpo a fazendo perceber que havia acreditado em uma história sem pé nem cabeça. Era uma idiota por pensar que Sasuke a trairia e uma covarde por não ter ido confirmar a história com o mesmo.

A culpa era tamanha!

–Poderia ter procurado o pai do menino em vez de estragar a felicidade dos outros. – sua voz se elevou uma oitava. –Por sua culpa eu perdi meu bebê. Sua culpa! Enquanto planejava ganhar dinheiro fácil para ter uma vida boa, meu filho morreu sem poder me conhecer. – gritou a última frase, tentando aliviar a dor que sentia.

Sakura não via mais a mulher sentada e encolhida em seu sofá, mas sim os flashes do quase casamento, as palavras de Yuri, seu desespero para sair da mansão Uchiha e por último o sangue escorrendo.

–Eu estava pensando em Takumi quando fiz aquilo. – foi despertada por uma voz chorosa.

–Mentirosa! – levantou-se bruscamente. –Eu não acredito em você. – apontou o dedo indicador no rosto da mulher com as lágrimas manchando seu rosto. –Você não pensou no SEU filho. – deu ênfase ao pronome possessivo. –Foi apenas uma gananciosa, uma golpista de quinta que não se dá o respeito! – exclamou histérica, não aguentava mais relembrar os acontecimentos de quase três anos atrás.

E a Haruno não via outra saída, senão descontar toda sua magoa na causadora de sua infelicidade particular. Por culpa de Yuri, ela odiou Sasuke com todas as suas forças, não fala com os pais há quase três anos e tinha uma vergonha enorme de si mesma.

O coração do Uchiha se apertou no momento em que Sakura começou a elevar a voz, já alterada, talvez trazer a secretária substituta para uma conversa esclarecedora não foi uma boa ideia, e se sentiu mal. Ele via o quanto ela estava sofrendo com a história mentirosa em que vinha acreditando. Pôs-se de pé em um piscar de olhos, temeroso ao ver a rosada dando três passos em direção à frente.

Impediu a Haruno de se aproximar colocando-se de frente para ela e a segurando pelos pulsos.

–Sakura, se acalme! – interviu, a preocupação estampada no rosto.

–Cale a boa e me solte, Sasuke. – remexeu-se no intuito de se livrar do agarre. –O egoísmo dela matou seu filho. O nosso filho. E ainda vai protegê-la? – disse aos berros com os olhos presos nos do moreno.

–Não estou protegendo-a coisa nenhuma. Mas insultá-la e bancar a histérica não vai trazer o nosso filho de volta. – falou tentando contê-la. –Então, se acalme. – pediu.

Um soluço escapou dos lábios da rosada enquanto uma careta de choro tomava conta das feições dela.

–Você estragou a minha vida, Yuri, e eu não vou perdoá-la por isso. – declarou magoada. –Já falei para me soltar, Sasuke! – e com um movimento brusco se soltou das mãos masculinas.

–Eu não vim aqui pedir seu perdão, Haruno-san. Porque não me arrependo do que fiz para sustentar Takumi.

–Cale a boca, sua egoísta de merda! – exclamou a pleno pulmões, rara eram às vezes em que Sakura proferia um palavrão.

Aquilo foi o estopim para a mulher, não suportava mais levar o plano a diante. Já havia causado muita tristeza à Haruno e quando a mesma falou que ela havia matado uma criança inocente, mesmo que ainda estivesse em forção dentro do ventre, a culpa a esmagou completamente, a máscara caiu e deixou o arrependimento tomar conta do rosto.

–Haruno-san, você pode me chamar de qualquer coisa, porque eu mereço ouvir cada palavra sua, mas entenda o meu lado também. Naquela época eu estava desesperada, quando pensei que minha vida se estabilizou, engravido de um homem casado. Ele me enganou dizendo que era divorciado e ao falar que estava grávida, ele me largou, então eu também sofri. – desabafou entre soluços e lágrimas.

O que surpreendeu tanto a rosada quanto o moreno, que virou sobre os calcanhares para encarar a expressão aflita da ex-secretária.

–O Uchiha-san seria minha única salvação para poder sustentar Takumi, mas eu já tinha prejudicado você, não queria outro peso para carregar ao fazer a mesma coisa com ele. – as lágrimas banhavam o rosto feminino.

–Você já me prejudicou quando fez Sakura fugir em vez de vir tirar essa história a limpo comigo.

–Eu sei. Por favor, me desculpem... – elevou a voz uma oitava. –Eu não queria ter feito nada disso, mas... Mas eu precisava do dinheiro. – seus olhos foram se arregalando à medida que tomava consciência do que havia posto em palavras. -Eles me prometeram me pagar para falar que Uchiha-san já possuía uma família. As fotos e os exames foram feitas por eles, tudo foi planejado por eles. – porém não importava mais, queria se livrar da culpa que carregava nos ombros.

O coração de Sakura disparou, não imaginava que alguém fosse tão extremo para planejar algo daquele tipo, destruir a vida de outro não era algo que pessoas normais fazem para passar o tempo, muito menos mandar como um presente de casamente. Como havia sido uma burra por acreditar cegamente em fotos editadas e exames falsificados.

Por outro lado, a primeira ação de Sasuke foi levar a mão para cabeça, no intuito de puxar o cabelo, porém se deteve na metade do caminho. Estava crente que sua ex-secretária havia perdido a coragem de enganá-lo também por perceber que dinheiro fácil não aparece para ninguém, mas agora não sabia mais em que acreditar. Só sabia que alguém conseguiu separá-lo de Sakura da forma mais baixa e infantil, sua vontade era pegar Yuri pelos ombros e chacoalha-la até dizer quem eram ELES.

–Quem foi que mandou você mentir? – perguntou entredentes.

A mulher apenas balançou a cabeça de um lado para o outro, se negando a responder.

–Quem foi? – Sasuke insistiu, entretanto Yuri se negou novamente e desviou sua atenção ao filho que finalmente despertava.

–Desculpe Uchiha-san. – levantou-se no mesmo instante em que o menino começou a chorar, estranhando o lugar onde estava. –Com licença. – curvou-se de leve e saiu da casa para acalmar Takumi.

~~*~~*~~*~~

Encarava o próprio reflexo no espelho com um sorriso que não lhe cabia no rosto, uma ansiedade apertava a boca do estomago ao mesmo tempo em que uma enorme alegria fazia os olhos com uma maquiagem leve brilharem na mesma intensidade que o colar de diamantes em seu pescoço.

Andou a passos tímidos até a janela e dali olhou o movimento do jardim, um frio na barriga marcou presença, era muito surreal que daqui trinta minutos iria realizar um sonho que cultivava desde menininha. Dentro de uma hora estaria casada com Uchiha Sasuke, seu primeiro e único amor. E mesmo tendo escolhido o mês de dezembro para a cerimônia, estava um clima agradável para se tornar a mais nova senhora Uchiha.

Respirou fundo e levou a mão ao ventre.

–Aguente só mais um pouquinho, está bem? – falou em tom de voz doce. –Logo seu pai saberá de você e vai ficar muito feliz, assim como eu. – sorriu bobamente, ainda não acreditava que dentro de oito meses seria mamãe.

Com a mão sobre a barriga voltou para frente do espelho. Havia recebido Hinata e sua mãe, ambas vieram felicita-la, porém apenas isso, pois logo estavam deixando-a sozinha para poder relaxar, algo impossível quando estava prestes a se casar.

Novamente um frio na barriga passou por ela, realmente era muita ansiedade para uma pessoa só, mas ela teria que aguentar até chegar a hora em que seu pai viesse busca-la. Acomodou-se em uma poltrona relaxando os ombros, não via o momento de encontrar os olhos amorosos de Sasuke vidrados nela, desde o dia anterior não se viam, até os celulares do casal foram confiscados pelos amigos para não terem nenhum tipo de comunicação e aumentar ainda mais a vontade de se verem.

Escutou o som da porta sendo aberta e pôs-se de pé rapidamente imaginando que o progenitor havia subido, abrindo um sorriso virou sobre os calcanhares pronta para descer e se encontrar com o futuro marido. Contudo foi surpreendida por uma mulher esbelta de cabelo castanho certificando se a porta estava devidamente fechada.

–Desculpe, mas você não pode entrar aqui. – disse após se recuperar do susto, porém um receio cresceu dentro de si ao reconhecer a mulher que virou para encara-la.

–Como está Haruno-san? Ou devo dizer futura senhora Uchiha. – cumprimentou em tom de deboche.

O coração da Haruno se apertou quando viu um sorriso maldoso moldar os lábios da secretária temporária do noivo.

–O que veio fazer aqui? – indagou desconfiada.

Sondou com rapidez, analisando a mulher da cabeça aos pés. Yuri vestia um traje de acordo com a ocasião, maquiada de forma suave e o cabelo solto, mas o que lhe chamou a atenção foi uma manta azulada embrulhando algo envolvido pelos braços e na mão direita um envelope pardo. Sua consciência apitava que uma confusão estava por vir.

–Vim felicita-la pelo belo casamento. – sentou-se sem cerimônia no sofá que havia próximo a porta.

–Obrigada, mas você poderia ter deixado para fazer isso na festa. Sasuke e eu vamos cumprimentar todos os convidados.

–Mas já está bancando a madame metida? – o sorriso maldoso de momentos atrás voltou aos lábios de Yuri. -Fique agradecida por eu ter tido a consideração de vir aqui. Você não sabe o quão cansativo é subir as escadas carregando um bebê. Não é filho? – falou docemente para o embrulho em seus braços.

–Vejo que não sou só eu que recebeu um motivo de alegria. Parabéns pelo filho. – tentou ser agradável, mesmo estando desconfiada, deu até um sorriso.

–Pena que o pai dele não pode estar ao meu lado, apesar de ele ter ficado muito feliz com a vinda de Takumi. – a tristeza contorceu as feições femininas.

–Sinto muito, mas se ele ficou feliz com o filho de vocês, acho que vai se esforçar muito para sempre que puder ficar com vocês. – consolou sentindo pena da mulher a sua frente.

Talvez ela só tenha vindo desejar parabéns, e esse jeito arisca dela seja apenas o seu jeito. – pensou com inocência.

Mas esse pensamento foi cortado com o envelope sendo jogando com uma força desnecessária perto de seus pés, com o baque Sakura deu um pequeno pulo pelo susto. Abaixou-se curiosa para pegar todo aquele papel. Entretanto congelou de joelhos reflexionado, parando na metade do caminho quando seus olhos visualizaram duas fotos.

–O quê? – foi a única conseguiu dizer, enquanto seus olhos se arregalavam.

–Ele não vai ficar ao nosso lado, porque vai se casar! – elevou a voz uma oitava assustando ainda mais a Haruno.

Sakura imaginou que não conseguiria se levantar, mas quando seus dedos tocaram o envelope, ela o agarrou tomando coragem para se colocar de pé. Não acreditava em que havia acabado de ver, as fotos em mãos só podia ser uma montagem ou sua visão a confundiu, pois aquele não era Sasuke com Yuri de mãos dadas saindo de um hotel luxuoso em plena luz do dia ou jantando em um dos restaurantes favoritos do casal.

–Esse casamento é uma farsa! Tudo o que você viveu com ele foi uma mentira! Porque o Sasuke já tem uma família que o apoia e ama. – falou se divertindo com a expressão assustada que a rosada estampava em suas feições delicadas. –Acha mesmo que Sasuke ama uma pessoa como você? Se você não sabe ele já enjoo de ver essa cara de tonta há anos. Além do mais eu lhe dei o primeiro filho, o herdeiro dele. – e mostrou o cabelo, ainda ralo, porém escuro.

Sakura se recusava a acreditar em que estava ouvindo. Tinha que ser uma mentira.

–O envelope não tem apenas fotos. – indicou o papel pardo que a Haruno abraçava contra peito como se aquela ação fizesse Yuri e suas palavras desaparecerem.

Engolindo em seco, a rosada abriu o envelope meio desengonçada, pegou duas folhas, passando os olhos com pressa, sua boca se abriu em choque foi se dar conta de que eram um exame de gravidez e outro de paternidade.

–Não pode ser. – balbuciou desolada e lágrimas escorriam por suas bochechas, borrando toda a maquiagem que havia em seu rosto.

–Pode ser sim, senhora Uchiha. – debochou. –Se não quer acreditar que Sasuke me ama e desse amor nasceu Takumi, o problema é seu. Mas você sabe que esses exames dizem o contrário. – levantou-se com um sorriso vitorioso nos lábios e propositalmente retirou a manta azulada que cobria o bebê. –Mas você é um dorminhoco, como seu pai. – provocou já de costas para rosada. –Aceite, Sakura, você nunca poderá fazê-lo feliz, pois é casamento só de faixada. – terminou, falando por sobre os ombros e fechou a porta.

O som da porta se fechando abafou algo dentro da rosada se quebrando. Por puro impulso levou a mão direita até o braço esquerdo, beliscando com força no intuito de despertar daquele pesadelo, pois o que Yuri havia acabado de fazer era um e ela queria acordar para ser consolada por Sasuke. Mas em sua garganta formou-se um nó por pensar no amado, uma vontade de chorar tomou conta de seu corpo.

Ela tinha provas de que o Uchiha traía sua confiança, chegando até a ter um filho com a suposta amante que para ser mais humilhante era a secretária temporária do mesmo. Abaixou a cabeça, analisando com o olhar a si mesmo, encarou o vestido branco de noiva e foi baixando até chegar à saia do mesmo enquanto as palavras de Yuri ecoavam em sua cabeça.

Eu não posso me casar! – concluiu desesperada.

Se o moreno já estava feliz com a secretária temporária e o filho que ficasse assim, ela não se submeteria a um casamento que seu amor não fosse correspondido e que o bebê deles fosse visto como um peso.

Sem pensar nas consequências, Sakura disparou quarto afora, tomou cuidado para não tropeçar nas escadas, mas a visão estava embaçada por conta das lágrimas novamente e acabou pisando na barra do vestido quando estava no quinto degrau. Fechou os olhos com força esperando o impacto.

–Cuidado! – ouviu uma voz masculina exclamar e em seguida ser amparada por braços calorosos. –Sakura? O que aconteceu com você? – questionou abismado com a aparência e a aflição estampada no rosto da cunhada.

–Itachi. – o chamou chorosa. –Você tem que me tirar daqui. Eu... – soluçou. –Eu não quero... Não quero me casar. – e mais lágrimas escorreram pelas bochechas da rosada.

–O que houve?

–Por favor, me tira daqui. – implorou.

–Mas por que você não quer mais se casar?

As palavras de Yuri voltaram a ecoar em sua cabeça.

–Se você não me falar o motivo, não posso te ajudar, Sakura. – falou preocupado. –Ai! – exclamou em dor ao sentir seu dedo polegar ser apertado com muita força.

–Por favor... – sentiu algo dentro de si se remexer causando uma dor aguda na região do baixo ventre.

Sua visão ficou com alguns pontos pretos e novamente uma dor tremenda a fez se encolher, entre suas pernas pôde sentir algo molhando. Pegando forças de um lugar desconhecido, Sakura estendeu a envelope que acabou trazendo consigo.

Meio hesitante, o Uchiha pegou o envelope e rapidamente passou os olhos por todo o conteúdo, uma decepção tomou conta do corpo dele enquanto pegava a Haruno no colo. Iria atender ao pedido da rosada e depois conversaria com o irmão caçula para esclarecer a história, porém com as fotos e exames, Itachi deduziu que já estava tudo esclarecido e o que Sasuke merecia era uma boa surra.

–Sakura? – a chamou quando a acomodou em seu carro, esperou alguns segundos e nenhuma resposta veio da rosada. –Sakura? – tentou novamente e a surpresa tomou conta do rosto quando viu o tecido branco se manchando em carmim. –Mas o quê? – os olhos ficaram em formatos de pratos.

~~*~~*~~*~~

Fechou os olhos com força, em um pedido mudo para que as lembranças parassem de incomodá-las, era inacreditável que deixou ser enganada.

–Sakura. – a voz de Namie despertou a Haruno dos devaneios. –Estamos entrando. – avisou da porta.

O coração da rosada disparou, fazendo as lágrimas congelarem e uma surpresa mesclada com medo apareceu em suas feições. Namie e Itachi estavam em sua casa, Sasuke também estava, e ela não sabia o que fazer.

–Acho que aquela mulher com uma criança no colo precisava de ajuda para acalmá-la. – ouviu Itachi comentar, e Sakura rapidamente deduzir ser Yuri e seu filho.

O moreno contraiu o maxilar, mesmo que quisesse se esconder para evitar uma discussão com o irmão mais velho, teria que ignorar essa vontade e enfrenta-lo. Porém ele não podia negar um receio que apareceu após ouvir a voz de Itachi.

–É só mais uma babá sem jeito... Mas deixando isso de lado, Sakura desculpe se aparecemos a essa hora da noite, só que o bonitinho do Itachi precisava imprimir um documento... – perdeu a fala quando se deparou com a amiga e o irmão caçula do namorado plantados no meio da sala.

Em segundos a expressão tranquila do Uchiha mais velho se contorceu em uma tensa. O que Sasuke estava fazendo ali? Em busca da resposta desviou seu olhar para Sakura exigindo uma explicação, porém se surpreendeu com o rosto avermelhado e inchado dela.

–O que aconteceu aqui? – a Okada foi mais rápida e questionou.

Um silêncio se instalou na sala e só foi quebrado quando um baque de algo caindo ecoou pelo ambiente.

–Sakura! – exclamou assustada, correndo para socorrer a amiga que se encontrava de cabeça baixa e ajoelhada no tapete.

Em contrapartida, Itachi avançou contra o caçula, pegando Sasuke pelo colarinho da camiseta.

–O que você fez dessa vez? – disse entredentes. –Espero que tenha um bom motivo para desrespeitar a ordem judiciária.

–Me solte Itachi. – encarou os olhos do irmão mais velho. –Eu não fiz nada.

–Então por que ela está chorando? – e observou o caçula abaixar a cabeça como cenho franzido, como se algo lhe incomodasse. O Uchiha mais velho foi afrouxando o agarre, até soltar por completo o colarinho.

Não aguentava mais nada daquilo que estava passando. Sua cabeça pulsava como nunca e ela sentiu que a qualquer momento teria um colapso, era muito informação para uma noite de sábado. Yuri, a secretária substituta de Sasuke teve coragem de estragar sua vida por causa de dinheiro, então, desde seu quase casamento ela vinha acreditando em uma mentira minimamente planejada. Só podia ser um pesadelo. Não conseguia acreditar que foi tão burra para cair em uma idiotice como aquela, e quando ouviu a pergunta de Namie, Sakura se deu conta de que também tinha uma grande parcela de culpa de não estar em paz com seu lado emocional e, simplesmente desabou, literalmente e figurativamente.

–Foi tudo uma mentira. – conseguiu falar, porém sua voz quase não saia.

–Como? – a Okada perguntou.

–Foi tudo uma mentira. – repetiu, porém sua voz ainda não saia direito. –Uma mentira! – exclamou chorosa e jogou-se nos braços da amiga em puro impulso.

Namie assustou-se com as palavras e ação da rosada, mesmo assim, devolveu o abraço na tentativa de acalma-la.

–O que foi uma mentira, Sakura? – fez a pergunta encarando o namorado, que depois desviou o olhar para o irmão mais novo, questionando em silêncio o que aquilo significava.

–Sasuke nunca me traiu com a secretária, nunca teve um filho com ela e não ia se casar comigo para manter a imagem de bom moço. – tentou conter um soluço. -Foi tudo uma mentira que ela contou em troca de dinheiro. – despejou com a voz falha. –E eu fui uma idiota por ter caído nessa história. – as lágrimas se intensificaram a ponto de deixa-la com a visão embaçada e os soluços antes contidos, agora faziam o corpo da rosada tremer.

Apesar de permanecer com a cabeça abaixada, o moreno conseguia assistir o sofrimento dela, cada lágrima que manchava a pele de Sakura, seu coração se apertava em arrependimento por trazer Yuri, e fazê-la reviver cada momento doloroso de anos atrás.

–Namie, leve Sakura para cima. Ela precisa se acalmar. Quero conversar com você, Sasuke. – ainda não tinha entendido direito o que estava acontecendo.

A Okada assentiu e tentou se levantar com a Haruno, mas esta não se mexeu, ou melhor, não conseguia se mexer.

–Vamos Sakura, você precisa descansar. – a chamou em tom de voz calmo.

Forçando um impulso nas pernas, a rosada se pôs de pé e com a ajuda de Namie foi andando até a escada, contudo, com o acumulo de lágrimas nos olhos, estava tendo dificuldade de enxergar o que havia em sua frente e, por isso acabou enroscando o pé no primeiro degrau.

–Sakura! – elevou a voz uma oitava pelo susto que levou ao ver o corpo feminino pender para frente, chocando-se contra os degraus.

Os passos das duas mulheres eram acompanhados pelos dois pares de olhos negros, as esperando se retirarem da sala, mas quando Itachi abriu a boca para começar a conversa, o grito de sua namorada os alarmaram. Sasuke foi o primeiro a correr até as escadas ao ouvir o som de algo caindo.

Sem pensar duas vezes, passou um braço atrás dos joelhos da Haruno e o outro nas costas para levantá-la.

–Droga, Sakura. – resmungou baixinho, apenas para a rosada ouvir, o que lhe causou a sensação de que aquilo já havia acontecido. –Eu a levo até o quarto. – informou ao chegar à metade das escadas.

–Você sabe qual é o quarto dela? – ouviu a namorada do irmão mais velho questionar quando alcançou o topo, mas fingiu não escutar. –Vou fazer um chá para ela. – falou derrotada.

Apertando o corpo da Haruno mais contra o seu peito, o Uchiha começou a andar pelo corredor. Empurrou a porta do quarto da rosada com o pé e adentrou. A janela como de costume estava aberta, deixando um vento de outono gelar o cômodo, deixando-o agradável para dormir.

–Não sei por que você continua chorando. – comentou depositando com cuidado o corpo feminino sobre a cama.

–Acha que é fácil descobrir que nesses quase três anos da minha vida, eu vinha acreditando em uma mentira? – indagou encarando um ponto invisível no teto.

–Não acho. Mas você não precisa chorar Sakura. – agachou-se próximo a ela.

–Como não? – suspirou. –Sasuke, eu choro porque me arrependo, me culpo, mas principalmente porque fui uma grande idiota. E o que ganhamos no final de toda essa palhaçada? Mágoa. Nós dois ganhamos isso, o que acaba afetando nossos amigos, enquanto as pessoas que planejaram a mentira estão felizes. – desabafou. –Eu não tenho mais motivos para te odiar, mas você... – parou de falar ao sentir uma descarga elétrica passar pelo corpo.

Sim, ele tinha motivos para nunca mais querer vê-la, estava decepcionado por Sakura acreditar cegamente em fotos editadas e exames falsos, e magoado pelo sumiço da mesma, pois fugir não era uma opção. Porém, ao ouvir o desabafo carregado de dor da rosada, fez com que seus motivos para querer distância dela desaparecessem e uma vontade de consola-la tomasse conta de seus impulsos. E por isso não impediu de sua mão ir até o rosto feminino e deixar os dedos limpar lentamente as últimas lágrimas que escorriam em silêncio, o que causou um susto nela.

–Descanse Sakura. – falou iniciando um carinho na cabeça cor de rosa.

Naquela noite, novamente a Haruno recebia um cafuné e mesmo que este esteja sendo feito por uma pessoa que ela jurava odiar até horas atrás, uma sensação de aconchego e proteção fez seu corpo se aquecer como há muito tempo não acontecia.

Uma calmaria invadiu o coração do moreno que assistia a rosada aos poucos adormecendo. Apesar dos primeiros momentos daquele sábado terem sido tensos e desagradáveis, poder vê-la calma no final de tudo com a história absurda de traição e filho ser esclarecida, o fazia perceber que valeu a pena ter trazido a secretária substituta para uma conversa.

–Além de estarmos magoados, temos outro problema. – comentou Sakura sonolenta. –Nós não seremos o casal de antes. – falou já entrando no seu primeiro sono.

–Não. – suspirou cansado. –Não seremos, porque nós nãos podemos ser o casal de antes. Você mudou, eu mudei além do mais, confiança é algo que se conquista, Sakura. E bem, a minha confiança em você não é como antes. – falou com pesar, mas sincero.

Afinal, voltar a ser o mesmo de anos atrás seria como recusar sua pessoa de agora, e também não é porque o mal entendido foi desfeito que vão voltar a ser um casal. Como o moreno havia dito, aconteceu uma mudança durante esse tempo que ficaram separados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Enfim, este foi o capítulo... espero que tenham gostado, porque convenhamos que descobrir que a Sakura vinha vivendo uma mentira é no mínimo tenso...
E uma pergunta, vocês vão apedrejar a Morinaga ou sentir pena dela??
Espero vocês nos reviews... Até lá pessoas!! ô/ =D beijos...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Soba Ni Iru Né..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.