Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 29
Capítulo vinte e nove – Domingo de surpresas. 2/2


Notas iniciais do capítulo

Bom dia gente!! Sei que prometi post-duplo ontem, mas não deu por causa da minha internet linda e maravilhosa (saca a ironia) quase joguei o notebook no chão pela raiva que senti ao saber que quebrei a promessa....
Mas hoje de manhã vi que ela voltou ao normal e vim trazer mais um capítulo com um enorme momento do nossa casal!! :v Espero que vocês curtam o capítulo!! Enjoy!!



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Não acreditava no que seus olhos estavam vendo, aquilo, com toda certeza, era algum fruto de sua imaginação. Gaara balançou a cabeça de um lado para o outro se recusando e ao mesmo tempo excluindo a cena que via. Seu coração apertou-se em preocupação e raiva.

–Ino, o que você está fazendo? - perguntou o obvio entre dentes se aproximando com rapidez da namorada.

O corpo feminino deu um pequeno pulo pelo susto que o ruivo lhe deu, ocasionando um pequeno impacto de seu tórax na privada, onde estava debruçada colocando o jantar para fora a força.

–Acho que comi alguma coisa que me faz mal. – mentiu descaradamente com a voz cansada sem encarar os olhos verdes-escuros do namorado.

Gaara suspirou pesadamente contendo a vontade de pegá-la pelos ombros e chacoalhá-la gritando em seus ouvidos: VOCÊ ESTÁ FERINDO A SI MESMA COM ESSA ATITUDE ESTÚPIDA!, até que essa atitude funcionaria, mas ele também corria o risco de deixá-la nervosa, e Gaara estava cansado de desviar de produtos de higiene e ouvir gritos histéricos acompanhados de lágrimas.

Entretanto ele não podia ignorar o fato de que sua namorada havia voltado a forçar o vômito e sem pensar duas vezes a puxou virando para si e sentando-se na frente da mesma.

–Pare de mentir para mim e para si mesma! – esbravejou olhando fixamente nos olhos azuis que agora estavam sem brilho.

–Gaara, você não entende. – contrapôs fracamente.

Aquilo sim foi o estopim para o Sabaku fazendo com que a raiva lhe subisse para cabeça.

–Não entendo o quê? Que você está se destruindo ao enfiar um dedo em sua goela para forçar o vômito?

–Eu parei com isso.

–Mentirosa! – gritou irritado. –Você voltou a vomitar desse jeito na quinta. Acha que eu não ouvi?

–Só não quero engordar. Como vou desfilar na próxima fashion week?* – falou umas das justificativas que ecoava em sua cabeça toda vez que induzia o vômito, convencendo-a.

–A próxima fashion week é ano que vem. – respondeu de forma fria vendo a expressão decidida da Yamanaka mudar drasticamente para assustada. –Vem. – pegou o corpo tremulo da namorada nos braços e levantou-se saindo do banheiro.

Com alguns passou chegou perto de sua cama, onde a colocou sentada. Tirou os botões de suas casas e retirou o vestido da namorada em um movimento suave, deixando-a apenas de peças íntimas. Toda a ação foi assistida pelos olhos de Ino arregalados em surpresa.

O que Gaara estava fazendo?

A resposta veio em instantes quando seus olhos se deparam com o próprio reflexo no grande espelho do quarto do Sabaku. Mesmo que ela tenha tomado muito soro e comido tudo que lhe era trazido quando ficou internada no hospital, as suas costelas ainda estavam protuberantes, a sua pele estava seca e a olheiras marcavam levemente abaixo de seus olhos.

Ino concluiu que se não tivesse interrompido o seu pequeno avanço que havia dado no hospital, estaria mais apresentável, com uma camada de gordura corporal essencial, com sua pele macia e brilhante e sem as olheiras para lhe deixar semelhante a um urso panda.

–Olhe para o que você está fazendo consigo mesma Ino! – foi tirada de seus devaneios pela voz do namorado. Levantou o olhar e deixou finas lágrimas acumularem-se nos cantos de seus olhos ao encontrar o olhar de Garra, este apresentava uma mistura de raiva, preocupação, irritação e amor.

A culpa pesou ainda mais em seus ombros que não deveriam estar magros daquela forma.

–Nenhum estilista irá gostar que um esqueleto ambulante desfile as suas novas criações. - estava sendo um pouco duro com a Yamanaka, mas o estado emocional em que a mesma se encontrava, o Sabaku não via outra opção.

Se Ino se recusava a enxergar o estrago, ele a faria enxergar, e não seria da maneira sensata.

–Eu não pareço um esqueleto ambulante! – irritou-se.

–É questão de tempo para parecer. – censurou com o olhar e soltou o ar pesadamente enquanto via a primeira lágrima escorrer pelo fino rosto feminino. –Pense nos seus pais que ficariam decepcionados ao te verem assim. Pense em mim que sofro ao perceber que minha bela namorada está a alguns passos para parar em uma casa de reabilitação. Pense nos nossos amigos que não gostam de imaginá-la mais magra do que já está. Uma modelo sabe diferenciar o termo: manter-se nas medidas certas do termo: fique muito magra! – tomou fôlego olhando nos olhos azuis através do espelho. –Então pare de se destruir, senão você nunca pegará o filho da minha irmã e do Shikamaru no colo. - abraçou a namorada cuidadosamente. –Você não ficou feliz ao saber que se tornará madrinha? – ganhou um leve assentir de cabeça. –Para completar essa felicidade, conseguir pegar o bebê no colo é uma boa ideia né? – outro assentir de cabeça. –Então, você deve parar de forçar o vômito, antes que seja tarde demais.

–Gaara... – murmurou deixando que o choro preso na garganta, fosse solto.

–Você gosta do que vê refletido no espelho? – perguntou lançando um olhar sério, pois ainda não terminou o desabafo. –Não sei você, mas eu estou detestando o que o espelho mostra.

–Eu já entendi. Chega Gaara! – pediu entre soluços.

–Não Ino, você ainda não entendeu a gravidade do problema que se meteu. Porque, se realmente tivesse entendido, não estaria pondo o seu jantar para fora durante esses últimos quatro dias.

–Eu só não quero engordar! – gritou a pleno pulmões.

–Se para você engordar significa ter um corpo forte e saudável, recomendo rever sua opinião sobre isso e abrir sua mente, porque eu não estou falando com uma criança mimada!

Como um timing perfeito, quando Gaara desfez o abraço protetor, os joelhos de Ino perderam a força, a fazendo cair em um baque que ecoou pelo quarto.

–Você não é nenhuma criança de dois anos que não entende que se continuar nesse ritmo, uma hora suas ações vão virar contra você.

–Então por que você não me ajuda e me apoia ao invés de me criticar e passar sermão? Você é meu namorado e deveria agir como tal e não bancar os meus pais.

–Porque você mente para mim! Não sou eu quem deve estender a mão pedindo ajuda, e sim você! Mas se ainda não entendeu que a bulimia pode te matar, eu não posso fazer nada. – revidou bravo enquanto a cobria com seu cobertor.

Laçando um último olhar cheio de mágoa, virou sobre os calcanhares e começou a andar em direção da porta. Deixaria Ino se acalmar enquanto ele fazia o mesmo em outro cômodo, já estava cansado de discutir.

Para descontar a raiva que sentia, pegou o primeiro objeto que viu em sua frente e o tacou contra a parede.

O som do vaso de cerâmica chocando-se contra o gesso ecoou por todo o corredor do segundo andar da enorme casa do ruivo.

~~*~~*~~*~~

Aquela tarde passou em um piscar de olhos para a Haruno, entre conversas de variados assuntos a sobremesas e chás típicos do outono. O domingo com os amigos tinha deixado sua casa em um clima leve e aconchegante. Além do mais, ficou feliz em ver que os dois novos rapazes se deram muito bem com os quatro, até agora ela achava engraçado o ciúmes que Itachi e Suigetsu estavam sentindo de suas respectivas amadas que davam mais atenção a Sai e Keita do que a eles. Todavia respondiam adequadamente quando eram incluídos no dialogo.

Por sorte era o último prato que ensaboava, depois daquela quantia enorme de louça que lavou, desejava ficar longe do detergente e bucha por alguns dias. Mesmo assim a rosada sorriu animada.

Sakura admitia que precisava de um momento de descontração como de horas atrás, mesmo que isso significasse algumas horas organizando a cozinha, pois assim acabava se esquecendo do problema, que não era um de verdade, chamando Sasuke.

Seus ouvidos captaram a porta sendo destrancada, não sabia o porquê de ainda trancá-la, pois o Uchiha possuía uma cópia, e isso a fez pensar seriamente em trocar a fechadura, mas desistiu da ideia ao lembrar-se que ele poderia subornar o chaveiro novamente conseguindo uma nova chave. Suspirou enquanto depositava o último prato no escorredor de louça, onde muitos talheres, pratos e copos estavam.

Os passos calmos iam ficando cada vez mais alto e seu coração acompanhou esse ritmo, batendo rapidamente. Não sabia se os próximos minutos poderiam ser chamados de seu pesadelo particular ou uma pequena parte do paraíso, porém sua mente ficou vazia quando virou sobre os calcanhares e encontrou o moreno encostado no batente da porta de braços cruzados, a encarando fixamente.

–Hoje você vai bancar a gata arisca? – perguntou de bom humor para em seguida sorrir de canto.

Sasuke não esperava encontrá-la irradiando felicidade, pois no domingo passado o clima tenso e pesado em que a casa estava, o fez contar até três para se aproximar de Sakura. E como percebeu que a noite anterior foi um pouco humilhante para ela, o Uchiha deduziu que não seria bem vindo ali, mas ele nunca foi então se encostou ao batente aguardando a atenção da dona da casa.

–Pense o que quiser. – deu de ombros. –Só conclui que fugir de suas investidas é perda de tempo e que ao invés disso vou aproveitá-las. – explicou de forma natural, mas por dentro se condenava mentalmente pelas palavras transmitindo a mensagem de derrota.

–Uau! Já começava a pensar que seu lado devassa tinha sumido. – começou a se aproximar da Haruno.

–Só estou tirando proveito da situação. Além do mais eu nunca tive um lado devasso, você que era o pervertido! – contrapôs guardando a louça a fim de ignorar a presença do Uchiha, mas a ansiedade demonstrada por um frio na barriga foi inevitável.

–Está querendo dizer que só eu consigo satisfazê-la? – perguntou em provocação, mas ficou surpreso pelas palavras da rosada, de certa forma ele também estava tirando proveito, porém não era da situação e sim da sua ideia de aceitar as suas lembranças do passado de uma forma diferente.

Outra vez sorriu de canto ao perceber que por breves segundos o corpo da Haruno parou pela sua insinuação convencida.

–Eu não quis dizer isso e você sabe disso! – exclamou desconcertada após seu corpo voltar a se mover.

Entretanto uma descarga elétrica passou pelo corpo feminino quando duas mãos agarraram sua cintura, fazendo sua cozinha passar pelos seus olhos como borrões. Sentiu a respiração do moreno batendo contra seu rosto enquanto seu estômago se revirava.

–Só li entre as entrelinhas. – sussurrou de forma sexy bem próximo ao ouvido da rosada que prendeu o ar pela proximidade.

–Então leu errado! – revidou depois de se recuperar.

–Não é o que seu coração acelerado diz. – disse Sasuke com o ego inflado aproximando seu corpo ao dela o máximo que lhe era permitido.

Uma de suas mãos subiu pelas costas da rosada vagarosamente, causando arrepios nela. Quando chegou na nuca, não hesitou em massagear aquela área, no intuito de acalmá-la. Os olhos verdes fechados, aproveitando a carícia foi a resposta. O Uchiha sem pensar duas vezes circulou a fina cintura com o outro braço e cobriu os lábios avermelhados com o seus em um beijo ávido, que a cada movimento exigia mais e mais. Ao mesmo tempo, Sasuke sentia um peso deixar seus ombros, porque mesmo gostando das visitas semanais que estava fazendo, ele tinha a consciência de que estava sendo um inconsequente aproveitador.

Adentrou a boca da rosada e acariciou a língua dela com a sua e em resposta os braços da moça o abraçaram pelo pescoço, puxando os curtos cabelos da nuca do moreno ou então deslizando as pontas dos dedos pela extensão das costas do mesmo. Ela tinha a total certeza de que os batimentos de seu coração podiam ser ouvidos por Sasuke.

Que por sua vez desceu os beijos para o pescoço, onde se permitiu passar a língua lentamente a fazendo estremecer. Desceu a mão que estava na nuca da rosada até o meio das costas da mesma enquanto a sua outra mão também ia para lá. E quando mordeu levemente um dos ombros dela, pegou o máximo de tecido que conseguiu com ambas as mãos para em seguida puxar com toda sua força, rasgando a peça de roupa que Sakura vestia.

A única coisa que a Haruno conseguiu fazer foi gritar pelo susto.

–É o meu macacão preferido Sasuke! – protestou após empurrá-lo para lançar um olhar bravo a ele.

–Não é mais.

–Você rasgou o meu macacão. – fez uma constatação ao passar os olhos pela peça que havia ganhado da Okada em seu aniversário, a parte que cobria suas costas estava nas mãos do moreno. Vendo aqueles pedaços de panos, o sangue lhe subiu para cabeça. –Era um presente de aniversário! – irritou-se. –Sasuke, era só pedir para tirar. Precisava rasgá-lo? - e saiu da cozinha pisando duro.

O Uchiha abaixou o olhar para suas mãos com uma expressão confusa. A rosada irritou-se de verdade por um macacão? Suspirou cansado soltando as pequenas partes dele e foi atrás de Sakura, os olhos verdes mostrando o quanto estava chateada por ter uma peça de roupa destruída estava gravada em sua mente.

Enquanto subia as escadas, sua consciência o mandava pedir desculpas e isso o surpreendeu. Ele entendia que agiu errado em rasgar o macacão sem antes perguntar se podia ou avisar que rasgaria, porém pedir desculpas por deixar o desejo, causado por ela, tomar conta de suas ações era a mesma coisa que pedir para uma pessoa gentil ser gentil. Na opinião do morno não tinha sentido.

–Sakura. – a chamou empurrando a porta que estava encostada.

Porém ele não esperava encontrá-la curvada para frente deslizando o que sobrou do adorado macacão pelo corpo. Aquela cena perturbou seus pensamentos de tal forma que o abrigou a bagunçar ainda mais seu cabelo no intuito de manter o controle sobre o corpo.

–Me erra Sasuke! – exclamou e para mostrar sua irritação, Sakura bateu a porta do banheiro com uma força desnecessária, pouco se importando em estar seminua.

Para o Uchiha aquela cena era familiar. No primeiro sábado que apareceu ali, ele lembrava-se perfeitamente que a rosada fez a mesma coisa para se esconder dele, mas no fim acabou cedendo, e Sasuke estava disposto a fazê-la ceder novamente. Caminhou até a porta do banheiro com pressa e tentou abrir, mas ao rodar a maçaneta, a porta continuava travada.

–Sakura! – bateu na porta. –Não banque a criança birrenta, foi só uma roupa, se quiser eu compro outra igual.

–Não quero outra! Se você não sabe, aquele macacão tinha um valor sentimental que uma pessoa insensível como você nunca entenderia. – respondeu. –E pare de bater na porta!

Sakura deixou todo o ar sair lentamente. Sabia que estava fazendo uma tempestade num copo d’água, mas Sasuke tinha que ter pelo menos a decência de pensar antes de fazer, perguntar se pode rasgar ou pedir para ela mesma tirar não faria a língua dele cair, pelo contrário, a pouparia da raiva.

–Se você não destrancar, eu não vou parar de bater. – outro soco. –Pare de irritar-se com coisas pequenas, temos coisas melhores para fazer!

–Para um insensível é uma coisa pequena, mas para mim o macacão foi um presente muito especial, então cala a boca e vai embora. – aumentou a voz uma oitava. –Nem um pedido de desculpas você me deu. – resmungou em voz baixa.

Sua atenção foi desviada para pelo barulho do trinco da porta se quebrando por ter sido forçada. O pedaço de madeira foi aberta e seus olhos se arregalaram quando os mesmos se encontraram com os negros de Sasuke, que não pareciam nada contente, pelo contrário, estavam irritados.

–Minha paciência acabou. – avisou agarrando o braço da rosada. –Não vim aqui para gastar saliva em discussões sem sentido, prefiro usar o pouco tempo que tenho para outra coisa. – disse impaciente, a puxando para perto da cama da Haruno.

O coração de Sakura batia em um ritmo acelerado, por breves instantes ela jurava que Sasuke levantaria a mão para si, porém ficou aliviada quando sentiu o agarre firma e não um tapa, apesar dele estar com uns parafusos a menos, a ideia de usar a força para obrigar alguém a fazer algo passava longe da cabeça do moreno.

Segurou o rosto da rosada entre suas mãos fixando seu olhar no dela para em seguida beijá-la com desejo. Desceu uma das mãos até a cintura, onde apertou se deliciando com o suspirou que ela deixou escapar.

–Pensei que queria que eu fosse embora. – falou entre o beijo enquanto a empurrava para se sentar na cama.

–Só estou aproveitando.

–E se eu disser que você pode ‘’aproveitar’’ chamando um gigolô? – perguntou antes de morder levemente o mesmo ombro de minutos atrás.

–Não estou desesperada a esse ponto.

–Então você admite que só eu posso satisfazê-la? – em um rompante sentou-se na cama lançando um olhar matreiro a ela.

–Não coloque palavras em minha boca. – contrapôs a contra gosta, se sentado também, mas encostou-se à cabeceira.

Estava indo contra sua razão que implorava para rosada parar com aquela loucura e mandá-lo ir embora da maneira mais rude que conseguia, mas seu coração acelerado e o estômago dando cambalhotas pediam para continuar. Estava em um dilema interior e seus olhos procuravam a resposta até que eles acabaram se cruzando com o olhar ansioso e curioso do homem sentando de frente para si que sorria de forma sexy, arrancando o resto de bom senso que existia na cabeça dela.

Sakura sabia para qual lado pular, mesmo sabendo que no próximo dia o arrependimento apareceria e contaria algumas mentiras aos amigos. Às vezes ignorar a razão faz bem para a própria saúde mental.

–Estou esperando você tirar a minha roupa, boneca. – o moreno falou sorrindo maliciosamente após ver o sorriso decidido moldar os lábios avermelhados.

Apoiou-se nos braços e se aproximou do moreno ao mesmo tempo em que respirava fundo para tomar coragem. Esticou os braços agarrando a barra da camiseta preta, fechou os olhos e deixou seus braços fazerem o restante do trabalho. Quando não sentia mais a textura da malha decidiu abrir os olhos, e ficou receosa ao visualizar a expressão relaxada do Uchiha que logo avançou para cima de si.

As peças que ainda cobriam tanto o corpo dela quanto dele foram tiradas uma atrás da outra com certa pressa de ambos. A cada beijo ou carícia descargas elétricas arrepiavam os pelos dos dois. Os suspiros e gemidos de prazer soltos ecoavam pelo quarto da médica de cabelos róseos. O casal concordava que algum feitiço foi jogado contra eles naquele momento, pois não havia recusa por parte da Haruno e nem a indiferença para com o restante das coisas por parte do Uchiha. Eram apenas os dois, fazendo o que eles queriam sem sentir nenhum peso nos ombros.

~~*~~*~~*~~

Seus olhos acompanhavam o vai e vem que Sasuke fazia indo atrás de suas roupas esparramadas pelo chão. Um sorriso em satisfação moldava os lábios da rosada, enquanto aproveitavam o silêncio confortável que se instalou entre ambos depois do momento íntimo que compartilharam.

Sentiu certo incomodo quando seus olhos pousaram nas costas largas do moreno parado na porta pronto para ir embora. Deixou suas bochechas esquentarem quando seus olhos se encontraram por sobre o ombro esquerdo masculino.

–Ainda estou esperando seu pedido de desculpas. – falou em tom de voz brincalhão, mas algo fez sua risada soar forçada, parecia que o clima agradável entre eles recebia uma rachadura.

O Uchiha bufou cansado. Ele pensava que aquele assunto já estava esquecido, ou melhor, ele a fez se esquecer, e mesmo que o comentário da Haruno tenha soado como uma brincadeira o irritou, e só de lembrar a birra que ela havia feito por causa do bendito macacão, algo dentro de si se remexeu incomodado.

–Pedido de desculpas? Comece por você então, porque não fui eu quem brincou com o amor por sete anos. – disse cortante virando sobre os calcanhares e cruzando os braços.

A expressão facial de Sakura mudou drasticamente, o sorriso foi se apagando, os olhos ficaram com a forma de pratos e brilhavam em confusão e surpresa. O que deu em Sasuke? Ele era bipolar e ela não sabia? Foi só um comentário inofensivo para começar um diálogo, não via necessidade em responder daquela maneira.

A rachadura foi se expandindo até se quebrar.

–Quem é você para falar de amor? – se o Uchiha também queria destruir a atmosfera confortável que os envolvia discutindo sobre o passado, ela teria o maior prazer em dizer umas verdades. Afinal, ela não tinha culpa se a mente do moreno era pequena como um grão de feijão.

–Uma pessoa que não desistiu do próprio casamento por sabe-se lá motivo. – rebateu em tom de voz frio.

–Pelo menos eu não pulava a cerca. – contrapôs indiferente enquanto vestia o conjunto de algodão que era seu pijama.

E aquelas palavras foram a faísca para acender um fúria contida em algum lugar dentro da mente do moreno. A passos apressados andou até onde Sakura estava pegando-a pelos ombros, apertando-os.

–Por que não para de inventar desculpas para justificar o seu erro? Por que não admite de uma vez por todas que você só queria brincar com os meus sentimentos? Por que não fala que era uma interesseira como as outras? Você é a pior entre as piores Sakura. – apertava os ombros com mais força a medida que soltava pergunta atrás de pergunta parecendo desesperado. –Não posso acreditar que amei você.

Sentia sua face arder a cada pergunta que seu cérebro processava. Sua atitude de anos atrás foi tão ambígua assim? Entretanto ela não ficaria apenas ouvindo os insultos de Sasuke sem dizer nada, estava na hora de dizer umas verdades.

–Já falei que eu não sou a vilã, então pare de tratar como tal e, quem errou primeiro foi você! – livrou-se do aperto do moreno com um movimento brusco.

–Errei no que Sakura? Se tudo que fiz foi por você em um pedestal, protegendo-a de tudo e de todos como um bom namorado faz. Eu errei em ter te amado? – murmurou a última parte, mas ela ouviu perfeitamente.

–Não, você errou quando resolveu trair a minha confiança. – respondeu com uma mágoa contida brilhando nos olhos verdes.

–O que diabos você está falando?

–Não se faça de idiota. – suspirou pesadamente, tentando manter as lembranças trancadas em um lugar oculto de sua mente. –Você sabe muito bem sobre o que estou falando. Mas por precaução voe refrescar sua memória. – parou para tomar um pouco de ar. –Você me traia com sua secretária desde o dia em que assumiu a Sharigan.

–De onde você tirou essa ideia absurda? – perguntou exaltado, assustado com a imaginação da Haruno. –Quando estávamos juntos, eu nunca transei com outra. Além do mais a Matsumoto é casada e muito mais velha que eu.

–Ela veio de Morigawa Yuri, a sua secretária temporária. Ela me mostrou fotos de vocês juntos, jantando nos nossos restaurantes favoritos, saindo de hotéis de mãos dadas e até mesmo o exame de gravidez da criança que é seu filho, tinha até um exame de DNA provando que você é o pai.

~~*~~*~~*~~

–Esse casamento é uma farsa! Tudo que você viveu com ele foi uma mentira! Porque o Sasuke já tem uma família que o apoia e ama.

~~*~~*~~*~~

As palavras que estragaram o dia mais importante de sua vida voltaram a ecoar em sua cabeça, ainda se lembrava nitidamente do sorriso vitorioso, mas ao mesmo tempo maldoso de Morigawa Yuri e da criança dormindo em seu colo que exibia a ela como se aquilo fosse um troféu.

Balançou a cabeça de um lado para o outro, ignorando o nó que se formava em sua garganta.

–Ela fez questão de jogar na minha cara que nosso casamento era só fachada, apenas para mostrar a todos a atitude de bom moço ao casar com a namorada da época da adolescência. Porque você é um homem responsável e exemplar, então não poderia cancelar o nosso noivado para aparecer com ela e um filho no outro dia. O que as pessoas pensariam?

Agora tudo estava claro como a água. Sasuke compreendia o porquê da insinuação maldoso que ela fez quando discutiram pela segunda vez dentro da sala particular da Haruno no hospital. E também compreendia o comentário do domingo passado. Levou a mão até a cabeça e bagunçou os fios negros tentando manter a calma. A vontade de abraçá-la o atingiu em cheio ao encarar os olhos verdes e ver que estavam sem vida.

–Eu só fiz a coisa que achei certa naquele dia, e não me arrependo. Porque não desejava criar o meu filho dentro de um casamento de aparências.

Sakura parou de falar quando percebeu a mudança drástica de expressão fácil do moreno logo entendendo que tinha revelado mais um segredo pela surpresa estampada no rosto masculino.

–Ah! Esqueci que não tinha contado a você, mas sim Sasuke, eu estava grávida e quando decidi fugir foi pensando no bem da criança que seria mais um prejudicado na história.

Mais uma peça estava encaixada no quebra-cabeça do Uchiha. A foto da barriga dela que ele viu quando quebrou a perna agora fazia sentido, mentalmente agradecia à Hyuuga por contar sobre a gravidez que teria sido o melhor presente de casamento, assim ele não ficaria assustado com toda a informação que estava absorvendo.

–Naquele dia, deu para entender que você a amava e amava a família que construiu ao lado dela, eu e o bebê dentro de mim não tínhamos mais serventia. Então pensei que subir ao altar era a mesma coisa que acabar com a vida que ainda nem tinha nascido. – levou uma das mãos até a barriga, deixando a culpa tomar conta de si.

–E o bebê que você esperava? – perguntou o obvio, pois ele já sabia que a rosada o perdeu.

–Não faça perguntas que você já sabe a resposta. Por acaso vê alguma criança correndo e gritando pela casa?

Sasuke balançou a cabeça de um lado para outro respondendo a própria pergunta, pois o aperto que sentiu no peito ao constatar sua suspeita o impediu de falar.

–O bebê morreu sem que eu pudesse pegá-lo no colo ou amamentá-lo, meu coração pela metade não foi o suficiente, tive que perder a vida inocente que queria tanto poupar o sofrimento. Mas o aborto espontâneo já era esperado, depois de tantas revelações chocantes do homem que mais amei, seria uma coisa natural. – a Haruno não demonstrava raiva, irritação o mágoa, apenas encarava um ponto qualquer na parede atrás do Uchiha contando aquela misteriosa história do seu sumiço.

Vendo o quanto aquela história abalava à rosada, Sasuke esticou os braços na tentativa de abraçá-la para tirar todo aquele sofrimento dos ombros dela, porém congelou e por um momento viu seu mundo girar ao assistir uma lágrima manchar o rosto tristonho

–Toda aquela revelação me fazia sentir ser tão inferior, me fazia entender que eu não era o suficiente para você. Ela acabou arruinando o dia que deveria ser o melhor da minha vida e levou junto o meu bebê. Como mãe, eu deveria ter me acalmando para o bem dele, mas eu não consegui e acabei fracassando. – e outras lágrimas começaram a deixar suas marcas no rosto de Sakura, parecia que elas queriam levar todo o sofrimento e mágoa que a rosada vinha carregado durante esses quase três anos.

–E Itachi? O que meu irmão tem a ver com tudo isso? – questionou de forma suave, essa dúvida era a última para ele poder terminar o quebra-cabeça.

–Ele foi a pessoa que me impediu de cair quando estava descendo as escadas com pressa. Perguntou-me o que havia acontecido e entreguei o envelope com as fotos e os exames a ele suplicando para que me ajudasse sair dali. Só vi que ele passou os olhos por tudo aquilo rapidamente e sem que ninguém percebesse entrei no carro dele e apaguei. Só lembro-me de ter acordado três dias depois no hospital e conclui que tinha abortado espontaneamente. – contou controlando a voz chorosa.

Sasuke não conseguia distinguir o que estava sentindo. Seus olhos estavam levemente arregalados em surpresa, seus ombros pesavam pela culpa por ter ofendida-a, suas mãos estavam fechadas em punhos por raiva e indignação ao concluir que alguém desejava vê-los separados e o que mais o assustou foi seu coração que se apertava pela preocupação que crescia dentro de si ao observar as lágrimas escorrendo pelo rosto de Sakura.

O corpo da Haruno tremeu por causa de um soluço violento, o Uchiha em um impulso, a envolveu em seus braços

–Me larga Sasuke! Você foi o errado na história, se você não tivesse pensando com a cabeça de baixo, nós estaríamos cuidando do nosso bebê e ninguém estaria machucado! – socou o peito do moreno gritando a plenos pulmões, mas acabou se engasgando com a própria saliva quando outro soluço fez seu corpo tremer.

–Sakura, se acalme. – afastou-se dela para a mesma poder respirar.

–Eu te odeio! – conseguiu pronunciar antes de deixar seu corpo pender para frente enquanto suas pálpebras se fechavam sem sua permissão.

O moreno via em câmera lenta o corpo pequeno da rosada vindo em sua direção, Sakura já estava machucada demais para se preocupar com um galo que se formaria caso ele a deixasse ir de encontro ao chão. Novamente, ele a envolveu em um abraço, desta vez, protetor e sentiu o cheiro delicioso do xampu se desprendendo dos fios cor de rosa, afundou o nariz entre eles, suspirando em alivio. Agora ele poderia se permitir relaxar, pois as dúvidas sobre seu quase casamento estavam esclarecidas. Sakura não havia o abandonado por qualquer motivo e sim para se proteger, mas algo o incomodava.

Por que ela não o procurou para confirmar a história que Morigawa Yuri a contou?

Respirou profundamente, perguntaria isso outro dia, quando a Haruno estivesse mais calma e depois de ter ouvir o seu lado da história, pois ele ainda tinha que tirar a ideia absurda de traição da cabeça dela.

Depositou cuidadosamente o corpo feminino sobre o colchão para sentar-se ao lado dela encostado a cabeceira, iria velar o sono dela como fazia anos atrás depois de encontrá-la dormindo entre livros de medicina e anotações.

Fazendo um leve carinho nos cabeços sedosos da rosada, sentiu-se decepcionado quando a mesma dúvida passava pela sua mente.


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Notas finais do capítulo

Fashion Week - como escrevi o capítulo nos dias que estava sem net, coloquei o primeiro evento de moda que me apareceu na cabeça... não sei se esse evento ocorre no Japão, então finjamos que sim.. =P
Enfim gente! A ideia inicial da fic foi revelada!! Depois de vinte e poucos capítulo só enchendo linguiça aqui está o motivo da Sakura ter fugido, depois de um momento GaaIno que pediram, e olha como a Ino pode ser paranoica?? Não vamos desenvolver esse hábito ok?
Esperando as opiniões de vocês ansiosamente!! Até os reviews gente!! Beijos! ;D



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