Soba Ni Iru Né... escrita por JúhChan


Capítulo 25
Capítulo vinte e cinco – As surpresas da vida


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal! Eis mais um capítulo à vocês!! =] Desculpe a demora, eu também estou triste, pois nessas férias (que foram curtas) prometi que teria bastante capítulos e só saíram dois... Não estamos sendo produtivos... *suspira*
Mas queria agradecer a linda da sakura2901 pela nona recomendação, obrigada de coração flor, e não me esqueci, vou ler a fic que você me mandou... ^^
Bem, esse capítulo está tenso por vários motivos... Boa leitura!! ô/ e desculpe algum erro, a felicidade de ter demorado apenas 15 dias foi tanta que nem o revisei, perdão... X..X
Nos encontramos lá embaixo...



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Assistia as gotas de soro cair lentamente, já havia perdido a conta de quantas viu pingando. Levou a mão até os fios vermelhos e os puxou com certa força. Poderia ser apenas uma dieta forçada pela agencia que a namorada trabalha, entretanto eles não seriam tão idiotas a ponto de mandá-la fazer algo do tipo, já que a saúde das modelos era de muita importância. A culpa era da própria Ino.

A porta branca foi deslizada para o lado e o médio apareceu, no mesmo instante Gaara se levantou.

–Sabaku-san, pode me explicar como sua namorada conseguiu chegar a este estado? – questionou com as sobrancelhas arqueadas, era impressão do ruivo, ou o homem de jaleco o encarava acusadoramente.

–Há mais ou menos um mês, ela começou a se queixar que estava gorda e precisava perder o máximo de peso possível para o próximo trabalho. Naquele mesmo dia, Ino comeu normalmente, porém se arrependeu logo em seguida foi correndo para o banheiro, vomitar o que tinha acabado de comer. – seu coração deu um aperto, a cena da loira correndo como se fugisse de algo até o banheiro com o dedo tentando provocar um vômito passou pela sua cabeça. –Eu tentei impedi-la, mas quando cheguei ao banheiro, ela já estava dando a descarga. E isso se repetiu milhares de vezes. – a sensação de imponência diante da situação que se encontrava invadiu seu corpo, o fazendo franzir o cenho.

–E o senhor não tentou pará-la?

–Diversas vezes, mas Ino sempre dizia com a voz alterada que não era da minha conta, ou que não precisava de minha ajuda. E se eu me aproximasse quando ela estivesse vomitando no intuito de pará-la, tacava tudo que estava a sua frente. – se jogou no sofá, onde antes estava sentando, totalmente derrotado.

Sabia que não podia condenar a Yamanaka , pois as discussões constantes com as duas Hyuugas e a Nara, alguns desentendimentos com ele também poderiam ter influenciado em seu estado atual. E essa constatação apertou ainda mais o coração do Sabaku, pois a pressão que ela sentia por ser uma modelo somada às discussões que a abalava emocionalmente, uma coisa dentro dela iria sair do lugar. Porém nunca imaginou que o resultado seria o distúrbio alimentar.

–Só consegui falar com ela sem nenhum empecilho hoje, pois parecia calma e despreocupada. – terminou de falar com a cabeça baixa.

O médico, depois de ter ouvido a narração do ruivo, apenas suavizou suas expressões.

–Sei que deve estar se sentindo culpado, Sabaku-san. – falou desviando o olhar para a loira que agora dormia tranquilamente. –Mas a causa da bulimia, é o que eu suspeito que ela tenha, é desconhecida. – consolou. -Ela é uma modelo não é?

–Sim. – respondeu com um suspiro.

–Pode ser que ela ficou desse jeito pela pressão psicológica que alguém fazia. A vida de uma modelo é muito frágil, qualquer deslize pode ser o fim. – finalizou colocando a mão sobre um dos ombros do ruivo, em sinal de apoio.

Virou sobre os calcanhares e começou a andar em direção da porta, tinha que esperar a paciente acordar para planejar algum tratamento.

–Ela vai ficar boa? – perguntou a primeira coisa que veio a mente, mesmo ele não entendendo muito sobre o assunto, tinha conhecimento suficiente para saber que a suposta bulimia poderia ser fatal. E só de pensar que tinha chances de perder a Yamanaka para um distúrbio alimentar, o deixava desnorteado.

–Isso dependerá dela e do apoio que receber. – respondeu, após virar a cabeça para encará-lo por sobre os ombros, se retirando em seguida com um leve sorriso.

Com toda certeza, o ruivo a apoiaria, daria motivos para a loira superar esse obstáculo, afinal a amava muito e queria vê-la bem. Levantou-se em um rompante do sofá e andou até a cama onde Ino estava deitada de olhos fechados, descansando, pegou a mão que não estava com o soro conectado a veia, dando um leve aperto.

–Sei que irá negar a ajuda e tudo que virá para superar isso, mas Ino, não se esqueça, eu estou do seu lado! – falou com carinho. –Eu te amo. – declarou antes de depositar um beijo de puro amor na testa da namorada.

~~*~~*~~*~~

MINHA BONECA.

Era o que ecoava dentro de sua cabeça. O moreno só podia estar com alguns parafusos a menos ao dizer aquilo com uma possessividade gritante na voz. Ele pensava que ela era um brinquedo? Um passatempo? Uma irritação cresceu dentro de si, já bastava ter feito o papel de mulher que não tem amor próprio, ela não merecia de forma alguma ouvir aquele tipo de coisa, e em um impulso, o empurrou, interrompendo o beijo.

–Eu sou um ser humano Sasuke! – exclamou ofegante com a voz elevada a uma oitava.

–Sim, você é. Mas também é minha boneca. – contrapôs com a voz divertida.

Foi a gota d’água para Haruno. A vontade de desfazer o sorriso de canto que se formou nos lábios do Uchiha a tapas era enorme, e bem, poderia até realizar a sua vontade, mas algo dentro de si dizia para não usar a força bruta, pois o resultado não seria bom.

–Não sou. – insistiu nervosa, encarando fixamente os olhos negros que brilhavam em malícia.

Em um movimento rápido, Sasuke se pôs em cima de Sakura, a encurralando novamente entre o colchão e o mesmo, com os pulsos finos presos em cada lado da cabeça da rosada. A boca da mesma se escancarou em surpresa, sentindo um frio na barriga que a deixou ainda mais tensa. Tudo iria se repetir.

–Sim, você é minha boneca. – repetiu bem próximo ao ouvido dela, causando-lhe arrepios.

–Pare com isso Sasuke.

–Não! – e se distanciou apenas o suficiente para encarar os olhos verdes aflitos. -Afinal, nossa brincadeira acabou de começar. – falou cínico.

–Por que você não faz essa brincadeira idiota com a sua namorada? – questionou brava, como queria que a sorriso de canto do moreno desaparecesse do rosto dele. E com um ‘’click’’, um ideia veio a sua mente. –Deixe-me adivinhar, a namorada te largou após descobrir que você é um canalha? Mas, opção é que não falta para você não é mesmo? Já que ainda tem a mãe do seu filho. – provocou e vendo as feições divertidas do Uchiha se transformarem em sérias, soube que havia acertado em cheio.

Não sabia dizer exatamente o que sentiu quando ouviu as provocações da rosada, um misto de irritação, raiva e hesitação tomou conta de seu corpo, o fazendo apertar ainda mais os pulsos entre suas mãos, ganhando em troca uma careta de dor.

–Não fale o que não sabe. – falou entre dentes, apertando ainda mais os pulsos dela, se é que isso era possível.

–Se ofendeu por quê? Aposto que ela rompeu com você, pois não estava dando conta. – já sentia suas mãos dormentes pela falta de circulação sanguínea, mas ela não deu importância, pois ver que o Uchiha não era capaz de responder a altura, de certa forma a fazia se sentir bem, sem que percebesse deixou um sorriso moldar seus lábios.

Sasuke observava atentamente os lábios rosados se moverem, aquele sorriso, sem a menor dúvida foi o suficiente para que o tirasse do sério.

–Me ofender com quê? Estou até agora orgulhoso de mim mesmo por ter terminado com Kohana, pois ao contrário do que você disse, quem não aguentava era ela. – falou em tom superior. Por dentro Sasuke se xingava e se batia, onde ele estava com a cabaça para rebater uma provocação daquela forma? Poderia comparar essa discussão com uma briga de crianças birrentas, que ainda sim a discussão ganharia.

Um silêncio tenso se instalou entre os dois, deixando o clima ainda mais pesado. Os olhos se cruzaram e a mágoa que estava contida tanto nos verdes quando nos negros, os pegaram desprevenidos. O coração da rosada disparou e sentiu um nó se formar em sua garganta, já o moreno sentiu algo pesar em seus ombros e uma confusão tomar conta de sua cabeça.

Por que ele está magoado? O errado na história é ele, então por que da mágoa?

Você me abandonou em pleno altar, a culpa é toda sua! Então não finja que está magoada.

Sasuke franziu o cenho e soltou um suspiro cansado. Não queria discutir com ela, só queria aproveitar os momentos prazerosos junto dela para as lembranças de um passado feliz não o atormentassem, era apenas isso e continuaria ser isso. Pois foi com esse propósito que veio até Konoha, não deixaria sentimentos estragarem sua diversão. Contou até três mentalmente, se acalmando, soltou os pulsos de Sakura, que já se encontravam brancos e se pôs de pé, indo atrás de suas roupas espalhadas pelo chão do quarto.

Puxou o ar de uma vez e o soltou, como se aquilo a aliviasse do formigamento de suas mãos, aos poucos sentia que o sangue voltava a circular. Não estava entendendo mais nada, havia digerido em uma velocidade absurda os acontecimentos daquele final de semana, desde o encontro em seu quarto até a discussão banal, parecia que estava sendo castigada, mas desconhecia o motivo. Ouvia passos de um lado para o outro, deduziu que o moreno estava a procura de suas roupas, a fazendo perceber que se encontrava sem as suas, puxou o lençol, cobrindo-se até a cabeça.

Um silêncio pairou sobre o cômodo.

–Agora você vai me deixar em paz? – perguntou de repente, com o lençol a cobrindo por inteira.

Estava a um passo de sair do quarto, quando a voz abafada o impediu com a pergunta mais boba que ele havia ouvido naquela semana, na opinião de Sasuke. Virou a cabeça encarando o lençol branco por sobre o ombro, e sorriu cinicamente.

–Não. Mas fiquei tranquila, só venho aos finais de semana. – respondeu com a voz calma. –E lembre-se, você é minha.

Revoltada pelo Uchiha ainda achar que ela iria à onda daquela brincadeira sem noção, retirou o lençol do rosto e sentou-se na cama com o cenho torcido em puro desgosto.

–Eu já falei que não sou, então tire essa ideia absurda da cabeça! – exclamou nervosa sentindo o sangue lhe subir a cabeça.

Com um suspiro cansado, ele virou sobre os calcanhares e refez o caminho até a cama da rosada, de uma forma ou de outra ela teria que aceitar, pois não adiantaria negar e também a teimosia dela já estava o irritando profundamente.

–Aceite o fato de que você é sim minha boneca. – colocou cada mão em cada ombro da Haruno, encarando-a seriamente, passando a mensagem de que ela estava sem opção.

–Recuso! – disse com convicção, o encarando intensamente.

Um choque elétrico passou por ambos quando Sasuke deslizou as pontas de seus dedos da mão direita sobre a pele exposta de Sakura, indo em direção a uma das bochechas que se apresentava levemente corada, onde acariciou com cuidado enquanto um sorriso de canto se formava em seus lábios.

–Aceite Sakura. – murmurou acariciando a bochecha.

–Ou quê? Lembre-se Sasuke, eu não tenho medo de você. – direcionou um olhar desafiador ao moreno, mas ao mesmo tempo chutava para longe a vontade de fechar os olhos para apreciar a carícia que ele fazia, disparando seu coração.

–Pois devia ter. Posso transformar a sua vida em um verdadeiro inferno apenas estalando os dedos.

–Isso é uma ameaça? – estreitou as sobrancelhas.

–Considere um aviso. – parou a carícia e levantou o queixo dela com a mesma mão de forma brusca, os olhos se encontraram, e por um momento a rosada prendeu a respiração, pois os olhos negros não brilhavam mais em um misto de malícia e diversão e o sorriso de canto havia virado uma linha reta, as feições sérias do moreno fizeram seu coração falhar uma batida. –Afinal, não queremos que ninguém perca o emprego, seja despejada e vire tema de primeira página de todos os jornais do país por tentativa de homicídio, tudo no mesmo dia. – comentou debochado.

Em um impulso, levantou-se com o lençol a cobrindo, tirando a mão de seu queixo violentamente com um tapa, enfurecida. Até que ponto o Uchiha poderia chegar por um capricho?

–Você não seria capaz... – foi interrompida.

–Seria sim.

–Doente! – elevou a voz a uma oitava, já estava histérica. Seus olhos arregalados demonstravam a descrença nas palavras de Sasuke, ele não seria capaz de fazer tudo aquilo que citou apenas para ela aceitar o trato absurdo, que na verdade não era um, pois não o propriamente ditou, apenas decidiu por si só. Apesar de ter dito que não tinha medo do Uchiha, seus ombros tensionaram e algo se abalou dentro de si, quando vislumbrou um brilho misterioso aparecer nos olhos negros.

–Relaxa Sakura, você sabe que não gosto de usar o poder do dinheiro para obter o que quero, mas a cópia da sua chave foi uma exceção. –rui secamente. -Mesmo você não aceitando, eu virei aqui, porque como havia dito, é minha boneca. – se curvou levemente para depositar um beijo demorado na bochecha da rosada que permanecia estática.

Sua mente nublou, não sabia o que fazer ou sentir, tudo estava uma verdadeira bagunça dentro dela. Parecia que Sasuke era bipolar, pelas mudanças rápidas e estranhas de seu humor, de engraçadinho passava para irritado, de irritado passava para sério, de sério passava para ameaçador e, de ameaçador voltava para o engraçadinho. Torceu o cenho em confusão, soltando o ar pesadamente. Não sentia o peso do arrependimento em seus ombros ainda, e desejava que ela não aparecesse, fosse embora junto com o Uchiha, naquele exato momento.

Foi desperta de seus devaneios pelo baque da porta sendo fechada e em seguida trancada. Sem pensar duas vezes, catou o seu vestido do chão e o vestiu enquanto andava quarto afora, em uma velocidade desconhecida. Tinha de conferir que o moreno iria embora. Desceu as escadas rapidamente e correu até a porta a abrindo a tempo de acompanhar com os olhos, o Uchiha entrando em um sedã preto, dando a partida logo em seguida. De uma forma estranha havia descoberto o carro do moreno e também que não tinha nenhum morador novo no bairro.

Fechou a porta e se encostou a ela com a respiração descompassada. Pelo menos teria cinco dias para esfriar a cabeça. Deixou-se escorrer até o chão com uma imensa vontade de chorar entalada em sua garganta, mas o motivo das lágrimas era desconhecido.

~~*~~*~~*~~

–Atenda a merda desse celular! – a voz feminina avisando que o número não estava disponível, soou mais uma vez, o fazendo bufar em irritação. –Atenda! - cancelou a ligação para tentar novamente, contudo o resultado foi o mesmo das tentativas anteriores. –Que droga! – exclamou com a voz elevada. Pegou uma das almofadas sobre a cama e a tacou, descontando sua irritação e impaciência no objeto que atingiu o chão em um baque surdo.

–Se acalme Naruto-kun. – pediu Hinata com a voz mansa, sentando-se ao lado do noivo.

Sentiu o colchão afundar e em seguida o cheiro delicioso do cabelo da amada invadir seus sentidos.

–Tenho certeza que ele está bem. – e envolveu o loiro em um abraço apertado.

–Eu duvido Hime. O teme do Sasuke some sem falar nada esse final de semana inteiro. – contrapôs enquanto a trazia para o seu colo, e correspondia o abraço com a mesma intensidade. –Estou pensando em fazer um BO. - inalou o aroma doce do cabelo da amada.

As palavras do loiro a pegaram de surpresa, está certo que o Uchiha não dava sinal de vida desde sexta, porém fazer um boletim de ocorrência de desaparecimento, no ponto de vista da Hyuuga, era um exagero.

–Aí está você de novo com a sua preocupação exagerada. – pegou o rosto do amado entre as mãos, o fazendo olhar em seus olhos.

–E isso é ruim? – as palavras soltaram de sua boca, não tinha consciência do que estava dizendo, os olhos perolados e brilhantes de Hinata eram mais atrativos.

–Da última vez, nós acabamos terminando. - as feições da Hyuuga entristeceram.

Vendo que havia sido indelicado e machucado a amada, sentiu a culpa tomar conta de seu corpo, estava deixando a preocupação para com o amigo falar mais alto mais uma vez.

–Me desculpe Hime. – a abraçou com cuidado, com medo de quebrá-la. –Cometeria o erro de novo, deixaria a preocupação falar mais alto e acabaria magoando-a novamente. Sou um idiota. – falava sem pausa. –Me desculpe. Mas tudo parece estranho, e quando o Sasuke terminou com a Kohana pensei que a qualquer momento ele pegaria o carro para voltar à Konoha, apenas para conseguir as repostas. – desabafou histérico.

–Cabeça dura. – proferiu carinhosa, rindo sonoramente em seguida. –Está tudo bem Naruto-kun. Eu só quero que você relaxe, que nenhum músculo seu fique enrijecido por preocupação ou tensão. – acariciou os cabelos amarelos suavemente. –E também o Sasuke não seria tão impulsivo a ponto de ir atrás da Sakura. Lembre-se, quando todos estiveram com a cabeça fria, vamos resolver esse mistério. – finalizou com um sorriso doce moldado nos lábios.

–Obrigado Hina-chan! Com você, tudo fica mais fácil. – encostou o rosto no colo da Hyuuga, na tentativa de ouvir os batimentos do coração da mesma. –Te amo! – declarou beijando a clavícula esquerda.

Sentiu a face esquentar e a felicidade tomar conta de seu coração. A sensação de estar completa que passou pelo seu corpo foi deliciosa quando escutou a declaração singela, mas carregada de amor do noivo, e não pode ficar parada. Com os braços finos, envolveu o pescoço dele para logo em seguida, iniciar um cafuné nos cabelos da nuca do Uzumaki, causando arrepios em todo o corpo do mesmo.

–Também te amo, Naruto-kun.

~~*~~*~~*~~

Encontrava-se sentada, toda encolhida, encostada em uma superfície dura e tremia de frio. Abriu os olhos com dificuldade. Sentia todos os seus músculos doloridos. Com uma careta foi levantando a cabeça, tentando se localizar. Mesmo com a visão embaçada conseguiu distinguir onde estava, ou melhor, onde passou o restante da noite.

Encostou a cabeça na superfície duro que deduziu ser a porta, e respirou fundo, recordando-se do final de semana ‘’agitado’’, por assim dizer, que havia tido. E por mais estranho que pareça, a rosada não sentia absolutamente nada, nenhum tipo de ressentimento como o arrependimento que sentiu um dia atrás ou culpa por ceder tão facilmente, muito menos alguma felicidade, estava com a mente e o coração vazios.

Levantou-se sem pressa, sentindo seus músculos esticarem, a fazendo se espreguiçar como há tempos não fazia. Começou a andar em direção das escadas, nada como um banho morno antes de trabalhar para começar o dia. Empurrou a porta do próprio quarto para terminar de abrir, o cheiro doce e amadeirado misturados, invadiu seus sentidos, no susto por encontrar resquícios dele, os ombros se contraíram, e por um momento Sakura imaginou que o moreno não havia ido embora. Correu até as janelas sem olhar para nenhum lado, as livrou das cortinas brancas e abriu.

Os raios de sol adentraram seu quarto junto com o vento de outono, fresco e confortável, puxou o máximo de ar que conseguiu enquanto aos poucos relaxava seus músculos, que só de pensar em Uchiha Sasuke se contraíam involuntariamente. Apesar do arrependimento ou da culpa não aparecer, ela sabia que uma hora ou outra, teria que lidar com esses sentimentos que apenas causam pesos desnecessários em seus ombros.

Mas hoje não! – pensou com um sorriso nos lábios. Virou sobre os calcanhares e ao mesmo tempo retirou o vestido que usava, andou em direção do banheiro, já sentindo a água morna batendo em seu rosto. Porém o som estridente do celular, a impediu de sentir realmente o que estava imaginando. Bufou irritada e buscou com os olhos o maldito aparelho, se deparando com o mesmo sobre a cômoda ao seu lado. Aceitou sem ver quem era.

–O que é? – atendeu enquanto jogava a peça de roupa no cesto de roupa suja.

–Bom dia flor do dia! – a voz feminina do outro lado vibrou.

–Ah! Bom dia Namie.

–Que animo Sakura. – disse irônica. –Poxa é segunda-feira!

–Quero tomar banho, tenho que trabalhar, pois é segunda-feira. – retrucou no mesmo tom.

–Oras, eu não sou diferente, mas estou cogitando a ideia de ficar na cama com o Itachi. Sabe, para compartilharmos calor humano.

–Namie, não preciso de detalhes! – exclamou. –Aliás, quando vocês chegaram?

–Ontem a tarde. Calma Sakura, nem é detalhe o que falei, além do mais, não quero traumatizá-la.

Se ela descobrir o que houve nesses dois dias, a traumatizada seria ela...

–Enfim, só liguei para avisar que vamos aí quando anoitecer.

–Ah! Se vocês podem vir aqui em casa esta noite? Mas é claro que sim, eu adoraria beber vinho com vocês. – falou sarcástica.

–Lembrando que a ruiva toma suco. – contrapôs fingindo desentendimento, deixando a rosada irritada, que amigos acomodados ela foi arranjar!

–Está bem, até a noite. Porque agora vou tomar banho.

–Mas dia do banho é no sábado, Sakura! – cutucou novamente, tentando conter os risos.

–Vai encher o saco do seu namorado! – e desligou irritada, mas enquanto deslizava o dedo sobre a tela, uma risada escapou de seus lábios. Era incrível o timing perfeito em que seus amigos a fazia rir depois que sua cabeça virava para baixo.

Em um pulo, foi para o chuveiro. A água morna em contato com a sua pele era relaxante, se pudesse ficaria ali até enrugar-se toda. Fechou os olhos enquanto massageava o couro cabeludo cheio de shampo, aproveitou a espuma que acabou se formando para passar em seu pescoço, ombros e braços, tirando qualquer resquício do Uchiha de seu corpo. Afinal, um banho poderia lavar até a alma, não é mesmo...

Pegou o sabonete, ainda de olhos fechados e o passou pelo restante do corpo, porém algo a fez paralisar quando o produtor de espuma deslizou sobre a barriga, desceu o olhar até lá, visualizando primeiro a marca de nascença próxima ao umbigo e em seguida a forma plana que ela se encontrava.

Até onde se recordava, Sasuke não havia usado nenhuma proteção e ela também não. Espalmou a barriga sentindo um pavor tomar conta de si. Seus olhos se arregalaram enquanto sua garganta se fechava em um nó. Não poderia nem pensar em gravidez, a sua única experiência com a gestação de bebê acabou da pior maneira possível, uma segunda vez, e ainda ser do mesmo homem, com certeza não seria nada bom a ela e os acontecimentos se repetiriam. Uma criança que dependeria totalmente dela vir naquele momento só complicaria mais ainda sua vida, mesmo que ser mãe era um sonho dentre vários que possuía.

Não tomava anticoncepcional e esperar para fazer um aborto estava fora de cogitação, interromper o ciclo de vida era imperdoável. Respirou fundo enquanto enxaguava o cabelo. Teria que tomar a pílula do dia seguinte, e procurar um ginecologista para receitar um anticoncepcional, já que o Uchiha planejava visitá-la regularmente, era melhor prevenir do que remediar.

Fechou a torneira, terminando o banho. Rapidamente se enrolou na toalha felpuda, e foi até a pilha, abriu a última gaveta do armário que sustentava a pia. Fuçou com uma das mãos, em busca da cartela que a livraria de uma responsabilidade giganta e que não estava preparada.

Pressionou o comprimido e com um estalo estava sobre a palma de sua mão. Sentiu as gotas de águas passando pela sua nuca e descendo até suas costas, causando um arrepio que veio acompanhado do frio na barriga, pois tinha conhecimento que a pílula poderia falhar, mas tratou de ocultar esse pensamento, o jogando no lado mais escuro de sua mente. Engoliu o comprimento a seco, com os dedos cruzados pedindo mentalmente que aquilo desse certo.

Um vento bateu contra sua pele exposta, a fazendo sentir um frio e lembrar-se que deveria se vestir, saiu do banheiro a passos rápidos, ainda desejando que a pílula desse conta do recado, mas se não, começaria se preparar psicologicamente para o que teria de enfrentar. Puxou o ar e o soltou lentamente, bom pelo menos o cheiro dela e dele misturado foi substituído pelo ar puro da manhã.

~~*~~*~~*~~

–Tia Sakura. - a chamou, o silêncio de seu quarto não estava sendo nenhum pouco confortável.

Encarava fixamente a sua médica favorita com uma careta emburrada. Já era a sétima vez que a chamava e nada de uma resposta, apenas um BOM DIA quando a mesma entrou para realizar um simples exame de rotina, nem um sorriso ganhou.

–Tia Sakura. – tentou de novo, mas agora puxando o jaleco que a Haruno vestia, porém nenhuma resposta, respirou fundo. -Estou falando com você, tia Sakura! – exaltou-se com a paciência esgotada.

O corpo da médica tremeu brevemente.

–O quê? – soltou as primeiras palavras que vieram em seu cabeça, a surpresa por Tsukimi ter elevado a voz era evidente em seus olhos que pousaram na loirinha, preocupados. –O que você tem? – questionou, se estava sendo chamada a algum tempo, deduziu que Tsukimi sentia algo.

–Nada apenas conversa comigo. – pediu com a voz dengosa. -Não gosto quando você fica sem dizer nada, só olhando o não sei o quê. – cruzou os braços e fez bico.

Um sorriso se formou nos lábios de Sakura, sentou-se próximo a loirinha e num pulo a menina abriu um sorriso de orelho a orelha pulando para o colo da médica.

–Desculpe pela ignorada. – iniciou um cafuné no cabelo ralo de Tsukimi. –Mas é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que preciso de um tempo só com os meus pensamentos.

–Por isso mesmo que você deve conversar comigo, tia Sakura e sorrir.

A rosada franziu o cenho em desentendimento.

–Minha mãe dizia que conversar sempre faz bem quando estamos mal. Então conversa comigo, eu quero te ajudar. Além do mais, você fica linda quando sorri.

–Eu não sei o que seria de mim, sem você pequena! – murmurou com os olhos cheios d’água. Se não conseguia ocultar suas preocupações de uma criança, ela estava ficando descuidada, pois a médica ali era ela. Mas por ora, deixou a sonora gargalhada solta pela loirinha preencher seus ouvidos enquanto a abraçava ternamente.

~~*~~*~~*~~

Voltou para a casa cansada, com a cabeça latejando. Nunca imaginou que em plena segunda-feira teria que realizar uma cirurgia tão longa como a que aconteceu hoje, e ainda por cima havia sido de emergência. Massageava o pescoço enquanto adentrava a casa. Só de pensar que seus amigos se reuniriam naquela noite para sabe se lá o quê, seu corpo protestava por descanso, a ideia de ligar para eles avisando que não estava disposta para uma reunião e que um almoço seria muito melhor, passou pela sua cabeça, porém como veio se foi, pois sabia que precisava de um momento de descontração com os amigos.

Colocou a última fatia de mussarela com sorriso. A lasanha que montava estava com uma cara deliciosa. Procurou por algo fácil e rápido, pois ainda queria um tempo para tirar o cheiro de anticéptico do corpo e descansar as pálpebras por cinco minutos. Colocou a comida italiana no forno e saiu andando em direção da sala, entretanto o som da campainha ecoou por toda casa. Olhou para o relógio e constatou que era cedo para os amigos aparecerem. Mesmo assim foi abrir a porta. Vai ver era apenas um turista perdido.

A campainha soou mais uma vez, demonstrando a impaciente do ser do outro lado da porta.

–Já vai! – falou com a voz calma. –No que posso ajudar? – perguntou educada abrindo a porta.

Um rapaz alto e pálido apareceu em campo de visão, o cabelo baixo e negro lhe era familiar, desviou o olhar para o rosto e se surpreendeu pelo sorriso torto que o mesmo direcionava para si.

–Desculpe incomodá-la à uma hora dessas. – disse em tom falso.

Os olhos da Haruno se arregalaram em surpresa.

–Sai, é você? – perguntou atônita.

–Quanto tempo, Sakura. - o sorriso torto se transformou em falso, a marca registrada do rapaz.


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Notas finais do capítulo

Ai ai' que tensão né! Mas vocês não leram errado, vou tratar sobre distúrbio alimentar também, uma coisa que começa com um vômito, porém o resultado não é nada legal... Não vamos adquirir esse hábito, hein meninas! #SomosLindasComOCorpoQueTemos
Sasuke bancando o esnobe, ou foi só impressão?? Muita gente perguntava como ele conseguiu a chave da casa da Haruno, e ai está a resposta... =P
E o Sai aparece!! kkkkk' podem ter certeza que isso vai dar dor de cabeça, pois a verdadeira história acaba de começar... xD saushua'
Enfim espero que tenham gostado e já estou pensando no próximo capítulo... e mais uma vez desculpe algum erro... Até os reviews, beijos! ;D
Ahh, mais uma coisa... É um projeto que estou lançando, caso vocês gostarem... Em datas comemorativas, como aniversários, Natal, Ano Novo, vou escrever um one-shot para contar à vocês como Sasuke e a Sakura aproveitavam na adolescência, é tipo, uma viagem no tempo.... E como dia 07 deste mês, no Japão foi o Tanabata, escrevi uma one-shot, para o início do projeto, se vocês gostarem e querem saber mais sobre o namoro deles, vou escrever as ones... Sinta-se a vontade de ler e deixar um review...
o link: http://fanfiction.com.br/historia/522467/Tanabata_Matsuri/