La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 53
A depressão faz um homem olhar...




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“A depressão faz um homem olhar em uma só direção: a pior”
Pastor Everardo Alves

Cebola estava deitado na cama com as cobertas até sua cabeça. Desde que Cascão o levou em casa, ele deitou-se ali e só levantou para ir ao banheiro. Ele não queria comer nada e nem mesmo tomar banho. Se bem que com aquele frio, ninguém queria.

- Levanta daí filho! – sua mãe pediu sacudindo-o suavemente.
- Me deixa em paz!
- Você não pode ficar aí a vida inteira!
- Posso e vou ficar. Não quero sair daqui nunca mais! – ele falou cobrindo-se totalmente. D. Cebola afastou as cobertas bruscamente e falou enérgica.
- Não mocinho! Você precisa comer alguma coisa agora mesmo!
- Não tô com fome. Meu estômago tá ruim.
- Vamos querido. Você precisa... – ela afagou os cabelos dele e percebeu que sua pele estava quente. – Hum... está quente. Espere que vou trazer o termômetro.

Ela saiu e voltou logo em seguida sacudindo um termômetro. Foi com algum custo que ela conseguiu fazê-lo colocá-lo debaixo do braço.

- Está com um pouco de febre. Vou trazer algo para você comer e também um remédio.
- Eu não preciso!
- Precisa sim e sem discussão!

Fazê-lo tomar o antipirético até que não foi tão difícil. Complicado foi fazer com que o rapaz tomasse ao menos um pouco da sopa de legumes que ela tinha feito. Cebola tomou algumas colheradas e enrolou-se nas cobertas outra vez não querendo saber de conversa com mais ninguém.

- Como ele está? – Seu Cebola perguntou preocupado.
- Está com um pouco de febre, pobrezinho! Olha, estou pensando em ir falar com a Mônica.

Seu marido discordou.

- Não. Isso é entre eles e não podemos nos meter.
- Mas dói tanto vê-lo sofrer assim!
- Lembra de como a Mônica ficou? Os pais dela também devem ter sofrido muito e mesmo assim não vieram bater na nossa porta pra dizer ao nosso filho o que fazer. Vamos deixar que ele resolva isso por si mesmo.

Mesmo estando com o coração partido, ela acabou concordando. Não era justo pedir para Mônica simplesmente esquecer tudo o que tinha sofrido só porque o Cebola não conseguia lidar com seus problemas.

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Ele voltou a ficar enrolado nas cobertas remoendo sua tristeza. A conversa que tivera com a Mônica há três atrás não saía da sua cabeça.

“E eu nunca precisei tanto de você em toda minha vida. Eu precisei tanto, mas tanto! E você não veio! Me deixou sozinha, me abandonou! Virou as costas pra mim quando eu mais precisava! Como quer que eu volte a confiar em você depois disso tudo?”

Essa parte se repetia de forma insistente, como uma música que grudava na cabeça e não parava de tocar. E todas as vezes que ele se lembrava, seu coração doía. Claro, ele não tinha somente a magoado. Também tinha decepcionado e era isso que o matava.

Ele havia falhado com ela, lhe deixando sozinha quando mais precisava. Se tivesse ficado ao lado dela, mesmo que não tivesse conseguido evitar sua expulsão do colégio, pelo menos teria abrandado sua dor e ele ainda teria o afeto dela.

Sem falar que ele poderia ter resolvido aquele mistério se tivesse empenhado. Mas não, ele não fez nada. Preferiu cruzar os braços e deixá-la totalmente desamparada.

“E eu achando que ela precisava de mim pra superar isso tudo! Não... ela superou sozinha e sem minha ajuda! Quer dizer que eu não faço nenhuma diferença pra ela?”

Considerando que ela tinha resolvido seu problema sem sua ajuda, a resposta se tornou mais que óbvia. Ele não fazia a menor falta na vida dela. Mas o contrário não era verdadeiro. O que ele ia fazer sem a Mônica? De onde ia tirar forças para sair daquela depressão? Toda sua vontade de viver tinha ido embora e ele queria ficar ali para sempre.

“Ela disse pra eu ser feliz no caminho que escolhi... mas como vou fazer isso sem ela?”

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Além de fazer muito frio, ela também não agüentava mais o cheiro horrível do esgoto que corria debaixo daquele porão. O buraco aberto pela Mônica fazia com que aquele cheiro invadisse todo o local. Penha estava encolhida na gaiola tremendo e batendo o queixo por causa do frio. Aquele lugar era muito úmido e não tinha nenhum aquecimento.

Do lado de fora, Agnes preparava seu ritual de tortura bem lentamente, fazendo questão de deixar que Penha visse todos os instrumentos que ela estava prestes a usar.

- Agnes, por favor, deixa eu ir embora! Já pedi desculpas!

O espectro olhou-a com desdém.

- O que foi? Não consegue mais falar com aquele sotaque falso? Ah, Penha... por que você não cumpriu a promessa? Teria sido muito mais fácil para você.
- Mas eu não queria cortar minha mão e...
- Pois agora eu vou cortar seu corpo inteiro!
- Eu faço o que você quiser! Qualquer coisa! Você pode morar na minha mansão, te dou minhas jóias! Que tal? Ou então posso mandar reformar essa casa e deixar bem limpa e bonita para você!
- Boa oferta, mas você só está propondo isso porque tem medo do que eu irei te fazer. Sua oferta não é demonstração de amizade, coisa que você nunca teve por ninguém. É apenas um ato desesperado. Enquanto eu estava presa entre os dois mundos, você não se preocupou com minha dor.

Penha chorou, implorou, fez todo tipo de promessas, porém Agnes se manteve irredutível. Com aquele sorriso sádico em seu rosto, ela mostrava os instrumentos e explicava a função de cada um deles.

- Esse afastador serve para manter o corte aberto enquanto o cirurgião trabalha nele. Assim poderei fazer muitas coisas. Ah, e você sabia que esse aqui pode cortar um osso em menos de um minuto? Fascinante, não?

Ao ver todo aquele instrumental preparado para sua tortura, Penha gritou a plenos pulmões, numa tentativa desesperada de pedir socorro. Agnes ria do seu sofrimento.

- Pode gritar o quanto quiser. Essa casa fica isolada e ninguém vem aqui.
- Por que não me mata de uma vez?
- Matar? Não. Apesar de tudo, você viverá Penha. Viverá com todas as marcas, cicatrizes, mutilações e deformações. Eu irei acabar com toda essa beleza até não sobrar o menor vestígio. Você viverá o resto da sua vida como uma grande aberração e nenhuma cirurgia plástica irá consertar o estrago que estou prestes a fazer.

Ela encolheu-se toda e seu pranto voltou redobrado, arrependida por ter começado aquela insanidade. Antes ela tivesse deixado a Mônica para lá e vivido sua vida. Agnes adivinhou seus pensamentos e disse.

- Sim, você tem razão. O melhor teria sido deixar a Mônica em paz. E falando nela, eu soube de uma coisa interessante. Quer que eu te conte? Pois bem. Como foi provado que ela não mandou aquelas mensagens e nem bateu na mosca morta, a diretora revogou a expulsão e ela voltará ao colégio do Limoeiro ano que vem. Por causa do vídeo, todos sabem que ela foi injustiçada.
- Não, pare! Eu já ouvi demais!
- Todo mundo está contra você agora. Todos te odeiam e existe até uma página no facebook chamada “eu odeio a Penha”. Parece que você arrumou muitos inimigos! Bem... isso não importa. Que tal começarmos a brincadeira? Como amigas!
- Acho que não vai dar.

Ela virou-se e viu Capitão Feio no topo da escada. Quando o viu, Penha começou a implorar desesperadamente para que ele a ajudasse. Ignorando totalmente seus apelos, ele falou para Agnes.

- Eu enviei um vídeo para ser transmitido no mundo inteiro. Estamos num momento crucial do meu plano e eu preciso de você no esconderijo.
- Mas eu não pude fazer nada!
- A angústia da espera por si só já é uma grande tortura. Deixe-a aqui sozinha. Ela sofrerá imaginando que você pode chegar a qualquer momento. Cada barulho será um grande tormento.
- Se é para fazê-la sofrer mais, eu aceito.
- Então vamos. Minha vitória aguarda!


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