La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 51
Para quem pratica o mal...




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“Para quem pratica o mal, não há como fugir. No devido tempo, o castigo chegará”
Izzo Rocha

Penha sabia que apagar aquele vídeo não ia resolver nada. A lambisgóia da Denise deve ter baixado e publicado na própria conta. Mas era uma forma de ficar livre daqueles comentários desaforados e atrevidos. Tudo estava desmoronando e ela não sabia o que fazer.

Seu pai já providenciou vários advogados, mas ela sabia que não tinha muita defesa. Como explicar que tudo aquilo teve início por causa de um fora que ela levou quando tinha sete anos de idade?

Não havia como se defender e nem como se explicar. Sua única salvação seria destruir todas as provas, o que era impossível. O vídeo tinha se espalhado por vários sites e aquele hacker não ia conseguir apagar todos eles. Mesmo que conseguisse, alguém ia publicá-lo novamente. Era preciso arranjar uma forma de deletar tudo sem deixar sobrar nada.

- Eu tenho que pensar em alguma coisa! Já sei! – seu rosto se iluminou de repente e ela pegou o telefone. - Monsieur Antonio? Eu preciso de uma consulta agorra mesmo! Non se preocupe, pagarrei muito bem. Estou indo parra aí! – ela desligou o celular antes que o homem pudesse argumentar qualquer coisa, pegou todo o dinheiro que tinha, algumas jóias e correu para a garagem ordenando o chofer que lhe levasse ao endereço indicado.

Chegando a casa de pai Antonio, ela não esperou que a mulher lhe abrisse o portão e invadiu o terreiro sem nem se preocupar com os cachorros que latiam ao seu redor.

- Ficou doida? Como entra na casa dos outros assim? – a mulher ralhou indignada, mas Penha não lhe deu atenção e entrou na sala do feiticeiro como um foguete.
- Você precisa me ajudar! – foi a primeira coisa que ela falou. – Estou com um problema muito grande!
- E o que eu posso fazer?
- Convoque Agnes, preciso da ajuda dela!

Ele balançou a cabeça.

- Sem chances. Você não quis fazer o ritual para invocá-la e agora ela não vai querer te ajudar.
- Diga a ela que farrei o ritual custe o que custar!
- Não precisa mais. Alguém já invocou sua amiga.
- Perfeito! Assim ela poderrá me ajudar no que preciso! Chame-a agorra mesmo!

O homem ficou receoso.

- Acho que não é boa idéia. Ela é uma entidade muito forte e perigosa.
- Non tem perrigo, eu garranto! Agnes é minha amiga e sempre obedeceu minhas ordens!
- Isso foi antes de você traí-la.

Penha perdeu a pouca paciência que tinha e gritou descontrolada.

- Chame-a agorra mesmo! Se é dinheirro que quer, entón pegue! Fique com tudo! – ela falou despejando na frente dele o conteúdo da sua bolsa que incluía seu celular, jóias e muito dinheiro. – Non fique aí parrado! Vamos logo!

O sujeito respirou fundo e vendo que não tinha como convencer aquela teimosa, concentrou-se para chamar a entidade. Pouco tempo depois, uma sombra foi se formando atrás dele até aparecer um monstro enorme cheio de tentáculos e olhos verdes brilhantes.

- Agnes! É você?
- Penha, há quanto tempo! – ela falou com a voz que parecia uma mistura de algo monstruoso com voz feminina. – Eu não te vejo desde... deixa eu ver... o dia em que você me traiu!
- Querrida, me desculpe! Eu prometo te compensar por tudo!
- Ah, mas você vai! – Agnes agarrou Penha com um dos seus tentáculos, erguendo-a do chão.
- Argh, s'il vous plaît Agnes! Me escuta! Eu preciso da sua ajuda!
- É sempre você, não é? Só você, seu umbigo, suas necessidades... e as minhas necessidades? Por acaso pensou nelas quando me deixou trancada entre os dois mundos por não ter cumprido sua promessa?
- Eu sinto muito! De verdade! Agorra preciso da sua ajuda e...
- Basta! – Agnes gritou apertando-a mais ainda. – Eu não te obedeço mais! Você me traiu e agora pagará muito caro!
- Non, Agnes! Lembre-se da nossa infância! Sempre fomos amigas!
- Amigas? Mesmo? Bem... então você não se importará de vir comigo até minha casa para termos uma conversa de... amigas! Certo? Pelos bons tempos.
- O que você vai fazer comigo?
- Que tal uma festinha do pijama só entre nós duas? Será muito divertido. Vamos!

Agnes aumentou de tamanho, arrebentando o telhado da casa, e saiu voando dali levando Penha aos gritos e berros.

- Cruzes, o que aconteceu aqui homem? – a mulher perguntou entrando rapidamente no quarto e parou horrorizada ao ver o enorme buraco feito no telhado. Num canto da Sala, pai Antonio tremia mais branco do que cera.
- Quer saber de uma coisa, mulher? Acho que tá na hora de largar essa vida! Não quero mais saber disso não!

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Cebola estava bastante nervoso, mas sabia que precisava fazer aquilo de qualquer forma. Ao chegar na lanchonete, ele viu que Mônica já estava sentada numa das mesas tomando uma xícara de chocolate quente esperando por ele.

- Oi... – ele cumprimentou meio sem jeito. Nossa, como ela estava linda! Não tinha nada a ver com as fotos que Denise tinha publicado em seu blog tempos atrás.
- Oi. Você queria falar comigo?
- Queria sim...
- Então fale.

Ele foi pego de surpresa com o jeito frio com que ela lhe tratava. Era a primeira vez que eles se encontravam depois de muito tempo e não havia a menor emoção no rosto dela.

- O Cascão me contou todo o seu plano de desmascarar a Penha e a Irene.
- E?
- Bem... er... foi um plano muito da hora, fiquei impressionado. Pensou nisso tudo sozinha?
- Pois é. Eu também tenho essa coisa chamada cérebro.

O rapaz engoliu em seco e continuou.

- Se tivesse falado comigo, eu teria arrumado um jeito de acessar o computador da Penha remotamente. Você arriscou muito entrando no quarto dela.
- Passei uns apertos, mas deu pra me virar bem.
- Por que não pediu minha ajuda?
- Porque esse vídeo ia incriminar a Irene. Você ia mesmo ficar contra ela pra me ajudar?
- Eu ia querer saber a verdade. Olha, Mônica eu também fui enganado como todo mundo!
- Acontece.

Aquilo o deixou desconcertado. Ela não parecia preocupada em lhe dar uma bronca ou de jogar na sua cara que estava certa e ele errado.

- Era só isso que você queria me falar? Tá fazendo um frio danado e meus pés estão ficando até duros.
- Eu... eu também queria pedir desculpas, por tudo!
- Não tem problema. Eu também fui muito chata com você e com todo mundo. Agora eu tenho que ir. – ela pagou o chocolate quente e ia saindo da lanchonete quando ele a deteve segurando seu braço.  
- Mônica, peraí! Eu sinto muito mesmo, de verdade! Mas eu achei que a Irene precisasse de proteção e... droga, fiz tudo errado!
- Todo mundo erra.
- Quer parar de falar assim? Pode ficar com raiva, me bater, xingar bastante! Eu mereço!
- Não resolvo mais as coisas desse jeito. Você pediu desculpas e eu aceitei. Não temos que ficar remexendo nisso toda hora.  

Ela tentou ir embora e ele a deteve de novo.

- Você... você vai voltar a falar comigo?
- Claro. Você é meu amigo desde criança.
- Não tô falando só como amigo... de outro jeito... – ele falou dando um sorriso. Mônica não se abalou.
- Como amigos. Será melhor assim.
- O quê? Não, peraí! Eu já pedi desculpas, pindarolas!
- E eu aceitei suas desculpas.
- Então por que a gente não pode voltar ao que era antes?
- Porque não dá mais. Pra mim não dá mais. Acabou.

Ele não podia acreditar no que estava ouvindo. E olhando naqueles olhos, Cebola não conseguia ver o sentimento que ela tinha por ele, não conseguia ver nada. Tudo tinha se acabado? Pensar assim fez com que ele sentisse um desespero crescente.


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