La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 33
A conseqüência do pensar é o investigar




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“A conseqüência do pensar é o investigar”
Valdeci Alves Nogueira

Por ser aula de ensino religioso, que não dava nota e nem reprovava, Mônica não se preocupou em prestar atenção e ficou pensando consigo mesma fazendo algumas anotações em seu caderno.

Com o tempo, ela começou a pensar com mais clareza já que não sofria mais com aquela tristeza e depressão. Hora de entender o que tinha de fato acontecido e, talvez, tomar providências.

Para começar, quem teria mandado aquelas mensagens para a Irene? Foi nesse ponto que tudo começou. Ela pensou um pouco. Com certeza alguém que queria lhe prejudicar. Teria sido a própria Irene? Não fazia sentido. Afinal, ela queria muito ir a festa e ter uma chance com o Luca, então não ia estragar tudo daquela forma.

Talvez o Capitão Feio? Considerando toda aquela baixaria, era bem provável. Só que aquilo não se encaixava muito na personalidade do vilão. Se bem que ele tinha mostrado ser inteligente e ardiloso quando armou aquela armadilha para fazer o Cascão devolver seus poderes.

Tudo poderia ter sido um plano dele para afastá-la do bairro e assim agir livremente. Ainda assim havia muitas lacunas a serem preenchidas. Era difícil acreditar que Irene tinha armado aquela farsa da briga sozinha. Será que teve ajuda? De quem? Do Capitão Feio? Não, era absurdo demais imaginar alguém como Irene trabalhando com ele.

Aquele mistério lhe incomodava e ela não ia descansar até descobrir tudo.

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Na cozinha, uma empregada aplicava gelo no rosto da outra enquanto a cozinheira, mordomo e o chofer assistiam a tudo com grande pesar.

- Ai!
- Desculpa. Nossa, como ela fez isso?
- Com uma bota. Credo, eles colocam chumbo nessas coisas?
- O que deu na madame dessa vez? – a cozinheira quis saber.
- Eu estava tirando o pó da penteadeira quando deixei cair sem querer um vidro de perfume dela.
- Vixe! E quebrou?
- Não, mas ela deu o maior chilique e tacou a bota na minha cara.

Eles balançaram a cabeça negativamente. Aquela garota era capaz de ter acessos de raiva por motivos insignificantes, como deixar um objeto cair no chão, colocar os travesseiros na posição errada ou quando encontrava sujeira imaginária em seu quarto e mandava a empregada limpar tudo de novo, do teto ao chão. Penha não tinha o menor respeito por ninguém.

Ao terminar de aplicar o gelo, cada um foi cuidar dos seus afazeres enquanto Joana ficou ali sentada descansando um pouco. Certo, aquele emprego era a maior porcaria do mundo. Apesar de seus patrões serem ricos, os empregados viviam em condições precárias, dormindo em quartos apertados e tomando banho em um banheiro minúsculo onde o chuveiro ficava em cima do vaso.

Como se isso não bastasse, produtos de higiene ficavam por conta deles e a comida era rigidamente controlada. Os pratos requintados eram somente para os patrões, restando aos empregados somente o arroz com feijão e alguma mistura. A porta da despensa vivia trancada e só era aberta na presença da patroa.

Todos ali chamavam aquela casa de campo de concentração, pois não havia lugar pior para trabalhar do que aquele.

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Franja esperava enquanto o administrador do museu falava com o policial sobre outro objeto valioso que tinha sido roubado. A história era basicamente a mesma. Na calada da noite, o alarme disparava, o objeto desaparecia e ninguém encontrava o ladrão em parte alguma. Como o gatuno conseguia fugir tão rápido e sem ser visto? Se continuasse assim, o museu acabaria sendo fechado. As peças mais raras e valiosas tinham sido roubadas e o clima era de medo e insegurança.

- Então é isso. Eles não podem fazer nada. – o administrador disse muito desanimado.
- Não podem?
- O ladrão não aparece nas câmeras de vigilância, não deixa digitais e nenhuma pista.
- E as câmeras que ficam nas salas dos objetos roubados?
- Em determinado momento, as imagens são distorcidas e quando voltam ao normal o objeto sumiu.

Ele ficou preocupado com o que estava acontecendo naquela cidade. Não só ali como em outras cidades e estados também. Uma onda generalizada de roubos estava assustando a todos. Uma liga metálica muito rara e valiosa foi roubada num instituto de pesquisa do Rio de Janeiro. Em outro estado, roubaram peças que valiam milhões de dólares. Também houve roubo de urânio das usinas de Angra I e II.

Será que tudo aquilo era obra do Capitão Feio? Ele achava que sim e ficou muito preocupado. O que esse vilão estaria planejando com essas peças? Com certeza não era coisa boa.  

Terminado o expediente, ele resolveu ir embora e passar na casa da Marina para desestressar um pouco.

- Oi, amor! Nossa, o que houve?
- Nem te conto! – ele contou sim, nos mínimos detalhes, sobre os roubos no museu e em outras partes do país.
- Nossa, que horror! E você acha mesmo que é o Capitão Feio?
- Acho não, tenho certeza.
- Agora estou com medo. O que ele tá tramando?
- Deve ser coisa muito ruim. Que diabos! A polícia não consegue fazer nada, o Ângelo não o encontra e parece que deu um tremendo branco no Cebola que não tá bolando plano nenhum! E sem a Mônica aqui, tudo desandou de vez!
- Também reparei isso. Depois que ela foi embora, ele começou a aprontar dobrado!

Ele coçou o queixo.

- É como diz o ditado: quando o gato sai, os ratos fazem a festa. Era por isso que ele queria afastar todos da Mônica e tirá-la do bairro. E ele conseguiu, que droga!
- Ai, tô até me sentindo mal por não ter feito nada pra ajudá-la!
- Eu também. Devia ter me esforçado mais!
- Todo mundo devia. Especialmente o Cebola. E agora, o que a gente faz?
- Não sei, Marina. Eu realmente não sei. Acho que só resta esperar que o ano termine e a Mônica volte. Isso se o bairro estiver inteiro até lá. Ei, calma, não chore! Eu falei por falar!

O rapaz colocou um braço ao redor do ombro dela para lhe dar conforto, embora ele mesmo estivesse muito apreensivo. O mês de setembro tinha começado e ainda faltava bastante tempo até que Mônica voltasse. E depois do tombo que ela tinha levado, ele duvidava seriamente que ela fosse capaz de fazer alguma coisa. Eles estavam a mercê daquele vilão.

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Trabalhar para aquele homem repulsivo não era nada agradável, mas Agnes tentava não reclamar. Foi graças a ele que ela saiu daquela condição horrível de espírito exilado e quando terminasse seu trabalho, ela estaria livre para se vingar da Penha.

- Levante essas peças com cuidado! Se caírem no chão, tudo estará perdido!

Em sua forma monstruosa, Agnes levantava as peças com seus tentáculos graças a sua força descomunal.

- Agora encaixe as duas bem devagar... assim! Pronto!

A máquina estava cerca de sessenta por cento concluída. Ainda faltavam muitas peças para reunir e a construção era um processo lento por causa da grande complexidade do projeto. Além do mais, ele ia precisar fazer muitos testes e ajustes antes de colocar a máquina para funcionar efetivamente. E ainda tinha as partes móveis, fundamentais para que todo o plano desse certo. Tudo tinha que ser cuidadosamente calculado e planejado.

A boa notícia era que com a ajuda de Agnes, seu plano poderia ser executado em dezembro daquele ano, ao invés de janeiro ou fevereiro como ele pensava antes. As coisas estavam indo muito bem.


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