La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 30
Devemos ter uma boa memória...




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“Devemos ter uma boa memória para sermos capazes de cumprir as promessas que fazemos”
Friedrich Nietzsche


Visitar aquele lugar imundo não a agradava nem um pouco. Mas não tinha jeito. O tempo passou depressa e logo chegou a hora de fazer o ritual para invocar Agnes totalmente. Penha só estava ali porque realmente queria invocá-la e ter uma boa aliada ao seu lado. Caso contrário, teria deixado aquilo de lado.

- Monsieur está pronto parra começar o ritual?
- Eu estou mais do que pronto. Falta saber se VOCÊ está.
- Oui, trouxe todo o dinheirro que monsieur pediu.

Ele deu um sorriso maldoso mostrando os dentes amarelados.

- Não estava falando do dinheiro. Estou falando de você mesma.
- Moi? O que quer dizer com isso?
- Invocar um espírito que foi exilado para o outro lado não é tarefa simples. Para romper a barreira que a prende, eu precisarei de alguém que tenha algum laço com ela aqui no mundo dos vivos. Só assim poderei trazê-la de volta.
- E onde eu entro nisso?
- Você é amiga de infância dela, não é? Então tem um laço com ela. Mas também pode ser algum parente, irmão, pai, mãe...
- Ela non tem nada disso.
- Então sobra apenas você.

Penha deu um suspiro de enfado e perguntou.

- O que eu preciso fazer?

Pelo que ele descrevia, o ritual parecia ser muito desagradável porque eles precisavam ir para o meio do mato a meia noite. Uma dama como ela jamais ficava fora de casa até essa hora! E levar baforadas de charuto no rosto também não lhe agradava nem um pouco, muito menos ter que entoar cânticos invocando várias entidades para que ajudassem a trazer Agnes de volta.

- Depois nós teremos que fazer um corte na sua mão para tirar o sangue e...

Penha ficou horrorizada. Fazer um corte na sua mão? Na sua pele perfeita? Não mesmo! Ela não faria tal coisa nem pelos próprios pais, quanto mais para uma garota que era apenas sua amiga.

Seu rosto estava pálido e seu estômago embrulhava quando ela perguntou.

- Non tem outro jeito? Por que monsieur non faz isso sozinho? Eu pagarrei em dobro se for preciso!

Ele balançou a cabeça.

- Nem tudo é questão de dinheiro, mocinha. Se quiser que eu faça esse ritual, você terá de participar.

Ela levantou-se bruscamente.

- Eu me recuso! Uma dama como moi jamais farrá esse tipo de coisa! É ultrajante!

Agnes, que até então estava em silêncio, falou indignada.

- Não esqueça de que você prometeu! Eu fiz tudo o que você queria, agora é a sua parte!
- Fique quieta, Agnes! Em momento algum eu concordei em fazer essas coisas repugnantes!
- Mas aceitou fazer o ritual!
- Porque eu não sabia como é horrível!

O sujeito falou dando-lhe um olhar firme.

- Se sabe o que é bom para você, cumpra a sua promessa.
- Enton me obrigue!
- Eu não farei isso. Cada um escolhe seu caminho e arca com as conseqüências.
- Penha! – Agnes gritou, coisa que não era do seu feitio. – Nós temos um acordo! Você não pode me deixar agora!
- Oui, eu posso! Não me peça parra fazer essas coisas absurdas, eu não farrei e você não pode me obrigar!
- Eu não te deixarei em paz até que você concorde em fazer isso!
- Trés bien! O que os olhos não vêem, o corraçón non sente! – ela falou arrancando o amuleto do pescoço e atirando para longe. A forma de Agnes foi desaparecendo como fumaça, assim como seus gritos e ameaças até que tudo ficou em silêncio.

Pai Antonio observava tudo serenamente, já que não era ele quem teria de sofrer as conseqüências daquele ato insano.

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Seus capangas sujos montavam a máquina sob suas instruções enquanto ele acompanhava tudo com o projeto nas mãos. Apesar dos avanços, ainda faltavam muitas peças e componentes que não podiam ser comprados por serem caros demais ou porque eram extremamente raros e não estavam a venda. O restante pode ser financiado pelo dinheiro pago pela garota riquinha e também pelos frutos dos seus assaltos.

O problema era que estava ficando mais difícil. Aquele anjo estava na sua cola e o policiamento havia aumentado muito. Era preciso pensar em outro jeito para conseguir as peças necessárias, ou todo seu plano iria por água abaixo.

- Isso está lento demais. Precisamos acelerar! – ele falou consigo mesmo ao ver que o mês de setembro tinha começado e eles não chegaram nem a metade do projeto.

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- A chata foi embora? – Mariazinha perguntou ao passar pelo quarto do irmão.
- Não fala assim! A Irene sempre te dá doces!
- Blé! Ela fica tentando me bajular, só que isso não adianta nada! Eu não gosto dela!
- Pois trate de se acostumar. Ela é sua cunhada agora.
- Credo, eu não quero não! Prefiro a Mônica. Ela era muito mais legal e não ficava me tratando feito criancinha!
- Você é só uma criancinha, esqueceu?
- Seu chato! Fica aí reclamando da Mônica, mas você é um chatooooo! – ela falou saindo correndo para evitar qualquer puxão de orelhas.
- Argh, ninguém merece! – Cebola falou passando as duas mãos na cabeça num gesto irritado.

Como não conseguia se concentrar nos estudos, ele resolveu acessar um pouco a internet para ver se esfriava a cabeça. A primeira coisa foi olhar no seu facebook. Olhando uma página aqui, um link ali, ele acabou indo parar na página da Mônica sem saber como e nem por que.

- Que coisa... ela não atualiza isso aqui há um tempão. Aposto que não deve ter internet lá na roça.

Uma foto lhe chamou a atenção. Era ela tomando um sorvete e dando um sorriso maroto. Em outra foto, ela aparecia abraçada ao Sansão. Também tinha fotos dela com as amigas e algumas com ele também. Numa delas eles apareciam abraçados e sorridentes.

Seu coração apertou novamente, fazendo-o fechar o navegador na mesma hora. Por que ele se sentia daquele jeito? Ele tinha uma vida nova, outra namorada e não podia mais ficar remoendo o passado. O rosto dela apareceu de novo na sua mente, com aqueles olhos castanhos e brilhantes que ele adorava. Sem falar aquele sorriso que mostrava seus dentes salientes e lhe dava um charme especial.

- Bah, que bobagem! Ela nem era tão bonita assim. A Irene é muito melhor! – ele falou consigo mesmo tentando se concentrar na imagem da Irene, o que estava ficando difícil. No fim Cebola ficava zangado consigo mesmo por ser tão idiota de ficar pensando naquela dentuça marrenta. A sua dentuça marrenta.
 


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