La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 18
Magoar alguém...




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"Magoar alguém é transferir para outrem a degradação que temos em nós"
Simone Weil


Ver sua filha daquele jeito partia seu coração. Por que tudo estava dando errado na vida dela? Souza não sabia. Apenas se sentia impotente para fazer qualquer coisa. Mônica estava totalmente deprimida, isolada e sem amigos. E se ele lhe desse alguns trocados para gastar no shopping? Ou talvez uma boa viagem nas férias de julho? Ele não sabia o que fazer para animá-la.

- Você também está preocupado com a Mônica, não está?
- Demais! Nunca vi nossa filha desanimada desse jeito!
- Nem eu e isso parte meu coração. Mas ela é forte, vai acabar dando a volta por cima.
- Tomara, porque eu não sei se vou agüentar vê-la desse jeito por muito tempo.

Quando terminaram o almoço, ambos voltaram para o trabalho deixando-a sozinha com seus pensamentos. O semestre estava acabando e ela tinha feito a maior parte das provas, torcendo para ter pelo menos tirado notas boas o suficiente para não entrar em recuperação. As férias estavam perto e ela precisava mesmo de um descanso. Mas como aproveitar sem seus amigos? Sozinha e sem ninguém, o que fazer? De repente, tudo pareceu ter perdido a graça.

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Mesmo sabendo que Irene não era amiga da Mônica, Cebola passou a temer pela segurança dela já que o Capitão feio não atacava somente seus amigos como também as pessoas próximas a eles. Foi o que tinha acontecido com DC e Magali. Então ele precisou tomar uma decisão muito difícil e fazer uma escolha.

Ajudar Mônica ou ficar com Irene? Depois daquele beijo, seus sentimentos se tornaram um emaranhado confuso e desordenado. Seu coração batia de um jeito diferente e ele se sentia mergulhado em um mundo de fantasias. A garota dos seus sonhos estava em seus braços e ele não queria deixá-la escapar. Era sua chance de experimentar algo novo, de ter uma experiência que nunca teve antes. Se não desse certo, ele podia voltar atrás e tudo ficaria como antes.

Por outro lado, ele não queria deixar a Mônica sozinha. Apesar de tudo, ela ainda era sua amiga. Mas não tinha jeito. Ajudá-la poderia colocar Irene em risco. Mônica era forte, valente, agüentava qualquer coisa. Irene, por outro lado, era tão frágil quanto um cristal e ele queria protegê-la.

- Careca, olha lá o que você tá fazendo! – Cascão avisou quando ele disse ao amigo que tinha pedido Irene em namoro. – Você tá cometendo um erro muito grande!
- Que erro, Cascão? Do jeito que tá, a Mônica não vai bater nem em mim, nem em ninguém!
- Não é isso, cabeção! Você vai magoar a Mônica, deixar ela na mão só pra ficar namorando a Irene! E se um dia você arrepender, como fica?
- Deixa disso, eu não vou arrepender de nada. Se rolar, eu agüento as conseqüências numa boa, não esquenta!
- Cara, eu achei que você gostasse da Mônica!
- Eu gostava, só que ela estragou tudo com sua chatice! Ah, não tem mais jeito, Cascão! Ela tem defeitos demais, é difícil demais! Irene, por outro lado, já é tudo o que eu quero!
- Tudo o que você quer? Tá doido? Desde quando você gosta de garotas molengas e choronas?
- A Irene não é molenga e nem chorona, só delicada!
- Argh, pra mim dá no mesmo! Você nunca gostou disso!
- De repente aprendi a gostar, e daí? De que adianta a Mônica ser forte se é tão cheia de defeitos? Cara, ela me controla demais, não agüento isso!

Cebola ia para a casa da Mônica lembrando dessa conversa. Não tinha como Cascão lhe entender, já que estava acostumado a andar na rédea curta. Mas ele não. Embora ainda gostasse da Mônica, ele não queria mais perder tempo com aquele relacionamento problemático.

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- Ele tomou corragem?
- Não é demais? Ele me pediu em namoro e eu aceitei. Agora ele vai falar com a Mônica. Confesso que tô preocupada. E se ela bater nele?
- Isso apenas vai empurrá-lo parra os seus braços, cherry. Depois que o carreca falar com a dentuça, colocarremos o próximo passo em ação.

Irene ficou com medo por instantes. Será que elas não estavam indo longe demais?

- Você non pretende vacilar agorra, pretende querrida? – ela perguntou olhando a moça com seu olhar do desprezo. Aquilo fez com que ela se sentisse fraca e sem nenhuma vontade de desobedecer suas ordens.
- Não, eu não vou vacilar...
- Magnifique! Essa dentuça non perde por esperrar!

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- Cebola? – por causa da surpresa, Mônica saltou da cama e voou para o pescoço do rapaz lhe dando um grande abraço. – Não acredito! E tão bom te ver, que saudade!

O rapaz tirou os braços dela do seu pescoço e a fitou muito sério.

- Mônica, vim aqui pra gente conversar.
- Conversar o quê? Conseguiu bolar um plano pra dar um jeito no Capitão Feio?

Ele se esquivou dela e balançou a cabeça negativamente.

- É outra coisa. Olha, é muito duro te dizer isso, então escuta bem. Ontem eu... eu... a Irene...
- O que tem você e a Irene? – Ela perguntou sentindo o coração apertar cada vez mais. Cebola respirou fundo e finalmente criou coragem.
- Eu pedi a Irene em namoro e ela aceitou. A gente tá namorando agora.

Suas pernas falharam e o chão pareceu ter sumido de seus pés. Foi preciso sentar-se na cama para não desmoronar. Seu coração doía como se estivesse sendo apunhalado várias vezes, a garganta apertava e a única coisa que ela conseguia fazer era chorar. Cebola assistia tudo evitando olhar para ela e apenas falou.

- Não planejei nada disso, eu juro! Só aconteceu e não pude evitar!
- Então era verdade...
- O quê?
- Eu bem que desconfiava de vocês dois, mas deixei isso pra lá achando que era coisa da minha cabeça. Então não era!

Ele sabia que ela ia dizer aquilo e estava preparado.

- Sim, era coisa da sua cabeça! Eu fui gostando da Irene aos poucos, não foi de uma vez!
- Mas eu confiei em você! – ela gritou com o rosto banhado em lágrimas. – Você disse que não tinha nada com ela e eu acreditei!
- Não tinha nada antes, Mônica!
- E isso muda alguma coisa por acaso? Agora você tá com aquela piriguete e nem quer saber de mim!
- Que culpa eu tenho se você ficou uma chata insuportável? Ah, eu cansei tá entendendo? Quero uma garota meiga e delicada, não uma teimosa marrenta que quer mandar em todo mundo!
- Como você pode me dizer essas coisas? Por acaso sabe a barra que eu tô enfrentando?
- Não faz drama, por favor! Você é forte, agüenta numa boa!
- Pára de falar que eu sou forte, que coisa! Eu não sou de aço, sou de carne e osso e tenho sentimentos! E agora eu preciso de você, preciso de alguém pra me apoiar e você me deixa de lado pra ficar com a Irene?

Ele engoliu em seco e fez um grande esforço para não fraquejar.

- Sinto muito, Mônica. Foi mais forte do que eu...
- Então você é um fraco!
- Pode me odiar o quanto quiser, eu não posso fazer nada.

Mônica chorava, sentindo não somente uma grande mágoa como também uma decepção enorme.

- Eu confiei em você... realmente confiei! Achei que fosse me apoiar, eu tava te esperando! Tava esperando você me derrotar pra gente voltar a namorar e...
- Por favor, não fica me cobrando! Desculpa se te decepcionei, mas não agüento mais você mandando em mim, me cobrando, me pressionando! Eu quero espaço, caramba!

Quanto mais ele falava, mais seu coração doía. Aquilo estava ficando insuportável. Certo, ela tinha realmente perdido tudo. Os amigos e também o Cebola, que no momento mais delicado de sua vida resolveu lhe abandonar por causa da Irene. Ela sentia um peso enorme em suas costas que parecia lhe esmagar totalmente. Seus olhos até doíam de tanto chorar e tudo o que ela queria era sumir dali, morrer, desaparecer, qualquer coisa que acabasse com aquela dor.

Vendo que não tinha mais nada a fazer ali, Cebola resolveu ir embora para não prolongar mais aquele sofrimento.

- Sinto muito que tenha acabado assim, mas não teve jeito. Entenda isso, por favor... eu não pude fazer nada e...
- Vai embora.
- Mônica, eu só quero que...
- Vai embora! – ela gritou olhando para ele com raiva. – Some daqui, vai ficar lá com sua namoradinha e não aparece na minha frente nunca mais!
- Poxa, vai levar as coisas pra esse lado?
- E pra que lado você quer que eu leve? Quer liberdade? Quer viver sem eu mandando em você? Então vai! Você tá livre! Nunca mais vou te dizer o que fazer, mas também nunca mais quero falar com você.

Ele balançou a cabeça, exasperado, e achou melhor sair logo dali. Pelo menos ele não tinha apanhado. Menos mal.

Antes de passar pela porta, ele ouviu uma voz triste e cansada lhe falando.

- Só espero que seja feliz no caminho que escolheu.


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