La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 11
A calúnia é um assassino moral




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"A calúnia é um assassino moral"
Benjamim Constant


- Mônica, a sua situação é muito delicada. – a diretora disse após o Cebola se retirar.
- Por isso eu acho que é preciso investigar! Não posso aceitar que minha filha seja vítima dessa calúnia!
- O material que nós trazemos não é prova suficiente? – o pai da Irene perguntou. – Minha filha foi vítima e ainda tem que provar que está falando a verdade?
- Acalmem-se todos!

Foi muito difícil resolver a situação. Mônica continuava negando e Luisa insistia em abrir uma investigação para apurar o caso. A diretora, por outro lado, não queria nenhum tipo de escândalo que comprometesse a imagem do colégio e os pais de Irene também não queriam alongar aquilo mais ainda. Era preciso tomar providências rápidas. Então ela se decidiu.

- Eu não quero que isso se arraste e nem quero ver ninguém aqui indo parar nos tribunais. Então vamos combinar o seguinte: Mônica, você fica proibida de chegar perto da Irene, entendeu?
- Ah, é? E como ela fará para andar pela escola e nos corredores? Nós não pagamos mensalidade para que nossa filha não possa andar livremente pela escola!
- E nós não pagamos mensalidade para que nossa filha seja agredida desse jeito!
- Por favor, não vamos começar de novo! O que eu quero dizer é que Mônica não pode mais discutir com Irene e deve deixá-la em paz. Não aceitaremos mais brigas, discussões e muito menos escândalos como aquele de sexta-feira.
- E a senhora não fará mais nada?
- Sinto muito, mas nós não temos provas de que foi ela quem mandou essas mensagens. Como foi dito, a conta dela pode ter sido invadida. Investigar e apurar o caso será complicado demais, então creio que o melhor para todos é colocar uma pedra sobre esse assunto e garantir que as duas não irão se desentender novamente.

Apesar dos protestos de ambas as partes, a diretora decidiu encerrar o caso ali mesmo. Não havia mais porque continuar remexendo naquele assunto e ela já estava cansada de toda aquela discussão.

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- Só isso? Non aconteceu mais nada? Nem suspenderam a dentuça? Sacrebleu, bando de incompetentes! – Penha praguejou após Agnes lhe contar tudo o que tinha visto e ouvido.
- Resolveram abafar o caso para evitar um escândalo.
- E como as coisas ficarram com os amigos favelados dela?
- Nada boas.

Agnes relatou como as opiniões ficaram divididas. Uns acreditaram nela, outros não. Sem falar que ela acabou brigando com o Cebola por não ter ficado do seu lado.

- Eu só falei a verdade, se não gosta então muda!
- Você fez a minha caveira lá dentro, isso sim! Ficou do lado dela e contra mim!
- Porque você vive perseguindo a coitada!
- Só que eu não mandei aquelas mensagens e você não está confiando em mim! Depois acha ruim quando não confio em você!
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra!
- Como não tem? Confiança tem que ser mútua!

Ele levantou as mãos pedindo para que ela parasse e falou.

- Não vem não, Mônica! Você é forte, agüenta qualquer tranco. Mas a Irene, coitada, viu como ela estava um trapo? Diferente de você, ela é meiga, delicada e frágil! Precisa de alguém pra protegê-la!
- E você acha que eu não preciso?
- Não, não acho! Você já agüentou coisa pior e não morreu, então não fica fazendo manha porque eu não tô com paciência pra isso! E não mexe mais com a Irene, senão conto tudo pra diretora!

Penha ouvia tudo com um sorriso no rosto.

- Entón o carreca idiota está pendendo parra a loirrinha indefesa? C'est fantastique! Nem tudo foi tempo perdido!
- O que pretende fazer agora?
- Piorrar as coisas para a dentuça. Parra isso, precisarrei da ajuda daquela mosca morta.

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Mônica estava deitada na cama olhando para o teto e com os olhos vermelhos de tanto chorar. Ela não sabia o que tinha sido pior: a humilhação que sofreu na diretoria ou o fato do Cebola ter ficado do lado da Irene e contra ela. Por que ele estava agindo daquele jeito? Por que não lhe deu apoio? Será que ele acreditava mesmo que ela não ia sofrer com aquilo? Que sujeito mais idiota e insensível!

Duro foi ver que parte dos seus amigos também desconfiava dela. Se não teve como provar sua culpa, também não teve como provar sua inocência, então o assunto estava aberto à interpretação de cada um. E considerando seu gênio difícil, muitos votavam pela sua culpa. Só mesmo os amigos mais chegados ainda acreditavam na sua inocência.

O pior era que Irene estava espalhando aquelas mensagens horríveis para que todo mundo visse. E ela nem podia falar nada porque foi proibida de chegar perto dela. Que desaforo! Sua mãe prometeu ter outra conversa com a diretora. Se aquilo continuasse, ela ia entrar na justiça de qualquer jeito.

- Oi, Mô. Tá tudo bem? – Magali falou entrando no seu quarto. – Er... sua mãe falou que eu podia subir. Tem problema?
- Tem não, Magá. Preciso mesmo de companhia, senão fico doida. Aqui, você não acredita que eu escrevi aquelas coisas pra Irene, acredita?
- Claro que não! Eu nunca vi você usar aquelas palavras e nem falar daquele jeito pra ninguém! Alguém quer te prejudicar.
- Sei disso, só que eu não tenho como investigar. Minha mãe até quer entrar com um processo na justiça, mas os pais da Irene não querem entregar os e-mails.
- É porque eles não têm certeza de que foi você e tem medo de ir pra justiça. Isso mostra que você é inocente.
- Pode ser, mas eu queria investigar quem fez isso. Mas eu não entendo direito de computador, é mais a praia do Cebola.
- Então ele pode ajudar. Vamos falar com ele.
- Ele não quer ajudar.
- Você pediu?
- Pedi. Ele disse que não quer mexer com isso e falou que o melhor é deixar pra lá. Já pensou que desaforo? Ele sabe muito bem que eu sou inocente e tá com medo de prejudicar aquela piriguete! Ai, que ódio!
- Que coisa... então a gente devia pedir ajuda pro Franja. Ele também manja dessas coisas. Vou ver se falo com a Marina.

Magali foi fazer a ligação e Mônica voltou a deitar na cama, sentindo uma coisa muito ruim em seu peito. Algo lhe dizia que as coisas iam piorar muito.

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- Eu não entendi por que você não quer ajudar a Mônica.
- Porque pra ajudar a Mônica, eu vou ter que ficar contra a Irene!

Cascão balançou a cabeça.

- Pensa bem, cara. É da Mônica que você gosta. Vai deixar ela se ferrando sozinha por causa duma garota que é só sua amiga?
- Depois de tudo, eu nem sei mais o que sinto por ela.
- Vocês tiveram problema, mas não pode deixar ela na mão desse jeito! É mó vacilo!
- Vacilo nada! A Mônica é bem grandinha e agüenta o tranco numa boa. Mas a Irene...
- Tá, tá, é frágil, delicada, feita de açúcar, blábláblá e você prefere cuidar dela e deixar a Mônica na mão.
- Ih, não faz drama tá legal? A Mônica vai ficar bem.
- Na boa, cara: já pensou se a Mônica é mesmo inocente e alguém mandou aquelas mensagens pra sacanear ela?
- Se ela é inocente, então beleza. Não precisa do apoio de ninguém. Senão, tem mais é que pagar pelo que fez! Cara, eu não posso deixar a Irene na mão desse jeito! Sem falar que tudo isso tá acontecendo por causa das picuinhas da Mônica, então ela que se vire sozinha!

Ele ficou surpreso com a falta de sensibilidade do amigo, que parecia disposto a comprometer sua relação com a Mônica só por causa de uma paixão que podia ser passageira. Pelo visto, nada ia fazê-lo mudar de idéia.


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