La Revenge escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 10
Quem faz intriga...




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"Quem faz intriga lida com suposições para que você então se enrole com suas próprias mãos"
Marcello Thadeu


Como estava difícil se concentrar na aula! Toda hora Penha se distraía pensando se a bomba já tinha estourado e o que estaria acontecendo no colégio do Limoeiro. Saber que Agnes ia acompanhar tudo para lhe contar depois não a tranqüilizava muito. E se seu plano desse errado? E se descobrissem que a Mônica não tinha escrito aquelas coisas? Era óbvio que a dentuça ia negar tudo. Será que sua palavra ia valer alguma coisa?

O que lhe animava um pouco era lembrar daquele escândalo que Mônica tinha feito na sexta-feira. Muitas testemunhas iam dizer que ela não gostava da Irene. Com isso, Penha esperava que a balança acabasse pendendo contra sua inimiga. Era o início da sua vingança e ela fazia algumas anotações planejando os próximos passos. Ela não ia descansar enquanto não visse aquela ordinária totalmente destruída.

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Vários impressos contendo mensagens grosseiras, difamatórias e de baixo calão estavam sobre a mesa. Mônica lia tudo sentindo uma carga de adrenalina correndo pelo corpo. A cada parágrafo, ela protestava veementemente.

– Quê? Eu não escrevi isso de jeito nenhum! Não fui eu!

Eram insultos, ameaças, agressões de vários tipos e até palavrões que ela sequer teria coragem de pensar neles, quanto mais escrevê-los.

“Fica longe do Cebola, sua...” que horror! Ela jamais escreveria algo assim! Em outra parte, ela leu “Eu só te chamei pra festa pra ficar bem com o Cebola, mas se você aparecer eu te arrebento todinha!”

– Como é? Eu jamais ia escrever um troço desses! – ainda tinha mais.

“Você não vale nada, é uma safada oferecida que dá de cima de todo mundo!”
“Ninguém da minha turma quer nada com uma sem vergonha que nem você, sua...”


O resto era deprimente, horrível e chegava até a doer seus olhos com tanta baixaria.

Sentada numa cadeira, Irene chorava de medo, tendo seus pais indignados lhe apoiando. Sua mãe também estava na diretoria e a diretora tentava apaziguar os ânimos.

– Diretora, eu juro que não escrevi essas coisas!
– Essa não é a sua conta no Facebook? E não é esse o seu endereço de e-mail? – a mulher perguntou.
– É, só que eu não escrevi nada disso!
– Devem ter invadido o computador da minha filha, só pode! Ela jamais escreveria essas coisas!
– Considerando o histórico dela nesse colégio, não duvido nada! – a mãe da Irene falou com hostilidade e as duas começaram a discutir.
– Por acaso ela já fez isso com outro aluno? Claro que não!
– Mas batia em todo mundo!
– Não fale do que não sabe! Minha filha só batia em alguns moleques que mexiam com ela, não em “todo mundo”!
– E é assim que você educa sua filha? Para sair batendo em todo mundo por causa de piadinhas bobas?
– Acalmem-se todos, por favor! – a diretora pediu antes que aquelas mulheres resolvessem sair no tapa. – D. Luisa, a senhora entende que isso é muito grave e...
– Só que minha filha não escreveu nada disso! Por que não abrem uma investigação? Alguém invadiu a conta dela e escreveu essas barbaridades!
– Por que alguém ia fazer isso? – o pai da Irene perguntou. – Pelo que sei, é sua filha que anda de birra com a minha só porque aquele rapaz gosta de andar com ela! Pensa que eu não sei da confusão que ela armou na frente da escola?
– Sem falar que as outras garotas não falam com ela por causa dessa sua filha que vive implicando com a Irene!

Todos discutiam muito e a diretora estava com dificuldade para conseguir algum silêncio. Que situação mais difícil!

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Dentro da sala não se falava em outra coisa. Embora ninguém soubesse os detalhes, Denise tinha se encarregado de deixar todos a par da grande confusão na diretoria.

– Será mesmo que ela escreveu aquelas coisas? – Xaveco perguntou meio desconfiado.
– Hunf! Aquela ali não tem classe nenhuma, então eu não duvido nada!
– Carmem, isso não se fala! É claro que a Mônica jamais ia fazer esse tipo de coisa! – Magali falou defendendo a amiga.
– Vocês não estão pensando direito. A Mônica nunca foi dessas coisas. – Cebola observou. – Alguém pode ter invadido o computador dela e usado as contas do e-mail e facebook para agredir a Irene. Isso é perfeitamente possível.
(Magali) - Viram só? A gente precisa acreditar na Mônica! Ela nunca faria isso!

Alguém bateu na porta e logo em seguida o professor Rubens voltou-se para a classe.

– Cebola, estão te chamando na diretoria.
– Eeeuuuu?

O rapaz acompanhou a secretária com o corpo tremendo de medo. O que eles iam querer com ele na sala da diretora? Ele não fazia a menor idéia do que estava acontecendo. Ao entrar, ele logo viu que o clima estava tenso. De um lado Mônica com sua cara zangada e furiosa com aquilo tudo. De outro, Irene chorando como criança e tremendo de medo. Ao vê-la tão frágil e desprotegida, ele sentiu uma grande vontade de abraçá-la e protegê-la de tudo. Mesmo que a Mônica fosse inocente, ela era forte o bastante para suportar aquilo sozinha. Já Irene precisava de toda sua proteção.

– Cebola, eu te chamei aqui para esclarecer um pouco toda essa confusão. Ao que parece, o desentendimento dessas duas moças tem a ver com você. É verdade?

O rapaz foi pego de surpresa e ficou sem saber o que responder. Claro que era verdade o fato de ele ser o pivô do conflito entre as duas. Era por causa dele que Mônica tinha ciúme da Irene. O problema era dizer aquilo na frente da Mônica. Ele ia levar uns tapas com certeza!

– Então? – a diretora perguntou novamente esperando a resposta e ele gaguejou.
– É, tipo assim... o negócio é meio complicado, sabe... er...

Vendo como ele hesitava, Irene falou.

– Está vendo? Ele não fala porque tá com medo dela! Ela é muito bruta e vive batendo no pobrezinho a toa!
– Como é? Você me chamou de bruta? Quem você pensa que é? – Mônica falou alto e levantando bruscamente, levando Irene ao choro.
– Tá vendo como ela é? Ninguém pode falar nada que ela vai logo apelando!
– Você chamou minha filha de bruta e acha que ela não deve fazer nada?
– Sua filha fez por merecer! – a mãe da Irene falou em defesa da filha. – Além do mais, ela chamou minha filha de coisa muito pior, então bruta é muito pouco!
– Eu já disse que a Mônica não escreveu nada disso!

A diretora fez silêncio outra vez e pediu ao Cebola que explicasse por que aquelas duas brigavam tanto. Certo, ele não tinha mais saída. Ele não queria mentir nem em favor de uma, nem em favor de outra. Então ele resolveu falar a verdade pura e simples. Sem floreios, sem aumentar nada e sem favorecer nenhuma delas. Apenas expor os fatos para que a diretora julgasse por si mesma.

– Acontece que a Mônica é muito ciumenta e controladora.
– O quê?
– Deixe ele falar, Mônica. – a diretora ordenou.
– Bem, ela nunca gostou que eu fizesse amizade com ninguém de fora da turma. Ela briga comigo até quando eu olho pra outra garota e...
– E você acha ruim comigo até quando eu falo oi pro Toni!
– Não muda de assunto, é diferente!
– Não é não!
– Por favor, Mônica! Se interromper de novo terei que pedir para sair da sala!
– Ora, por acaso minha filha não tem o direito de se defender?
– Tem sim, senhora Luisa, mas primeiro vamos escutar o rapaz!

Mesmo sabendo que corria o risco de apanhar depois, Cebola foi falando sobre as neuras, ciúmes e controle excessivo da Mônica. Ela ouvia tudo sem acreditar que ele estava falando aquelas coisas sem se importar se aquilo ia ou não comprometê-la.

– Sei... acho que já chega. Você pode sair.

Enquanto saia, ela o acompanhou com o olhar magoado. Ele baixou a cabeça para não encará-la e saiu da sala rapidamente.



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