Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 7
Jason É Sequestrado


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus onigiris >w< Tudo bem com vocês? Eu estou muito bem ^u^ O capítulo era para sair ontem, mas minha internet parou Ç^Ç Mas bem, o capítulo está aqui c: Boa leitura ♥



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Depois que eu disse aquilo, Marcela acordou de suas palhaçadas.

– Ah... O quê? O quê você disse, Katrina? – Ela me perguntou como se nada tivesse acontecido.

Eu fiquei sem palavras para expressar o quanto eu queria socá-la.

– Você gosta dele. – Eu afirmei.

– Do Hugo? O quê? Você acha que eu gosto dele? – Ela forçou uma risada. – Nunca... O que você pediu? Pedi uma torta de avelã...

Eu bati na mesa. Marcela pulou da cadeira.

– Você acha que eu sou idiota? Só um cego, ou uma pessoa muito tonta não perceberia que você gosta dele.

Ela suspirou.

– Promete não contar isso a ninguém?

– Tenho cara de fofoqueira, por acaso? – Eu pensei por alguns instantes. – Então quer dizer que o seu tipo... É o tipo habilidoso. Escolheu um cara habilidoso nas mãos, hã? Safadinha.

Ela não entendeu. Ficou com cara de minhoca em galinheiro. Pelo jeito, Lygia estava certa. “A pobrezinha sofre por ser tão inocente”. Ou é muito idiota mesmo.

– Bom, eu acho que Hugo não é o tipo “habilidoso”. Para mim, ele é o tipo príncipe. – Marcela sonhou novamente.

– Tipo príncipe... Prefiro o Lobo mau.

– Por que, Katrina?

– Bom, além de ele te escutar melhor e te enxergar melhor, quando chega o fim do dia ele ainda te come.

Marcela tampou a boca.

– Katrina, que horror! – Ela gritou.

Eu dei risada.

Não sei por que, mas Marcela pediu uma bola de sorvete de chocolate para mim. Ah, qual é. Eu prefiro duas.

Eu acabei de comer e me espreguicei. Havia uma pequena televisão do lado do balcão de pedidos. Não havia reparado nela ainda. Prestei atenção.

Então, uma notícia conseguiu me estranhar.

Ontem às 18h30min da tarde uma ladra fugiu da cadeia. Isadora Lima tem oitenta e três anos de idade e já foi acusada de mais de dezessete crimes. Isadora ainda não foi pega pela polícia. Se você já a viu, não se segure e a denuncie. – Apresentou o jornalista. E então, apareceu a foto de uma velhinha.

Esse mundo está perdido. Eu olhei Marcela. Ela estava cutucando seu prato com o garfo.

– Bom, Marcela... Já que você é rica e vai pagar tudo isso... Eu quero um bolinho de noz.

Ela sorriu.

– Somos amigas, certo? É o mínimo.

– Não, não somos amigas.

– O.k., o.k. – Marcela sorriu.

Marcela ia levantar quando travou completamente. Hugo estava vindo em nossa direção.

– O que eu faço? – Murmurou para mim.

Dei de ombros.

Isso era problema dela, não meu.

– Oi, Marcela. – Ele a cumprimentou quando chegou perto.

– O... Oi... – Ela estremeceu.

Se isso acontece só quando ele fala com ela, imagino quando os dois estiverem fazendo...

Cutucaram-me no ombro, me tirando de pensamentos feios.

Eram dois garotos com espinhas e óculos verdes. Um deles usava uma camisa do Jason. Eu gamei. O outro estava usando uma do Flash.

– Li... Licença... Ahn... Nós poderíamos tirar uma foto sua? – O de camisa do Flash me perguntou. Ele mostrou sua câmera.

Eu sorri.

– Para quê? Sou uma garota decente.

Só disse verdades.

– Não é isso que você está pensando! É que... Nós trabalhamos em uma revista e... Querem fotos de ruivas.

– Bom, só tiro se vocês me derem a camisa do Jason. – apontei para a camisa.

Eles se entreolharam.

– Me desculpe, é que ganhei de aniversário. – Avisou o portador.

– Sem camisa, sem fotos. – Decidi.

– Por favor! Precisamos mesmo! – Imploraram.

– Como disse, sem camisa, sem fotos.

– Katrina, não seja cruel! – Me reprendeu Marcela.

Eu olhei para ela e vi que estava sentada. Provavelmente emburrada.

– Marcela, já disse que se teletransportar não é algo legal. E outra, não se meta nos meus assuntos.

Voltei-me para os garotos. Eles estavam discutindo.

– Murilo, passa para ela. – Disse o garoto com a camisa do Flash.

– Não, Camilo. Ela é autografada pelo próprio ator que fez o Jason!

Quando escutei isso, eu tive vontade de tirá-la a força e sair correndo para casa.

– Você prefere perder o emprego do quê dar uma droga de camisa? – Insistiu Camilo.

Murilo olhou desconfiado para mim. Desconfortável, passou de um pé para o outro.

– Não se preocupe. – Garanti. – Sou uma ótima dona. Cuidarei dessa camisa como se fosse minha filha.

Ele olhou para Camilo.

– O.k...

Murilo tirou a camisa e a dobrou como se deve.

Ele esticou relutante a camisa. Eu a agarrei. Quase chorei de emoção.

– Agora sim, eu tiro essa foto. Se quiserem, eu até beijo vocês. – Sorri e abracei a camisa.

– Sério? – Perguntou Camilo.

– Não. – Passei o rosto de Jason na minha bochecha.

*

Aquilo foi a coisa mais vergonhosa da minha vida. E olha, eu já ajudei a minha mãe a sair de um bar totalmente bêbada. Ela se sentou do lado do mendigo, e ele lhe deu uma moeda de um real.

Mas tá, aquela noite foi legal. Isso não.

Eu estava no meio da calçada na Avenida Paulista, na frente de um painel branco cheio de fotógrafos esquisitos.

As pessoas passavam e algumas paravam para olhar.

O pior de tudo era que Marcela veio junto. Isso é óbvio, aonde a vaca vai, o boi vai atrás.

Eu chamei Camilo para trás de alguns caras.

– Não eram vocês que iriam tirar as fotos? – Eu lhe puxei a orelha.

– Nunca disse isso, senhora Katrina. – Ele gemeu de dor.

– Ah... Então vai tomar no...

– Katrina, vamos! Sua vez! – Me cortou uma mocinha do set de produção.

E olha, não vou mentir. Eu estava até que bonita.

Vestiram-me com vestido preto com bolinhas vermelhas tomara-que-não-caia. Sapatilhas pretas e um laço na cabeça preto. Meu batom era de um vermelho vivo.

Posicionaram-me ao lado de um livro de capa dura dourado. O livro se chamava “Os contos da vovó xereta”. Eu senti uma vontade de rir e chorar. De rir, porque me lembrei de Lúcia. E de chorar porque não dormiria a noite.

– O.k., Katrina! Dê um sorriso e tente expressar: nossa, que barato!

– Não era mais fácil colocar uma etiqueta? – Indagou Marcela.

Eu inevitavelmente concordei.

– Uma ruiva bonitinha é sempre melhor do que uma etiqueta. – Explicou o fotógrafo.

Senti-me ofendida. “Bonitinha” é termo que se usa quando você quer dizer: olha, ela é feia, mas não vamos dizer isso. Diz bonitinha, é mais elegante.

Mas arrastei isso de lado. Peguei o livro e li o nome. Virei para a câmera e abri a boca delicadamente. Para completar, a tampei-mas-não-tampei.

– Isso, Katrina. Agora levanta as sobrancelhas e faz cara de surpresa. – Ele instruiu.

Eu o fiz.

*

Acabamos aquilo ali e eu me joguei em uma cadeira amarela. E então, eu ouvi gritos e vi gente correndo por todos os lados. Pelo que ouvi, uma senhora estava fazendo o caos acontecer.

Então eu soube o quanto eu era burra. Apertei os olhos e prestei atenção naquilo...

Aquela velhinha da lanchonete, com dentes sensíveis e tal, estava... Simplesmente assaltando algumas meninas e passando a mão na bunda dos rapazes.

Eu não me aguentei de rir. Apertei a barriga e encostei fortemente no assento da cadeira.

Mas tudo ficou preto e branco e perdeu a graça. Aquela desgraçada pegou minha bolsa... Bem nos meus pés. E ainda teve a audácia de sair correndo. Não estava preocupada com o meu material, e sim com a minha camisa do Jason.

Aí a galinha torceu a pena. Ou algo assim.

Desembestei e saí correndo. Isso mesmo, com a roupa do set e tudo mais.

Quando estávamos longe do set, eu ganhei velocidade em uma curva. Esbarrei e derrubei alguém. Não pedi desculpas. De todo jeito eu não iria pedir.

Aquela velhinha não mancava mais. Na realidade, para mim era tudo encenação. Ela corria feito... Feito eu.

Nos meus “tempos bons” eu venci três vezes seguidas as corridas de quatrocentos metros. Sabe, aquelas competições entre escolas?

A alcancei com um pouco de dificuldade e agarrei seu ombro esquerdo. A desacelerei e paramos. Ela pensou em fugir, mas a segurei pela gola do vestido e a levantei, a deixando uns quatro centímetros mais alta do que eu.

– Tenha piedade! – Ela gritou. – Tenho apenas oitenta anos, sou muito jovem para morrer!

– Não me venha com encenação para cima de mim não, sua velha! Eu não caio em truques. Aliás, se eu quisesse te jogar no meio da Avenida agora mesmo, eu te jogo. Mas não vou fazer isso. Não hoje. – A coloquei no chão. – Sabe por quê? Porque eu sou um anjo.

– O que você quer, dinheiro, minha cabeça? – Ela bateu os três dentes.

Eu lembrei. A olhei nos olhos.

– Você... Você é a velha de oitenta e três anos que fugiu ontem.

– Só tenho oitenta anos! – Ela gritou. – Sempre erram minha idade.

– Não estou interessada. Agora, cadê minha bolsa?

Ela apontou para o chão.

Minha bolsa preta estava ainda mais preta, se isso era possível. Soltei-me daquela velha e me joguei no chão, para abri-la. Peguei minha camisa e a abracei.

– Está tudo bem agora, meu bebê. – Murmurei para o Jason. – Vamos para casa agora...

– Você fala com uma camisa? – Uma voz ressoou de cima.

Eu levantei a cabeça. Pedro estava com um machucado no rosto, sua roupa estava esfolada e seu cabelo cor de areia estava realmente com areia.

– E eu aqui pensando que estava em uma má situação. – Resmunguei. – E outra coisa... Você está me perseguindo?

Ele riu.

– Não, somente um trator me atropelou ali atrás. Caí em um carrinho de bebê e desci uma rua de tijolos rolando. E esse trator nem ao menos pediu desculpas. Além de bruto, é mal-educado.

Eu dei risada.

– Quando algo maior do que você está vindo, você sai do caminho e não fica ali para tentar enfrentar. – Me levantei e depositei a camisa de volta na bolsa.

Virei-me para a vovó e apontei em sua cara.

– E quanto a você, vou te entregar agora mesmo! A polícia definitivamente irá te pegar e você irá presa. Pedro, telefone. – abanei atrás de mim.

Mas a vovó não estava ligando. Ela olhava vidrada para algo atrás de mim.

Olhei para trás e o único que vi foi Pedro. Olhei para a vovó novamente. Ela estava boquiaberta. Olhei para Pedro. Ele estava mexendo no celular, provavelmente apagando suas fotos indecentes. Olhei para a vovó. Ela estava com cara de boi sonso... Exatamente como Marcela.

Suspirei.

– Não, não brinca.


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Notas finais do capítulo

Olá novamente u-u Ah, uau, fiquei chocada com esse capítulo ASUHSHUAUSHUASHSA E essa vovó, como será que ela irá ficar? Espero que vocês tenham gostado do capítulo u3u Até >w