Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 53
Banheiro = Turnês Internacionais


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal *uu* Por favor, não me matem. UHASUAHSUHAHSA
Bom, todos nós sabemos dessas tretas do Nyah! e tals, e eu, particularmente, achei que o campo onde se escreve o capítulo ficou muito bom! :3
O capítulo está um pouco sem movimento e pá, não sei se está tão bom, mas fiz com carinho!
AAAAH, gente, eu e a Sofi temos uma notícia muito boa para vocês.
Quem aí gosta de anjos? (RESPONDAM!! u-u)
(Não, gente, essa pergunta não tem nada a ver com a fic. HAUSSHSHHUS)
Mas, é isso. A Katrina tá fofinha nesse capítulo (nem tanto assim), e o Pedro... Pois é, né? UHUHSHUS
Espero meeeesmo que vocês gostem,
Boa Leitura! ♥



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Eu tive um pesadelo.

Eu estava caindo.

Caindo, caindo e caindo do céu. Os aviões passavam por mim, e os passageiros faziam “tchau”, acenando alegremente pelas janelas.

Uma piscina estava me esperando lá embaixo. Gritei quando estava a poucos centímetros e…

Acordei com um pulo fenomenal no colchão. O rádio-despertador de Jonas avisava que eram oito da manhã. Apalpei o acolchoado e me sentei na cama, fazendo com que a alça da minha camisola caísse dos meus ombros.

Olhei em minha volta.

A barraca enorme de Marcela estava vazia, além da voz do locutor em algum lugar. O Sol provavelmente estava torrando miolos, pois as gotas de suor que estavam em meus braços não poderiam significar outra coisa.

Esfreguei meus olhos e me espreguicei, bocejando.

Cocei minha nuca e olhei mais uma vez ao redor. Me recusava a levantar, tomar café-da-manhã e tomar banho.

Essa era uma atividade muito frustante quando se é um bicho-preguiça.

Me joguei novamente no acolchoado e fiquei encarando o teto da barraca, ao mesmo tempo em que coçava minha perna.

The Scientist” tocava no rádio.

Adorava aquela música. Principalmente no final, quando mostra a cena do carro batendo e a moça morta.

Pois é, né.

A música do nada parou, e o “ta na na na, ta na na na” começou a tocar de novo.

Enterrei minha cabeça no travesseiro e mordi a fronha, descrente que eu deveria me levantar e desligar o aparelho. Então eu decidi esperar ele desistir de tocar e parar de uma vez.

Lembro-me que fechei os olhos e dormi mais alguns segundos, mas o despertador continuou a tocar. Já estava amaldiçoando todos, quando eu finalmente me levantei e me arrastei até a escrivaninha, e quando peguei o rádio-despertador na mão, ele parou de tocar.

Uma raiva incandescente tomou conta do meu corpo, e eu apertei com força o aparelho entre meus dedos.

Me virei para o zíper logo ao meu lado e o abaixei, saindo da barraca e encarando aquela imensidão azul e brilhante que era aquele lago.

Dei quatro passos para frente e coloquei o rádio-despertador ali na grama. Voltei os quatro passos e corri, dando um chute naquele aparelho chato.

I believe I can fly!” Tocava alegremente enquanto o rádio voava e planava, caindo com um “splash!” na água, uns cinquenta metros de distância.

Foi aí que eu percebi que vários barcos de canoagem passavam por mim, com garotos cantando alegremente no ritmo de uma música desconhecida.

– Belo chute. - Alguém disse atrás de mim.

Pulei por conta do susto que tomei, e me virei rapidamente para encarar aquela figura.

Pedro estava sentado em uma cadeira de plástico branca, com um boné preto, uma camisa branca com escritas em vermelho dizendo: “Beba até me querer”, uma calça jeans e tênis. Ele estava lendo um livro, mas parou para me olhar.

Bufei e lancei minhas mãos para a cintura.

– O que faz aqui?

Ele sorriu.

– Montando guarda.

Quando reparei direito nele, percebi que seu braço não estava mais com o gesso. Pisquei e apontei para ele.

– O que aconteceu com o seu braço?

Ele olhou de relance para o próprio braço e depois olhou para mim.

– Os meninos jogaram farinha dentro do gesso enquanto eu dormia. O retirei hoje de manhã. - Ele deu de ombros. - Ia retirá-lo segunda-feira, de qualquer jeito.

Fiz um “hum-hum” involuntário e de repente, percebi o motivo dele estar ali.

– O que está fazendo aqui, mesmo?

Ele piscou.

– Ficando de guarda.

– Posso saber o por quê?

Ele repousou o livro sobre as pernas e sorriu para mim.

– Marcela e Jonas saíram para dar uma voltinha nos barcos em forma de pato no lago.

– E?

– E… Você estava sozinha numa barraca gigante. Cheia de pertences.

Pisquei.

– Se alguém tentasse furtar algo, eu lhe daria um murro. - Eu disse, simplesmente, não vendo o porquê daquilo.

Ele suspirou.

– Você estava dormindo. Eu entrei duas vezes dentro da barraca para ver se você estava bem, te revirei no acolchoado por causa de seu pescoço, que estava de mal jeito, e você só resmungou alguma coisa. Você dormindo e nada é a mesma coisa. - Ele voltou sua atenção para o livro. - E Marcela me pagou dez reais.

Dei de ombros.

– É, tem razão. Faria qualquer coisa por dez reais.

Então Pedro encarou, parecendo preocupado, minha marca de queimadura na perna. Sua sobrancelha levantou e ele viajou com o olhar naquela região. Um meio sorriso se formou em seus lábios.

Abaixei a barra da camisola e o fulminei com o olhar.

– Já disse para você não me tentar com essa camisola. - Ele falou, presunçosamente.

– Cale-se! - Gritei e corri barraca adentro.

Fiquei de joelhos e investiguei minhas roupas que ainda estavam na minha mala.

Me surpreendi com as peças que Jonas havia deixado, afinal, não era a cara dele colocar minhas roupas preferidas ali dentro.

Então, em um piscar de olhos, Pedro entrou na barraca e se sentou no colchão que eu estava dormindo. Ele pegou a revista de moda feminina de Marcela que estava no chão e começou a folheá-la, observando com atenção os vestidos. Sua expressão era de curiosidade e de indagação.

– Pedro… - Comecei, o olhando. - Eu vou me trocar.

Ele tirou seus olhos da revista por alguns instantes e olhou para mim, sério.

– Eu sei. Sinta-se à vontade e finja que eu não estou aqui. - Ele falou, voltando seu olhar para a revista e abanando na minha direção. - Aliás… O que diabos é isso? - Ele falou, mostrando a revista e apontando para um espartilho.

– Um espartilho. Mas…

Ele assentiu.

– Não é aquilo que vocês usam para ficar magras? Acho uma besteira. As garotas são todas lindas, só que ainda não sabem disso. Li uma vez que esse troço machuca para caramba. Vocês, garotas, são extremamente assustadoras.

– Pedro… O quê? - Indaguei, rindo.

Ele deu risada e jogou a revista de qualquer jeito no chão, levantando, afangado meus cabelos e saindo da barraca.

Juntei as sobrancelhas, rindo, e voltei minha atenção às roupas.

*

Coloquei um short de ginástica - aqueles bem soltinhos e confortáveis - preto, tênis e uma camisa regata com estampa de gatos. Só que os gatos estão com as tripas de fora, e os olhos esbugalhados, vermelhos.

Prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo firme e comportado, e saí da barraca.

Pedro estava falando com duas garotas, que enrolavam o cabelo, obviamente fazendo charme. Pedro assentia e balançava a cabeça como se dissesse: “Eu sei, agora vá embora, por favor, vadias.

Quando eu cheguei perto, a conversa já estava no final.

As garotas me olharam com desdém, e eu sorri.

– Sei que é uma pergunta indiscreta, mas qual o tamanho do seu bojo? - Perguntei, apontando para uma loira enrugada. - Estou querendo um desses para usar com fruteira.

Ela fez um ‘Hum!’ e saiu de perto, resmungando.

– Pedro, pense no assunto! - A outra disse, e correu de encontro com a loira enrugada.

Olhei para Pedro.

– De nada. E aliás, pensar no quê?

Ele olhou para mim.

– Querem que eu entre no grupo deles.

Pisquei.

– Grupo?

Ele sorriu e ajeitou o boné.

– Sim, grupo. Acampamento, atividades, jogos… Prêmios? Essas palavras estão ligadas, Katrina. Agora vem, vamos tomar o café. - Ele disse, arqueando as sobrancelhas e andando em direção à estrada, que ficava um pouco longe.

Pisquei, um pouco confusa, mas corri em sua direção, andando lado-a-lado com ele.

*

Depois daquele acontecido, me explicaram bem a situação.

Vários tiozinhos iriam “montar guarda” nas nossas barracas enquanto nós comíamos, e fazíamos outras atividades.

Iniciativa legal, eu admito.

Eu, Pedro e mais uns dez alunos fomos de jeep até o centro, onde aquela casa espaçosa estava.

Incrivelmente do nada, várias mesas enormes com mais de cem lugares estavam dispostas, no meio de tudo. Os alunos comiam felizes, saltitantes e alguns estavam fazendo guerrinha de comida.

Eu, particularmente, queria me juntar à eles. Porém, achei que seria um pouco vergonhoso uma garota do ensino médio brincar de guerrinha de comida com gente da quinta série.

Nos sentamos na mesa cinco, onde estava quase vazia, exceto por nerds brincando de cartinhas.

Em nossa frente, pudim e bolo de cenoura estavam dispostos em vasilhas bonitinhas de acrílico verde.

Peguei um prato de plástico e um garfo também de plástico, e espetei o bolo, enquanto Pedro fazia o mesmo, só que no pudim.

O bolo estava incrivelmente enjoativo, então eu só comi quatro pedaços. Coloquei bastante calda em cada pedaço, fazendo com que eles ficassem bem doces.

Peguei o refrigerante de laranja e despejei no meu copo de vidro, o bebericando logo depois. Fiquei observando enquanto Pedro batalhava com o garfo de plástico, tentando espetar o pudim. Três a zero para o garfo. As cerdas quebraram e ficaram dentro do doce, enquanto o cabo saiu em sua mão.

Ri. Peguei um novo garfo e lhe dei. Quando Pedro o pegou, eu lhe instruí.

– Faz assim... - Eu disse, pegando na mão dele e a apertando em volta do garfo. Empurrei a sua mão, e o garfo foi para baixo do pedaço de pudim. - E agora… - Peguei seu pulso e o fiz equilibrar o doce com facilidade, e ele enfiou o garfo na boca. Sorri, vitoriosa. - Muitos anos acostumada com o garfo da escola dá nisso.

Pedro fez uma cara engraçada enquanto mastigava, como se tivesse gostado disso. Juntei as sobrancelhas. Peguei meu garfo e apontei para ele.

– Qual é dessa cara presunçosa?

Ele riu e deu de ombros, como se fosse inocente.

– Que cara? Paranóica.

Ri e comi o bolo, observando todos a nossa volta.

Percebi, também, que os garotos jogando cartas me observavam, e quando viram que eu os olhava, voltaram sua atenção ao jogo. Risadinhas e sorrisos se formaram ali.

Então, um gordinho e um espinhento começaram a conversar. Eles apontavam para mim, e balançavam a cabeça em negativa freneticamente.

– Vai você! - O gordinho disse, empurrando o outro no ombro.

– Não, vai você! - O outro rebateu, me olhando.

Os dois começaram a cochichar, e o gordinho tomou coragem e veio na minha direção. Ele se sentou ao meu lado e esticou sua mão esquerda, que estava com um pedaço de bolo de morango em um prato azul. Ele estava trêmulo.

– Você… - Ele começou. - Poderia fazer uma cara de pura adoração enquanto come isso? - Ele mexeu o prato.

Os garotos pegaram uma câmera de Nárnia e apontaram para mim.

Pisquei, completamente confusa.

– Por que eu faria isso?

Ele piscou, parecendo nervoso.

– Você parece a Erza.

Fiquei mais perdida do que filho da puta em dia das mães.

– Quem?

Ele piscou, parecendo cético que eu não saiba da existência dessa pessoa.

– Você está brincando comigo, certo?

– Você acha que eu esteja brincando? Óbvio que não, otário.

Ele riu, completamente eufórico.

– Pode dizer: “Você não morre pelos seus amigos, você vive por eles”, para a câmera? - Ele apontou para o seu amigo espinhento, que estava com um celular em mãos.

Já vi tudo.

Vão me obrigar a fazer cosplay. De novo. Sério.

Já me pagaram cem reais para que eu fizesse um cosplay daquela tal… Kasane Teto. Acredite, é horrível colocar uma saia cheia de “frufru”. Pelo menos descolei cem conto.

Olhei, vacilante para Pedro, que conversava com um amigo na mesa ao lado. Me levantei com dificuldade do banco e estiquei minha mão, apertando suas bochechas, e o virando para encarar o gordinho.

Eu sabia que não iria me livrar dessa tão cedo. Porém, na hora da dificuldade, use o italiano.

– Então, querido. - Eu sorri angelicalmente para ele. - Esse aqui é o Pedro… E ele se parece com… Com o… O coisinho, lá. Lembra?

Pedro me olhou com cara de perdido, mas eu continuei a apertar suas bochechas.

O grupo inteiro olhou para o coitado. Sobrancelhas se levantaram.

– Tamaki! - Gritaram e apontaram para ele.

Soltei as bochechas dele e bati palmas.

– Esse mesmo! O… O coisinho aí. - Fui me afastando, até estar a certa distância deles. - Ele é todo de vocês!

– Katrina! - Pedro gritou, me jogando um sorriso, depois um olhar do gênero: “você me paga, cretina”.

Mas logo ele sumiu no meio do grupo de nerds.

Ri histericamente e fui me afastando em direção ao banheiro, feliz com alguma coisa que eu não sabia ao certo.

*

Assim como todo mundo, eu fui tomar banho. Mas havia um pequeno problema: eu não tinha toalha, sabonete e uma calcinha - de preferência uma de bolinhas, porque eu amo calcinhas de bolinhas. E furtar alguma dessas coisas não estava na minha lista de desejos.

Me levantei e encarei aquele mar de meninas semi nuas entrando nas cabines, ficando de pé no banco de madeira que estava no meio do banheiro, e gritei:

– Alguém tem um celular para me emprestar?

Mas, a minha fama é meio precária, então nenhuma alma viva se manifestou. Algumas olharam para mim, como se estivessem pedindo desculpas, outras apenas me ignoravam e iam tomar banho.

Bufei e bati na minha perna.

– Isso só prova que vocês são pobres! Nem celular vocês têm!

Uma menina que estava sentada no banquinho, depilando as pernas riu sozinha, olhando para mim.

– Você também não tem.

Olhei, com raiva, para ela. Estiquei minha mão na frente de sua cara e revirei os olhos.

– Fica na sua que ninguém te chamou, mina.

Ela riu e olhou para os lados. Seus cabelos eram incrivelmente marrons e ralos, deixando ela velha. Tinhas pintinhas por toda sua perna branca, e olhou de novo para mim.

– Você conhece alguém que tenha celular?

Assenti.

– Conheço. Mas não estão aqui. Por que, se estivessem, você acha mesmo que eu iria fazer essa fuá todo?

Ela sorriu.

– Estou me referindo à garotas e garotos. Garotos não entram aqui, esqueceu?

Juro que ouvi a risada de Jonas ao longe.

Assenti e pensei por um instante.

Quem é garoto, tem um celular e provavelmente teria a bondade de me emprestá-lo? Em minha lista mentalmente construída e elaborada, não há ninguém em sã consciência que faria isso.

Apenas loucos…

Já pensei em alguém.

Desci do banco e dei um tapinha nas costas da garota, saindo daquele mar de gente logo depois. Me espremi para sair do banheiro feminino, e, lá do outro lado das mesas estava localizado o banheiro masculino. Pelo menos o banheiro externo.

Não dei outra.

Soube por meios ocultos - Jonas - que o horário de banho dos meninos seria logo depois do horário das meninas.

Antes de entrar lá, me informei com uma garota que Pedro tomou um banho de suco de uva daqueles nerds imprestáveis, logo depois deles sacaram que o coitado não fazia cosplay. Por isso, estava tomando banho no banheiro de fora.

Aproveitei e entrei lá dentro sem vergonha nenhuma.

O banheiro dos meninos era idêntico ao das meninas. Várias cabines e um banco de madeira no meio.

Uma cabine estava com som de água, e saia fumaça dali.

Uma muda de roupas estava em cima do banco - uma camisa vermelha, uma cueca azul marinho e um short branco.

Me aproximei da cabine e bati de leve no vidro, que estava completamente embaçado - sorte a minha.

Pedro surgiu dali, com a cabeça aparecendo por cima do vidro, e sorriu quando me viu.

– Olá.

– Oi.

– O que faz aqui?

Ele fechou o registro, e pegou uma toalha que estava na parede em seu lado esquerdo.

Ele se enxugou parcialmente e enrolou a toalha em volta da cintura, saindo dali descalço.

Dei espaço para ele sair, e pude ver com claridade a cicatriz em seu braço direito, bem no cotovelo.

– Você tem um celular para me emprestar? - Perguntei.

Ele olhou para mim e fez cara de chateado.

– Não tenho. Aqui não. Desculpe.

Fiquei olhando sua cicatriz, e a curiosidade era maior do que a discrição.

– Pedro… Por que você quebrou o braço, mesmo?

Ele deu um riso discreto e fez sinal para que eu me virasse, para que ele pudesse se trocar.

Me virei e fiquei fitando o nada.

– Eu saí. - Ele disse, simplesmente.

Pisquei.

– Saiu do quê?

– Do grupo de marginais que aquele pessoal estava virando.

Levantei uma sobrancelha.

– Aquele lance da gangue… Era verdade? Gente.

O ouvi dar um sorriso.

– Bem, sim. Saí porque… Eu estou andando demais com você e a sua família. Não quero colocá-los em riscos.

Passei a mão no braço, timidamente agradecida.

– Mas… O que isso tem a ver com o braço?

– Meu braço era um aviso. Se eu contar para alguém sobre a localização deles… Já sabe.

Não acreditei naquilo, e me virei brutamente para ele, completamente estupefata.

Mas… Hã… Ele estava só de cueca. De novo eu vi seu corpo mais do que necessário.

Ele abriu um sorriso presunçoso.

– Não disse para se virar ainda.

Me virei novamente, dessa vez ciente do que eu estava fazendo ali.

Porque…

Eu + Pedro + sozinhos = lascou para mim, se é que alguém me entende nessa porcaria.

– Hã… Já que eu não tenho mais nada para fazer aqui… Já me vou. - Me despedi.

Dei três passos antes que ele pegasse a minha mão.

Pior erro.

Ele é tão quente, e eu, sou tão fria.

Um choque inexplicável percorreu minha mão e a dele, me fazendo soltar um grito. Ele me largou quase que imediatamente.

Balancei minha mão, cética do que havia ocorrido. Ele também estava atônito, com a mesma dor que eu. Fui me afastando, e ele veio atrás.

– Katrina, calma. - Ele disse, me tocando no ombro.

Outro choque me percorreu, dessa vez no ombro, e soltei mais um grito. Ele sentiu de novo os dedos, e nós dois ficamos nos encarando, ambos com dor.

Estiquei meus dedos indicador e médio, dando um cutucão em seu peito desnudo. Ele riu enquanto soltava um grunhido.

– Chega. - Ele grunhiu.

Fiquei o cutucando, e ele ficava se encolhendo.

– Não estou fazendo nada. - Brinquei, lhe dando outro cutucão.

Pedro riu, e me deu um bem na barriga, me fazendo cócegas e ao mesmo tempo dor.

Ficamos um pouco S&M, admito. Mas aquilo foi divertido.

Paramos de fazer idiotices quando eu botei um fim. Precisava de foco. Foco para achar um celular.

Já estava quase indo embora quando um toque peculiar invadiu o banheiro.

Um toque de celular.

Pedro fez uma cara engraçada, como se estivesse se sentindo culpado, e enfiou a mão no bolso, tirando dali um celular.

Cruzei os braços e tentei olhar feio para ele. Mas tudo o que saiu foi um meio sorriso.

Não dá para odiá-lo.

– Alô? - Ele atendeu. - Ah, oi. Hum-hum. Estou aí em uns vinte minutos. Você sabe que a minha participação é completamente desnecessária, não sabe? - Ele revirou os olhos. - Nossa, quanto drama. Tá bom… Tá, tchau.

Ele desligou e me olhou como se estivesse se desculpando. Me deu o celular sem cerimônia e eu sorri.

– Não tem vergonha nessa cara, não? Mentir para mim é feio, moço.

– Desculpe, senhorita Katrina. - Ele brincou. - Pensei que eu havia deixado o celular lá na barraca.

Fiz um “hum” e comecei a digitar.

Oxigenada, trate de trazer uma toalha, calcinha, meu sabonete (aquele de ervas) e um absorvente para mim. E traz rápidoo! Espero-te no banheiro feminino.

Ass: Katrina.

Antes de enviar, Pedro xeretou a mensagem.

– Que linguagem formal. - Ele elogiou. - Isso que dá você ser velha.

Comecei a rir e enviei a mensagem.

Pedro pegou o celular, e, quando ele se virou, quase tive um colapso.

O buraco onde a bala tinha entrado naquela vez, estava meio-aberto. Não estava sangrando, mas ainda estava horrível.

Dei um grito de desespero, e Pedro deu um pulo, completamente atônito.

– O que foi? - Ele perguntou.

– A… A… - Só que não saía. - O… O… Buraco.

Ele arregalou os olhos.

– Ah, aquilo. Katrina… Não fique assustada. - Seus ombros relaxaram, e um sorriso compreensivo lhe tomou os lábios. - Por favor, ruiva… Não fique assustada.

Ruiva”, meu avô me chamava assim. Provavelmente ele está no inferno gritando: imprestáveis! Tomara que morram de tuberculose! Vão se ferrar! E rindo histericamente.

Fiquei mais calma. Ah, o.k. Eu fiquei mais calma.

Eu já sabia que eu gostava dele - isso ainda me dava cócegas nos rins - mas… Era algo muito maior do que gostar. Era estranho. Uma sensação muito estranha, como se “gostar”, fosse algo errado - não, extremamente pobre, em comparação ao sentimento que eu sentia por ele.

Mas eu ainda estava confusa demais para qualquer afirmação.

Eu ainda era uma bagunça. Não o merecia, de qualquer forma.

Dei alguns passos para trás, fingindo compreensão.

– Tudo bem. É que o choque inicial me deu um susto. Te vejo mais tarde? - Perguntei.

– Ah, sim… Você vai ver as competições?

– Vou sim… Até mais tarde.

Fui sorrindo e saí do banheiro sem olhá-lo. Meus batimentos cardíacos estavam um pouco fora do comum, e eu não gostava daquilo.

*

Encontrei com Marcela no banheiro feminino, assim como o previsto, e ela trouxe as minhas coisas.

– Valeu, oxigenada. Te devo uma. - Sorri para ela.

O banheiro já estava quase vazio, além de mim e outras três garotas que ocupavam as cabines.

Marcela sorriu e cruzou as pernas em cima do banco.

– Vá lá, tome um banho.

Sorri e entrei na cabine.

Eu não gosto de tomar banho em cabines públicas por três motivos:

Os cabelos colados nos azulejos não são ruivos; tem objetos não identificados no ralo, como um tufo de cabelo… Preto; não posso fazer turnês internacionais.

A água estava quentinha e o barulho do chuveiro me acalmava. O vidro da cabine estava todo embaçado, e a única coisa minha visível eram os meus pés.

Depois de alguns rápidos minutos, saí dali já vestida e me senti trezentos mil anos mais jovem.

Me sentei no banco e arrumei a meia, calçando o tênis.

Marcela mexia em seu celular, e sorriu quando um barulhinho reluziu dali.

– Katrina… As competições vão começar. Estou ansiosa, e você?

– Tanto faz. - Resmunguei. - Se ninguém quebrar o pescoço, não vai ter graça.

Ela sorriu.

– Dizem que os prêmios variam diante da competição. A primeira vai ser um jogo de queima, e você ganha… - Ela fuçou mais alguma coisa. - Qualquer filme, DVD ou camiseta que quiser. Tem várias.

– O Massacre da Serra Elétrica tem? - Perguntei, agora interessada.

– Hum-hum. Tem uma máscara de hóquei, todos os filmes em HD e uma miniatura do Jason. - Ela suspirou. - Já estou vendo que você vai part-

– Que os jogos comecem, Marcela! - Gritei, agora correndo em direção à porta do banheiro.

O.k., isso será interessante.


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Notas finais do capítulo

Oi, oi. *u*
E aí, gostaram do capítulo? *0* Eu achei que ficou grandinho... Mas, vocês gostam, né? HUSUHSAUSAHUSA
Gente, sobre a mensagem subliminar esses dias, revejam a frase do Pedro para a Katrina. Pensem. UHSAUHASHUASHAHUAS
Respondam a perguntinha que eu fiz lá em cima, é importante. Alguns onigiris já sacaram o que está rolando, outros não. Maas, respondam. ASUHSAUSUAHAS
Queridos, eu espero que vocês tenham gostado,
Comentem bastante!