Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 48
Pinguins Não Gostam de Mim


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
Desculpem a demora, é que minha inspiração está muuuuito escassa Ç^Ç ~chora no cantinho
Não sei se esse fim de semana haverá capítulo, é que eu tenho que ir lá para a casa da minha avó, então não posso escrever u-u Mas terça, eu acho que tem. SAUSHAHUASHUSAUH
Acabou as fotos dos personagens? (esquecida, oi) UHASUHSAHUASHU Se não acabou ainda, me avisem nos comentários!
Gente, o capítulo tá tenso... Muito tenso. AUSHHUASHUAS
Mas espero que vocês gostem,
Boa Leitura ♥



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Encarei os meninos quando chegamos à porta da minha casa.

Todos estavam em silêncio, um pouco desconcertados. Já era de noite, e a minha casa era uma das únicas que ainda estava iluminada. O céu estava cheio de estrelas e de nuvens escurecidas por conta da poluição.

Os sons de buzinas de carros e de latidos enchiam a noite.

Olhei para Jonas.

- Você vai sair, ou eu tenho que te empurrar junto com a porta? – Eu disse.

Ele revirou os olhos e abriu a porta.

- Até amanhã, rapazes. – Ele se despediu.

Jonas saiu do carro e Marcela também abriu a porta. Eu me arrastei até a beiradinha do banco e saí do carro.

Pedro sorriu para mim.

- Tenha uma boa-noite, megera. Sonha comigo. – Ele riu.

Ri.

- Se eu sonhar com você, não vai ser uma boa-noite. Prefiro sonhar com girafas canibais.

Ele riu timidamente.

- Te vejo amanhã?

- Claro. Dádiva para poucos. Tchau.

Saí de perto do carro pisando duro e quase caí dentro da piscina quando escorreguei em uma poça de água.

Recuperei-me e entre em casa como se nada tivesse acontecido – uma das minhas especialidades.

Eu encontrei uma Marcela totalmente corada, com as mãos no rosto, parecendo envergonhada. Ela estava na companhia de Jonas, que dava pulinhos histéricos enquanto batia palmas. Mamãe e Isadora estavam ao seu lado, com a mão no ombro dela.

Pisquei ao ver que Hércules caçava o próprio rabo, e que Camila estava chupando um pêssego com uma vontade tensa. Ela comia como se dissesse: "Foda-se a Marcela, foda-se todo mundo! Agora é eu e esse pêssego gostoso."

- Alguém me explica o que tá acontecendo? – Eu disse.

Todo mundo olhou para mim.

- Marcela finalmente ficou... “Livre”. – Jonas disse, rindo.

- Esclareceu tudo, obrigada. – Resmunguei.

Fui andando até o sofá, mas mamãe disse:

- Ela está apaixonada.

Tropecei na capa do sofá enquanto engasgava, totalmente perplexa.

Caí de cara na almofada e consegui reviver, ficando de joelhos e apoiando os cotovelos sobre o encosto do sofá.

- Me diz que é por alguém decente. – Eu juntei as mãos, em forma de reza.

- Pelo Derek. – Todos disseram.

Me joguei no sofá, incrédula.

- Meu Deus. O mundo tá perdido.

*

Eu estava pegando minha camisola no guarda-roupa para ir dormir. Mas, antes disso acontecer, fui abordada por Hércules, que pulou na minha cama. A Lua lançava raios de luz em direção ao acolchoado, e eles pareciam ficar presos nos pelos negros e lisos de Hércules.

Ele se sentou e me fitou por vários segundos. Os olhos de Hércules estavam mais claros, e sua postura era de um cão desleixado.

Ri.

- Nossa, cara. Você tá parecendo cada vez mais comigo. – Eu joguei uma camisa minha na cara dele.

Ele fez um som estranho de cachorro e cheirou a camisa. Depois a coitada perdeu o interesse e ele voltou a olhar para mim.

Vesti rapidamente a camisola e pulei o colchão vazio de Marcela, me jogando na minha cama. Ele me contornou, ficando em cima de mim. Hércules deitou a cabeça na minha barriga e fez alguns sons melancólicos.

Ele esfregou seu focinho na minha pele do braço e me olhou, cheio de tristeza.

Afaguei sua cabeça.

- Teve um dia ruim? Eu tive um dia bom. Tiveram tretas, bolo, treta, filme de terror, balão mágico, treta... Hortelã.

Ele esfregou a cabeça na minha barriga. Hércules começou a emitir sons, como se quisesse dizer algo. Na realidade, nós estávamos conversando.

Uma conversa meio diferente, admito. Pessoas diferentes costumam ter conversas diferentes... Que quando juntas, formam algo semelhante. Acho que o tipo de conversa que tivemos foi mais ou menos uma troca de olhares significativa.

Acredite, os olhos falam mais do que a boca. Um olhar, e dá para entender tudo.

E nesse instante, os olhos de Hércules diziam: eu estou preocupado com você. Ou, me dá ração, please.

*

Tive um sonho estranho, como de costume.

Eu estava sentada em um barco de madeira, completamente sozinha no meio da imensidão azul que é o oceano. Não havia peixes, sons, ou vento. Apenas eu e um barco de madeira.

Um nevoeiro desgraçado começou a surgir do nada, o que deixou minha visão completamente tampada.

Então, como se fosse a coisa mais normal do mundo, um bloco de gelo fino surgiu na minha frente, boiando na água. Uma forma preta e pequenina estava ali, sumindo e voltando a aparecer por conta do nevoeiro.

Apertei os olhos, tentando ver o que era. Levantei-me e andei com vacilo até a proa. Eu me apoiei na madeira que estava sobressalente em relação ao barco. Inclinei-me e percebi que o bloco se aproximava cada vez mais.

Ele bateu devagarzinho na proa e se estabilizou.

Foi aí que eu vi o que era aquilo.

Um pinguim.

Mas não era um pinguim normal, como todos os outros. Ele estava com um chapéu de festa, um paletó preto com gravata de bolinhas e uma mala de couro. Além de um bigode super-charmoso.

O pinguim suspirou, como se estivesse cansado de fazer aquilo. Ele colocou a mala no chão, e a abriu. De lá, ele tirou uma arma.

Eu arregalei os olhos, completamente perplexa. Ele apontou a arma para mim e apertou o gatilho.

Gritei, assustada. Mas de vez de uma bala, saiu água.

Ele começou a atirar, atirar, atirar e atirar água em mim. Eu já estava ficando com o nariz completamente entupido. Quando eu já estava ensopa, ele parou de atirar e guardou a arma de volta na mala. A fechou e me fitou.

- Boa-sorte amanhã. Você irá precisar. E Katrina, leia o bilhete que você tinha feito para... Você mesma. Ele terá várias respostas. 

E aí eu senti baba na minha bochecha.

Pisquei várias vezes até me acostumar com a claridade que invadia o meu quarto. Hércules me lambia na bochecha, enquanto o despertador fazia o trabalho dele.

Marcela ainda estava dormindo, e eu me sentei na cama, empurrando Hércules. Eu me segurei nele para não cair, e me levantei.

Ele mordeu a barra da minha camisola, me puxando de volta para a cama.

O fitei.

- Não. – Eu disse, apontando para ele. Hércules avançou o focinho na minha direção, lambendo meu queixo. – Sei que eu sou alguém que você tem vontade de dormir todas as noites, mas isso é abuso.

Marcela jogou o travesseiro na nossa cara.

- Calem a boca. Estou tentando dormir.

Ri e apontei para ela.

- Hércules, lambe ela. – Eu o empurrei.

Ele simplesmente ficou em cima da Marcela, lambendo o pescoço da coitada. Ela começou a rir desesperadamente e a se chacoalhar, tentando se livrar da língua gelada e áspera em sua nuca.

Sorri e me levantei. Andei até o guarda-roupa, e uma forte dor repentina na cabeça me atacou. Cambaleei e me apoiei no puxador preto. Fechei os olhos com força, tentando chutar a filha da mãe para longe de mim.

Quando a dor passou, abri novamente os olhos, e peguei meu uniforme normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Eu estava com uma sensação horrível no estômago, como se algo de muito ruim estivesse prestes a acontecer.

Me vesti o mais rapidamente possível e andei até a porta do quarto.

Hércules passou pelas minhas pernas que nem um raio e parou na frente da porta. O encarei por alguns segundos.

A melancolia em seus olhos não havia diminuído nada, e ele parecia ainda mais preocupado.

Lancei minhas mãos para a cintura.

- Hércules... Você está assim desde ontem. O que está acontecendo, cara? Me diz que não é aquela cadelinha na ponta da rua... A tal de Belinha. Ela não te merece, cara. 

- Katrina... Você está bem? – Marcela me perguntou com um riso de puro ceticismo nos lábios.

A fitei.

- É claro que estou... Nunca conversou com cachorros, antes? Posso te dizer que é muito melhor do que conversar com muita gente por aí.

Ela riu baixinho.

- Você é doida.

Você nem viu nada ainda.

*

Desci a escada com Hércules no meu pé. Cachorro infeliz, mesmo.

Comi três pedaços – generosos – de torta de maçã, uma torta que eu achei ruim. Mas mesmo assim comi, porquê... Porque eu sou a Katrina.

Escovei os dentes e penteei o cabelo, que estava um caco. Meu mal-estar não passou nem um pouquinho, e a minha cabeça estava ardendo. A má sensação me dominava e eu não queria sair de casa. Acho que mergulhar minha cabeça na lava seria uma delícia comparada com o ardor que eu estava sentindo. 

Saí do banheiro e Jonas entrou, com gel até nas orelhas. Fiquei meio perplexa, mas consegui andar até a cozinha. Quando cheguei lá, vi que Isadora fazia palavras cruzadas enquanto alimentava Camila com uma mistura de bolacha salgada, leite e café.

Eu já estava completamente pronta e só faltava achar meu estojo, que pelo visto, foi parar lá na puta que pariu.

O procurei pela casa inteira. Até lá fora eu procurei. Mas nada de estojo.

Eu estava quase pisando em casa quando eu senti minha cabeça estourar. Coloquei as mãos na testa e me agachei, quase impossibilitada de andar.

A última vez que eu senti isso foi há muito tempo. Uns três anos.

Senti uma mão embaixo do meu braço, depois ela conseguiu me levantar. A pessoa me virou com uma habilidade e força incríveis e eu me apoiei em seus ombros. Apertei os olhos e vi órbitas negras me encararem, cheias de preocupação.

- Katrina, tudo bem? – Pedro me disse, inclinando a cabeça.

- Nossa, claro. Estou tão bem que eu vou dançar.

Ele riu enquanto olhava nos meus olhos.

- É melhor você não ir à escola hoje. – Ele encostou sua testa na minha. Depois de alguns segundos, ele chegou a uma conclusão. – Você está ardendo em febre.

Ri.

- No dia em que uma febre me vencer, pode chamar o padre.

Pedro sorriu docemente.

- Me fala se você estiver se sentindo mal. Eu vou lá e te levo para casa.

Assenti.

- Me leva como? De jegue?

Ele riu.

- Se for preciso, até com um jegue, mas eu te levo.

Minha tontura e dor de cabeça passaram momentaneamente. Me afastei alguns passos de Pedro e segurei seu braço como garantia que eu não iria cair. Assim que eu tive a certeza que não iria beijar o chão, me soltei dele. 

Respirei fundo, e quando minha visão realmente voltou, pude ver que seus machucados do dia anterior tinham sido tapados com band-aids. Seu punho bom tinha sido enfaixado e sua boca estava com pequenas gotas de sangue. Seu braço bom estava todo cheio de esparadrapo, e eu tive a certeza que sob o pano havia machucados ferozes. 

- Algo errado? – Ele perguntou.

Balancei a cabeça em negativa.

- Nada, por quê?

- Você está me olhando com um “Q” de curiosidade. Estranho, não?

Pisquei.

- Por que eu não posso ficar curiosa?

- Porque não seria você... “Não estou nem aí para você. Quero que morra”. – Ele imitou minha voz com fracasso. – Ou algo assim.

Eu ia xingá-lo de qualquer coisa, mas algo perturbador retirou minha atenção.

Valentina saiu da casa de Pedro com uma saia que mais parecia ser uma calcinha. Ela estava com uma regata bem abusada, e os seus seios tinham aumentado “misteriosamente”. E olha que o tempo nem estava tão quente. Tudo, obviamente era para chamar a atenção do coitado na minha frente.

Ela agarrou o braço de Pedro e ele levou um susto, não esperando esse comportamento de sua amiguinha lá da Itália, até então, “inocente”.

Isso, por alguma razão, embrulhou o meu estômago de uma maneira deplorável. Eu poderia não fazer nada. Simplesmente dar meia volta e procurar meu estojo com uma boa moça, mas isso definitivamente não é a minha praia.

A fitei e sorri maldosamente.

- Valentina. – A chamei.

Ela olhou para mim, com desdenho e forçou um sorriso.

- Sim, querida?

- Isso que você está usando. – Apontei para os peitos dela. – É algodão, bojo, meia dobrada ou pedaços de pano?

Ela me fitou, um pouco constrangida.

- Isso o quê?

Peguei no meu seio direito e o chacoalhei. Pedro tossiu e olhou para o céu, para não começar a dar risada.

- Isso que está dentro do seu sutiã. Que no caso, não transporta pele nenhuma. Que enchimento você está usando?

Ela cerrou os olhos e largou o Pedro.

- Isso é de verdade. – Ela disse, colocando as mãos no peito. – A não ser que você queira ver com os seus próprios olhos.

Saquei o plano dela na hora. Ela queria fazer com que eu desistisse da ideia, dizendo: “Que nojo, acha mesmo que eu quero ver suas bolas?”, mas bem... Eu sou... Eu.

- Quero. – Eu disse. – Tira a camisa agora. O Pedro fica de costas.

Ela contorceu a boca e saiu marchando pesadamente, até sair da minha linha de visão – atrás do muro.

Pedro olhou de relance para trás, e quando viu que ela não estava por perto, não aguentou a risada que escapou.

- Você não tem parafusos. – Ele disse, ainda rindo feito louco. – Olha o que você diz para a menina.

Dei de ombros.

- Qualquer pessoa diria isso.

- Não, não diria. – Ele comentou, enxugando uma lágrima.

Olhei para os lados.

- Merda.

*

Eu estava mais do que mal quando chegamos à escola. Fomos de carro, e quando estacionamos na frente daquele portão cinza cheio de alunos idiotas, eu tive vontade de vomitar. Mais do que o normal, acredite.

Andei com dificuldade até o piso interno e Jonas pegou minhas bochechas com a única mão.

- Se você se sentir mal, me chama na hora. Porque aí eu chamo uns boys magia para cuidar de você. – E plantou um selinho nos meus lábios. – Tchau, Marcela, sua delícia! 

Ele saiu pulando que nem uma gazela louca lá para baixo, e várias meninas o receberam, alegres. Sorri e revirei os olhos.

- Jonas parece que está feliz o tempo inteiro. – Comentou Marcela. 

- Não acho que seja assim. Só acho que ele está fingindo. 

 Marcela soltou um suspiro.

- Ele parece ser uma pessoa sincera. 

  Ri. 

- Depende. Ele é sincero em relação à sociedade, ou em relação aos seus sentimentos?

 Ela olhou para mim. 

- Acho que em relação as pessoas. 

- Então ele é apenas sincero. Não corajoso o suficiente para transmitir seus sentimentos aos outros. O entendo. 

 Ela suspirou e relaxou os ombros. 

- Bom, é você quem sabe das coisas aqui, certo? 

 Assenti. 

- Ainda bem que você sabe.

Marcela andava calmamente na minha frente, provavelmente presa em pensamentos. Ela parou na frente da porta da nossa sala e acenou alegremente para mim. Eu estava me arrastando pela parede, morta de dor de cabeça.

  Parei apoiada na parede, e a minha cabeça começou a doer. 

E foi nesse momento que ela abriu a porta e viu algo lá dentro que fez sua expressão ficar horrível.

Ela estava pálida, com os lábios começando a ficar roxos. Ela piscava como se não quisesse, e as sobrancelhas se mexiam sozinhas.

- O que foi? – Perguntei. – Entra logo que eu preciso sentar.

- Katrina... – Ela gemeu. – Não entre.

Juntei as sobrancelhas.

- Por quê?

- O... Ai... Caramba. – Ela olhou para mim como se um dinossauro tivesse acabado de comer o pessoal todo. – Meu Deus.

Eu a empurrei e olhei dentro da sala com curiosidade. 

O enjoo aumentou e eu senti vontade de vomitar.

Marcos e Kátia estavam ali na frente, explicando algo para a sala.

Me apoiei no portal e os fitei, incrédula. As coisas pela minha mente foram ficando embaçadas, até que eu vi os dois me encarando, tão céticos quanto eu. Minha garganta ficou seca, e a minha cabeça começou a rodar. Meu coração estava ligado nos duzentos e vinte, e eu não aguentava o meu próprio peso. 

Ambos não sabiam que iriam me encontrar... Eu, muito menos.

Eu só queria fugir, pular da janela, ou simplesmente morrer. Mas encará-los... Isso nunca passou pela minha cabeça. Naquele exato momento, eu pensei no Hércules em primeiro lugar. Ele estava sentindo que ia dar merda. 

Pela primeira vez em anos, eu estava encarando as pessoas que fizeram minha vida virar de ponta cabeça. Eu pensei que os dois iriam queimar no inferno, afinal, cada ação tem sua resposta. Mas não, os dois estavam ali na minha frente, tão felizes quanto dois pombinhos.

Definitivamente, eu não estava bem.

Agora mesmo, eu só queria fugir que nem um rato assustado.


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Notas finais do capítulo

...
Sim, eu fiz isso. Me matem, me joguem na lava, mas eu fiz isso! UHHASHSUASAHUAHSU Mas não se preocupem, tem algo muito legal para acontecer. (Olha eu atentando vocês, hehehe u-u)
UHASHUSAHUSA Mas gente, espero que vocês tenham gostado,
Comentem Bastante! ♥
Ps: a nota não ficou grande dessa vez, hahahaha u-u