Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 40
[Especial] Dupla Agressiva


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
Estou aqui com um capítulo muuuuito especial u-u Ele foi feito por mim e pela Sofia *0*
A Mellany, que será apresentada, é da fic dela, que se chama: Seize The Day.
Link: http://fanfiction.com.br/historia/407353/Seize_The_Day
Espero meeeeesmo que vocês gostem, porque deu uma trabalheira danada u-u
Boa Leitura ♥



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Katrina Dias não estava em um de seus dias normais.

Muito menos Mellany Jansen.

As duas – nada simpáticas – estavam no centro da cidade, olhando uma vitrine. Elas nem imaginavam o que o destino guardava para as duas. Nem um pouco.

Katrina estava com a mesma cara de merda de sempre, mal-humorada e querendo ir para casa. Usava botas de cano alto, vestido marrom e um casaco preto de couro. Seus cabelos ruivos fogo estavam soltos e despenteados. Ela não ligava muito.

Mellany, na extrema preguiça de arrumar seus cabelos ou fazer alguma coisa decente, apenas os prendeu com uma piranha, mas por conta do corte repicado várias mechas ficavam soltas brincando em seu rosto. Usava seu all star rabiscado como sempre, um jeans azul claro com alguns rasgos e uma blusa da banda Avenged Sevenfold, enquanto escutava as músicas da mesma, parecia até que os fones viviam em suas orelhas.

Em um passo muito mal calculado, um menino com excesso de peso caiu de cara no chão.

O som do impacto foi tão grande, que ambas se viraram para contemplar.

As caras-de-pau, como sempre fizeram seu show: apontando e rindo para o coitado.

Nessa mesma hora, as duas ergueram as sobrancelhas e se encararam.

– Finalmente alguém ri comigo da desgraça alheia! Glória aos deuses! – disse, levantando seus braços como se realmente agradecesse aos deuses, já que Alicia geralmente brigava com ela sempre que ria de algo assim.

Katrina levantou os cantos da boca.

– Se Marcela estivesse aqui, o ajudaria, com certeza. É raro encontrar alguém que contemple a desgraça alheia. Gosta de felicidade alheia?

Mellany deu um riso baixo.

– Alicia iria ajudar, comprar um suco pra ele e sei lá mais o quê. E felicidade alheia me dá vontade de vomitar – disse, mantendo um pequeno sorriso.

Katrina sorriu.

– Você é das minhas. Qual seu nome? – Katrina, muito raramente, esticou sua mão educadamente para cumprimentá-la. – Sou Katrina.

–Eu digo o mesmo. É raro achar uma alienígena legal em meio aos seres humanos tediosos – Mellany disse, esticando a mão e apertando, mas não muito forte a de Katrina – Mellany, mas pode inventar um apelido como a maioria das pessoas faz. O preferido delas costuma ser vaquinha – completou, franzindo um pouco o nariz para mostrar o piercing no septo.

Katrina sorriu.

– Mellany... Você tem um nome estranho igual ao meu. – Katrina balançou a mão quase idêntica. – Estamos quites. Gostei do seu piercing. Estou pensando em furar nas minhas costas. Vou colocar várias argolinhas, de um modo que eu possa trançá-las e aparecer um dedo do meio gigante vermelho. Só vou andar pelada.

– Temos muito em comum – Mellany disse, ainda com seu sorriso torto – vai ficar estiloso. O que é bonito tem que ser mostrado. Principalmente mandando os outros se foderem, que é uma das coisas mais prazerosas da vida.

– Exatamente. Ainda mais quando elas te atrapalham quando você está assistindo TV.

– Assistindo TV ou qualquer outra atividade, como dormir. É muita ousadia quando te interrompem na sua rotina pra nada. – Mellany disse, depois sentiu seu celular vibrar no bolso. Deu uma rápida olhada na mensagem e deu um riso curto – Basicamente, umas pessoas legais que eu gosto de chamar de família estão soltando a franga, já que resolveram comprar bebida. Que tal ir dar uma olhada comigo e zombar dos bêbados? – disse, com um sorriso maldoso no rosto, mordendo o lábio inferior.

Katrina abriu um largo sorriso.

– Zombar dos bêbados? Nós vamos beber com eles, querida. Se for de graça, por mim está ótimo. E outra, vou te ensinar a beber. – Katrina levantou o queixo, se sentindo orgulhosa dá própria afirmação.

– Ou você não bebe e tira chantagem dos bêbados ou você bebe e leva chantagem, é a regra lá. Mas posso dar um jeito porque é sempre legal bater em alguém. –Mellany disse, se lembrando das sacanagens que os bêbados acabam tendo que levar e ser lembrados por vídeos ou fotos pro resto da vida. Colocou o celular de volta no bolso e fez sinal para que a ruiva a acompanhasse, então ambas começaram a andar em direção ao teatro.

As duas garotas coincidentemente da mesma altura foram andando em direção ao teatro, onde um cheiro de álcool exalava assim que chegava perto das portas do auditório. Assim que entraram, foram recebidas por Augustus, que ria igual retardado, chegando a se curvar e ficar sem fôlego.

– Acalma seu cu pegando fogo, Augustus – Mellany disse, com um sorriso torto, e ele bagunçou o que restava de organização em seus cabelos. Logo em seguida, prestou mais atenção no cheiro forte e torceu o nariz.

–Cara, Luke vai matar vocês.

–Diz isso porque ainda não viu as palhaçadas – ele respondeu, então direcionou seu olhar para Katrina – Amiguinha nova? Raridade, pelo menos dá pra comemorar isso com bebida.

Katrina lançou suas mãos para a cintura e abriu um sorriso presunçoso.

– Comemorar com bebida? – Ela riu. – Aposto com você cinquentinha que bebo quatro copos de uísque em dez segundos.

Augustus riu.

– Não tá meio jovem pra beber? – disse, apertando de leve o nariz de Katrina, o que foi um erro.

Mellany fingiu tossir.

– Como se ligassem pra isso – e fingiu outra tosse. Augustos abriu o sorriso torto enfeitado pelos dois piercings nos lábios.

Katrina fechou a cara daquele jeito dela. Aquele jeito que até um – certo – italiano se assustaria.

– O que eu faço ou deixo de fazer com a minha vida não é da sua conta e não vai ser. Se você não sabe se divertir como se deve, então não estrague a diversão dos outros. – A ruiva olhou para Mellany. – Vamos. Quero conhecer a cambada.

– Ai. Depois dessa eu ia dormir ali no cantinho - Mellany disse, rindo da tirada que Katrina dera no mais velho. Depois, foram andando em direção ao centro, o deixando para trás e sentindo cada vez mais forte o cheiro do álcool.

–Se isso pregar aqui a gente tá é fodido. Bem – jogou as mãos para cima - não fui eu que comecei, melhor aproveitar o presente.

Logo notaram que, na beirada do palco, se encontravam várias garrafas de bebida, dezenas até. Algumas vazias e outras não. Mellany avistou alguns de seus colegas, no momento ainda desconhecidos para Katrina, com a cara toda rabiscada com bigodes e narizes vermelhos, alguns até dançando, e acabou por cair na gargalhada. Juntamente com a ruiva, que também adorava uma desgraça por aí. As pessoas em volta não perdiam tempo, filmando e tirando fotos para guardar de lembrança que seriam boas para recordar depois, e ao mesmo tempo envergonhariam.

As duas estavam contentes, quase de bom-humor. Quando Katrina se dispôs a pegar as bebidas, e Mellany foi atrás, ainda receosa com a ideia de se embebedar, alguém tropeçou e empurrou as duas.

– Oh, olha por onde anda, filho da puta! – As duas gritaram quando conseguiram se recompor.

Quando Katrina e Mellany ergueram o olhar, furiosas, se depararam com problemas gigantescos.

Allan Wincher e Pedro Marconni, os dois desgraçados que mancham a reputação de ambas, estavam ali, com os sorrisos murchando ao encará-las.

Katrina gaguejou juntamente com Mellany.

– O que... – Ela começou. – O que você está fazendo aqui, seu italiano desgraçado? Perseguição?

Ele sorriu, ao mesmo tempo surpreso e feliz ao encontrar a megera por acaso.

– Não, sou eu que te pergunto. O que faz aqui?

– Não te interessa. – Katrina recuou e ficou atrás de sua nova colega, o olhando desconfiada. – Por que está aqui? Diga logo.

Ele sorriu.

– Conheço Allan faz um bom tempo. Ele me convidou para festejar com ele. E eu, sem nada para fazer, vim.

Dessa vez, foi Mellany que olhou feio para Allan.

– Caralho, mal faz parte daqui direito e já vai chamando todo mundo.

Allan fez uma careta.

– Vaquinha disse, ao lado da garota que ela também trouxe.

– Eu pelo menos estou aqui há muito tempo, você entrou há dias. Não deveria nem estar aqui, quem mandou mensagem pro desgraçado? - disse, obviamente com raiva, dizendo bastante alto a última frase.

Katrina olhou de Mellany para Allan, e depois para Pedro, que estava com um sorriso cheio de intenções.

Ela cutucou Mellany nas costelas.

– Seu namorado? Vocês fazem o tipo de casal que eu gosto. Brigam, se batem, mas no fundo se amam.

Ao seu lado, Pedro fechou a mão e a encostou na boca, tossindo.

–Prefiro fazer várias merdas que namorar ele. Até virar lésbica. Não amo ele nem no fundo nem no raso.

– Nossa, como você é boa mentirosa, Vaquinha. - Allan disse, com seu sorriso torto, e ela praticamente o matou só com o olhar.

–Vou te espancar.

Enquanto os dois se fuzilavam com o olhar, Pedro pegou um marshmallow e o mordeu de leve.

Katrina riu.

– Comendo marshmallows? Cadê a honra das calças?

Ele sorriu.

– A minha honra não está na calça... Talvez sob ela, mas comer um marshmallow não vai fazer mal a ninguém. – Ele pegou o já mordido e enfiou na boca da megera.

Ela mastigou o encarando, muito puta.

– Vou te espancar.

Os quatro estavam discutindo e brigando para valer.

Foi aí que cutucaram o ombro de Mellany. Ela se virou, pronta para dar uma voadora na cara da pessoa, mas...

A pessoa, exalando ao máximo o cheiro de álcool, caiu em seus ombros, a abraçando.

–What the fuck? - ela disse, antes de empurrá-lo pelos ombros com força para que a largasse.

A pessoa que havia feito isso era Juan. O principal culpado por boa parte das pessoas estarem bêbadas ali. Ele era um galã, pode assim dizer. Olhos heterocromáticos, castanho e azul, cabelo preto, algumas sardas no rosto. Não é à toa que toda hora encontra uma namorada nova. O problema é que seus relacionamentos acabavam muito rápidos, e ele se afetava muito fácil, então simplesmente começava a beber. Hoje, depois do fim e de seu mais novo relacionamento, havia trago bebida para o teatro, e como ninguém lá é bobo, foram todos na onda.

O problema é que: Juan dá em cima de todo mundo quando está bêbado. Literalmente todo mundo. Até cachorros. Quase sempre que fica bêbado, acorda com alguém na cama. Ou simplesmente com algumas coisas no celular, por exemplo, trocas de mensagenzinhas. Conseguiu boa parte de suas namoradas quando estava bêbado.

Por todos no teatro saberem todas essas coisas de Juan, inclusive Mellany, a mesma revirou os olhos com tal atitude, já ciente de que todos encaravam lá agora, curiosos para o que iria acontecer.

– Me deixa adivinhar, culpa dele? - perguntou, recebendo concordância de todos.

– Terminou com a namorada de novo - ouviu Roger gritar. Nem parecia que era o superior dali, sendo que nunca xingava ninguém por fazer algo errado, na verdade até ia na onda.

– Que tal as gatinhas serem meus pares hoje? - ele perguntou, com um sorriso malicioso, enquanto abraçava Mellany com um braço e Katrina pelo outro, segurando ambas pela cintura.

Quando observaram Katrina de perto, não se sabia se ela estava nervosa, puta ou querendo matar alguém.

Ela pegou a mão boba de Juan e se virou, fazendo com que ele soltasse a pobre Mellany. Ela contorceu seus dedos ferozmente, fazendo com que o coitado se ajoelhasse e gritasse de dor.

Sacando as coisas rapidamente, Pedro engoliu o marshmellow que estava na boca e pegou no ombro de Mellany e de Allan, os jogando para trás.

Os dedos de Juan fizeram: crack!

Katrina estava querendo lhe quebrar a mão. Estava se divertindo e rindo ironicamente.

– Katrina, chega. – Pedro colocou sua mão em seu ombro.

Sabendo a resposta da ruiva, Pedro a pegou por debaixo dos braços e a puxou para longe.

Quando passava por Mellany e Allan, piscou.

– Dou um jeito nessa cobra. Um minuto.

Mellany, em vez de ficar com raiva ou pasma como alguns ali, começou a rir da desgraça de Juan. O pior é que não foi a única. Tudo havia sido e ainda estava sendo filmado por Roger, acima do palco.

– E aí Juan, como se sente depois do maior toco da sua vida? - Ruby disse, ao lado do moreno, e a onda de risos aumentou.

– Que toco o quê, levou foi uma árvore inteira. - Mellany cruelmente comentou. Nisso, Juan se jogou sobre suas pernas, ainda ajoelhado, e as abraçou.

– Não seja cruel comigo, amor - choramingou, fazendo com que a mesma revirasse os olhos.

Quando estava prestes a chutá-lo dali, Juan começou a subir a mão, ficando a centímetros do traseiro de Mellany. Foi aí que levou um forte chute no estômago, então rolou pelo chão, agoniando de dor.

– Quem te deu o direito de me tocar, filho da puta? - gritou. Allan passou sem olhá-la e começou a puxar Juan pela blusa.

– Melhor você descansar um pouco, tarado. - disse, enquanto o puxava, sobre os olhares, risos e câmeras da maioria ali.

Do outro lado do salão, Pedro colocou a megera em cima de uma bancada e ficou a encarando.

– Você perdeu a paciência rapidamente, como sempre. – E lhe deu um peteleco na testa.

Katrina franziu o cenho e o encarou feiamente.

– Ah, então você sugeria o que? Que eu deixasse o cara me apalpar? Provavelmente Mellany já deu um soco na cara dele. – Katrina estremeceu. – Ela já fez isso.

Pedro riu.

– Ele não era louco de fazer isso. Eu estava na sua frente, esqueceu? Só acho que quase quebrar a mão dele foi exagero.

Ela bufou.

– Ter você ali e ter um pernilongo é a mesma coisa.

Pedro deu uma risadinha.

– Se acalmou?

– Já.

– Nada de enforcar alguém?

Katrina conseguiu sorrir.

– Juro que não.

– Então vem. Vou te entupir de marshmellow.

Ela deslizou pelo balcão e os dois seguiram para onde o aglomerado de pessoas ainda era grande. Pedro encarou Katrina.

– Aliás, megera. Você precisa dar uma emagrecida.

– Vá se ferrar, Pedro.

Mellany se aproximou de Katrina e Pedro novamente, se perguntando onde Allan estava ou o que estava fazendo agora com Juan. Antes que pudesse dizer algo, Liza apareceu do nada - literalmente - e olhou para o casal, em seguida para Mellany, e para os dois novamente.

– Nossa, que cara gostoso, pena que está com ela. Já se comeram, né? - disse, com um sorriso, obviamente sem vergonha na cara ou sem nenhuma desconfiança de que devia ficar calada algumas vezes, como sempre.

– Liza! - Mellany berrou, o que fez com que a loira se encolhesse.

Katrina e Pedro arregalaram os olhos se entreolharam.

Um sorriso presunçoso surgiu nos lábios de Pedro, e esse se virou devagar para contemplar a expressão da megera.

Ela arqueou as sobrancelhas com uma expressão de espanto.

– Fica quieto. – Ela começou.

Ele riu, fingindo assombro.

– Estou quieto. Não disse nada, disse?

– Não, mas vai dizer. Então fica quieto.

Ele sorriu e enfiou as mãos nos bolsos. Pedro encarou Liza.

– Não. Mas não é por falta de tentativas.

Katrina ficou pasma e gelou.

Ela cutucou Pedro nas costelas.

– Não diz merda! – Ela berrou, com o rosto pegando fogo.

– Mas é verdade. O seu rosto comprova.

Katrina começou a discutir com ele loucamente, enquanto Pedro apenas dava risadas.

–Não sei a situação deles, mas eu acho que você quase acertou - Mellany murmurou para Liza, e essa soltou um riso baixo. Logo, Allan apareceu ali também.

–E o bêbado?

–Está no palco murmurando algumas coisas sem sentido, só que todo mundo fica gravando só pra rir da cara dele - Allan fez uma careta.

–É isso que acontece quando você fica bêbado com todo mundo aqui presente.

–E vocês, já se comeram? - Liza apareceu entre eles, e Mellany engasgou com a própria saliva, enquanto Allan ria.

–Você cala a boca e não fala nenhuma mentira de merda, imprestável.

–Mel, não fale tantos palavrões - disse Liza, com a cara mais inocente do mundo, um pouco surpresa, e recebeu de volta um olhar de "Sério mesmo?".

–Você sai por ai perguntando se as pessoas já transaram, fala o que vem na sua cabeça toda hora mesmo que não deva, e nunca deve, e agora está me dizendo que não posso falar alguma coisa? Por favor, vai se foder.

Liza fez uma careta e saiu de perto, então Mellany olhou para Allan, que ainda tentava não rir.

–Tá rindo por quê? Tenho cara de palhaça?

–Não se exalte, vaquinha.

–Vai se foder também.

E então outra discussão se iniciou.

Enquanto as discussões se prologavam, Roger apareceu no palco e chamou a atenção de todos. Alguns o vaiaram, simplesmente por achar que ele nos mandaria acabar com a bagunça e com a bebida, mas o que aconeceu foi o contrário.

–Instalamos um karaokê ali atrás, quem quiser venha! Quem não quiser fica ai limpando a bagunça - disse, com seu sorriso torto, então uma onda de pessoas comemoraram e foram para o tal lugar.

Mellany deixou Allan falando com o nada e puxou Katrina, passando na frente de alguns, sofrendo com alguns empurrões ou coisas assim, mas sempre levando na brincadeira. Passaram pelo palco onde algumas garrafas ainda estavam ali e depois pelas cortinas, chegando finalmente em uma enorme sala com três sofás vermelhos encostados nas parede e um móvel com uma TV em cima, juntamente com um console e dois microfones.

– Quem vai começar? - perguntou Augustus, que parecia ter acabado de preparar o jogo.

Katrina abriu um sorriso.

– Isso é o que chamamos de improviso bem feito. – Ela ergueu a mão, querendo participar da brincadeira. – Eu e Mellany faremos um dueto. Como somos nós duas, será bem sexy.

Mellany riu, então as duas foram em frente à TV, ouvindo a torcida dos outros.

–Não seria bem começado se nós não começássemos. - ela sorriu.

Augustus pegou o controle e colocou as músicas disponíveis, e olha que não eram poucas. Tinham de todos os gêneros, de todos os artistas possíveis.

Mellany passou para o gênero pop~rock e começou a passar algumas, até que parou em Brick By Boring Brick - Paramore.

–Pode ser essa? - perguntou à ruiva, com um sorriso de canto, enquanto ambas pegavam os microfones.

Katrina deu uma risadinha boba enquanto assentia.

– Vamos botar esse pessoal para mexer os quadris! – Ela gritou enquanto jogava os braços para cima.

Todos gritaram e batucaram nas paredes, então a introdução da música começou.

–Oh, she lives in a fairy tale. Somewhere too far for us to find forgotten the taste and smell. Of a world that she's left behind. - Mellany começou, depois foi a vez de Katrina.

– It's all about the exposure the lens. I told her the angles were all wrong, now she's ripping wings off of butterflies. - Ela cantou com ferocidade.

– Keep your feet on the ground - Mellany continuou.

– When your head's in the clouds - Katrina completou.

–Well, go get your shovel and we'll dig a deep hole.

– To bury the castle, bury the castle go get your shovel.

– And we'll dig a deep hole to bury the castle, bury the castle.

– Pa ra pa pa ra pa pa ra - disseram juntas.

–So one day, he found her crying coiled up on the dirty ground. - Katrina deu seguimento.

– Her prince finally came to save her and the rest you can figure out. - Mellany a seguiu.

– But it was a trick and the clock struck twelve. Well, make sure to build your home brick by boring brick, or the wolf's gonna blow it down. - Elas disseram juntas.

– Keep your feet on the ground.

– When your head's in the clouds.

– Well, go get your shovel and we'll dig a deep hole.

– To bury the castle, bury the castle go get your shovel.

– And we'll dig a deep hole I want bury the castle, bury the castle.

– Well, you built up a world of magic.

– Because your real life is tragic.

–Yeah, you built up a world of magic.

– If it's not real, you can't hold it in your hands, you can't feel it with your heart.

– And I won't believe it. But if it's true, you can see it with your eyes.

– Oh, even in the dark and that's where I want to be, yeah.

– Go get your shovel and we'll dig a deep hole.

– To bury the castle, bury the castle. Go get your shovel and we'll dig a deep hole

– To bury the castle, bury the castle

–Pa ra pa pa ra pa pa ra,

Pa ra pa pa pa ra pa pa,

Pa ra pa pa ra pa pa ra,

Pa ra pa pa pa ra pa pa,

Pa ra pa pa ra pa pa ra,

Pa ra pa pa pa ra pa pa

Pa ra pa pa ra pa pa pa

Pa ra pa pa ra pa pa pa - Finalizaram, juntas, e todos vibraram.

Elas se pegaram pelas mãos e deram uma pequena reverência para a plateia, que assobiavam e clamavam por mais.

Katrina esbanjou um sorriso enorme, enquanto Mellany bateu sua cintura na dela.

Pedro nem Allan queriam admitir, lá do outro lado da sala, que as duas se saíram magicamente bem. Os dois estavam encostados na parede, observando a cena com um sorriso presunçoso no rosto.

Pedro olhou Allan e sorriu.

– Tá no mesmo barco que eu?

Allan deu um curto riso.

–Sei lá. Irritar ela é divertido. Até agora não pensei em nada além, e acho que se pensasse e resolvesse fazer algo ela me daria outro soco.

Pedro fechou os olhos e deu uma risadinha.

– O meu caso é igualzinho ao seu. Menos da parte do soco. – Ele riu juntamente com Allan. – Por que será que as mais interessantes são aquelas de sangue frio? E as mais lindas, também. E as mais perigosas. – Ela sorriu.

– Cu doces não tem graça. Nem garotas fáceis. Ou então somos nós que temos problema mesmo - Allan disse, com seu sorriso torto de sempre, mentalmente se perguntando se já via Mellany de tal forma. E claro, ele não sabia a resposta.

Pedro abriu um sorriso.

– Cara, com toda a certeza somos nós que temos problema. Se eu me apaixonasse por uma garota... Normal, talvez minha vida fosse totalmente... Totalmente... – Ele observou enquanto Katrina jogava sua nova amiga no sofá, para fazer cócegas. – Entediante.

Allan abriu um sorriso, enquanto via Mellany virar as posições, prendendo Katrina com as pernas e a fazendo cócegas.

– Com certeza.

Quem observava aquela cena estranha, não sabia se as duas estavam se matando, brigando ou apenas brincando gentilmente.

Quando ambas finalmente cansaram e descansaram no sofá, Katrina olhou a nova amiga.

– Quer ir lá em casa? Minha mãe fez bolo de chocolate ontem. Marcela e Jonas irão te adorar. Ou não. – Ela riu baixinho.

Mellany pensou por um instante, e abriu um sorriso.

– Bolo de chocolate. Claro, vou adorar. - disse, enquanto ambas se levantavam - Gostaria de te apresentar Alicia e Jô, mas não sei onde elas se meteram. - disse, dando de ombros. Mas claro, Katrina sendo como era, teria que encontrar com ela novamente, então um dia iria conhecer Jô e Alicia de um jeito ou de outro.

*

O caminho estava tedioso, então Katrina teve uma ideia.

– Como anda sua família?

Mellany deu um suspiro, e olhou para o céu, com as mãos nos bolsos.

– Minha avó está muito bem na cidade em que nasci. No momento, ela é a única que posso chamar de família. - Disse. Apesar de lhe causar uma pequena dor, já havia esquecido que esta existia, afinal não há motivos para se lamentar por algo que já aconteceu.

Katrina a olhou como entendesse bem.

– Bom, não vou me fazer de idiota, porque já saquei. A minha família basicamente é... Minha mãe. Pelo menos de sangue. Adotamos uma pestinha dos infernos mais gorda do que uma televisão. Meu pai... Nunca o conheci e não quero o conhecer. – Ela olhou para o chão. – Mas e aí, já teve amores?

Mellany deu um curto riso.

– Pego, mas não me apego. Nunca tive nada sério realmente. - disse, ainda olhando para o céu, depois voltou seu olhar à ruiva - E você?

Katrina sentiu um aperto no coração e riu, para disfarçar o desconforto.

– “Pego, mas não me apego”. Eu te invejo por isso. Antes, quando eu gostava de alguém, me agarrava a ela. E sim, eu já tive um amor. Chegava a ser idiota o que eu sentia por ele. – Ela apertou o peito. – No fim... Ele me... Abusou sexualmente e me largou feito um lixo. Afinal, era tudo uma bosta de uma aposta. E assim, ele fugiu com a minha melhor amiga, me deixando na mão. – Ela olhou a Mellany, que estava com cara de espanto. – Mas... Uma coisa eu sei. Eu nunca chorei por ele.

– Fez bem, ele não merece qualquer sofrimento vindo de você. -Mellany disse, depois voltou seu olhar ao céu - Eu já fui assim, mas então eu mudei. Não mudei tanto, sempre fui mais ou menos assim. Não gosto de confiar em pessoas. - Um silêncio estava para se prolongar, então Mellany retomou a voz para preenchê-lo - Como você interpretou a música que cantamos?

Katrina riu e deu de ombros.

– Sei lá. Acho que você tem que ver mais pornô, para ficar ligada. Se não te estupram, ou algo assim.

Mellany riu.

–Com certeza. Pornô e o noticiário. Ou então aprende na barra mesmo. - ela disse, depois continuou - Eu interpreto aquela música como a garotinha narrada não vendo o mundo de verdade. Ela acha que tudo é como um conto de fadas, com príncipes encantados e fadas, e não acredita na existência de lobos maus. "Enterrar o castelo" seria como abrir os olhos dela para a vida de verdade. - ela disse, depois deu um curto riso, olhando para o chão - Sei lá, é assim que eu penso. Acho que eu seria um lobo mau que acaba com os sonhos das crianças, não é à toa que tenho uma tatuagem com a cara de um - disse, não se sentindo desconfortável nem nada do tipo por mencionar a tatuagem, na qual poucos sabiam a existência.

Katrina arregalou os olhos.

– Você tem uma tatuagem? – Ela gritou, mais do que maravilhada. – Isso. É. Incrível. – Katrina pegou as mãos da nova amiga e olhou nos seus olhos. – Nós temos que correr agora. Preciso te apresentar para a minha mãe.

E correu em disparada pela sua rua, puxando a pobre Mellany, que poucas vezes pisou no chão durante a corrida.

Mellany riu da atitude da nova amiga, se concentrando em acompanhar os passos da mesma.

Quando chegaram à porta da casa da megera, Katrina simplesmente arrombou a porta, fazendo com que todos os presentes pulassem do sofá.

– Sua desnaturada! – Gritou Serena. – Estou fazendo as unhas, sabia?

Katrina arfou e jogou Mellany no sofá, em cima de Jonas.

– Bom, já se conhecem. Jonas, Mellany. Mellany, Jonas. Não se preocupe, ele é gay.

Mellany riu, se ajeitando no sofá.

–Bem, oi. Katrina, você me impressiona com sua delicadeza, se parece até comigo - disse, com um sorriso torto e esticando as pernas.

Jonas, Marcela, Isadora e Serena ficaram sem reação alguma.

Olhavam de Mellany para Katrina, vice-versa.

– Oh. – Katrina bateu palmas. – Não estamos jogando tênis. Tenham educação. Conheci-a quando estávamos assistindo a desgraça alheia.

Marcela piscou.

– Tenho paciência para aturar uma Katrina, não duas. – Ela esticou sua mão para Mellany. – Marcela, prazer. Espero que você não goste de queijo.

–De um gordo - Mellany completou, com um sorriso torto, e apertou de leve a mão de Marcela - Hm, acho que prefiro sorvete ou coisas assim. Alicia ainda me mata por não ser saudável.

Marcela relaxou os ombros e sorriu.

– Graças a Deus.

Isadora pegou a mão de Mellany e sorriu.

– Olá, jovem. É um prazer. Sou Isadora, a faz tudo nessa casa. – Ela lançou um olhar terrível para Katrina. – Porque certa pessoa não faz nada!

Katrina riu e fez um coração com as mãos para ela.

– Você sabe que eu dependo de você.

Ela revirou os olhos.

– Vou pegar o bolo.

Katrina se virou para ela e gritou:

– Gostosa!

Mellany riu, Katrina parecia ter um clone de seu cérebro.

–Até inventarem robôs para fazerem tudo eu permaneço na minha bagunça, pelo menos quando Alicia não se intromete eu consigo achar tudo lá. Acho que vocês são bem parecidas - disse.

Marcela e Alicia tinham a maldição de ter duas garotas bagunçeiras e sem vergonha na cara para cuidar. Os pensamentos na cabeça de Mellany é que elas se dariam muito bem. Nesse momento, pegou seu celular no bolso e mandou rapidamente uma mensagem para Alicia, perguntando onde ela estava, em seguida o guardou, esperando uma resposta.

–Aliás, ela poderia vir aqui? - perguntou, ainda não era tarde demais para impedir Alicia de vir, caso a resposta fosse negativa.

Serena a olhou e sorriu.

– Claro que sim. Nossa casa é que nem coração de mãe: sempre cabe mais um.

– Até que um estuprador chegue, estupre eu e Marcela, mate você, a Isadora e o Jonas e pegue a Camila para vender. Aí você vai ver que delícia. – Katrina disse.

Marcela, Jonas e Serena pegaram almofadas e jogaram na cara da megera.

Ela foi para trás e acariciou o nariz.

– Ai, isso é bullying.

– Bom, sem querer ser pessimista, mas - ela ergueu os ombros - poderia acontecer. Tudo tem chance de acontecer. Uma formiga mutante poderia aparecer aqui e esmagar todo mundo.

Logo, o celular vibrou, e logo Mellany leu a mensagem. Mandou o endereço do lugar para Alicia, então ela logo deveria aparecer.

–Mais uma ruiva chegando, uhul.

*

E com isso, Alicia, Marcela e Jonas viraram inseparáveis. Começaram a comer o bolo e conversar.

A mãe de Katrina e Isadora estavam no quarto, discutindo sobre as mudanças da casa.

Já eram sete e meia da noite, e Katrina e Mellany estavam comendo o bolo como se não houvesse amanhã.

Mellany venceu a megera por dois pedaços e as duas caíram sobre o assento da cadeira.

Elas se entreolharam.

– Pois é, Mellany. Nós temos que aproveitar o dia.

– É, senão você fica gelada.


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Notas finais do capítulo

Oi, gente :3
Eu, sinceramente, achei esse capítulo o capítulo mais amor de todos UHSAHUSAUHSAHU
Espero que vocês tenham gostado da Mellany, passem lá e VEJAM a fic dela, que é muuito boa.
É isso,
Comentem Bastante! ♥