Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 4
Whitney Houston Gosta De Possuir Corpos


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo, gente linda u-u Eu nunca tive tanto tempo, determinação e criatividade em um único dia .-. Então, eu saquei essa oportunidade e postei dois capítulos hoje ò-ó
Aproveitem,
Boa leitura ♥



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Eu me senti extremamente desconfortável. Uma: Eu queria dar uns belos tapas nela, mas ela é idosa. Segundo: Por que ela sabe de coisas sobre mim?

– A senhora... Como você...

Ela riu timidamente.

– Eu sei das coisas, Katrina. Mais do que você imagina.

De certa forma, eu não me sentia intimidada por ela. De outra, eu queria sair correndo dali.

– Katrina, venha aqui que eu vou lhe dar uma nova vestimenta. – Ela apontou para a minha saia.

– Ah... Tá... – Eu achei aquilo estranho.

– Sou costureira. – Ela explicou.

Ela fez sinal para que eu fosse até ela. Levantei desconfiada e cheguei perto.

– Belos quadris. – Me elogiou.

– É, eu sei.

Ela me examinou do quadril para baixo.

– Gosta de preto?

– O que acha? – Revirei os olhos.

Ela riu.

– Estou vendo o anjo que você é.

Eu ri.

No fim, ela me deu uma saia bege com listras azuis. Eu não odiei, mas também não amei.

– É, bonitinha.

Ela sorriu.

– Agora vá, querida. Ah, eu deixei um presente para você na porta de sua casa. Esse presente te amará não importa o que você faça para ele.

Eu estranhei.

– Um presente? O único presente que ganhei foi três baratas, um rato, e cinco lagartixas. E foram de alguém que eu conhecia. E você é... Eu nem te conheço. O que posso esperar vindo de você?

– Pode esperar a melhor das intenções.

– Não confio em você, vovó.

– Não me importo. – Ela sorriu.

Eu estreitei os olhos. Peguei minha sacola e dei um aceno com a cabeça para ela. Eu pensei: Ah, eu vou simplesmente sair daqui e ir para casa, como se nada tivesse acontecido. Certo?

Errado.

Eu não tinha a menor ideia de como eu iria voltar para casa. Eu estava mais perdida do que surdo em bingo. Eu tinha duas opções: chupar meu orgulho como uma laranja e perguntá-la onde fica a saída desse fim de mundo, ou simplesmente vagar por ai.

Então, uma luz no túnel me ofuscou. Um carro palio preto parou na minha frente. O vidro se abaixou, e a cara de Pedro surgiu. Eu não sei se ficava feliz ao sair daqui, ou triste por que eu estaria na companhia dele.

Eu abri a porta do carro e empurrei Pedro para o lado. Ele se afastou, e com um olhar apreensivo, disse:

– Não vai nem perguntar o por que de eu estar aqui?

Eu olhei para ele.

– Não, realmente.

Ele riu.

– Você é impossível mesmo. Já são quatro horas da tarde, sua mãe está preocupada.

Eu estranhei.

– Por que você veio me procurar aqui?

– Não vim. Só estamos circulando por ai, vendo onde você estava. Decidimos descer aqui, e... – Ele apontou teatralmente para mim.

Eu olhei para o motorista. Era um homem carrancudo, com barba mal feita e estava de óculos escuros.

– Onde você estava? – Perguntou Pedro.

– Ajudei uma senhorinha com as compras.

Ele me olhou como se eu tivesse dito: Eu subi em um Pégaso e viajei até a Lua. Foi legal, cara. Nós dois comemos queijo. Muito queijo.

– Quem é você e o que fez com Katrina Dias?

– Sou a Oprah. Agora vamos logo que eu estou com fome! – Dei um tapinha no ombro do motorista. Ele estralou o pescoço.

O caminho para casa foi absolutamente normal. Tirando o fato que invocou o espírito de Whitney Houston no motorista. Ele começou a cantar And I Will Always Love You. Eu não me aguentei de rir. O pior, é que ele cantava muitíssimo bem.

Estacionamos em frente à casa de Pedro. Parecia haver uma festa lá dentro.

– Não me convidou? – Eu perguntei, fingindo tristeza.

– Você não viria.

– Ah... Por que não viria? – Eu indaguei.

– A festa é da minha tia Carmen... Ela é chata, cheia de regras, quer se intrometer na vida dos outros, gosta das coisas do jeito dela e é extremamente mandona.

– Já comecei a amá-la. – Eu sorri.

Pedro sorriu e abriu a porta. Ele saiu do carro e eu fui atrás. Quando pisei no asfalto, olhei a minha casa. O meu pior erro. Logo no tapete de entrada, onde está escrito “cai fora, você não é bem-vindo” (presente meu para a minha mãe) estava um objeto não identificado. Meus pelos da nuca se arrepiaram e minhas pernas ficaram bambas. Não sei o por quê.

– Katrina, tudo bem? – Perguntou Pedro.

– Sim e não... O que diabos é aquilo na minha porta? – Eu apontei para o objeto.

Pedro apertou os olhos.

– Não sei... Só chegando perto para ver mesmo.

Ele atravessou a rua com tranquilidade. Eu criei coragem e atravessei também, para xeretar.

Eu logo levei um soco na cara.

Era uma cesta sob um pano branco rendado. E sempre naqueles filmes clichês, para boi dormir, isso significava uma única coisa: bebês.

Uma coisa que me esqueci de mencionar, é que eu odeio crianças. São babonas, chatas e tem pilha duracell recarregável. E o pior é que elas se recarregam sozinhas. Como mágica.

Pedro se agachou e colocou os dedos sobre o pano. Eu tampei meu rosto. Não queria ver aquilo. Se fosse um bebê, que pelo menos fosse um garoto.

Pedro riu.

– Katrina... Parece-me que você ganhou uma irmãzinha.

Eu bati o pé no chão. Eu destampei meu rosto e vi a coisa mais... Mais... Mais gorda do universo. Era como se ela tivesse duas maçãs entaladas em cada bochecha. Seria maravilhosa de estripar. Ela sorriu e balançou os pés gorduchos quando me viu. Ela os pegou e começou a chupar o dedão do pé.

– Que coisa fofa. – Exclamou Pedro.

Ele a pegou rapidamente e a ergueu. A bebê tinha um lacinho cor de rosa prendendo seu cabelo castanho. Suas roupinhas eram brancas cheias de babados também cor de rosa. Quando ela viu Pedro, começou a chorar.

– Não, não... Psiu... Está tudo bem... – Ele olhou para mim como se dissesse: Pega!

– Não... Eu não vou segurar essa... Essa coisa! – Mas antes de evitar, ele a colocou nos meus braços. Instantaneamente ela parou de chorar. Eu a peguei por debaixo dos braços gordos e a coloquei de frente para mim.

Ela sorriu e mostrou dois dentinhos pontiagudos.

– Ela tem presas... Pedro, ela tem presas! – Eu me assustei.

– Também chamados de dentes. – Ele afagou meu cabelo. – Boa sorte com a bebê. Se precisar de algo... Me procure.

E atravessou a rua. Eu fiquei olhando para ele e para o bebê. Para ele e para o bebê. Pedro entrou em sua casa e fechou a porta atrás de si. Então, restou olhar para o bebê. Eu engoli em seco quando ela fez um som estranho, provavelmente um pum, e deu risada.

– Não faça isso. É nojento.

– Buaw! – Ela se chacoalhou. – No...

– Não consegue falar? Tem quantos anos? – A aproximei do meu rosto. – Desembucha! – A balancei de um lado para o outro, de cima para baixo. Mas ela apenas deu risada.

Eu olhei para a cesta. Havia um bilhete. Eu agachei e coloquei a bebê sentada na minha coxa. Eu peguei o bilhete.

Minha querida Katrina, este é o meu presente para você. Espero que a ame, porque ela te ama. Seu nome é Camila Vieira, tem dois anos. Já anda e já fala algumas palavras. É extremamente inteligente. Come que é uma beleza! Cuide dela com muito carinho porque vocês duas tem algo em comum: Foram frutos do estupro. Sua mãe, Ana Júlia, de quatorze anos morreu a três semanas. Seu próprio vizinho lhe fez isso, minha querida. Isso te lembra de algo? Toda vez que olhar para ela, quero que se lembre de si mesma.

Com muito amor,

De sua velha amiga.

PS: Camila é alérgica a amêndoas, cuidado!

A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi a louca vontade de empanturrar essa garotinha de amêndoas. Só não fiz isso... Por que... Minha coxa estava molhada. E eu tinha certeza de que não era suor. Camila colocou os dedinhos na boca e soltou uma risada.

Eu queria afogá-la na piscina.

*

Entrar em casa com um bebê gordo não foi fácil. Mamãe estava no sofá, assistindo televisão. Ela estava lixando as unhas.

Seus cabelos loiros e longos estavam caídos sobre o encosto do sofá.

Eu tinha duas opções: Subir com o bebê escondida, enfiá-la nas cobertas e matá-la ali mesmo, ou jogá-la pela janela e culpar dona Lúcia. Eu tinha que pensar rápido. A segunda opção me pareceu mais segura. Eu fui passar quando mamãe me chamou.

– Katrina, eu posso sentir você daqui. O que está carregando? – Perguntou sem olhar para mim.

Maldito sensor mãeziano!

– Mãe... Olha para mim.

Ela girou o corpo e me olhou. Seus olhos se arregalaram.

– O que aconteceu com seu cabelo?

Tive vontade de atacar Camila em sua cara.

– O bebê mãe! – Gritei e apontei para Camila.

Camila fez um som estranho e passou os dedos molhados de saliva em minha cara.

– Por que você está com um bebê, Katrina? – Ela se levantou do sofá e pegou Camila. – Tão gordinha!

Camila começou a chorar.

– Gordinha? Ela é uma minitelevisão, né mãe? Só perde para a nossa vizinha, a Lúcia.

– Katrina! Pare de falar assim dos outros! Não te dei educação não? – Mamãe mordeu a bochecha de Camila de leve. Ela deu risada.

– Não, mãe. Em vez disso, me deu o mais importante: uma barriga cheia.

– Mas... De onde ela veio?

Eu tive que bolar algo rapidamente, senão ela sacaria que eu estava mentindo. Não podia simplesmente dizer: Então, mãe. Eu fui até o quinto dos infernos e conheci uma velha que alega me conhecer, essa mulher me deu essa saia e esse bebê. Eu tenho que cuidar dela, ou simplesmente jogá-la do telhado e culpar a vizinha.

– Ahn... Ela estava ali na porta. Pensei que... – Eu queria me matar. – Pensei que seria uma boa a gente cuidar dela.

Mamãe se iluminou.

– É claro! Katrina, isso é ótimo! Eu sempre quis ter outra filha! Qual o nome dela?

– Camila Vieira. – Disse sem pensar.

– Como você sabe?

Ferrou.

– Veio... Veio um bilhete.

– Me deixa ler?

– Eu o amassei e joguei fora. – Disse ríspida.

– Katrina, Katrina... Sinto que você está mentindo para mim. – Ela me lançou aquele olhar. O chamo de Olhar secreto de Serena. Seu subtítulo chama: Você ficará tão mal e constrangido que vai secar a laranja!

– Não estou escondendo nada. – Coloquei minha mão atrás do meu corpo e cruzei meus dedos. – Eu juro.

Ela fez um “hum” e continuou a balançar Camila. Ela estava quase dormindo.

– Filha, você sabe que eu estou muito orgulhosa de você, não sabe?

– Não preciso de seu orgulho, mãe. Preciso de uma xícara de chocolate quente, uma manta e ver televisão.

A esse ponto, não interessava mais a carta. Ela tinha um bebê.

Então, ficou assim: Eu fiquei na ponta do sofá, tomando chocolate quente. Camila ficou no meio, mordendo um boneco de meia, que anteriormente era do nosso cachorro, o Billy. E mamãe ficou na outra ponta, lixando as unhas.

Eu não estava nada feliz. Primeiro, mendigos se banharam na nossa piscina. Segundo, acolhemos uma criança. O que nossa casa está virando, um albergue?


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Notas finais do capítulo

Hi u-u Então, meus doces, gostaram do capítulo? *0*
Eu, particularmente, quero que Katrina seja atropelada ò-ó Ela é malvada e vai aprontar muitas e boas com a pobre e indefesa Camila .-.
Espero que vocês tenham gostado >.<
O capítulo saiu gordinho hoje, não? Parece até a Camilinha u-u
É isso, até qualquer dia \o