Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 29
Não Vou Vender Paçoquinha


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
Vocês não sabem o quão feliz eu estou! Vocês estão me apoiando tanto, que eu até chorei *0*
Esse capítulo tá muito... Normal, em relação aos outros IASUHSUHAS
Espero que vocês gostem,
Boa Leitura ♥



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Eu não desci a escada. Eu me arrastei lá para baixo. Olhei-me no espelho.

Eu estava parecendo uma lula morta.

Meu rosto estava pálido e embaixo dos meus olhos estava um roxo misturado com rosa. Minha cabeça doía como se mil rojões estivessem sendo estourados ao lado das minhas orelhas.

– Mandy, desgraçada. – Eu resmunguei. – Me fez ficar bêbada e ainda por cima me tirou cinquenta reais. Eu mato ela ainda.

Marcela apareceu atrás de mim e me deu um tapa na cabeça.

– Não resmungue. – Ela tirou a camisa e curvou a coluna embaixo do chuveiro. – Sua mãe me contou o que você fez... – Ela deu uma risadinha. – Estava na hora.

Ela abriu a água na temperatura mais baixa e gemeu na hora que a água caiu sobre sua cabeça e foi até suas costas. Ela esfregou o rosto e fechou o chuveiro.

Arqueei as sobrancelhas.

– Pia aqui.

Ela sorriu e me olhou.

– Meu pai vive fazendo isso quando chega de porre em casa. Ele fala que “refresca as ideias”. E de fato, me sinto melhor agora.

Revirei os olhos.

– Rico vem tudo do mesmo saco, não é possível. Na nossa família, você entra de porre e vai trabalhar de porre mesmo. Ninguém está ligando se você está bem ou mal. Só querem que você faça seu trabalho.

Ela sorriu e se enxugou.

– Deveria tentar. Katrina, quando sua mãe disser o que você fez, venha falar comigo.

E saiu do banheiro.

– Humpf, tá bom que eu vou falar com ela. – Resmunguei.

Encarei aqueles olhos débeis no espelho.

– Katrina, Katrina... O que diabos você irá fazer com a sua vida? Se matar não está incluso. – Pensei por um instante. – Quer vender maconha junto comigo? Conheço uns trutas muito legais da rua de baixo.

Apertei o mármore e assoprei o espelho.

– Meu Deus. Eu estou ficando maluca.

Saí do banheiro e entrei na cozinha. Quando entrei, Isadora e Camila me olhavam pelo canto do olho.

– Que foi? Eu sei que pareço uma lula morta, suas... Desdentadas. – Eu ergui o nariz e roubei um pedaço de queijo do saquinho.

– Seu leite está no micro-ondas. – Me avisou Isadora enquanto cortava uma maçã para Camila.

– Tá.

Eu fui até o micro e o tirei. Leite com queijo, combinação melhor existe?

– Ah, Katrina. – Mamãe chegou à cozinha. – Senta que você vai desmaiar.

Eu arregalei os olhos e sentei na bancada da pia.

– Você disse que está apaixonada. – Ela disse no meio de risinhos.

Engasguei com o queijo e cuspi tudo dentro do copo. Comecei a tossir e Isadora teve que me dar tapinhas nas costas.

– Eu? – Disse, enquanto tossia. – Eu estava bêbada.

Ela sorriu.

– Bêbados falam a verdade... Mas deixa disso, vai se trocar que faltam... – Ela olhou no relógio. – Faltam cinco, vai!

Eu arregalei os olhos e subi desesperada a escada. Enquanto eu subia, Marcela descia.

Praticamente arrombei minha porta e vesti minha roupa tão rapidamente que coloquei um short ao invés de uma calça e vesti a camisa do uniforme toda amaçada mesmo.

Peguei minha mochila com os dentes e peguei minhas botas.

Pulei pelo corredor para calçá-las, e com forças fora de mim eu pulei degrau por degrau, a calçando. Saí correndo, roubei mais um pedaço de queijo e o copo de leite e café de Isadora.

– Sete e dois, corre, corre! – Mamãe gritou, enquanto abria a porta para que eu e Marcela saíssemos.

Eu não corri, eu voei.

Eu estava correndo com a fatia de queijo na boca e o leite com café na mão. Comi que nem um hamster o queijo e tomei com certa dificuldade o leite.

Olhei de relance para trás. Os cabelos de Marcela não estavam muito diferentes dos meus. Totalmente avoados e desarrumados. Eu sorri e joguei o copo ao meu lado. O copo atravessou a janela de uma casa. O vidro se estilhaçou e só sobraram as grades da janela. Eu dei língua para a casa.

Eu até podia ouvir aquela música do Super Mario 64 “Slide Theme” nos fundos.

Continuamos a correr, e quando estávamos a uns cem metros, a coordenadora começou a fechar o portão.

– NÃÃO! – Eu gritei.

A coordenadora levou um susto e nos deu um olhar severo.

– Eu não deveria deixar vocês entrarem. – Ela lançou as mãos para a cintura.

Não esperei ela falar nada e passei correndo por ela.

– KATRINA! – A ouvi gritar.

Mas somente acenei por cima do ombro e entrei correndo para o pátio interno.

Foi aí que meu coração quase pulou pela boca.

Eu estava correndo para entrar no corredor, e dei um encontrão fabuloso com alguém.

Foi tão forte, mas tão forte que minhas bolas provavelmente foram para as costas, para fazerem parte da minha coluna.

Eu caí de bunda no chão e quiquei umas três vezes até que eu sentisse minhas costas doerem. Minhas pernas estavam abertas e minha bolsa foi lá para a puta que pariu.

– Oh! – Eu berrei.

Levantei o olhar e vi uma sala inteira assustada. Pedro passava a mão no braço, onde possivelmente era o local onde ele havia levado o encontrão.

– Megera... Por que você tem tanta pressa? Vai pegar o trem? – Ele sorriu.

Algumas pessoas riram.

Dei-lhe língua.

Ele sorriu e estendeu sua mão. Eu dei um tapa nela e me levantei. Marcela apareceu atrás de mim, ofegante.

– Nunca mais me deixe com a bomba, tá ouvindo? – Ela disse, no meio da respiração pesada.

Ela encarou o pessoal por alguns segundos.

– Katrina, o que aconteceu?

Pedro pegou minha bolsa e passou pelo meu braço, a descansando no meu ombro.

– Gosto assim. – Brinquei.

Ele sorriu e deu um peteleco na minha testa.

– Até mais ver, megera.

Ele se juntou a sua turma e foram para fora, provavelmente indo para a aula de educação física.

Passei o dedo onde ele havia dado um peteleco.

– Maldito cabeça de batata descascada, quem pensa que é para me dar petelecos, desgraçado. – Eu resmunguei.

Passei a mão nas minhas bolas. Estavam doloridas. É provável que elas diminuíram alguns centímetros.

– Vamos, Katrina, pare de se apalpar!

Marcela me puxou pelo braço e nós corremos para o terceiro andar. Quando chegamos, faltava apenas minhas tripas saírem pelos meus olhos. Eu iria amar.

Ela bateu na porta e foi a professora de ciências que nos atendeu. Ela é velha, enrugada e usa uns óculos que a fazem parecer uma mosca.

– Por que as senhoritas chegaram atrasadas? – Ela perguntou daquele jeito de velha dela.

Marcela ia dizer a verdade, mas eu tinha que mentir. Tapei a boca dela.

– Estávamos transando. Sabia que essa menina é insaciável? – Eu tentei parecer convincente.

Todos caíram na gargalhada.

Qual é, isso é menos pior do que falar que estávamos de ressaca.

Nem a professora resistiu. Abriu um sorriso e mandou nós duas entrarem com a cabeça.

Eu corri para a minha carteira e me sentei. Marcela veio correndo e se sentou na minha frente.

As aulas se passaram e a minha dor de cabeça falou mais alto. Eu coloquei a touca e dormi ali mesmo.

Eu sonhei com algo magnífico.

Eu e Jason corríamos pela praia. Um pôr-do-sol magnífico se estendia atrás de nós dois.

– Katrina, Katrina... – Ele pegou minha mão. – Você quer casar comigo?

– Sim... – Eu disse.

Alguma coisa me atingiu na cabeça.

– JASON, NÃO CORRA DE MIM! – Eu berrei enquanto levantava a cabeça, assustada.

E com isso, eu me deparei com uma professora furiosa, alunos dando gargalhadas e uma bela advertência. Pode não parecer, mas eu nunca levei uma advertência. Culpa de quem, mesmo?

Ah, claro. Mandy desgraçada. Ainda pego ela.

Quando eu me joguei na mesa do refeitório, com um prato de macarrão, Marcela começou a falar sobre sua vida particular.

– Minha mãe é advogada e meu pai... – Ela começou.

Eu somente coloquei minha na cara dela.

– Eu estou morta de dor-de-cabeça, então cale a boca. E outra, não estou interessada em sua vida particular.

Ela bufou e cruzou os braços. Marcela começou a resmungar.

– Megera dando patadas logo cedo. Que disposição. – Alguém disse atrás de mim.

Virei-me e encarei Pedro se sentando ao meu lado.

Logo reparei em três band-aids em seu rosto. Um na bochecha, um no queixo e um no pescoço.

– Sério, quantos chupões você levou? – Eu ri.

Ele arqueou as sobrancelhas e me encarou.

– Não são chupões. A professora de educação física me bateu com o fio de ferro. Mas eu estou melhor. – Ele sorriu.

Fiquei boquiaberta.

– E você, otário, deixou?

Ele sorriu e mordeu a pera.

– E o que você quer que eu faça, Katrina?

– Sei lá, dar uns tapas nela?

Ele riu.

– Não bato em mulheres, megera.

Joguei minhas mãos para cima, incrédula.

– Não brinca, Pedro. Sério. Tem que dar uns tapas na bunda enorme dela, para ela aprender. Isso é ridículo.

Marcela assentiu.

– Eu tenho é pena do filho dela.

A encarei.

– Ele estuda aqui?

Ela balançou a cabeça, em negativa.

– É bem longe. Dizem que ele perdeu a capacidade de controlar suas emoções, de tanto apanhar da mãe. Dizem que por qualquer besteira ele quer quebrar a sua cara. Isso não dá medo?

Dei de ombros.

– O problema é dele, não meu.

Marcela me empurrou no ombro.

– Como você é fria, oh louco!

Dei de ombros mais uma vez.

– Meu apelido amoroso diz tudo, não?

Eu travei uma batalha épica com um garfo que espeta menos do que uma colher. O macarrão estava escorregadio. Eu tentei espetar, só que o macarrão dançou e o molho foi todo na camisa do Pedro.

Marcela arregalou os olhos e o encarou. Eu fiz cara de inocente e olhei seu rosto. Ele parecia surpreso, mas não bravo.

– Obrigado pelo presente. – Ele sorriu.

Dei de ombros.

– Mais um motivo para você lavar essa camisa.

– Lavei ontem.

Tossi.

– Foi mal, aí.

Ele sorriu.

– Já que você fez isso, não quer ir lá à diretoria pegar uma camisa nova para mim?

Fechei a cara.

– Que saco. Por que eu?

– Você sujou minha camisa. É sua obrigação.

– Esfrega na cara, mesmo. – Resmunguei.

Eu me levantei com dificuldade e manobrei as pernas para sair do banco.

– Qual seu tamanho? – Perguntei.

– Dezoito.

Assenti.

Girei os calcanhares e marchei até a diretoria. Quando cheguei lá, as tias da limpeza estavam conversando alegremente. Quando me viram, abriram um sorriso.

– Katrina, o que faz por aqui?

Todo mundo nesse inferno me conhece?

– Pedro Maconni... Causando problemas, como sempre. Ele se ensopou de macarrão e precisa de uma camisa nova. – Eu disse. – Tamanho dezoito.

Não disse mentiras.

– Vou ver lá. Espere aqui.

Sentei-me no banco e uma das tias da limpeza se sentou ao meu lado. Ela colocou sua mão sobre a minha e abriu um sorriso.

– Como anda esse coraçãozinho?

Sorri.

– Não tem como andar, tem?

Ela riu.

– Katrina Dias... Eu conheci você com sete aninhos. Era tão docinha, tão meiga. – Ela me deu um tapa na perna. – Agora virou essa cavala aqui.

– Acredite, já me chamaram de coisa pior.

A tia chegou e jogou a camisa na minha cara. Eu a apertei e me levantei.

– Até mais. – Eu me despedi.

Saí marchando em direção ao refeitório.

Quando cheguei lá, o vadio do Pedro não estava lá.

– Cadê aquele cabeça de batata descascada? – Eu perguntei para a Marcela.

– Foi ao banheiro. Ele está tentando tirar aquela mancha.

Balancei a cabeça e fui andando até o banheiro.

Pisei ali dentro e vi uma cena perturbadora.

Pedro estava sem camisa, esfregando com as mãos a mancha, debaixo da água da pia.

– Oi. – Eu disse.

Ele se virou, surpreso para mim.

– O que faz nos banheiros dos meninos?

Ele largou a camisa no mármore e me encarou.

– Não tenho vergonha na cara. – Dei de ombros.

Ele sorriu.

– Percebi isso há muito tempo.

Pedro veio andando na minha direção e pegou a camisa. Ele a jogou sobre o ombro.

– Obrigado.

Assenti e girei os calcanhares para ir embora.

Mas Pedro me agarrou pelo braço e me trouxe para perto de si. Ele me empurrou contra a pia e eu fiquei agarrada ao mármore.

– Oh... – Eu disse, sem jeito. – Isso é estranho.

Mas ele estava sério.

– Você vai ver o jogo de amanhã, não vai?

Pisquei.

– Que jogo?

Ele sorriu.

– O de vôlei. Eu jogo vôlei, Katrina.

Fiquei surpresa.

– Não sabia. Agora dá licença que meu prato de macarrão está juntando mosquitos.

Pedro só me agarrou mais forte no braço.

– Só preciso saber se você vai ou não.

– Provavelmente não.

Ele inclinou a cabeça.

– Por quê?

Pensei por um instante. Odiava não ter um por que.

– Porque... Eu... Não tenho tempo.

Ele sorriu.

– Claro que tem. Por favor, vá. Eu quero te ver nas arquibancadas.

– Pra quê? Isso é estranho. A última vez que pediram para eu ir as arquibancadas foi para eu vender paçoquinha. – Eu disse e ri dessa lembrança. – Aquilo foi legal. Eu enfiei paçoquinha no nariz de um novato. Foi muito legal.

Ele sorriu.

– Não quero ouvir partes de sua vida que eu não estava presente. – Pedro deslizou suas mãos sobre meus braços e parou nos cotovelos. Ele os apertou e me puxou para mais perto dele. – Só vá, tá bom?

Ri, sem jeito. Minhas pernas começaram a esquentar.

– Tá certo... Vou levar a Marcela também. Cachorros ficam tristes se não levados com os seus donos.

Ele sorriu e encostou sua testa na minha.

– Um motivo a mais para que eu ganhe aquele jogo.

Pensei.

– Eu não vou vender paçoquinha, só estou avisando.


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Notas finais do capítulo

Oi, onigiris *0*
A Kat-Kat vendendo paçoquinha, essa eu queria ver USHHUSAHUAS
Ela fez uma revelação polêmica, hein UHASUUHSAUH ♥
Espero que vocês tenham gostado,
Comentem bastante! ♥