Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 26
Tchau Sanidade


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
O capítulo não saiu como eu pretendia como saísse. Por que, tia Bia? Ç^Ç
Eu estou morta de cólica, fim g.g Lutei contra forças maléficas e postei o capítulo com sucesso. Vocês me entendem, que eu sei :c
Mas, espero que vocês gostem,
Boa Leitura ♥



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     Estava tendo um sonho perfeito. 

   Eu estava em um restaurante. Ao meu lado esquerdo, Jason comia um cérebro. Ao meu lado direito, Freddy tirava os olhos do garçom. Suspirei, totalmente apaixonada. 

- Amo vocês. – Eu disse. 

  Os dois prestaram atenção em mim. 

- Também, querida. Nós te amamos. – Os dois disseram. 

  Eu acordei sendo chacoalhada por Marcela.

  Eu lhe meti o travesseiro na cara.

- Sai! – Eu murmurei, ainda de olhos fechados. – É sábado, e você estragou meu jantar! 

  A ouvi sorrir.

- Hoje temos uma peça para fazer, não temos?

   Me liguei.

  Levantei-me rapidamente e me sentei na cama. A encarei, pasma.

- É hoje?

- Hoje. – Ela balançou a cabeça positivamente.

- Hoje, hoje, hoje?

- Hoje.

- Não! – Eu peguei o travesseiro e bati na cama. – Mas é hoje?

- Sim, Katrina! É HOJE! – Ela apertou minhas bochechas. – É hoje que você vai arrasar.

- Meu Deus... Eu tenho que estragar essa peça. – Encarei Marcela. – Marcela... Eu posso te matar?

  Ela olhou surpresa para mim.

- O quê?

  Bati palmas.

- Que plano perfeito, o meu! Eu te mato no meio da peça, aí eu vou presa, e não tenho que fazer aquele papel ridículo!

  Ela cruzou os braços e bufou.

- Nunca ouvi um plano tão horrível na minha vida.

  De repente, a porta se abriu.

  Camila surgiu com um vestido branco, uma faixa preta com uma flor e sapatos pretos. Ela parecia brava.

- Você ainda não se trocou? – Ela lançou as mãozinhas para a cintura. – Está mais do que na hora de você tirar essa bunda da cama e agir feito gente grande!

  E saiu correndo. Eu olhei para Marcela, que estava rindo.

- Eu criei esse monstro? – Perguntei.

  Marcela riu.

- Sim, Katrina. Influência.

  Eita. Duas Katrinas em uma casa não irá dar certo.

*

  Eu me vesti de qualquer jeito e desci a escada.

  Marcela ajudava a minha mãe, que ajudava Isadora que dava o que comer para Camila.

  Mamãe vestia um vestido rosa cheio de brilho, seu salto era pink e ela havia alisado o cabelo. Isadora estava vestida feita uma velhinha. Vestido vermelho comprido, sapatos pretos e cabelo preso em um coque.

  Não pude evitar dar risada ao vê-las.

- Sério que vocês estão se aprontando para ver a bosta da minha peça?

  As duas assentiram.

- Não vamos perder isso, Katrina. – Mamãe me disse. – Você irá ser sociável. Isso é ótimo.

  Eu tossi.

- Nunca disse que eu iria ser sociável. Apenas falsa. Julieta é falsa. Pessoas que são simpáticas demais não me descem.

  Eu peguei uma maçã da fruteira e a mordi. Estava incrivelmente suculenta e doce.

  A desfrutei por alguns segundos, e quando restaram apenas as sementes, a joguei no lixo. Fui ao banheiro recebendo os sermões inúteis de Camila e fechei a porta em sua cara.

  Escovei os dentes e arrumei a juba. Cobri as falhas que a vadia da Carmen havia deixado. Eu ri, pensando em como ele deveria estar agora.

  Saí do banheiro e suspirei. As quatro me esperavam, impacientes na porta. Eu me arrastei até elas e fechei a porta atrás de mim.

- Vamos ver a Kat de Julieta! – Mamãe gritou. – Huhu!

  As três jogaram as mãos para cima e gritaram “huhu” também. Eu queria me matar.

  Peguei na mão de Camila, e nós cinco fomos para aquele inferno em forma de prisão. Ou prisão em forma de inferno, ambas dão na minha escola.

*

  Quando eu pisei naquilo ali, um temor do tipo: corre, Katrina, corra por sua vida! Percorreu-me a espinha.

  Antes que eu pudesse pular no ferro do portão e me matar, Marcela segurou minha mão.

- Vamos experimentar as roupas, “Kat-Kat”?

- Não me chame de Kat-Kat! – Eu berrei.

  Mamãe colocou sua mão sobre meu ombro.

- Boa sorte, minha querida. Nós três estamos torcendo por vocês duas. – Ela sorriu.

- Obrigada, Serena. – Sorriu Marcela.

- Obrigação de vocês torcerem por mim. – Eu resmunguei. – Afinal, vão estar sentadas apreciando enquanto eu caio em desgraça.

  Marcela me deu um cutucão.

- Não resmungue! Você parece uma velha!

  Eu bufei.

- Vou para o inferno. Tchau.

   Marcela riu e acenou alegremente, enquanto pegava minha mão e me arrastava para dentro do meu caixão.

  O caminho inteiro foi repleto de “Boa sorte!”, o que quase me fez vomitar.

  Chegamos à sala de Artes e eu levei um baita susto ao ver Carmen de calcinha e sutiã. Eu comecei a dar risada da cara dela. O rosto da vadia estava vermelho e inchado, e o olho direito roxo.

- Tá olhando o que, Katrina? – Ela gritou com a maior cara de assassina do mundo.

  Eu ri.

- Estou olhando o quanto você fica bonita quando leva uma surra. Se quiser, eu te dou outra com o maior prazer.

  Carmen rosnou e já vinha na minha direção, mas Marcela se pôs na frente.

- Chega de brigas, Carmen! – Ela abriu os braços, como se estivesse me protegendo de algo. – Daqui a pouco é a nossa apresentação, e você ficará ainda mais feia, porque Katrina irá acabar com você. Então eu acho que você deveria ficar na sua.

  Provavelmente ela disse aquilo como se quisesse dizer: chega de brigas, suas crianças! E não como saiu: você é uma fracote e irá perder para a Katrina, então fica na sua, vadia.

  Mas eu ri mesmo assim.

  Depois de colocar aquela cortina desgraçada, eu me arrastei até os fundos do palco.

  Na realidade, eu me lembro do que o Pedro me disse. “Eu me esforcei para fazer aquele palco”, então os próprios alunos fizeram aquela coisa.

  O chão era de madeira rústica, tinha pelo menos uns dez metros de comprimento. Bem na metade, havia a cortina vermelha que separava nosso “camarim”, onde todos os atores estavam. Eu abri uma fresta da cortina e vi a multidão ali disposta. Xinguei até o papa.

  Mamãe estava sentada na fileira de frente, ao lado direito de Isadora. Isadora estava com Camila no colo, que estava chupando um pirulito. Camila estava com uma cara horrível, do gênero: eu odeio todo mundo.

   Sorri, imaginando que ela iria ficar igual a mim.

  Fechei a cortina e percebi que minhas mãos estavam suadas. Olhei para os lados. O pessoal estava animado demais para prestar atenção em mim. Eu queria fugir dali, me matar, matar todo mundo.

  Foi ai que pegaram na minha mão. Eu já ia mandar a pessoa se foder, mas quando me virei, minhas pernas começaram a esquentar.

  Pedro estava mais para gogoboy, do que para cavaleiro. Usava uma camisa cinza totalmente apertada, a ponto de me fazer ficar sufocada. Usava calças jeans e uma bota preta. Um cinto preto estava disposto sob a camisa, e ele estava com uma espada do tipo esgrimista.

- Megera, você está suando. – Ele sorriu.

- Não me diga. – Resmunguei.

  Ele riu e apertou minha mão com mais força.

- Não precisa se preocupar, certo? Eu estarei no palco o tempo inteiro. Obrigaram-me a ficar lá. Se você se sentir desconfortável e esquecer as falas, pode se virar para mim que eu lembro. Fui obrigado pelas meninas da sétima série a memorizar todas as falas.

  Eu ri.

- Que dó de você.

  Ele riu e balançou a cabeça.

- Fiz isso também por você.

  Fiquei sem jeito.

- Como assim?

  Ele ia falar, mas o bosta do Hugo apareceu por cima do ombro dele e se apoiou em sua cabeça.

- Bom dia, minha Julieta. Está linda como sempre. – Ele sorriu.

  Pedro mordeu o lábio inferior e se virou para ele.

- Ela não é a sua Julieta, seu cozinheiro de merda. – Ele disse em um tom baixo, mas cheio de ódio.

- Exato. – Concordei. – Agora saem de cima de mim, tenho coisas para fazer.

  Empurrei Pedro. Ele tropeçou e empurrou Hugo, que caiu no chão. Dei de ombros e andei em direção a Marcela, que estava arrumando a gola do vestido de uma garotinha.

- Katrina, espera! – Pedro me chamou.

  Eu apenas acenei por cima do ombro e cheguei até ela.

  Quando cheguei perto, vi que a garotinha era Liza.

- Oi, Katrina. – Ela sorriu.

  Liza me examinou por alguns segundos.

- Sua cor não é rosa.

  Sorri.

- Não mesmo.

  Então, algo perturbador aconteceu. A professora anunciou que a peça começaria em trinta segundos. Eu roí a unha, nervosa.

  Cruzei os dedos e olhei para o teto.

- Jason, Freddy... Se vocês estiverem me ouvindo... Faça com que tudo dê errado para as meninas, e tudo dê certo para mim. É só isso, tchau. – Eu sussurrei.

   Abri os olhos e me sentei em um banquinho de madeira. Esperei uns cinco minutos e minha vez apareceu.

  Abri a cortina graciosamente e sorri, fingida.

- Quem me chama? – Eu perguntei, pelo menos é o que dizia nas falas.

  Conversa vai, conversa vem, chegou o momento desgraçado.

  Hugo entrou em cena. Várias garotas gritaram em desespero ao o ver usando uma legging azul, botas pretas e uma camisa branca. Pelo jeito, o mesmo pensamento passou pela cabeça de Pedro, pois ele abafou uma risada.

- Se com minha mão pecadora eu tocar e profanar sua mão sagrada, aceito a penitência, então meus lábios, dois humildes peregrinos, hão de apagar com um terno beijo o pecado de minha mão. – Disse teatralmente ele.

  Algumas meninas da plateia gritaram. Eu somente revirei os olhos.

- Não calunie sua mão, romeiro, ela demonstra pecado e devoção, eu vejo... As santas também têm mão, que os peregrinos podem tocar. Unindo as palmas é que as mãos se beijam. – Eu resmunguei.

  Hugo fez um drama e colocou a mão no peito.

- As santas não têm boca?

  Quase que eu falo: não, trouxa, elas tem um pau onde atacam na cabeça de gente idiota como você. Mas me segurei.

- Sim, romeiro, mas só para orações.

  Ele se aproximou de mim. Dei um passo para trás.

  Quando eu olhei a minha volta, Carmen e Pedro estavam lado a lado. Marcela estava atrás de Hugo, pulando, animada.

- Se é assim, minha cara santa, deixa os lábios fazerem o que fazem as mãos! Eles rogam, conceda-lhes esta graça, para a sua devoção não fraquejar.

  Ele deu um passo para frente. Eu dei dois para trás.

- Santas não se movem, embora concedam suas graças aos devotos.

  É agora.

- Pois então não se mexa e atenda meu pedido.

  Hugo veio para me beijar, e eu dei quatro passos para trás. Quando fui dar o quinto, a vadia da Carmen levantou o pé.

  Eu iria cair no chão, estragar a peça e tudo mais. Isso seria ótimo, comparado ao que aconteceu em seguida.

  Pedro me pegou quando eu estava caindo, me deixando a uns vinte centímetros do chão. Eu o encarei, apavorada. Ele sorriu, sacana e aproximou seu rosto do meu.

- Viu, Katrina. Você pode tentar fugir de mim, mas você sempre irá acabar assim: totalmente jogada e entregue em meus braços. – Ele sussurrou para mim.

  Eu engoli em seco.

- Pedro, isso não está no script.

  Ele aproximou ainda mais do meu rosto.

- É, eu gosto de improvisar.

  E me deu um beijo na frente de todo mundo.

  Pronto, lá vai a sanidade de Katrina Dias. 


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Notas finais do capítulo

Oi, gente :3
Nada a declarar sobre esse capítulo ASUHSAHHUHUSA Pedro, seu safado HUASHSAHUHSA u3u
*Não tenho mais nada para comentar Ç^Ç*
Mas é isso, espero que vocês tenham gostado,
Comentem bastante! ♥