Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 23
Tenho Péssima Pontaria


Notas iniciais do capítulo

Oi, gatinhos :3
Como prometido, aqui o capítulo do ~encontro~ deles (Katrina me bateu ;-;) Espero que vocês gostem,
Boa Leitura ♥



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Eu estava tendo um sonho maravilhoso.

  Eu e Freddy estávamos sentados em um banco de mármore, em frente ao mar.

- Katrina, sabe que você é a garota dos meus sonhos? – Ele disse, em um tom doce.

  Enrolei meus cabelos com os dedos.

- Eu sei, bobinho.

  Estávamos prontos para nos beijar.

  Alguém me deu um tapa na bunda.

  Eu gritei, meio desesperada. Então eu vi que estava deitada de bruços na minha cama, toda descabelada e ao meu lado, uma Marcela de braços cruzados, séria.

- Você é um monstro! – Eu berrei.

  Peguei meu despertador e vi que eram dez e meia. Amaldiçoei Marcela por umas seis vidas.

- Katrina, você tem um encontro uma hora da tarde. Se não se arrumar desde já, vai se atrasar, afinal, você é você. – Ela deu de ombros e foi embora.

  Eu fiquei puta da vida.

- Isso não é um encontro! – Eu berrei. – E como você sabe o horário que ele vem, se eu não sei?

  Ouvi Marcela rir.

- Só se arruma logo, branquela.

   Abri e fechei a boca. Sentei-me na cama e encarei o guarda-roupa por alguns segundos.

  Precisava decidir mentalmente o que usar.

  Foi aí que eu quase fui estrangulada por Marcela.

- Você está parecendo uma mendiga! – Ela gritou e me agarrou nos ombros.

  Olhei para mim mesma. Calça jeans rasgada, camisa branca com mancha de macarrão e o cabelo solto. Arrastava-me em chinelos.

- Eu estou linda. – Eu sorri.

  Marcela bufou.

- Agora... Isso virou pessoal.

  Ela me empurrou para o banheiro e penteou o meu cabelo.

- Ninguém mexe no meu cabelo. – Eu disse.

  Ela deu um puxão nele.

- Fica quieta.

  Marcela amarrou o meu cabelo com um laço preto, de forma que as pontinhas dele aparecessem, mesmo com eu de frente. Ia protestar, mas eu gostei.

- E agora... – Ela tirou um vestido de Nárnia. – Pode vestir isso.

  O vestido era inteiramente preto. Havia quatro alças: as duas normais, e duas que caiam pelo ombro. Na barra, babadinhos em forma de corações se pendiam.

  Eu estreitei os olhos.

- Não vou usar isso.

  Ela sorriu.

- Ah... Vai sim.

  Eu pensei que Marcela iria me estuprar. Ela tirou minha camisa pela cabeça e me enfiou o vestido.

- Oh! – Eu berrei.

  Ela me observou.

- Não bagunçou o cabelo, ótimo.

  Marcela me puxou para que eu ficasse de pé e tirou minhas calças.

  Ela me olhou com orgulho.

- Você está linda, Katrina. – Ela apertou minhas calças contra o peito.

- Não tenho sapato. – Reclamei.

- Não seja por isso!

  Ela tirou um par de sapatilhas de Hogwarts e colocou sobre minhas mãos. Eu me assustei.

- De onde você tira essas coisas? Tem Hogwarts no bolso?

  Ela riu.

- Não seja boba, Katrina. Agora os calce.

  Eu me sentei na cadeira e os calcei. Cabiam perfeitamente.

- Marcela, você me assusta. – Resmunguei.

  Ela sorriu.

- Agora sim, Katrina. Pode ir lá pegar seu italiano.

*

  Pedro chegou quinze segundos para a uma. Eu estava sentada no sofá, assistindo backyardigans com Camila.

- Minhoco, minhoco... – Ela cantava.

- Katrina... – Me chamou angelicalmente Marcela. – Pedro está aqui.

  Inspirei e me levantei do sofá. Caminhei até a porta e olhei para ele.

- E aí. – Cumprimentei.

- E aí, megera. Pronta?

  Eu ri.

- Não, eu durmo com esse vestido caro, mesmo. Afinal, eu sou rica.

  Ela deu risada.

- Vamos logo.

- Bom divertimento, Kat. – Desejou Marcela.

  Lhe dei língua.

  Caminhei até a calçada e me virei para Pedro. O avaliei.

  Calça jeans preta, camisa camuflada agarradinha, uma pulseira de fio vermelha e tênis preto. Ele estava exalando hortelã e... Aproximei-me dele e cheirei sua gola.

- Hortelã com mel? – Adivinhei.

  Ele assentiu.

- E você, o que cheira?

- Provavelmente talco. Agora vamos logo que eu mal posso esperar para ver O Massacre da Serra-Elétrica pela quadragésima vez! – Eu bati palmas, feliz.

  Pedro revirou os olhos.

- Katrina, você é muito doida.

  Você não viu nada ainda.

*

  Quando aquelas portinhas do mal se abriram sozinhas, eu estremeci.

  Inalei aquele ar desgraçado e arrepiei. Pedro percebeu e apertou minha mão.

- Algo errado?

- Sinto cheiro...

  Ele juntou as sobrancelhas.

- Sente cheiro de quê? 

- Sinto cheiro de gente rica.

  Pedro riu alto.

- Meu Deus, megera. Quanta cisma em uma única pessoa. – Ele me pegou pela mão. – Vamos logo, certo?

  Eu balancei a cabeça positivamente, e fiquei incomodada com aquele cheiro fortíssimo.

  A mão de Pedro estava quentinha, e eu só o deixei pegar a minha porque eu estava com frio. A vadia da Marcela me fez colocar um maldito vestido curto sem mangas.

  Ele sorriu quando viu minha não-persistência.

- Está mansa hoje, cobra.

  Eu ri.

- Sim, você está com sorte hoje.

  Quando o cinema já estava visível, as pessoas começaram a nos olhar. Eu tossi.

- Por que estão nos encarando? – Sussurrei.

  Pedro riu.

- Eles estão tendo a mesma ideia do que eu.

  Estranhei.

- Que ideia?

- Que nós dois fazemos um casal perfeito.

  Eu belisquei sua mão.

  Chegamos à fila para comprar os ingressos.

- Fique do lado de fora. – Ele me avisou.

  Assenti e contornei a fila. Cruzei os braços e fiquei pensando em um gordo rolando rua abaixo. Ri sozinha.

  Um garoto – provavelmente rico – chegou perto de mim e me olhou de cima a baixo.

- Que foi, palhaço? – Eu o encarei. – Perdeu alguma coisa aqui?

  Ele sorriu.

- Eu tenho um carro, gata. Quer dar uma volta comigo?

- Não. Agora saí fora. – Revirei os olhos.

  Não sei o motivo, mas ele ficou ofendido.

- Você pensa que é quem para falar comigo? Só por que é gostosa pensa que pode sair por aí e se fazer de difícil?

  Eu abri a boca.

- Não sou gelatina para ser gostosa.

  Algumas pessoas começaram a nos olhar. O garoto provavelmente queria fazer um escândalo, me humilhar e sair feliz. Mas hoje não. Ele encontrou a garota errada para fazer isso.

- Sabe de uma coisa, você nem é tão bonita assim. Você é apenas uma vadiazinha como tantas outras por aí.

  Eu me senti extremamente ofendida. Mas não iria sujar minhas mãos com ele.

- Katrina, peguei a pipoca e comprei as coisas. – Me avisou Pedro por cima do ombro.

  Tive uma ideia.

  Virei-me para Pedro, com cara de cachorro abandonado.

- Ele me chamou de vadia. – Apontei teatralmente para o garoto.

  Pedro estreitou o olhar.

- Quer que eu acabe com ele?

  Sorri e olhei para o menino. Ele estava branco.

- Quer saber? Não... Vamos assistir ao filme, é melhor do que perder o nosso tempo com esse aí.

  Ele sorriu e me deu uma caixinha com pipoca.

  Quando estávamos entrando, eu tive a certeza que Pedro estava olhando mortalmente para o moleque. Eu pulei, contente. Adoraria ver uma treta depois do filme.

  Entramos na sala escura e nos sentamos no fundo. Antes mesmo de o filme começar, já tinha comido metade das minhas pipocas.

  Quando começou, eu levei vários sustos com o pessoal do cinema. Eles gritavam desesperados para qualquer mão voando. Ah, que coisa mais sem graça. Gosto de ver cérebros, corações sendo arrancados, e não mãos.

  Em nenhum momento Pedro pareceu ficar com medo. Ele se espreguiçou várias vezes, mas nunca demonstrou medo. Ele esticou o braço por trás do meu assento, roubando várias pipocas minhas. Eu peguei metade do refrigerante dele.

  Eu saí alegre da sala.

- Tá, eu adoro ver esse filme. Não importa quantas vezes, eu sempre amo ver! – Eu disse animada.

  Pedro sorriu.

- Fico muito feliz que você tenha gostado.

- Se eu gostei? Eu amei! – Bati em seu ombro. – Só a parte de passear no shopping não me agradou muito.

  Ele coçou a cabeça.

- Se eu te convidar para vir de novo, você vem?

- Se for de graça, está feito. – Eu sorri.

  Eu percebi que na sala ao lado, estava passando Titanic. Várias garotas choravam e se esfregavam nos braços dos namorados, ainda emocionadas.

  Eu ri.

- Tão besta esse povo que chora com filme... – Resmunguei.

- Katrina, quer tomar um sorvete? – Pedro agarrou minha mão. Ele arregalou os olhos. – Katrina, você está gelada.

  Eu sorri.

- Eu sou gelada.

- Não... Sério, você está gelada. Está com frio? Eu posso te comprar um casaco, se quiser.

  Eu arregalei os olhos.

- Não faça isso. – Estiquei minha mão na frente de seu rosto. – Você vai falir.

- Katrina... Não fale isso. E se você ficar doente, eu vou ser o culpado. – Ele sorriu. – Uma cobra de sangue gelado ficar com frio, essa é nova.

  Eu ri.

- Você é idiota, só pode. Mas eu estou morta de fome.

  Pedro pareceu ficar assustado. 

- Comeu um pote de pipoca, roubou o meu refrigerante e ainda está com fome. Caraca, você é um saco sem fundo. 

  Pedro fez um aro com o braço e puxou minha mão entre ele.

- Você vai comer comida italiana agora, Katrina.

  Eu me assustei.

- É bom?

  Ele sorriu e olhou para mim.

- É muito bom. Você vai comer Tiramisù comigo. E vai adorar.

*

  E de fato, aquele doce com nome estranho é muito gostoso. Eu repeti o prato umas três vezes. Sim, eu sou gulosa, não me culpe.

  Pedro parou de comer e apoiou o queixo na mão e ficou me olhando. Eu o encarei.

- Quê? – Perguntei, com a boca cheia de bolacha.

  Pedro deu risada.

- Não posso te olhar?

- Não.

  Ele ergueu os cantos de sua boca.

- Você fica linda comendo doces. Mas e aí, Katrina. Já acabou ou quer mais?

  Eu olhei para o prato depois para ele.

- Eu ia pedir mais, mas você está com pressa, então é melhor eu parar por aqui.

  Pedro começou a dar risada e tapou a boca.

- Você é um saco sem fundo! Não sei como não engorda.

  Eu sorri.

- Eu queria ser gorda, eu seria tão mais legal. O único problema é que não ficaria bem em mim.

- Você fica bem em qualquer coisa ou situação, Katrina.

  Eu sorri.

- Nem é verdade, mas... Hã... Vamos embora?

- Claro. – Ele sorriu.

  Pedro chamou o garçom.

  Ele disse algo muito engraçado, provavelmente em italiano. Eu comecei a dar risada.

  O garçom me olhou com cara de ponto de interrogação. Pedro começou a falar com ele, e o garçom abriu um sorriso.

- Buona fortuna. – Ele piscou e desapareceu atrás de uma portinha.

  Eu encarei Pedro. Ele estava rindo, como se vira o Jason.

- Fala italiano desde sempre?

  Ele me olhou, surpreso.

- Sim, nasci na Itália. Morei lá até meus seis anos.  

  Eu sorri.

- Deve ser legal aprender outra língua diferente desse inferno chamado Português.

  Ele riu.

- É fácil falar italiano. Comece me chamando de “fidanzato”. É um dos primeiros passos.

  Eu cruzei os braços.

- Isso me parece suspeito. Depois eu vejo o que significa.

  Ele sorriu.

- Significa algo que irá acontecer, mais cedo ou mais tarde.

  Eu somente ignorei essa sentença.

*

  Quando estávamos indo para casa, o frio apertou.

- Ah, droga. Agora eu estou com frio. – Eu disse, esfregando os braços.

  Pedro fez algo assustador. Ele me abraçou.

- Oh, o que você está fazendo? – Eu me contorci.

- Estou te esquentando.

- Mas temos que andar! – Eu apontei para a rua.

  Pedro pegou minha mão e colocou junto a sua barriga.

- Fique quieta por um instante, Katrina.

  Ele empurrou minha cabeça contra seu peito. Ele ainda cheirava hortelã com mel.

  Eu o ouvi sorrir.

- Pronto, nossa carona chegou.

  Ele me largou e eu me virei. Atrás de nós, uma limusine preta estava estacionada. Eu fui para frente, com o susto. Mas eu apenas bati em seu peito.

- Quem é esse? – Perguntei.

- Derek.

  Eu arregalei os olhos.

- Mano... Brinca não.

  Derek saiu sorridente da limusine e nos encarou.

- Olá, pombinhos. Curtiram o passeio?

  Olhei para Pedro.

- Quando você o chamou?

- Quando você foi ao banheiro. Mas vamos, entra, entra.

  Ele me pegou pelo cotovelo e praticamente me jogou lá dentro. Eu me ajeitei e me sentei no banco de couro. Pedro se sentou ao meu lado, e Derek na minha frente.

- Então, Kat-Kat, como anda?

- Com as pernas. Não aprendi a voar ainda. – Murmurei.

  Pedro riu.

  Derek tirou os óculos de Sol – desnecessários – e me encarou.

- Como vai o docinho?

  Olhei para ele.

- Docinho?

- Marcela. – Esclareceu Pedro.

  Abri a boca.

- Tu tá caído por ela, mano? Eita, boa-sorte.

  Derek sorriu.

- Boa-sorte é para o maluco do seu lado, megera.

  Pedro lhe deu um tapa na coxa.

*

  Chegamos em casa e eu fui a primeira a sair dali.

  Pedro saiu depois de mim, e viu Derek parado lá dentro.

- Não vem? – Perguntou Pedro.

  Ele balançou a cabeça em negativa.

- Tenho assuntos a resolver com o... – Ele pigarreou. – Com o coisa, saca?

  Pedro ficou sério.

- O.k.

  Eu os encarei.

- Só vai embora, peste.

  Derek sorriu.

- Sentirei saudades também, megera. Manda um beijo para o doce.

  Ele fechou a porta e a limusine deu uma guinada para frente, indo embora.

  Encarei Pedro.

- Hoje foi legal. Tchau.

  Tentei entrar em casa, mas ele me puxou pelo braço.

  Pedro apertou minhas bochechas com uma das mãos, e me deu um selinho.

  Fiquei pasma.

- Boa-tarde para você também, Katrina. Espero que sonhe comigo, porque eu irei sonhar com você.

  Ele me largou e atravessou a rua tranquilamente.

  Eu não podia acreditar. Peguei uma pedra que estava na calçada e o errei por dois centímetros. Ele correu para dentro de sua casa e me mandou um beijo.

  Eu olhei para os lados.

- Ai, caramba. Alguém, socorro. – Sussurrei. 


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Notas finais do capítulo

Oi, onigiris :3
Eu fiquei com vontade de comer Tiramisù, cara e.e
Bom, já sabemos que Katrina não engorda, saco sem fundo u-u
Espero que vocês tenham ficado alegres, bravos, não sei u-u
Gente, gente, gente, agora vamos a uma perguntinha:
Qual a música de Katrina?
Quero ver sugestões, hein *0*
Espero que vocês tenham gostado,
Comentem bastante! ♥