Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 17
Fazemos Concreto


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
Capítulo saindo de noitinha u-u
Espero que vocês gostem!
Boa Leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401604/chapter/17

O pior momento do meu dia com certeza foi ver o meu... O meu... Nossa, que tristeza falar isso. O Romeu, pronto.

Ou melhor, Gordomeu. Não sei o que Marcela viu nesse cara, pelo amor de Deus.

Entrou na sala de artes alegando: quero ver a minha Julieta!

Quase que ele via a Julieta “dele” mandando ele para um lugar lindo.

– Não sou e nunca serei sua Julieta. Então pode tirar seu cachorro da chuva. – Eu respondi secamente.

Nessa altura, eu já tirei o vestido cor-da-perseguição. Eu estava pronta para ajudar – fui chantageada pela Marcela – a fazer os cenários e os figurinos.

– Ah, mas Katrina, nós precisamos treinas as falas. – Ele coçou a cabeça.

– Então treine sozinho. Não tenho tempo a perder com você.

Eu tentei passar pela porta, mas ele havia a bloqueado.

– Agora sai da frente.

Eu o empurrei e ele se precipitou. Caiu no chão e ficou me olhando com cara de cachorro abandonado.

– Se pensa que eu caio nesse charme falso, você está muito enganado. – Mostrei meu dedo para ele.

Fechei a porta atrás de mim e fui para o pátio.

O caminho para lá foi algo assustador. Várias pessoas passavam e me desejavam “boa-sorte”. A única vez que me desejaram boa-sorte foi no provão da oitava série.

Mas eu encontrei algo que me fez rolar de rir. Pedro estava usando a fantasia de coelho. Estava com uma placa em mãos: Ajude-nos com os figurinos e com o cenário e ganhe um abraço do coelho!

Usava um short comprido camuflado com suspensórios pretos. Nada de camisas. Também estava usando uma bota preta e o arquinho com as orelhas.

Eu parei em frente a ele e sorri.

– Caracas, bicho. – Eu brinquei. – Está uma ga-ci-nha.

Ele riu.

– Isso vindo de você... – Ele balançou a cabeça negativamente. – Aliás, megera... Você deveria prender o cabelo mais vezes assim. Você fica mais bonita.

Eu passei a mão no cabelo instintivamente.

– Não precisa dizer algo que eu... Que eu... – Não sei por que, mas me senti desconfortável.

Ele riu.

– Não precisa agradecer nem rebater. Só continue sorrindo. – Ele mudou de posição.

Eu belisquei minha mão.

– Eu tenho coisas para fazer... Então, hã... Até mais.

– Sim, a gente se vê.

*

Se você pensa que ajudar em uma peça para a escola é algo fácil, tire seu pônei da chuva.

Eu carreguei mais ou menos um trilhão de quilos. Óbvio que eu estou sendo modesta.

Quando finalmente acabamos, e eu estava jogada em uma cadeira de madeira, me trouxeram um copo d’água.

– Obrigada pelo lindíssimo trabalho duro, Katrina. – A mocinha sorriu.

– Até que enfim essa água chegou, hein. – Eu resmunguei.

Ela deu um tapinha na minha cabeça. Eu lhe dei língua.

Eu criei coragem e me arrastei até a sala de aula, onde eu havia deixado meu material. Depois que eu o pegasse, iria embora e tomaria um banho. Depois mofar na cama. Estremeci só de pensar.

Quando entrei na sala, eu vi uma cena perturbadora.

Carmen estava conversando com Marcela. Mas não era uma conversa, conversa. Era uma conversa do tipo: Eu vou te matar na hora da saída.

Eu pigarrei e entrei na sala normalmente.

Marcela suspirou e correu para o meu encontro.

– Katrina, que bom te ver!

– Não digo o mesmo.

Eu peguei minha bolsa e a joguei por cima do ombro.

Parei em frente à Carmen e a encarei.

– Olha... Eu não sou contra a maquiagem, sabe. Mas você querer parecer um palhaço... É estranho. – Eu disse. – Sabe por quê? Porque você não vai ficar bonita nem se fizer uma cirurgia plástica. Quem tem uma alma feia, vai ser feio para sempre. Aceite isso e você será mais feliz.

E andei e saí da sala naturalmente. Ouvi um grito histérico de dentro da sala. Eu não pude evitar de soltar uma risada.

Quando eu estava fora da escola, alguém me agarrou. Instintivamente eu me abaixei e estiquei minha perna, dando uma rasteira nesse alguém.

Não demorou muito para eu ouvir maldições de Marcela.

– Katrina! – Ela berrou.

– Ah, tá, tá, tá. – Eu tapei o ouvido e continuei a andar.

Ela berrou e caminhou ao meu lado. Eu parei e a encarei.

– Sua casa não fica para esse lado.

– Eu sei. – Marcela sorriu. – Vou para a sua casa, Katrina.

Eu praticamente pendurei minha cabeça no pescoço. Olhei para o céu.

– Deus... Por que essa menina teve que entrar na minha vida? Hã? – Eu sussurrei.

Então algo muito estranho aconteceu.

Um avião estava passando, e pregado nele, havia uma faixa branca. Nela, estava escrito em vermelho: Aguente firme!

Eu sorri.

– Isso só pode ser macumba, não é possível.

*

Quando eu cheguei em casa, a primeira coisa que eu vi foi um bilhete pregado na porta.

Eu o arranquei e li, era a letra da minha mãe:

Katrina, eu fui para o trabalho e Isadora foi para a cidade fazer a compra do mês. Mas tem algo mais importante: Eu coloquei Camila na creche. Pegue ela às seis e meia da tarde. Se a senhorita não a buscar nesse horário, diga adeus a sua TV. Deseje um bom-dia para a Marcelinha.

Eu amassei o bilhete e o joguei na piscina.

– Mamãe te desejou bom-dia. – Avisei Marcela e abri a porta.

O silêncio que permanecia na casa me fazia extremamente bem. Eu joguei minha bolsa no sofá e fui até o meu quarto.

Joguei-me na cama e comecei a tirar a camisa.

Não me julgue, dormir só de calcinha é a melhor coisa do universo. Ainda mais quando você está morta de cansaço.

– Katrina, o que você está fazendo? – Indagou Marcela, entrando no meu quarto.

Eu a encarei.

– Vou dormir. – Tirei a camisa completamente e estava pronta para desabotoar o sutiã.

– Não faça isso! – Gritou Marcela e se virou.

– Marcela, você também tem bolas. – Eu chacoalhei a cabeça.

– Katrina, diga “seios”, é mais delicado. – Ela se virou e se sentou em minha cama.

Eu forcei um sorriso irônico.

– Eu não sou delicada. – E joguei minha camisa em sua cara.

Eu tirei as calças e as joguei no chão.

– Mas... Se você vai dormir, o que eu vou fazer a tarde inteira? – Ela tirou a camisa da cara e a apertou contra o peito.

Dei de ombros.

– Vá embora. – Dei um “tchauzinho” e me enrolei nas cobertas.

Eu senti uma força subindo em Marcela. Mas queria evitar a fadiga, então nem virei a cara.

Marcela puxou as cobertas e eu fui para o chão.

A encarei.

– Certo... Se é assim... O que nós vamos fazer? – Ela disse em um tom angelical.

– Te matar... Que tal? – Sugeri.

Ela revirou os olhos e desapareceu no corredor.

Eu bati minha testa de leve na madeira da cama.

– “Aguente firme”, você diz. Aguente firme... – Eu me contorci.

Peguei minha camisa do Freddy e a vesti.

– Boa-sorte, amigão. – Eu murmurei.

Desci a escada e vi Marcela parada com uma encomenda em mãos.

– É sua. – Ela me entregou.

Eu peguei a encomenda e a joguei no sofá.

Marcela me encarou.

– Katrina... Não é melhor você colocar calças? – Ela abafou uma risadinha.

Eu olhei para mim mesma. Minha calcinha era laranja cheia de listras pretas e moranguinhos.

– Minha calcinha é linda. A aprecie. – Eu sorri.

– Katrina. Eu tenho uma ideia. – Ela bateu as mãos. – Vamos fazer um bolo!

– Não.

Eu já ia subir para assistir Sexta-Feira Treze, quatorze horas seguidas quando Marcela me puxou de volta.

– Vamos, Katrina! Vai ser divertido!

Eu olhei para os lados.

– Se eu queimar essa casa... A culpa é sua.

Ela sorriu.

*

Nós duas não estávamos fazendo um bolo de chocolate. Estávamos fazendo concreto.

Eu sabia disso por que:

Primeiro: eu não sei cozinhar.

Segundo: Marcela não sabe cozinhar.

Pronto.

Nós colocamos aquilo no forno e eu fiquei agachada o vendo crescer.

– Katrina... Acho que esquecemos os ovos. – Me informou Marcela, que estava sentada na nossa mesa, checando o livro de receitas.

Eu ri.

– Quem vai ser a cobaia? Eu que não.

Marcela pensou por um instante.

– Que tal...

Eu sorri tão descaradamente que meu sorriso ficou maior do que o do Cheshire.

– Vamos dar para o Pedro! – Bati palmas.

Marcela abriu a boca.

– Acho que não, Katrina... Isso seria crueldade.

Eu ri debilmente.

– Não, minha querida. Isso é perfeito. Ele não vai ficar com raiva de mim, eu fiz coisas mais terríveis com ele.

Marcela soltou um riso.

– Faça como achar melhor.

*

Quando aquilo ficou pronto, já eram cinco e meia.

Nós o enfeitamos com muito carinho – Marcela o enfeitou, por mim, colocaríamos galinha assada – e o cortamos.

Um recheio leitoso e branco saiu lá de dentro. Eu me assustei.

– Quando você colocou esperma ali?

Marcela me deu um tapa na cabeça. Eu ri.

Peguei o pedaço e coloquei um garfo verde para ficar bonitinho.

Andei até a porta e saí de casa. Minha vizinha Lúcia estava tomando Sol com o Pulguento no colo.

– E ai, Lúcia. – Eu a cumprimentei.

Ela arregalou os olhos.

Hum, mal-educada.

Bati na porta de Pedro e esperei.

Mas quem apareceu foi... A mãe dele. Eu engoli em seco.

– Katrina, que bom lhe ver! – Ela disse em um tom gentil.

Para você que não sabe, dona Isabel é a pessoa mais frágil do universo. Além de ser puro osso. Eu tenho muita pena dela, por isso sou gentil.

– O... Oi, dona Isabel. Hã... O Pedro está ai?

– Não, minha querida. – Ela viu o prato. – Oh, isso é para mim?

Ferrou.

– Katrina! – Marcela gritou lá de casa.

Eu me virei desesperada.

– Você está sem calças! – Ela berrou, quase rindo, que eu sei.

Ah, é por isso que tem bastante vovô saindo de suas tocas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi, gente :3
A única coisa que eu falo: Eu também adoro dormir de calcinha. Tchau
SHUSUAUSAHHSA ♥
Espero que vocês tenham gostado!
Comentem bastante u3u