Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 12
Sou Péssima Com Videogames


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente u-u
Capítulo saindo tão tardinha assim u-u Fiquei sem sono e decidi postar >w<
Boa leitura ♥



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Naquele momento, toda a minha graça escoou pelo ralo. Pedro e Marcela me olharam apreensivos.

  Eu pisquei para eles e acompanhei Carmen.

  Ela me levou até o banheiro, que ecoava os sons da briga.

- O que você quer comigo? – Perguntei secamente. – Tenho mais do que fazer do que papear contigo.

- Como atiçar uma briga? – Ela perguntou, abrindo um sorriso forçado.

- É mais divertido do que ficar com você aqui, eu tenho certeza. – Fiquei encarando minhas unhas.

  Ela suspirou.

- Katrina, vim te prevenir.

  Olhei para ela.

- A última vez que me preveniram foi quando o meu cachorro, Billy, estava com sarna e falaram para eu correr com ele no veterinário. Então é bom o assunto ser sério.

  Ela sorriu.

- A Marcela, Katrina. Marcela é perigosa. Ela vai te usar para subir sua reputação e ser famosa para conquistar Hugo. Se você se juntar comigo, nós duas podemos arrastá-la de lado.  

 Eu abafei uma risada que ousou sair. Isso estava muito óbvio. É claro que não vou cair nisso.

  Cruzei os braços e a encarei.

- Além de vadia, consegue ser mentirosa. E atua bem, hein. Eu já saquei seu plano. Você quer me afastar de Marcela, assim conseguirá fazer a cabeça dela mais facilmente. E com isso você irá conseguir seu tão esperado amado. – Eu lhe dei língua.

  Ela estreitou o olhar.

- Katrina... Você é mais cobra e esperta do que eu previ. – Ela murmurou.

  Eu ri e coloquei a mão na boca.

- Para ser mais esperta do que eu, minha querida, só mais mil anos de treinamento árduo. De preferência, entre quatro paredes.

  Eu tentei sair do banheiro, mas Carmen me agarrou pelo braço.

- Eu não gostei de você logo no momento em que te vi. – Ele sussurrou para mim.

  Eu ri.

- É, eu causo essa impressão nas pessoas. Mas não se preocupe. Nós estamos quites. – E mordi sua orelha.

*

  Eu andei até a mesa onde estavam os dois tranquilamente.

  Sentei-me no meio deles e suspirei.

- Acabou a briga?

- Há alguns segundos. – Explicou Pedro. – As coordenadoras vieram e varreram o pessoal. Foi triste, algumas pessoas caíram e foram pisoteadas.

  Eu abri minha boca.

- Como assim eu perdi isso? Devia ter sido demais!

- E de fato, foi. – Ele sorriu.

- Katrina... O que vocês duas estavam conversando? – Perguntou infantilmente Marcela.

  Olhei para ela.

- Não é da sua conta. – Eu disse, imitando a sua voz.

  Ela fez um beicinho e se escondeu nos braços. Dei de ombros.

  Foi aí que algo estranho aconteceu. Hugo colocou suas mãos sobre a mesa e se inclinou em minha direção.

- Hey, Catarina. – Ele sorriu. – Temos que treinar nossas falas. – Ele olhou para os meus peitos. 

  Pedro ao meu lado começou a dar risadas.

  Eu tentei me controlar. Juro. Mas não aguentei.

  Peguei a Coca de Pedro e joguei em seu rosto. Levantei-me da mesa e olhei em sua cara.

- É Katrina. Talvez, no dia em que você souber dizer o meu nome, eu vou contigo treinar as falas. Seu grande bosta.

  E saí desajeitadamente até a escadaria.

  Na realidade, não sei ao certo por que fiz isso. Já erraram diversas vezes meu nome e um toco de gente me chama de Katina. Mas... Eu queria fazer aquilo. Mas não me pergunte o porquê.

*

  Quando finalmente o sinal da saída bateu, a professora de português veio me entregar as falas.

- Aqui, Katrina. E muito cuidado, hein? – Ela passou a mão em meu nariz.

  Quase a mordo.

  Saí da sala resmungando.

- Você parece uma velha fazendo isso. – Sorriu Marcela andando ao meu lado.

- Eu sou uma velha. Tenho trezentos e três anos. Quer saber por que ainda vivo? Sou uma bruxa. – Murmurei.

  Marcela sorriu.

- Bruxas não existem, Katrina.

   Arregalei os olhos para ela.

- Como ousa falar assim das bruxas? É claro que existem!

  Ela revirou os olhos.

  Caminhamos até a saída quando eu ouvi algo estranho.

- Katrina, posso dormir em sua casa? – Ela perguntou.

  Eu olhei para ela.

- É claro que não. Minha casa não é nenhuma pensão não. Está doida?

  Ela deu de ombros. Isso me assustou.

- Como eu sabia que sua resposta era essa, decidi ligar para sua mãe. Ela me amou. Ela deixou e disse que se eu não for para sua casa... – Ela contorceu a boca. – Não sei o que ela quis dizer, mas disse que você vai ficar sem seu bebê. Deve ser a Camilinha, certo?

  Eu arregalei os olhos.

- Não... Minha TV ninguém tira! – Agarrei sua mão. – Vamos logo, sua desgraçada!

  A empurrei para dentro da limusine e dei um tapa na cabeça do motorista para ele ir mais rápido.

  Nós chegamos em casa e eu escancarei a porta.

- Mãe, que história é essa de tirar meu bebê? – Eu gritei.

  Minha mãe se virou. Ela estava com o rosto todo coberto de creme de pepino. Eu dei um pulo e fui para trás.

  Marcela me segurou pelos ombros.

- Ah, então é assim que você consegue manter esse seu rosto perfeito, senhorita Serena? – Ela perguntou em um tom angelical.

  Eu a encarei enquanto ela ia abraçar minha mãe.

- Meu Deus... – Eu murmurei. – Puxas sacos estão em todos os lugares.

  Mamãe me olhou.

- O que você disse?

- Nada. Fiquem aí e... E... E façam coisas de gente velha. – Eu peguei minha toalha que estava em cima do sofá e fui até o banheiro.

  Eu estava esfregando o shampoo quando eu ouvi uma risada histérica vindo da sala. Eu levei um susto e encostei-me ao azulejo frio.

- Ai, desgraça. – Murmurei.

*

  Quando eu estava de banho tomado, cabelo lavado e pronta para sentar no sofá e mofar ali, eu vi algo que me fez perguntar se minha vida valia a pena. 

  Mamãe estava pintando as unhas do pé de Marcela.  

   Eu me virei. Fui até o banheiro e entrei ali. Saí e tentei de novo. Mas vi a mesma cena. Eu estremeci em todas as áreas possíveis.

  Fui andando e tentei passar despercebida.

- Katrina, que história é essa que você vai fazer o papel de Julieta na peça da escola? – Mamãe me perguntou, ainda com a cabeça abaixada.

  Eu revirei os olhos.

- Meu plano era que você não soubesse. De preferência, não levar ninguém e não aparecer. Mas tudo foi varrido quando essa cabeça de batata descascada contou tudo. – Eu fechei minha mão e empurrei os nós dos meus dedos na cabeça de Marcela.

  Mamãe levantou a cabeça e me encarou.

- Eu não vou levar nenhum parente, Katrina.

- É, Katrina... Era só você explicar a situação. – Concordou Marcela.

  Eu bufei.

- Mãe, lembra quando eu dancei na primeira série? – Eu perguntei.

  Ela riu, como se dissesse: sim, eu lembro, você estava ridícula.

- Eu pedi para você não trazer ninguém... O que aconteceu? Veio gente até do Acre! – Eu gritei. – Não adianta falar contigo, você é teimosa que nem um boi, nunca vi!

- Então você puxou esse meu jeito. – Ela sorriu.

  Eu revirei os olhos.

- Eu quero me matar. Alguém tem um garfo, por favor?

*

  Eu estava simplesmente deteriorando naquele sol de um milhão de graus. Mas eu preferia derreter a entrar e ver uma cena tão horrível quanto aquela.

  Foi aí que uma sombra entrou na frente do meu sol. Eu abri os olhos, e vi Pedro.

- As cobras precisam de sol, né? – Ele sorriu. – Afinal elas têm um sangue gélido.

  Eu sorri.

- É tipo isso. Agora sai da frente. – Empurrei sua perna.

  Ele não saiu. Apenas olhou para os lados.

- Quer vir na minha casa jogar videogame?

  Eu pensei no assunto.

- Tem jogo de corrida?

  Ele riu e balançou a cabeça positivamente.

- Então, eu estou dentro.

  Apoiei-me em suas pernas e me levantei.

  Fomos até sua casa e eu entrei naquele quarto azul-celeste de novo.

  Eu olhei em volta. Estava bastante diferente do que da última vez. Não havia mais um duende com as mãos bobas. No lugar, estava um videogame. Tinha também uma televisão de tela plana na estante. A guitarra ainda estava ali.

- Gostei da retirada do duende. – Comentei.

  Sentei-me no tapete em frente à TV enquanto Pedro a ligava. Ele tirou dois controles e jogou um na minha cara. Ele se sentou ao meu lado.

  Começamos a jogar aquele game de corrida – débil e infantil – e eu perdi todas às vezes. Absolutamente todas. E olha que foram sete.

- Já deu para perceber que videogame não é o seu forte. – Ele riu e bateu com o controle de leve em minha cabeça. 

- Não mesmo. Esse controle me confundiu e travou. – Eu sorri.

  Pedro pigarreou.

- Desculpa de principiante.

  Eu ri.

- Você é tão principiante quanto eu, nem vem.

- Acabamos de provar o contrário. – Ele apertou minha bochecha.

  Joguei o controle no tapete e comecei a tirar os pelinhos dele.

  Ficamos em um silêncio mortal por uns trinta segundos. 

- Katrina... Posso te dar um beijo? – Pedro me perguntou, finalmente. 

  Eu arregalei os olhos.

- Hã... Não.

- Na bochecha, é claro. – Ele também jogou o controle de lado e se aproximou de mim.

- Pra quê? – Eu perguntei, ainda desconfiada.

- Porque eu quero te dar um beijo. – Ele disse aquilo como se explicasse tudo.

  Fiquei intrigada.

- Na bochecha. – Virei o rosto e contorci a boca, para que a bochecha ficasse mais visível e a boca menos.

  Ele riu.

- Não precisa fazer isso.

  Com uma das mãos, Pedro pegou meu queixo e aproximou minha bochecha de sua boca. O beijo dele era quente e seco. Quando ele retirou sua boca, fez até um estalinho.  

  O encarei.

  Seu rosto ficou sério. Seus olhos negros pareciam estar quentes. Ele aproximou o rosto do meu. Estávamos quase nariz com nariz. 

  Então, uma vozinha lá no fundo do meu cérebro me acordou para a realidade. 

  Desviei-me e levantei.

- Ah... – Eu tossi. – Melhor eu ir para casa, sabe... Minha mãe deve estar preocupada.

  Eu sabia que minha mãe estava pouco se lixando, mas eu precisava sair dali. 

  Andei rapidamente até a porta e corri até o corredor. Desci a escada e abri a porta.

  Quando estava na calçada, Pedro me puxou pelo braço. Ele me virou para encará-lo.

- Katrina... Você abriu uma fresta para mim. Agora eu vou escancarar essa porta. Tenha um bom dia. – Ele disse.

  Ele me empurrou e fechou a porta na minha cara.

  Olhei para os lados, atordoada. Não sabia e não queria saber o que ele quis dizer com aquilo. Só sei que eu fiquei mais perdida do que cego em tiroteio. 


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Notas finais do capítulo

Eeeeita >uu<
Nem vou comentar sobre esse capítulo, as ações de Pedro falam por mim -n
Espero que vocês tenham gostado,
Comentem bastante! ♥