Canção De Ninar escrita por Ayzu LK


Capítulo 10
Capítulo 9 - Fique bem, Sasuke


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo!!
Primeiramente quero falar que cheguei pertinho de chorar escrevendo este capítulo. Tudo se resolverá no próximo, mas ainda assim esse me deixou com os olhos lacrimejantes. Só não chorei por que sou meio Sasuke rs
Gente, realmente os comentários me fizeram escrever bem rápido.Agradeço e continuem comentado (mesmo as ameaças de morte por conta do Naruto rs)
Também gostaria de indicar para vocês escutarem Yiruma, é um pianista esplêndido e escrevi esta fanfic escutando sua discografia. Amo piano, apesar de tocar apenas violão, mas pretendo aprender.
Enfim, espero que gostem, e ah, quem quiser dar uma olhada na minha outra fic, "fugitivos", eu ficaria encantada. É a história de um garoto que é perseguido por seu tutor, e tem ação e romance. Já está terminada.



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Naruto estava sentado no chão do quarto, recostado na parede. Ao seu lado estava a menina de cabelos negros, em sua mesma posição enquanto olhavam Minato que chorara até dormir na cama do filho. Naruto lembrara de tudo o que bloqueara de forma inconsciente, e o conhecimento, embora antes desesperador, o deixara estranhamente sereno.

- Você tentou me salvar. – a menina falou ao cabo de instantes. – Eu estava presa com outras crianças em uma das alas. Então você chegou de repente e arrombou a porta com um machado de emergência e começou a tirar todo mundo. Eu não conseguia andar, então você me colocou nos braços. – ela tinha um rosto triste, mas sereno. A voz era doce. – Eu estava com tanto medo! Então você começou a cantar pra mim, e me senti calma e serena. O fogo tomava tudo misturado com a água que tentava apaga-lo, e tudo ruía, e você ainda cantava pra mim não chorar. E em algum momento, tudo desabou por cima de nós dois.

- Eu sinto muito... – Naruto balbuciou.

- Não sinta. – Ela sorriu. – Você tentou me salvar, meus pulmões eram fracos demais e toda aquela fumaça foi meu fim. E ainda assim você ficou ao meu lado.

Minato se mexeu na cama, ainda durante o sono.

-Você tem um motivo para estar aqui não tem? – ela perguntou ao cabo de instantes.

-Konohamaru. Não podia deixa-lo sozinho. Ele me chamou e eu vim por ele. Mas agora ele não está mais sozinho.

Ela levantou e sorriu: - Faça o que tem que fazer.

Sentiu um beijo no topo da cabeça loira e a garota sumiu.

Naruto se ergueu devagar e foi até a cama onde o pai estava e olhou a cabeça loira tão parecida com a sua. Passou a mão de leve sem toca-lo. Podia sentir que perdia ao pouco essa capacidade, se sentia mais leve. O homem parecia estar tendo pesadelos. Naruto apelou para que ele o ouvisse em algum lugar de seu subconsciente. Que ele alcançasse sua voz durante aquele sono, pois seria sua última chance com o pai.

-Pai. – murmurou perto do rosto do homem, sentado no chão ao pé da cama.

O rosto do homem parou de se contorcer e sorriu.

-Naruto. – sussurrou durante o sono e Naruto fez uma pequena prece. Ele o ouvia.

- A culpa não foi sua. Nada foi sua culpa. Eu lamento por não ter entendido sua dor e sua solidão pela mamãe. Eu não havia amado ninguém assim, mas agora eu entendo. Mas você tem que ser forte, pelo Konohamaru. Não o deixe sozinho, não o perca, é meu pedido.

O homem sorriu de leve: -Sim...

- Eu te amo pai. Eu lamento por tudo o que eu disse antes, mas eu te amo. Fique bem, e cuide do meu irmão.

- Filho, eu amo você...

-Eu sei.

Naruto limpou as lágrimas e beijou o topo da cabeça loira. Tudo ficaria bem, ele sabia. Agora ele sabia.

Saiu do quarto e foi andando. Aquilo seria mais difícil. Entrou no quarto do irmão que ainda dormia e sentou no colchão silencioso.

-Eu tenho que ir.- Sussurrou. O menino abriu os olhos e acordou, sonolento.

-Naru? É você?

Agora isso seria bem mais complicado.

-Sim. Deite. – Ele deitou ao lado o irmão e o puxou mais para perto. – Temos que conversar.

-Você está chorando. – o menino falou assustado.

-Desculpe. Eu tenho que ir Konohamaru, você sabe não é? Sabia o tempo todo.

Viu que o menino ficara tenso: - Não! Não me deixe sozinho. Para onde você vai? Quando volta?

- Você vai ficar bem. Não vai ficar sozinho. Tem o papai, e Moegi, e também... Sasuke.

-Eu não quero eles! Você voltou, eu chamei e você voltou! Não pode me deixar sozinho. – Naruto o apertou para que ele parasse de chorar e começou a cantar a canção de Kushina. Aos poucos a criança foi se acalmando.  

- Você cresceu muito. Não é mais aquela criança assustado que passou por essa porta e tinha medo do escuro. Você é forte, e inteligente e será um homem de verdade. Você não precisa mais de mim.

-Naruto...Não.

- Cuide do papai. – Naruto beijou o topo da sua cabeça e se sentou. Konohamaru aos poucos foi largando do aperto e o soltou.

-Eu vou cuidar.

O loiro sorriu e se afastou da cama. Konohamaru viu o irmão parar na porta do quarto e sorrir aberto: - Eu te amo fedelho.

-Eu também te amo. – mumurou e abaixou o olhar. Quando ergueu, o irmão mais velho havia sumido.

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Para Sasuke, tudo ruía. Estava destruído por dentro e não conseguia reagir. Depois do choque inicial, da negação, da discussão intensa procurou Sakura para que explicasse tudo. Mas quando ela contou, soube que não queria ter ouvido a verdade. Queria a mentira, a negação, não os fatos. Nada daquilo fazia o menor sentido. Ele havia beijado Naruto, o abraçado, sentido amor, carinho e desejo. Ele havia se sentido inteiro e completo, e seu quarto ainda cheirava a limões frescos. Aquilo era irreal.

Mas o baque do concreto o tomou quando viu a loja de instrumentos. Onde antes havia a simpática loja onde tudo começara, agora havia um prédio velho que aparentava estar fechado há muito tempo. Pegou a chave que Sakura lhe dera e rodou e ouviu o barulho forçando a porta há muito não utilizada. Estava tudo coberto por lençóis brancos e poeira, e das janelas vinha um sol jogando as partículas no ar, como se tudo fosse outra dimensão. Não podia acreditar naquilo.

Ouviu o barulho do piano, fraco, a canção de ninar ecoava e ultrapassou a cortina em frangalhos. Naruto estava sentado no piano, o lençol que outra cobria o objeto no chão. Não precisou se anunciar, o loiro parou de tocar e falou sem se virar:

-Eu sabia que você viria até aqui. Você já sabe?

-Sim, Sakura me contou. – A voz de ambos era baixa, e estranhamente serena, como se temessem explodir a qualquer elevação. Sasuke trancava os sentimentos, mas suas mãos tremiam. Naruto só tinha um olhar cheio de tristeza e se virou para fita-lo.

- Ele morreu um ano depois da mamãe. Ataque cardíaco. Eu fui no enterro, e coloquei o violão de brinquedo que ele havia me dado no caixão. Não lembrava disso.

-Quem? – Sasuke se aproximou devagar e sentou no banco ao seu lado. Ficaram ambos olhando para o teclado.

-Bee.

Não soube o que responder. Lembrou do velho e das suas rimas cafonas. Aquilo tudo era... louco. Mas ali estava a prova, ao seu redor. Lembrou de todas as tardes ali, mas imaginou que se começasse a tentar entender enlouqueceria.

- O que aconteceu? – Sasuke murmurou sentindo a voz falhar. O cheiro de Naruto... Não podia ser verdade.

- Eu havia brigado com meu pai e estava no parque do hospital quando a ala explodiu. Eu pensei que ele estivesse lá e entrei. Havia tanto desespero, e gritos... Então eu passei por uma porta impedida e ouvi os gritos das crianças presas. Peguei o machado de incêndio e abri a porta. – Naruto falava rápido. Sasuke via que as mãos dele apertavam os joelhos. – Todos saíram correndo, era caos, mas uma menina não conseguia levantar e levei ela comigo. O fogo estava tentando ser contido, mas a estrutura era frágil e desabou na gente. Acordei aqui nessa sala com Bee, tocando com ele. Depois fui pra casa e fiz chocolate quente pra Konohamaru. O incêndio se apagou na minha cabeça. – Ele olhou para Sasuke e ele pode ver as lágrimas. – Eu sinto muito Sasuke, eu não lembrava, eu não sabia, eu não queria fazer isso com você...

Em resposta foi abraçado. Não conseguia saber se Sasuke chorava, mas o abraço dele o aliviava e machucava ao mesmo tempo. Sua sensibilidade estava diminuindo.

Por sua vez Sasuke via que Naruto parecia mais... etéreo. Era como se ele pudesse sumir de uma hora pra outra e o agarrou mais.

- Eu só lamento não ter te conhecido antes Sasuke. Mas mesmo assim eu te amei muito.

-Você conheceu. – Sasuke murmurou em seu ouvido e largou seu abraço. Apenas segurou o rosto de Naruto com as mãos e ficaram se fitando, cheio de sentimentos nos olhos, principalmente tristeza. – Quando eu perdi meus pais eu encontrei um garotinho loiro no parque no hospital e ele me cantou uma canção de ninar que sempre levei comigo. Eu não sabia, mas o amava já ali.

Naruto arregalou os olhos: - Eu...

Sasuke o beijou de forma urgente, depois beijou seus rosto inteiro e o puxou forte para si.

- Não é justo! – gritou.

- Tudo bem. – Naruto o consolou e se afastou segurando o rosto do jovem Uchiha entre as mãos e sorrindo de leve. – Valeu a pena cada instante. As coisas vão seguir seu rumo, continue tocando, é meu presente para você. - Naruto se inclinou e sussurrou em seu ouvido com a voz suave de ninar. -  "Feliz sou porque amo e sou amado/Sem ter que alterar nem ser alterado./Sou o que sou, e quem me apontar/Os excessos medirá os que são seus;/A prumo talvez eu esteja, e eles vergados;/Os seus pensamentos não denunciam os meus atos." Disse Oscar Wilde. Eu te amo, Sasuke Uchiha. – e então ele o olhou e Sasuke viu os grandes olhos azuis repletos de carinho. O sol batia nele, como a primeira vez que o viu naquela sala, mas dessa vez parecia passar por ele, estava tão bonito...

-Naruto... – entendeu a mão para tocá-lo e não conseguiu.

- Fique bem, Sasuke. – Falou, igual quando eles eram crianças.

Sasuke tremeu: - Eu te amo Naruto.

Mas era tarde. Ele já não estava mais lá.

Só restava no ar um grito e o cheiro de limões frescos. 


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Notas finais do capítulo

O próximo será o último, sentirei saudades. Estou postando rápido por que vou viajar e não sei como vou fazer para postar enquanto isso. Não queria deixar vocÊs na mão. Amanhã termino.

Espero comentários.