Eles poderiam dizer que sequer sabiam o que os havia atingido. Fora rápido e certamente eficiente. Eles sequer viram o rosto de quem os atacara. Mas se vissem, sentiriam mais vergonha e dor do que já sentiam agora. Eles, um grupo de doze perigosos Comensais da Morte, derrotados por quatro... garotos.

Nenhum dos quatro passava disso. Nenhum deles tinha mais que vinte e um anos. Conhecidos como Marotos no tempo do colégio, ainda conhecidos como Marotos agora que eram Aurores. E não eram qualquer tipo de Aurores. Eram conhecidos como Aurores Supremos, donos dos temidos uniformes negros do Ministério. Eles eram os mais jovens e mesmo assim os melhores. Ninguém podia contra eles e eles sabiam disso. Trabalharam duro para chegar onde estavam e todo o sucesso que tinham era mais do que merecido.

James Potter era o líder deles. Cabelos castanhos, irremediavelmente bagunçados. Parecia nunca ter perdido o ar de menino que o tornara tão famoso. Seus olhos castanhos esverdeados ainda eram vividos por trás das lentes de seus óculos de aros redondos, mas agora demonstravam mais maturidade, mostravam um homem.

Sirius Black ainda era o mais tranqüilo entre eles. Sempre encontrava tempo para festas e garotas em sua agenda lotada de trabalhos perigosos como auror. Os cabelos negros, impecavelmente curtos e os olhos também negros eram seu maior charme.

Remus Lupin continuava a ser o garoto centrado do grupo. A cabeça raspada, os olhos cor de mel, sempre escondendo a tristeza da sina de sua vida: a terrível maldição que o perseguia, mas não o impedira de chegar onde estava agora.

E por fim, Peter Pettigrew. O menor do grupo, um dos mais astutos. Era um grande espião e de grande ajuda para eles. Tinha os cabelos loiro areia e olhos castanhos, sempre com um brilho de satisfação neles.

O Ministério certamente devia muito a esses quatro jovens. Desde que eles haviam começado seu trabalho como Aurores Supremos os Comensais não tiveram mais um dia de paz sequer. Eles tinham licença do Ministério para atirar primeiro e perguntar depois e eles faziam bom uso disso. Em tempos de guerra isso era mais do que necessário...

XxX

James jogou água em seu rosto e então se olhou no espelho. Fazia dois dias que ele não dormia por causa dessa missão, mas finalmente tudo terminara. Aquele era um grupo de Comensais dos mais sádicos e perigosos e ele ficava aliviado que não teria mais que se preocupar com eles. Alguns haviam ido para Azkaban, mas a maioria não tivera essa sorte...

-James -ele ouviu alguém bater na porta do banheiro.

-Já vai, Aluado. –ele falou, reconhecendo a voz do amigo.

Ele pegou uma das toalhas brancas e enxugou o rosto, antes de colocar seus óculos de volta e sair do banheiro.

Sirius estava sentado na cama do amigo, lendo o que parecia ser uma carta, enquanto Peter e Remus pareciam quietos e comedidos.

-O que houve? -James perguntou arqueando a sobrancelha.

-Acabou de chegar do Ministério. –Sirius informou, balançando a carta para o amigo.

-Eles nos querem lá amanhã de manhã. –Remus informou.

-O que? -James perguntou, levemente irritado –Essa era para ser nossa semana de descanso. –ele reclamou.

-Parece que é urgente. O tipo de missão que eles só confiariam a nós. –Peter falou.

-Eles só dão missões para nós. –Sirius reclamou –Eu me pergunto se existem mais Aurores Supremos ou se nós somos os únicos idiotas que fazem isso.

-Não, nós não somos, Sirius. –Remus corrigiu, inconformado –Nós temos que fazer o que somos mandados e ponto.

-Mas em quinze dias começa a lua cheia. –Peter lembrou –Nós não podemos estar em missão nesses dias.

-Não precisa nem lembrar, Peter. –Remus falou tristemente.

-Nós não podemos e eles sabem disso. –James lembrou –O que quer que seja não deve ser demorado.

Os amigos concordaram em silêncio, mas mesmo assim, James não tinha uma boa impressão...

XxX

O Esquadrão dos Aurores Supremos ficava no prédio do Ministério, mas não no mesmo andar do Esquadrão convencional dos Aurores. Ficava no andar do Departamento de Mistérios e só pessoas autorizadas tinham licença para entrar lá.

Os quatro jovens saíram do elevador. Vestiam suas fardas negras, que tanto terror inspiravam por onde quer que passassem. Ninguém era louco de arrumar briga com esses temidos soldados. Eles impunham respeito com seus casacos negros, calças negras, botas negras, camisas negras, gravatas negras e uma faixa carmim que era presa em seu braço direito mostrando que eles eram fiéis ao Ministério.

Eles cruzaram os corredores até alcançarem a porta do Esquadrão. Para entrar lá deviam falar a senha e mostrar sua marca de lealdade, que não era simplesmente uma faixa carmim, mas sim uma tatuagem de uma fênix que eles tinham no antebraço direito.

Passaram pelos vários colegas de Esquadrão. Na verdade nem tantos, já que ser um Auror Supremo era difícil demais e não era tarefa para qualquer um.

Eles se dirigiram imediatamente ao gabinete do líder do esquadrão: Thomas Klaus. E ao entrarem na sala tiveram uma surpresa. Ao lado de Thomas estava um senhor de aparência gentil, barba e cabelos muito brancos e óculos meia lua. Albus Dumbledore.

-Bom dia, meus jovens. –ele falou com um de seus simpáticos e sinceros sorrisos.

Os quatro jovens fizeram um educado gesto com a cabeça.

-Vocês devem estar se perguntando porque foram chamados aqui durante a semana de descanso de vocês. –Thomas falou tranqüilo –Sinto muito por isso, mas vocês são os únicos a quem Albus quis confiar essa missão.

Os quatro jovens olharam para o professor esperando uma explicação.

-Vocês podem ter crescido, mas ainda são os Marotos que tantas detenções pegaram durante a época da escola. –ele falou com um sorriso, sem nenhum sinal de censura –Digamos que é dessa habilidade de vocês de se meterem e de saírem de confusões que eu preciso agora.

-Para que o senhor precisa de nós? –Remus perguntou educadamente.

-Eu preciso que vocês encontrem e escoltem até a Sardenha duas pessoas, antes que Voldemort ponha as mãos nelas. –o professor falou de uma vez.

Albus era um dos poucos homens que não tinha medo de se referir a Voldemort pelo nome. E os Marotos o admiravam muito por isso.

-Nos teremos que encontra-las? –Remus perguntou um tanto preocupado.

-Creio que não será tão difícil quanto parece. Uma delas, a senhorita Lily Evans estava em contato comigo até dois dias atrás. –Albus informou –Eu a estava tentando convencer a ir para a Sardenha para ficar sob a proteção de um amigo meu, mas ela se assustou e parou de se comunicar comigo. Eu agradeceria se vocês a encontrassem antes que ela fizesse uma loucura.

Não era difícil ver que Albus estava realmente preocupado com a dita garota.

-Não será difícil encontrá-la. –Albus falou entregando uma foto –Ela tem traços bem marcantes.

James olhou por um momento a foto antes de olhar descrente para Albus.

-Mas ela é uma adolescente.

-Não, senhor Potter. Sei que Lily parece muito jovem, mas ela na verdade tem vinte anos. E essa foto na verdade não é muito nova...

James olhou mais uma vez para a foto, em estilo trouxa, onde uma bela ruiva sorria. Ela parecia não ter mais que dezesseis anos. Os cabelos ondulados passavam levemente dos ombros e os olhos verdes brilhavam de uma forma mágica.

-Creio que a senhorita King será mais difícil de se encontrar. Eu não tenho fotos recentes dela e o ultimo contato que eu tive me informou que ela estava em Ibiza, na Espanha. Isso já faz um tempo, mas eu tenho uma certa esperança de que ela ainda esteja lá. –Albus falou enquanto entregava outra foto aos rapazes.

A menina da foto, também em estilo trouxa, era muito nova. Devia ter dez anos no máximo. Tinha uma expressão de desafio. Os cabelos castanhos cortados curtos e olhos cor de mel.

-Caso vocês não tenham tempo para terminar o trabalho, vocês devem nos contatar imediatamente. –Thomas avisou. Ele sabia do caso de Remus –Nesse caso nós teremos que encaminha-las a outros seguranças, mas ate lá, vocês serão responsáveis por elas. Aqui estão o restante das informações que vocês possam necessitar. –ele falou entregando um pergaminho para Remus.

Os quatro concordaram, mas antes de deixar a sala James virou-se para Dumbledore e perguntou:

-Por que Voldemort esta atrás delas?

-Elas são especiais. –Albus falou com um sorriso –mas tenho minhas dúvidas se elas mesmas sabem disso...