Soltei, relutante, a mão de Emilia e me levantei. Encarei Matheus silenciosamente.

–O que? - Disse com a voz fraca.

Lagrimas corriam pelo rosto dele.

–Voce fez isso? - Perguntou ele sacando uma faca do bolso e ameaçando meu pescoço– PORQUE?!

–Ela matou minha amiga - Disse ofegante. Ele pressionou mais a faca em minha garganta.

–Solte ela. - Haymitch tinha um arco e flecha preparado, pronto para atirar em Matheus. - Agora.

–Não. - Matheus respondeu, agoniado.

–Voce prometeu. - Lembrei Matheus - Voce prometeu não me matar

A faca em meu pescoço se afrouxou e Matheus ficou de pé. Haymitch ainda apontava o arco e flecha para ele.

–Guarde o arco, por favor - Matheus fez sinal de rendição.

–Quem é ele?– Haymitch baixou o arco.

Matheus me olhou nos olhos. Depois olhou para Emilia, morta, e a garota esquartejada.

–Ninguem– Respondeu ele mesmo, agora olhando para mim de novo. Então foi embora.

–O que...? - Jason estava confuso.

–Nada. - Respondi seca. Senti que aquilo não havia acabado.

. . .

–Eu monto guarda. - Henrique disse de repente. - Descansem um pouco.

–Eu vou com voc... - Jason começou a se oferecer, porem foi interrompido.

–Não. Pode deixar, eu dou conta.

–Tudo bem.

Haymitch e Jason dormiram rapidamente. Havia sido um dia dificil. Eles deviam estar exaustos da caçada, teremos comida por mais uns 3 dias. E tambem teve Emilia... Uma lagrima escorreu pelo meu rosto. Por que?

Um suspiro silencioso me fez perceber que não era só eu que chorava.

Verifiquei se Haymitch e Jason estavam dormindo e então sai do abrigo. Henrique estava a alguns metros, derramado em lagrimas.

–Ei - Chamei delicadamente. Ele pareceu ter tomado um susto e secou rapidamente as lagrimas.

–Oi Rose. - Disse ele, quase constrangido.

–Quer ficar sozinho? - Perguntei educada. Mais lagrimas rolaram pelo rosto de Henrique me indicando que aquilo era um não.

Sentei ao seu lado e o abracei. Ele retribuiu o abraço com força. Ficamos um tempo assim, em silencio, em luto.

–Eu e Emilia– Disse ele baixinho - No dia do desfile, ela veio falar comigo. Então eu a beijei. Não sei, ela estava tão bonita. Desse dia em diante tudo ficou diferente. Eu não esperava gostar tanto dela. Quer dizer, eramos dois tributos para os jogos... O que eu tinha na cabeça?

–Sei como é. - Falei automaticamente.

–O que? - Perguntou ele, um pouco curioso. Corei fortemente. Pensei em Haymitch e no que aconteceu. Minha nossa!

–Nada não. - Pigarreei.

–Eu odeio isso. - Henrique disse nervoso.

–Eu tambem.

Deitei no ombro dele e ele me abraçou. Acabamos dormindo ali mesmo.

. . .

Acordei de repente. Sentia que alguem me observava. Virei-me para tras e Haymitch estava parado olhando eu e Henrique, meio chateado. Ele enrubesceu quando percebeu quando eu havia acordado.

–Prim. - Disse ele e eu congelei por dentro. Havia me esquecido que tinha dado meu verdadeiro nome para ele. - Eu vim...montar guarda.

–Ah, claro. - Disse coçando os olhos - Henrique - Chamei-o - Acorde. Haymitch vai montar guarda.

–Han? Ah. Tá. - E ele adentrou o abrigo.

–O que voce fazia aqui? - Pergunto Haymitch.

–Vim fazer companhia para Henrique. - Falei dando de ombros.

–Hum - Haymitch cerrou os punhos - Entendi.

Arregalei os olhos. Meu Deus! O que foi que eu disse?

–Não! - Afirmei rapidamente - Não desse jeito.

Sem dizer nada, Haymitch passou por mim e sentou-se no chão, vigilante.

Ah, droga, droga, droga. Eu gosto mesmo de Haymitch. Não podia estragar tudo assim. Levada pelos meus empulsos, sentei-me ao lado do garoto e lhe dei um beijo.

–Eu gosto de voce. - Declarei - Eu gosto mesmo de voce.

Haymitch sorriu aliviado.

–Eu posso te perguntar uma coisa? - Perguntou ele.

Assenti.

–Por que Prim?