A escuridão escrita por Catwoman


Capítulo 3
A consulta




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Ele foi se aproximando bem devagar, e tomou meus lábios.

Foi um beijo calmo e saboroso. Sua boca tinha um gosto mentolado, eu gostava. Com sua mão ainda em meu rosto ele foi se afastando lentamente. Fazendo com que nossos olhares se encontrassem, pela segunda vez naquela madrugada. Silêncio. Completo silêncio. E dessa vez eu que o interrompi. Mas não com palavras. Levantei-me, e fui para o quarto. Deixando Bruce sozinho no sofá, e inerte. Mas eu realmente não sabia o que fazer, e ele, aparentemente, também não.

Dormi do closet -novamente-.

Acordei tarde, olhei no relógio do banheiro e marcava 11 horas da manhã. Eu continuava sem saber o que fazer, não sabia se descia e encarava Bruce, ou se me refugiava ali por tempo indeterminado. Mas o que eu estava me propondo? Ele me beijou, e só. Foi apenas um beijo, não... foi meu primeiro beijo. Sim, meu primeiro. O primeiro que senti de verdade, sem a repulsa em meu corpo, lutando para sair numa forma não muito apresentável. Somente lembrar de seus lábios nos meus me faziam arrepiar e involuntariamente querer mais. E desta vez não censurei meus pensamentos. Bruce havia me beijado. Ele.

Tomei um banho demorado, e mais uma vez, durante essas duas semanas que havia passado ali tentava me vestir da forma mais simples possível, porém, sem sucesso. Pra que tanta extravagancia?

Fui até a cozinha, como fazia todos os dias. Tinha virado hábito. E de vez em quando, aos protestos de Alfred, eu o ajudava. Eu comportava um gênio forte, mas mesmo assim me sentia na obrigação de fazer algo,

A cozinha estava sozinha. Alfred deveria ter saído, ou algo do tipo. Apanhei duas frutas de cima da mesa e já estava na direção da porta por qual entrei quando vi Bruce. Ele não estava vindo em minha direção, ele estava parado. E agora me olhava. Tremi, e então disparei:

–Queria pedir desculpas por ont...- Ele me interrompeu

–Não - agora se desencostando da porta e vindo em minha direção, mas parou longe... Longe até de mais. -Eu preciso pedir desculpas. Aquele beijo não foi correto... digo, de certa forma. Espero que não tenha ficado chateada ou algo do tipo. - neguei com a cabeça e disse:

–Não, tudo bem. Já estou acostumada com isso. - Ele me olhou torto. Espera... eu disse algo errado?

–Você não acha que eu a beijei com segundas intenções, acha? - ele deu um passo para a frente, chegando mais perto de mim

–Não.. - ele entendeu isso? Deus! - Quero dizer que as vezes é normal, ah, não sei Bruce. Vai ver meu olhos tem a cor dos olhos de uma mulher que você gostava, pode ser isso. - tentei me retratar, inutilmente e idiotamente.

–Pra ser honesto - ele disse - nunca vi alguém com os olhos tão cor de esmeralda e hipnotizante quanto os seus. Como ninguém mais percebeu isso? -involuntariamente fechei os olhos, e balancei a cabeça.

–Er, t-talvez porque eles estavam muito ocupados com outra coisa... - Tentei dizer, sem soar tão vulgar -

–É.. então... Queria saber se quer ir no centro da cidade comigo. Talvez almoçar, já que Alfred tirou o final de semana de folga. E aproveitamos e te faço mais algumas daquelas perguntas. - Abri os olhos e o encarei, mas logo mudei minha feição. Havia algo que eu queria pedir a ele desde quando ele me colocou naquela casa, e agora acho que seria o momento exato. Me aproximei dele. Não era algo tão ruim, mas era constrangedor pra mim. Muito.

–Tudo bem, mas quero que me leve a um lugar depois, se não se importar, é claro.

–Claro, Selina! Onde quer ir?

–Quero que me leve ao médico... - ele levou um susto, por essa não esperava. Acho.

–Médico? Como assim? Você está bem? - Disse ele, agora seu olhar percorria meu corpo a procura de algum sinal de mal-estar. E como não encontrou, logo voltou para meus olhos, claramente a espera de uma resposta.

–Estou ótima. É só que, você sabe... gostaria de fazer uns exames pra ver se estou bem. - ele pareceu bem confuso. E eu que pensava que ele tinha um raciocínio rápido. Tentei explicar melhor:

–Bruce, eu era a uma prostituta... - foi o suficiente

–Ah, claro... - ele pareceu bem constrangido

–Quando quer ir? Estou morrendo de fome - mudei de assunto



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Chegamos ao restaurante e me senti imensamente incomodada. Qual era o problema daquelas pessoas que não paravam de olhar? Mas logo caiu a ficha. Todas se perguntavam quem seria aquela garota estranha com Bruce Wayne, o famoso playboy bilionário.

Ignorei todas elas.

O almoço foi bom. Bruce me perguntava sobre outras informações, e desta vez foram muitas perguntas, mas não tinha importância, estava começando a gostar de ouvir sua voz, principalmente quando direcionada a mim. Continuei a não censurar meus pensamentos e os deixei fluir. Cada minuto ali, perto dele, me fazia surpreendentemente bem. Havia o conhecido há duas semanas e algo já estava plantado dentro de mim a respeito dele, e tenho quase certeza de que era em um lugar que nunca fora tocado antes. Meu coração. E foram nestes instantes, o ouvindo perguntar e o respondendo que resolvi deixar não só meus pensamentos fluírem. Eu não tinha nada a perder, certo?

Mal percebi o passar do tempo, mas lá estávamos dentro de seu caro carro em direção a um médico. Ele não disse uma palavra sequer, e o acompanhei no silêncio.

Ele me apresentou ao Dr. como prima. Foi estranho, e engraçado. Eu? Prima de Bruce Wayne? Que hilario.

A consulta foi tranquila. Não falei nada sobre mim ao Dr., apenas me deitei e o deixei me examinar. Bruce esperava na sala de espera, alegando estar resolvendo algumas questões pelo celular, o que parecia muito sério, pois o último olhar que lancei para ele antes de entrar no consultório, vi que ele estava um pouco mais que alterado.

Em resumo: Eu estava ótima. Faltavam alguns exames de sangue, mas eu não tinha com o que me preocupar. Os exames seriam entregues a noite na mansão, e era só.

Na volta para a mansão, resolvi ficar em silêncio e não comentar nem sobre os exames ou até mesmo o telefonema que havia perturbado Bruce.

–Ocorreu tudo bem? - ele falou, por fim

–Sim. -

–Posso te fazer uma pergunta? -

–Claro. Sobre quem quer saber agora? -

–Não, não. Não dessas perguntas. Queria saber o porquê de você querer fazer esses exames? Algum homem...- ele não completou

–Sempre fui esperta de cuidadosa. Isso nunca aconteceu comigo... Até mesmo porque não tenh..tive - me corrigi- muito tempo naquela vida.

Ele não falou nada. Continuou olhando para a estrada, que se aproximava de nosso destino.

Subi para o quarto e fiquei lá, acabei caindo no sono.

Acordei e vi pela janela que já era noite. Os exames.

Desci de roupão, com cabelo molhado depois do banho. Alguns envelopes jaziam no chão. Eles foram colocados por debaixo da porta.

Os peguei e segui em direção a cozinha, peguei uma garrafa de vinho, a abri e comecei a beber pelo gargalo mesmo. Rasguei os envelopes e abri a folha, mas não entendia nada do que aquilo queria dizer.

–Taças servem pra isso, Selina. - levei um susto, Bruce havia adentrado a cozinha e eu não tinha percebido. Ele pegou duas taças e tirou a garrafa de vinho da minha mão. Se sentou comigo e me entregou uma taça de vinho e bebericou o liquido que estava na sua, em sua mão.

–Deixe me ver isso - gesticulando a mão para que eu entregasse o papel. Ele leu, leu e colocou o papel de lado.

–Você está perfeitamente bem. - Um suspiro saiu de meu corpo. Eu estava aliviada. Muito.

–Obrigada - eu disse. Ele me olhou torto novamente, como se eu tivesse falado algo errado novamente.

–Pelo que? Por ler o exame? -

–Pelo que? Por tudo. Por você ter salvado minha vida, me colocado na faculdade e agora por isso. Eu gostaria poder retribuir, mas não tenho como.

–Você já retribui. Todas as vezes que responde minhas perguntas. Você tem feito melhor do que eu imaginava. Isso é o suficiente! -só agora percebi que ele havia pegado minha mão, e a acarinhava com as pontas dos dedos. Sem querer, olhei para elas. Nossas mãos agarradas. Ele seguiu meu olhar, e rapidamente tirou sua mão da minha. Resolvi que era minha vez.

–Tem certeza que é o suficiente? - perguntei, olhando pra ele agora. Mas ele não respondeu e se levantou.

–Quer mais vinho? - disse, indo em direção uma porta lateral que dava para uma adega. Ele não esperou pela minha resposta e entrou. Levantei e o segui. Ele me ouviu e perguntou:

–Tinto ou branco? - não respondi, apenas me aproximei. E quando ele virou para perguntar mais uma vez -acredito- eu estava a centímetros de seu corpo.

–Sua boca. - respondi, passando a mão em seus cabelos e colocando meus lábios sob os dele. Na mesma rapidez em que o sabor mentolado de sua boca invadiu a minha, ele passou suas mãos por minha cintura, fazendo nossos corpos chocarem e ficarem colados. Seus braços me apertavam contra seu corpo, e seu/nosso desejo intensificava o beijo. Nossas línguas dançavam, até o momento em que tivemos que parar para respirar. Ele olhou para mim, passou sua mão em meu rosto tirando uma mecha de me cabelo, e ainda com os corpos colados ele disse:

–Sente? - agora pegando minha mão de seus ombros e o colocando no lado esquerdo do peito. Sua pulsação estava acelerada.

–É assim que você está retribuindo. Fazendo meu coração acelerar.

–Retribuirei sempre que quiser. - disse, esbanjando um sorriso.





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Notas finais do capítulo

Bem grandinho, né?
Pretendo apimentar as coisas entre os dois logo logo.
xx



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