A escuridão escrita por Catwoman


Capítulo 12
Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Eu gostaria, sinceramente, pedir desculpas pela demora.
Acabei de me mudar e estou sem internet, o que dificulta a postagem.

Espero que gostem. Boa leitura!



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A verdade sobre meu passado daria um livro nem um pouco fino.

Há duas semanas a visão daquele homem me corroia. E eu estava começando a demonstrar exteriormente que eu não estava bem.

Uma lembrança me assombrava... Apenas uma.

Minha garganta se fechou.

–Mamãe morreu? – consegui segurar lágrimas que insistiam em deslizar sobre minha face.

–Sim querida. – Meu querido pai passou a mão em meu rosto como se conseguisse enxergar a tempestade que uma simples frase, mas impactante, havia causado.

–Como... Por que? – consegui balbuciar. Meu pai olhou para trás como se tivesse ouvido algo.

–Selina... Você é forte. Você já está grandinha... Tudo o que eu ensinei a você desde pequena, você terá de usar agora... Por sobrevivência. Eu não estarei com você...

–Pai! – um sussurro saiu engasgado. Eu sabia que isso iria acontecer uma hora ou outra. Desde meus sete anos de idade ele me impunha a fazer coisas que nenhum outro pai pediria para filhos com aquela idade fazer... A não ser que realmente eles fossem precisar. E com apenas meus quinze anos, consegui subentender que o momento preciso era agora.

–Vou lhe dizer apenas o necessário para que você possa sair daqui viva – a ultima palavra ecoou na minha mente. ’’ Viva’’. – Temos pouco tempo... – ele balbuciou algumas palavras, que só fizeram sentidos em minha mente uns anos depois, olhando nervosamente para trás ele concluiu, dizendo que havia feito tudo para salvar outras famílias, mas que havia esquecido-se da própria... Eu me contia forte, mesmo depois de tudo o que tinha escutado. Ouvimos um baque. Algo estava acontecendo não muito longe dali, e eu tinha a impressão de que viria em nossa direção.

–Aqui, querida. – ele me deu uma caixa negra – Tem tudo o que precisa. Tudo. – ele enfatizou

–Agora levante-se. Rápido! –ele disse com urgência, sacando um canivete do bolso. Ele pegou minhas enormes madeixas negras e começou a cortá-las. Não protestei, pois entendi. Quando vi um maçante grupo de cabelo espalhado no chão senti que ele havia terminado. Meu pai pegou minha cabeça com as mãos me virando. Ele me olhou com os olhos levemente irritados e disse pousando um beijo na minha testa:

–Vai crescer novamente. – ele pausou, me olhando como se entendesse que eu já estava preparada para o que viria a seguir na minha vida – Eu preparei-a de mais para isso... – ele refletiu em voz alta.

–Selina, vai ficar tudo bem – ele disse com a voz levemente frágil – Apenas lembre-se que eu e sua mãe amávamos muito você e sua irmã.

–Agora eu preciso que você saia pela porta dos fundos, e me encontre na casa da próxima esquina. Poderemos ficar lá por algum tempo... – Mas eu sabia, intimamente, que isso não aconteceria. Não consegui dizer nada, mas meus olhos encararam meu pai e ele sabia o que eu estava sentindo. Eu estava aterrorizada. Eu era apenas uma criança. – Vá! –disse urgente.

Entrei em um corredor sujo, daquela casa pequena, e encontrei uma velha e pesada porta já com a pintura desgastada, quebradiça. Antes mesmo de mover minha mão sobre a maçaneta ouvi vozes.

–Senhor Kyle, eu sinto muitíssimo pela perda de sua esposa... – era um sussurro grave e irônico. Era como de eu pudesse ver o sorriso canto de boca cruel que aquele ser sem rosto lançava a meu – condenado – pai.

–Eu também, Falcone. – Sem conseguir me conter, trespassei de volta o corredor sombrio. E olhando pela fresta vi meu pai de cabeça erguida enquanto enfrentava o homem, com uma arma em punho, que o mataria. O homem que perseguiria, mas apenas veria anos depois.

–Uma pena, realmente, Brian... Mas, você sabe: Negócios são negócios. – Um surdo som de gatilho percorreu pelo ambiente. E eu vi meu pai cair com um tiro fatal no coração. Minha mão correu direta a boca, abafando um grito. Lágrimas até agora sufocadas por frieza se escorreram em meu rosto jovem, nublando meus olhos verdes-esmeralda. Agarrei com força a caixa negra de meu pai e lentamente fui em direção a porta do fim do corredor, de costas. Ao alcançá-la, virei à maçaneta e assustada com a repentina luz solar em minhas íris afogadas corri, e corri. Quando cheguei à casa que meu pai havia falado entrei e sem nem ao menos identificar o ambiente, me escondi no primeiro nicho encontrado e chorei até adormecer, percebendo que eu não era mais uma criança.

***

Senti beijos suaves pelas minhas costas nuas que me fez, inevitavelmente, acordar.

–Olá! – murmurei para Bruce. Ele não respondeu. Continuou distribuindo beijos provocantes por minha pele quente. Quando ele depositou uma leve mordida no lado esquerdo de meu ombro virei-me para vê-lo. Deixando de lado minha lembrança em forma de pesadelo.

Ele estava de terno, completamente vestido. Irresistível. Mordi meu lábio, começando a sentir uma pontada no meu baixo ventre.

Aquele homem me incitava.

Aquele homem havia virado o mundo para mim.

Ele me deu um beijo caloroso e molhado.

–Você está dormindo desde que sai? – Ele levantou uma sobrancelha

–Aparentemente... Sim. – O puxei pela gravata de seda, perfeitamente alinhada sobre meu terno de corte fino.

–Você anda bastante sonolenta esses dias – ele murmurou, puxando o lençol. Deixando-me seminua. Apenas com um conjunto sensual e caro de calcinha e sutiã de renda negra.

–Por que você acha? – Referindo-me ao sexo maravilhoso que havíamos feitos há algumas horas. Estava tão cansada que mal registrei o banho que havia tomado e o esforço que fiz para colocar estas minúsculas peças de renda, depois que ele havia ido para a empresa, para uma reunião, no qual estava atrasado. Mas não era só isso, devo admitir. Minhas peregrinações noturnas haviam ficado cada vez mais frequentes. E agora que eu sabia onde poderia encontrar o assassino de meu pai – em sua luxuosa cobertura -, eu estava mais determinada do que nunca em saber cada passo que aquele homem dava.

–Desculpe-me por atrasá-lo para sua reunião – Me desculpei. Ele deu um sorriso de canto de boca chegando mais perto.

–Pode me atrasar sempre que quiser, Selina. –

–Ah posso? – provoquei, desabotoando alguns de seus botões de sua camisa alva.

–Sempre... – soprou, quando eu pousei meus lábios em seu peito. Acariciando, com as mãos seus ombros agora desnudos, sentindo seus músculos se contraírem ao meu toque suave, acompanhado com leves arranhões de minhas unhas.

–Você é bastante perigosa, srta Kyle. –

–Foi você que me acordou de um modo bem provocante – Subi meus beijos, passando pela curva dos ombros e pescoço, mordendo seu queixo e o puxando para um beijo quente. Não me surpreendi quando ele enfiou a língua em minha boca, acompanhando meu ritmo caloroso. Não havia nem oito horas que havíamos feito a parede de minha cobertura tremer, juntamente com nossos corpos em orgasmos mútuos, e múltiplos, avassaladores. E minha libido já estava ali, presente. Meu desejo por ele era inexplicável. E, aparentemente, ele parecia sentir o mesmo por mim.

–Quando te vi deitada, só de imaginar que estaria vestindo esses pedaços minúsculos de pano... - entredisse a centímetros de minha boca.

–Da próxima vez fico sem nada – subi em seu colo, o fazendo ficar com as costas grudadas na cabeceira da cama. Esfreguei, sem pudor, meu sexo lubrificado de excitação coberto apenas pela singela calcinha em sua ereção, coberta pela calça. Meus seios ficaram apenas um pouco abaixo de seu pescoço e nossos olhos ficaram quase em uma linha direta. Eu me remexia lentamente sobre ele, apenas o sentindo... o tentando. Não consegui segurar um gemido quando suas grandes mãos pousaram sobre minha cintura, passando por minhas costelas e parando tentadoramente sobre o fecho de meu sutiã, localizado no centro de meus seios.

Fiz um leve movimento com os ombros ajudando-o a tirar uma das peças que ainda eram barreiras. Só faltava uma, agora. Ele agarrou meus peitos com as duas mãos, e pousou seus lábios no do lado direito, massageando lentamente o esquerdo. Ele me tentava com sua boca, extraindo de mim sussurros e gemidos que ecoavam pelo grande quarto banhado pelo pôr do sol que penetrava pelas janelas de vidro.

Não cheguei a um orgasmo porque o impedi. Meus planos, naquele fim de tarde, eram completamente diferentes.

Tirando gentilmente suas mãos de meus seios desnudos coloquei suas mãos de lado enquanto o puxava para outro beijo, fazendo caminho para baixo. Sem deixar de provocá-lo em cada parte que passava. Quando cheguei ao fim de seu abdômen, procurei rapidamente sua braguilha depois de desafivelar o cinto. Sua ereção caiu pesada sobre minha mão. Ouvindo-o dizer meu nome, como suplica, o envolvi com a boca. Senti suas mãos pousarem sobre minha cabeça, segurando meus cabelos, mas de modo algum me controlando. Eu subia e descia sobre seu sexo, parando para envolver sua glande com a língua. Despudoradamente aumentei minha velocidade, agora olhando para ele, o vendo se submeter ao prazer que eu o dava.

Era simplesmente indescritível saber que o vigilante que todos temiam (ou adoravam) por sua fortaleza instalada sobre si enquanto mergulhava na escuridão de Gotham estava ali, prestes a gozar, por minha boca – e em minha boca -

Seus músculos ficaram tensos, então percebi que o orgasmo dele estava próximo.

E não demorou.

O vi arquear a cabeça para trás enquanto se despejava em minha boca. Sem relutância engoli e continuei a acariciar sua ereção ainda contínua.

Levantei logo em seguida, vendo seu olhar braseado para mim. Ele me puxou para seu peito, pousando sua cabeça em meus cabelos aromados pelo shampoo de amora. Sua mão direita acariciava meu braço enquanto a outra repousava sobre sua cabeça.

–Não era isso que eu tinha em mente quanto resolvi dar uma passada aqui –

–Hm – suspirei – E era o que, então?

–Te levar para um jantar – Movi a cabeça o suficiente para encontrar seus olhos. – Quer ir? – ele perguntou, passando os dedos nos meus lábios.

–Só nós dois?

–Infelizmente, não. Um jantar a negócios. – Voltei a repousar a cabeça em seu peito, sentindo seus sedosos cabelos ali instalados, e perguntei:

–O que eu iria fazer em um jantar de negócios? Seus negócios?

–Iluminar minha noite – rebateu em seguida, pegando minha mão que pousei em meu abdômen e entrelaçando nossos dedos. –E então?

–Tudo bem – Concordei, em relutância comigo mesma. Mas logo depois decidi que seria bom sair um pouco.

–Qual o negocio? – perguntei, sem esperanças que ele me dissesse, só para prolongar nossa conversa.

–Um centro educativo para crianças órfãs e idosos no EastEnd. – EastEad era um dos bairros mais perigosos da cidade... O bairro onde conheci Bruce; O bairro onde vi meu pai ser morto, e onde passei uma vida miserável durante anos. Mesmo sabendo que havia oportunidades fora de lá para a única herdeira de um magnata morto.

Olhei novamente para Bruce. Agora não com um olhar apaixonado; Com um olhar admirado.

–Isso é realmente bonito, Bruce. – Dei um beijo carinhoso em seus lábios risonhos.

–Sabia que ia gostar – Envolvendo seus braços novamente em mim.

–E o jantar é com quem? Irei parabenizar também essa pessoa pela linda iniciativa. – quis saber

–Espero que não com beijos carinhosos... – ele ergueu uma sobrancelha. Sorri em resposta de seu comentário enciumado.

–Você provavelmente não o conhece. Venha, vamos nos aprontar – Levantou, me puxando para seu colo indo em direção ao banheiro. Colocando meus braços sobre seus ombros, cercando seu pescoço, e enlaçando minhas pernas sobre seu quadril nu o deixei me carregar.

Antes de chegarmos à ampla porta do banheiro ele pôs a boca em meu ouvido e sussurrou perigosamente:

–Provavelmente iremos nos atrasar.

***

Uma hora e meia depois o céu estava completamente estrelado. E sobre a noite um frio corria por Gotham.

Escolhi um vestido leve acompanhado de um pedado casaco de pele artificial, que era bem quente. Meu vestido corria até um pouco depois de meus joelhos, de cor azul marinho, banhado com algum brilho discreto que deixava o vestido de um modo mais elegante. Ele tinha um decote envelope em meu busto, com mangas laterais, deixando quase toda parte de meus ombros descoberta. Com meus cabelos soltos sobre as costas, a cor negra de meus cabelos ondulados, que iam até um pouco abaixo dos ombros, se mesclava com a cor do vestido deixando um contraste indescritível. Bruce optou por mais um de seus bem cortados e caríssimos ternos, que como sempre o deixou irresistível.

Chegamos a um belo restaurante francês no centro da cidade, iluminado por pequenas lâmpadas por fora, com seu nome estampado acima da porta principal de forma simples e elegante. Um motorista secundário contratado especialmente para mim abriu a porta do carro. Bruce saiu entrelaçando seus dedos nos dele e me guiando a entrada elegante do restaurante. A recepcionista o cumprimentou em um francês carregado de sotaque, mas não o impediu quando ele seguiu diretamente para uma mesa no centro do salão envolto de pessoas por mim desconhecidas.

Vi, de costas, a silhueta de um homem e uma mulher sentados na mesa em que Bruce se dirigia –e me guiava –.

Ao dar a volta na mesa e ver os rostos a minha frente, prendi a respiração.

Bruce começou a cumprimentá-los e a se desculpar pelo atraso, e quando ele se direcionou a mim, apresentando-me ao homem a minha frente, consegui de algum modo camuflar meus olhos em chamas transformando em um nada convincente sorriso.

–Selina, este é Carmine Falcone. Falcone, esta é Selina Kyle.

A noite havia acabado de começar e eu já conseguia sentir o cheiro de sangue em minhas garras.


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Notas finais do capítulo

Selina vingativa é bem divertido de escrever... Tanto quanto apaixonada!

Obrigada por lerem, e fazerem essa história chegar aos 1000 leitores.
Beijos!!

Até o proximo capitulo.

HHL



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