Camp Blood escrita por Heitor


Capítulo 24
Andamos pelo túnel da morte.


Notas iniciais do capítulo

''Everybody's waiting
Everybody's watching
Even when you're sleeping
Keep your eyes open..''



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/399854/chapter/24

Fitei Lucy. Ela parecia cansada demais para questionar. Bargho permaneceu em silêncio, e as outras caçadoras concordaram.

Ártemis passou as mãos pelas paredes, delicadamente, tentando ver algo além daquelas gravuras de pessoas batalhando.

– Como.. como exatamente a gente vai.. ahn.. - Lucy tentava perguntar mas não sabia ao certo o que.

– Precisamos de sangue.

Os olhos do sátiro se arregalaram. Ele se encolheu no canto da sala circular, totalmente imóvel.

Lancei um olhar para ele, do tipo ''Fica tranquilo'', mas ele pareceu não entender.

– Por que? - Perguntei.

– Esse labirinto é de Ares. - Respondeu a deusa. - O deus da guerra. Para sairmos daqui é preciso de sangue derramado.

Lucy olhou para Beckie. Ela estava machucada, e havia um pouco de sangue em seu rosto.

Quando ela ia apontar para a caçadora, entrei na frente, dizendo:

– Eu ofereço meu sangue.

– Quanto cavalheirismo, meu jovem. - Respondeu Ártemis. - Não é de nosso feitio aceitar favores de rapazes, mas aceitamos sua oferta. - Ela correu o olho para a sala, aparentemente percebendo o quão vazia ela estava comparado ao número de pessoas que haviam quando entramos. - Creio que já perdi o suficiente de caçadoras por hoje.

Levei a mão aos bolso e encontrei minha adaga, que sempre estava comigo caso eu perdesse minha lança.

Olhei para a lâmina, e quando estava prestes a colocá-la sobre o pulso que não havia o bracelete, Lucy segurou meu braço.

Virei-me e ela me lançava um olhar severo e ao mesmo tempo triste.

– Você não precisa fazer isso. - Ela disse. - Olhe seu estado, Adam.

Não era um dos melhores. Em apenas dois dias - pelas minhas contas - eu já estava mais magro, minhas roupas estavam em mal estado e minha pele com alguns machucados.

– Não se preocupe. - A lâmina da adaga entrou, rasgando um pedaço da minha pele.

Lucy fechou os olhos.

Abaixei a palma da mão e deixei gotas de sangue pingarem no solo.

Elas caiam. Gota por gota. O chão de pedra já tinha uma pequena poça avermelhada.

– Pare! - Gritou Lucy, retirando a adaga da minha mão e jogando-a contra a parede.

Ela arrancou a única manga que lhe sobrará de sua blusa - já que a outra havia saído com o ataque da harpia - e colocou-a rapidamente sobre meu pulso.

– É o suficiente. - Disse Ártemis.

O chão começou a sugar o sangue. Ele descia aos poucos, subindo entre as pedrinhas que cobriam o solo.

E então o chão começou a descer. Ou talvez fossem as paredes que subiam. Mas eu tinha a sensação de estar em um elevador.

Tudo ficou imóvel. Subitamente, uma passagem surgiu de costas para nós, e corremos até ela.

Ártemis, as caçadoras, Lucy, Bargho e eu saímos para fora.

Estávamos no subterrâneo. Porém, era iluminado. Não havia teto, apenas grandes paredes que impediam que nos movêssemos para os lados, mas sim, apenas para frente.

Olhamos para cima e vimos o céu. Um céu diferente: uma lua avermelhada, como se tivesse sido banhada em sangue. Nuvens negras, carregadas de possíveis tempestades. E o céu cinza, ao invés de azul escuro.

– Bem vindos ao mundo particular de Ares. - Bradou Ártemis.

Um arrepio percorreu pelo meu corpo. Seria nisso que Ares estava tentando transformar o acampamento? Em seu próprio mundo particular com os campistas como escravos? Preferi espantar os pensamentos da minha mente.

Caminhamos pelo túnel, e então, algo começou a se mover.

Pude ouvir algo como pedra sendo arrastada, quando notei as paredes vindo de encontro com a gente.

– Corram! - Gritou Mia.

O fim do túnel parecia longe. As paredes se aproximavam cada vez mais.

Mia liderava o grupo. Ártemis ia logo atrás ajudando Beckie. Eu estava no meio, enquanto Lucy corria ao lado de Caroline, e Bargho era o último.

Eu tinha uma leve impressão de que não haveria tempo de chegarmos ao fim quando percebi que as duas paredes já estavam quase encostando em meus ombros.

E então o fim do túnel apareceu. Uma sala clara, e logo depois, avistei uma escada de pedra.

Mia, Ártemis e Beckie conseguiram chegar na sala. Corri mais rápido, e senti as mãos quentes de Lucy tocarem minhas costas. Ela era filha de uma deusa mensageira, e tinha certas vantagens quando o assunto era corrida.

Joguei-me para dentro da sala e Lucy caiu ao meu lado.

Olhamos para o túnel e vimos Caroline - muito mais atrás - correndo. Não havia nem sinal de Bargho.

As paredes já espremiam seu corpo. Sabíamos que não haveria tempo para ela chegar. A garota corria, mas estava com dificuldade em prosseguir e respirava muito rápido.

– Permissão para dar adeus, minha senhora? - Gritou a caçadora.

Ártemis hesitou por alguns segundos, mas enfim respondeu:

– Permissão concedida.

E então, a parede se fechou, levando as vidas de Bargho e Caroline.

Eu tinha uma divida com aquela garota. E essa divida nunca poderia ser paga.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Camp Blood" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.