Camp Blood escrita por Heitor


Capítulo 11
A terra a recolhe para a morte.




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Por um instante, nos entreolhamos.

Lucy respira fundo e começa a subir a colina. Permaneci calado e segui ela ao lado de Bargho.

Ao alcançarmos o topo, olhamos para frente.

Era um vasto campo com pequenos pinheiros e lagos em volta. Algumas cavernas se encontravam próximas, e no fundo da paisagem, havia uma caverna enorme, diferente de todas as outras.

E era justo na maior caverna que Connor e Lilith seguiam caminho.

– Não! - Gritei, descendo a colina desesperado.

Os dois já estavam prestes a alcançar a entrada da caverna e continuei correndo atrás deles.

– Esperem! - Berrei. - Parem! Vocês dois!

Lilith virou para trás por um instante, mas Connor a impediu e puxou seu braço. Os dois caminharam mais rapidamente para a caverna.

– NÃO ENTREM AÍ!

Foi então que ouvimos um grito. Na verdade, não era bem um grito, e sim um rugido.

O enorme monstro de um olho só saiu da grande caverna berrando.

Os dois garotos olharam para cima preocupados e caminharam alguns passos para trás.

– Semideuses.. - Dizia o ciclope lambendo o beiço. - E sátiro! - Completou ele empolgado. - Sinto cheiro de sátiro!

Corri para perto de Connor e Lilith e afastei eles.

– Será que vou ter que livrar vocês de encrenca sempre?! - Gritei, transformando a lanterna em uma lança.

Joguei a bolsa para longe e fui recuando, acenando para que Connor e Lilith se afastassem calmamente.

Foi então que o ciclope olhou para baixo.

– Semideus suculento! - Exclamou ele em meio a uma risada.

Lucy apareceu ao meu lado com a espada em mãos.

– Semideuses, seu burro de um olho só. - Replicou ela.

O ciclope, enfurecido, levou sua grande mão para baixo, na tentativa de nos esmagar.

Ergui minha lança e Lucy a espada, e juntos, perfuramos as mãos calejadas e cheias de cicatrizes da criatura.

Ele recuou, e ficou observando a mão, preocupado. Olhei para trás e percebi que Connor e Lilith se entreolhavam, com risinhos.

– Qual.. - Cutuquei a perna do ciclope com a lança. - É o problema.. - Finquei a lança no pé da criatura e tirei. - DE VOCÊS?! - Nesse momento, dei um pulo e com toda velocidade perfurei o joelho do ciclope e fui descendo, fazendo a lança cortar a perna até os dedos do pé.

O ciclope rugiu.

Lucy, por instinto, me puxou para o lado e caímos de costas na grama.

Connor e Lilith não haviam se mexido. Permaneceram imóveis no mesmo lugar. O ciclope levou a mão até o minusculo corpo de Lilith e fechou em torno dela. Em alguns segundos, Lilith já estava perto do único e imenso olho do ciclope enquanto gritava.

A criatura, apenas com os dedos, segurou o braço fino de Lilith e ficou balançando-o. A menina gritava de dor.

– Lucy, faça alguma coisa! - Berrei.

Lucy fez alguns gestos com as mãos e uma névoa colorida começou a se mover em frente ao olho do ciclope, distorcendo sua visão.

O mesmo balançou suas mãos freneticamente, e sem que percebesse, o corpo de Lilith foi lançado para frente, até ter impacto com a terra.

Connor e Bargho correram até a menina, que havia caído de cara.

O ciclope ainda se debatia, muito confuso.

Lucy e eu fomos até Lilith. Bargho já havia virado o corpo da mesma, deixando-a de barriga para cima.

Connor derramava lágrimas no rosto sujo de terra dela.

Foi então que presenciei algo divino:

Sombras negras envolveram o corpo de Lilith, e foram puxando-a para baixo aos poucos. A terra parecia recolher seu corpo, como se fossem apenas um.

Após a menina sumir abaixo do solo, toda a colina vibrou, como se houvesse algum deus irado. E realmente havia.

A única coisa que consegui dizer foi:

– Hades.


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