Camp Blood escrita por Heitor
Por um instante, nos entreolhamos.
Lucy respira fundo e começa a subir a colina. Permaneci calado e segui ela ao lado de Bargho.
Ao alcançarmos o topo, olhamos para frente.
Era um vasto campo com pequenos pinheiros e lagos em volta. Algumas cavernas se encontravam próximas, e no fundo da paisagem, havia uma caverna enorme, diferente de todas as outras.
E era justo na maior caverna que Connor e Lilith seguiam caminho.
– Não! - Gritei, descendo a colina desesperado.
Os dois já estavam prestes a alcançar a entrada da caverna e continuei correndo atrás deles.
– Esperem! - Berrei. - Parem! Vocês dois!
Lilith virou para trás por um instante, mas Connor a impediu e puxou seu braço. Os dois caminharam mais rapidamente para a caverna.
– NÃO ENTREM AÍ!
Foi então que ouvimos um grito. Na verdade, não era bem um grito, e sim um rugido.
O enorme monstro de um olho só saiu da grande caverna berrando.
Os dois garotos olharam para cima preocupados e caminharam alguns passos para trás.
– Semideuses.. - Dizia o ciclope lambendo o beiço. - E sátiro! - Completou ele empolgado. - Sinto cheiro de sátiro!
Corri para perto de Connor e Lilith e afastei eles.
– Será que vou ter que livrar vocês de encrenca sempre?! - Gritei, transformando a lanterna em uma lança.
Joguei a bolsa para longe e fui recuando, acenando para que Connor e Lilith se afastassem calmamente.
Foi então que o ciclope olhou para baixo.
– Semideus suculento! - Exclamou ele em meio a uma risada.
Lucy apareceu ao meu lado com a espada em mãos.
– Semideuses, seu burro de um olho só. - Replicou ela.
O ciclope, enfurecido, levou sua grande mão para baixo, na tentativa de nos esmagar.
Ergui minha lança e Lucy a espada, e juntos, perfuramos as mãos calejadas e cheias de cicatrizes da criatura.
Ele recuou, e ficou observando a mão, preocupado. Olhei para trás e percebi que Connor e Lilith se entreolhavam, com risinhos.
– Qual.. - Cutuquei a perna do ciclope com a lança. - É o problema.. - Finquei a lança no pé da criatura e tirei. - DE VOCÊS?! - Nesse momento, dei um pulo e com toda velocidade perfurei o joelho do ciclope e fui descendo, fazendo a lança cortar a perna até os dedos do pé.
O ciclope rugiu.
Lucy, por instinto, me puxou para o lado e caímos de costas na grama.
Connor e Lilith não haviam se mexido. Permaneceram imóveis no mesmo lugar. O ciclope levou a mão até o minusculo corpo de Lilith e fechou em torno dela. Em alguns segundos, Lilith já estava perto do único e imenso olho do ciclope enquanto gritava.
A criatura, apenas com os dedos, segurou o braço fino de Lilith e ficou balançando-o. A menina gritava de dor.
– Lucy, faça alguma coisa! - Berrei.
Lucy fez alguns gestos com as mãos e uma névoa colorida começou a se mover em frente ao olho do ciclope, distorcendo sua visão.
O mesmo balançou suas mãos freneticamente, e sem que percebesse, o corpo de Lilith foi lançado para frente, até ter impacto com a terra.
Connor e Bargho correram até a menina, que havia caído de cara.
O ciclope ainda se debatia, muito confuso.
Lucy e eu fomos até Lilith. Bargho já havia virado o corpo da mesma, deixando-a de barriga para cima.
Connor derramava lágrimas no rosto sujo de terra dela.
Foi então que presenciei algo divino:
Sombras negras envolveram o corpo de Lilith, e foram puxando-a para baixo aos poucos. A terra parecia recolher seu corpo, como se fossem apenas um.
Após a menina sumir abaixo do solo, toda a colina vibrou, como se houvesse algum deus irado. E realmente havia.
A única coisa que consegui dizer foi:
– Hades.
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