Está doendo.

Dói tanto que eu nem consigo respirar.

As contrações estão ainda mais fortes.

E ninguém nesse hospital pode me ajudar.

Porque eu não deveria está aqui e os médicos se recusam a fazer o meu parto, pois dizem que meu filho não é deste mundo, e eles o temem.

Que idiotice, o que um bebê recém-nascido faria de mal a alguém?

Eu estou sozinha, trancada neste quarto, sofrendo com dores inimagináveis, e de consciência pesada.

É, se eu tivesse contado à Loki, eu não estaria nessas condições agora.

Parabéns Helena, você se supera a cada dia!

“LOKI” – berrei mentalmente.

Mas não sei se quero que ele escute...

Ele tem me visitado em sonhos, ou pesadelos, não sei definir ainda, pois pelo que eu percebi ele deve tá querendo, no mínimo, me esfolar viva.

Mas, o que isso interessa agora?

– Helena, eu vou fazer isso! – entra meu pai no pequeno quarto de hospital, levemente alterado, tremendo feito vara verde.

– Você não é um médico Tony...

– Não importa, não vou deixar você morrer! – grita ele, já colocando luvas brancas em suas mãos.

– Eu vou morrer de qualquer forma...

– Não, não vai. Eu protejo e protegerei você, até meu último momento, porque eu sei com o que não posso viver, e eu não posso viver num mundo onde você não está nele, minha filha. – disse meu pai, olhando nos meus olhos, sem piadas, sem sarcasmo.

– Obrigada, pai. – sorri, em meio a dor e o caos que me rodeava eu sorri, porque ele nunca havia dito algo assim para mim.

Chega a ser cômico.

Você precisa estar morrendo para as pessoas perceberem que você é importante.

Isso sim, é uma desgraça.

Outra contração.

Mais um grito de agonia.

– Será no método tradicional, certo? – pergunta meu pai e eu apenas balanço a cabeça afirmativamente – Ok, então, empurre!

Ao colocar força, sinto como se meus ossos estivessem sendo partidos ao meio.

Não hesito em gritar de novo.

– Vamos Helena, eu já posso vê-lo! – grita meu pai, mais alto que meus berros.

Empurro de novo.

E eu o ouço chorando pela primeira vez.

– Helena, ele nasceu, nasceu! – grita Tony animado, enquanto sinto o mundo ao meu redor escurecer.

Até tudo ficar num verdadeiro breu.

–

Ouço o barulho das máquinas que estão conectadas ao meu corpo, estou recobrando a consciência, lembrando de tudo o que aconteceu em alguns momentos antes. Lembro das dores, do meu pai, do choro do meu bebê...

Meu filho!

Abro os olhos rapidamente e a claridade me cega. Paredes brancas, com luzes fortes, não é uma boa combinação.

– A bela adormecida acordou? – sussurra alguém ao meu lado.

– Quem é você? – sento-me rapidamente, aparentemente estou bem, fisicamente falando, pois nada sinto.

– Eu sou a Agente Summers, Srta. Stark, muito prazer. – estende sua mão.

– Cadê o meu filho? – ignoro sua mão estendida.

– Ele está sob os cuidados dos nossos melhores agentes, Srta. Stark, tente descansar. – assegura-me a moça a minha frente.

– O que? – arranco os aparelhos em questão de segundo e me ponho de pé.

– Por favor, a senhora não está em condições de... – rapidamente a apago com apenas um chute certeiro.

– Eu sou a Agente Stark, uma das melhores desse lugar, quando estava em serviço, lembre-se disso, ou não... – troco a roupa de hospital pela roupa da Agente Summers, prendo o cabelo e saio porta a fora.

Bem, eu não deveria ter feito isso.

Eu estou na base aérea da SHIELD.

E a base aérea, está um caos.

E eu imagino o motivo.

As imagens de um ataque extraterrestre estão estampadas na tela a minha frente.

E quem está liderando é ele.

Ele voltou, e não veio sozinho.

E eu nem conheci meu filho ainda...

Isso poderia ser pior, afinal?