“Quanto mais eu corria, mais longe eu estava de chegar a saída do túnel, era tudo muito sujo, frio, úmido, o barulho das gotas de água que caiam ao chão podia ser ouvido a quilômetros de distância, o cheiro cada vez mais forte de mofo fazia meus pulmões clamarem por ar puro, minha cabeça latejava, a brisa fria que corria por ali fazia com que meus pelos se eriçassem, e então eu percebi, eu estava completamente exposta, nua, indefesa, vulnerável.”

Acordei de um sonho estranho, me deparando com um lugar que não me recordo de jamais ter ido. E então eu me dei conta que não era um sonho, ou pesadelo, era realidade.

Eu estava vulnerável ali, eu sabia, estava amarrada numa grade que impossibilitava a locomoção dos meus membros superiores e inferiores, então a possibilidade de fuga era nula, para a felicidade dos inimigos. Não enxergava nitidamente, a única coisa que visualizava era uma pequena sala, de onde saia a única luz de todo o lugar, o que não ajudava muito na opção “visualização”.

– Pior que tá não fica, não é mesmo? – falei sozinha.

Maldita boca.

A grade a qual eu estava fortemente presa me dava choques sempre que eu tentava me movimentar, causando assim tremores por todo o meu corpo.

– Helena Marie Stark! Bem-vinda aos meus aposentos! – disse-me alguém pelos alto-falantes, que acabei de saber de sua existência agora, e que julguei ser um homem, pelo seu timbre de voz.

– Quem é você? – retruquei.

– Seu pior pesadelo, minha querida Stark. – disse-me a mesma voz, com um tom arrogante palpável.

Realmente, eu estava vivenciando meu pior pesadelo. Não era o local que me assustava, e sim a minha situação.

Vamos Steve, me salve, seja um herói digno pelo menos dessa vez.

Eu esperava que alguém viesse em meu socorro, meu pai, Steve, ou até mesmo o Loki.

Oh! Loki.

Mas o que diabos foi que aconteceu naquela maldita festa? Asgard? Casamento? Felicidade? Tudo parece tão distante agora, inalcançável.

Vamos Loki, apareça! Você sempre aparece do nada, nos lugares mais insanos, é mestre em fazer isso, apareça logo!

Quanto mais eu me esforçava para manter meus olhos abertos e bem atentos, mais difícil estava, e então eu me rendi, me rendi mais uma vez a escuridão.

–

Acordei com algo gélido e pontiagudo roçando meu corpo fortemente, deixando linhas de sangue por onde passava, causando ferimentos superficiais, e quanto mais eu me esquivava do tal objeto, mais choques percorriam meu corpo.

Eu não posso com isso.

– Por favor, eu faço o que você quiser, mas pare com isso, me tire daqui, por favor. – falei aos sussurros, um nó já se formara na minha garganta, me impossibilitando de falar e respirar direito, em meio a soluços implorei novamente.

– Por favor... – e as lágrimas que a todo custo tentei evitar, agora trasbordavam meus olhos, tomando rumos diferentes.

– Você é minha Stark, irá trabalhar para mim, fará tudo que lhe for ordenado. Esse é meu acordo. – disse-me o homem, com um ar risonho, me encarando. De onde ele saiu?

Ele era branco de cabelos negros, tinha olhos incrivelmente azuis, com um sorriso debochado moldando seus delicados lábios.

– Eu aceito. – falei sem hesitar.

– Mas antes, eu posso brincar um pouquinho com você... – disse já tirando suas roupas.

E foi tudo muito rápido, o homem que a segundos estava me violentando fora atirado no canto da sala, enquanto eu era cuidadosamente removida da grade sentindo tremores por todo o meu corpo, sendo envolvida em uma espécie de capa, e sendo carregada para fora daquele lugar.

E foi então que eu vi quem havia me salvado daquela situação horrível.

Era ele.

O dono dos mais belos e profundos olhos verdes.

Loki

Talvez ele não seja um vilão, talvez seja um herói.

O meu herói.