A Sua Espera escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Capítulo Único - A sua espera


Notas iniciais do capítulo

Já estava com saudades de escrever algo sobre elas duas ♥



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Era noite e o navio estava silencioso.

Silencioso até demais para seus planos.

Nami virou de um lado para o outro na cama, ela abriu os olhos impaciente, encarando para o lado vazio do colchão. Estava sozinha no quarto. Bufou e jogou longe o lençol. Sentou-se na cama, recordando-se que Robin havia dito mais cinco minutos. Já havia passado quatro horas.

Emburrada, a navegadora se levantou, vestindo o robe vermelho de seda de Robin. Amarrando em seguida os cabelos em um coque frouxo. Para ela já bastava, não estava mais com clima para comemorações. E era bom que Robin lhe desse uma ótima desculpa para aquela espera toda.

Fazia muito calor. Nami gostava daquele clima quente, embora algumas vezes fosse ruim para dormir. Mas nada que o sistema de refrigeração no quarto, implantado por Franky, não desse conta. No entanto, Nami quase não o utilizava. A parte ruim era que Robin preferia o frio. Nami a questionava sobre como ela suportou tanto tempo vivendo em Alabasta. A resposta era simples: os cassinos possuíam sistema de ar condicionado.

Então elas tentavam entrar em acordo. Mas naquela noite em especial, o calor não era o principal motivo da demora de Robin.

Nami decidiu ir buscá-la na biblioteca, lembrando-se do que acontecera naquela mesma noite, depois do jantar.

Robin foi para a biblioteca e lá comeu sua sobremesa, depois tomou o café levado por Sanji, que ainda assou alguns biscoitos para as duas. Nami preferiu beber um drinque e não comer os biscoitos. Sanji preparou um bolo de três andares com cobertura e recheio.

Enquanto Nami lia o jornal, depois uma revista e em seguida desenhava um pouco, Robin estava focada na leitura de um livro antigo. O idioma, quase morto e esquecido pela civilização, não era algo que assustava a arqueóloga, ao contrário, ela estava empolgadíssima.

A morena estava com os olhos fixos no livro, alguns braços extras tomavam nota de sua leitura, outros massageava os ombros de Nami e ainda havia alguns que escarafunchavam as prateleiras da biblioteca, em busca de alguma referência que pudesse colaborar com sua nova leitura.

Quando sentiu-se cansada, Nami espreguiçou-se no sofá, sugerindo que poderiam ir para a cama. Robin então pediu mais cinco minutos.

— Não me faça esperar muito. – Nami disse ao pé do ouvido de Robin, beijando-a no alto da cabeça, enquanto a apertava em um abraço no pescoço. Ela deixou a biblioteca e foi se arrumar no quarto.

Só que agora estava retornando a biblioteca, sem sorriso e sem nenhuma motivação.

Robin estava lá, sentada na mesma posição, ainda lendo aquele enorme livro velho.

Tudo bem.

Nami sabia da importância dele para a arqueologia. Mas queria apenas um pouquinho de atenção.

Isso é exigir muito?

O livro sobreviveu séculos dentro de um baú, não vai fugir pela janela do navio se esperar algumas horas para lê-lo.

Nami aproximou-se da mesa, passando os dedos finos sobre a madeira, outros livros, anotações e por fim, os ombros de Robin. Ela fez uma massagem leve, mas logo depois apertou os dedos com tanta força nos pontos tensos da morena, que a fez arquear as costas, com um leve gemido.

— Oh! Desculpe, eu te machuquei? – Ela sorriu, apertando os dentes. Mas Robin apenas tocou nas mãos dela, retirando de seus ombros. Nami se sentiu ofendida pela atitude.

— Não, está tudo bem. Eu só preciso de mais alguns minutos e...

Robin nunca conseguiu terminar aquela frase. Nami virou-se irritada, decidida a sair da biblioteca, mas ela retornou, com as mãos na cintura, fitou a morena ainda com os olhos atentos ao livro sobre a mesa.

— Já chega! – a ruiva avançou até a mesa, fechou o livro e o segurou próximo ao peito. – Eu só queria passar uma noite agradável com você, após quase ser engolida pela terra e perder meu par de sapatos favoritos naquela luta horrível com a mulher maluca. Mas não... você, mesmo depois de tudo o que passamos essa semana nem sequer parece querer descansar.

Robin piscou os olhos, sem dizer nada. Nami continuou:

— É sempre assim. – ela caminhou pela biblioteca, ainda segurando o livro, ele era pesado, mas isso não foi problema para Nami. – Você dá mais valor aos livros do que para mim. Eu sei que é seu trabalho, coisa de família. Eu entendo. Mas Robin, você precisa relaxar também. Precisa curtir um pouco tudo isso que está a sua volta. A vida. Eu.

Nami colocou o livro sobre a mesa, virando-se em direção a porta.

Ela voltou para o quarto, olhando as velas acesas e até mesmo a garrafa de vinho sobre a mesinha. Apagou as velas e serviu um pouco da bebida na taça. Sentou-se próximo a janela e ficou observando a noite. Nami nem se deu ao trabalho de olhar para trás, quando a porta do quarto foi aberta. Não poderia ser mais ninguém, senão Robin, já que os demais membros daquele navio não se atrevia por o pé dentro do quarto sem bater.

A navegadora ouviu os passos de Robin pelo chão, em seguida, o toque de suas mãos deslizando pelo tecido fino em seus ombros. Nami resistiu e não olhou. Nem mesmo quando recebeu um beijo no rosto. Ela ainda estava magoada, e levemente arrependida de ter ido até a biblioteca. Pensando melhor, deveria ter ficado no quarto. Mas as vezes, planejamentos não davam certo quando o assunto era sentimento.

— Desculpe pela demora. – Robin disse.

Mas Nami ouviu algo como: Pronto, tô aqui, depois de me perturbar e atrapalhar a leitura. Era bobo, infantil, mas era o que sua cabeça lhe dizia.

— Não importa mais. – Disse séria, evitando o contato visual. – Eu só vou terminar de beber isso aqui e dormir. – Ela moveu a mão, mexendo o vinho dentro da taça e o tomou em um gole só.

— Parece bom. Acho que eu quero um pouco de vinho também.

— Pode pegar, em cima da mesa. – Nami afastou-se da janela e sentou na cama, tirando as sandálias. Ela decidiu não tirar o robe vermelho, mesmo porque não estava com mais nada por baixo dele, e ainda estava irritada para qualquer exibição do seu corpo. Apesar de algo como isso tudo aqui você não vai ter hoje, ter passado pela sua cabeça. Mas já estava embaixo dos lençóis, coberta completamente. Coisa que era raro de acontecer.

Robin não se abateu, ela serviu o vinho e sentou-se também na cama evitando um contato direto que evidentemente Nami não queria, já que estava virada para o outro lado, com uma boa distância na cama. Ela acendeu a luz do abajur do seu lado esquerdo, pegando o livro sobre a mesa de cabeceira. Pensou alguns segundos, devolvendo-o novamente a mesa.

Nami a ouviu suspirar e o barulho da gaveta ser aberta. A ruiva sorriu, mas ainda virada de costas. Ela fechou os olhos, demorando muito para conseguir dormir. Passou pela sua cabeça de que aquela era a primeira vez que dormia brigada com Robin. No máximo elas passavam algumas, pouquíssimas, horas brigadas. Mas tudo se resolvia. Embora a maioria das vezes Robin sequer abria a boca para complementar a discussão, fazendo Nami se sentir a bruxa do mar.

Ora essa.

A culpa era sua de saber argumentar muito bem em uma discussão? E Robin ser péssima em abrir a boca para dizer tudo o que pensava e sentia. Não era justo que ela ficasse com todos os créditos de bruxa. Nico Robin era uma grande estrategista, ardilosa e incompreensiva. Principalmente quando o assunto era romance.

É claro.

Nami recordou-se de um tempo atrás, após Enies Lobby. Quando elas se reencontraram novamente. O abraço quente e forte que trocaram. O pedido de desculpas de Robin, logo depois que estavam sozinhas. E as longas conversas até que Robin finalmente declarou-se para ela. Nami recordava-se tão bem de suas palavras. Não sou tão boa com pessoas, como sou com livros.

É claro. Ela reafirmou em sua cabeça.

Nico Robin, apesar de ser uma mulher superinteligente, era super desligada e pouco experiente em relacionamentos. Como foi que ela disse certa vez: deixo isso com você.

Nami girou na cama apressadamente, pronta para dizer que deveria começar aquela noite do zero. Mas Robin estava de olhos fechados, a taça de vinho intacta sobre a mesa de cabeceira e o livro dentro da gaveta aberta.

Ela sentiu o coração apertar no peito. Uma leve onda de culpa passou rápido pelo seu corpo, mas foi embora pela janela. Nami suspirou, soltando os cabelos e retirando o robe. Atirou-o para o lado e empurrou o lençol, cobrindo Robin. Em seguida, pousou a cabeça sobre o peito da morena, fechando os olhos.

Nami sentiu os braços de Robin apertá-la em um abraço. Sorriu satisfeita.

— Ainda estou muito zangada com você. – Disse, recebendo um carinho no pescoço.

— Amanha eu prometo recompensá-la.

— Acho bom. – Nami sentiu o corpo relaxado, agora sim poderia dormir.


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Notas finais do capítulo

HAHAHHA Robin sua ardilosa, fez a menina se sentir culpada ♥