Os dias se passaram rapidamente desde o ocorrido na Sala de Troféus, acontecimento que tanto Rose Weasley, quanto Scorpius Malfoy tentavam esquecer com veemência. Mas é claro, sem muito sucesso.

As caricias e beijos trocados em publico prosseguiam conforme o acordo solicitava, embora tivessem se tornado cada vez mais autênticos e muito mais frequentes do que se era necessitado.

Cada vez que entrelaçavam as mãos, ou trocavam beijos delicados, a cena da sala de troféus vinha á tona, invadindo seus pensamentos e seus corpos, fazendo com que os dois secretamente ansiassem por mais uma dose daquela noite. Noite do qual fora interrompida por algo ou alguém o qual os dois não conseguiram identificar.

“As caricias e os beijos já estavam se tornando cada vez mais profundos, e os dois ansiavam por mais. Até que foram interrompidos por um estrépito que se propagara pela sala, sobressaltando os dois.

–Oque foi isso? –perguntou Rose ofegante, nos braços paralisados de Malfoy que naquele momento, esquadrinhava a sala com o olhar, que estava precariamente iluminada pela lareira, que flamejava e estalava criando um ar misterioso no lugar que antes parecia extremamente aconchegante.

–Devem ser primeiranistas, tentando pregar alguma peça. –disse ele sorrindo nervosamente, sem convencer a sim próprio.

Os dois seguiram o som, e encontraram uma pesada armadura caída no chão em pedaços. E então se entreolharam.

Sabiam que uma armadura daquelas era demasiadamente pesada para que um primeiranista conseguisse derrubar.

Mas então desviaram os olhares um do outro ligeiramente constrangidos. O que havia os induzindo a agir da maneira como agiram?

Rose estava quase chegando ao tom de seus cabelos quando disse em um fio de voz, sem olhá-lo.

–Hã... –ela disse fechando os olhos. Ele entendera.

–Não precisa se preocupar Weasley. Eu já sei o que vai dizer. Isso foi errado, quebramos uma regra do acordo e não deve nunca mais se repetir.

Ela continuou sem olhá-lo.

–Isso... E é... Melhor eu ir. Está ficando tarde. –ela disse de olhos fechados, se perguntando o porquê sentira uma pressão leve no peito ao dizer aquilo.

Scorpius assentiu com as mãos nos bolsos se balançando na ponta dos calcanhares. Pela primeira vez na vida, não sabia o que dizer á uma garota.

Ela deixou a sala lentamente, quase como se esperasse Malfoy dizer algo que a fizesse voltar para seus braços outra vez.

–Hey, Cenourinha. –ele a chamou com a voz travessa. Chamá-la por apelidos carinhosos não funcionaria como funcionava com as outras garotas, que ele chamava de amor simplesmente pelo fato de ter se esquecido de seus nomes. Aquela era Rose Weasley. A ironia funcionava melhor do que um apelido mundano pelo qual chamara tantas garotas. Garotas totalmente diferente em todos os sentidos dela. Era isso que tornava a relação de Scorpius Malfoy e Rose Weasley conturbada, mas de certo modo divertida. –Tenha uma boa noite.

Rose murchara.

–E... Se puder sonhe comigo. –ela sorriu então ao ouvir isso, e se virou para ele revirando os olhos teatralmente, mas convincente.

–Para você também, Malfoy. E não precisa se preocupar, sonharei a noite inteira com você.

Ela jogou o cabelo para os ombros, ato do qual Scorpius achara sexy, e saiu andando rapidamente até a porta, onde desapareceu em segundos.

Mas para sua eterna infelicidade, suas palavras haviam se concretizado. Rose havia sonhado a noite inteira com ele.

Scorpius Malfoy definitivamente também não era o tipo de garoto que passava noites em claro pensando em uma garota. Muito pelo contrário, ele acreditava que as garotas tinham o dever de passar noites em claro pensando nele. Mas fora exatamente isso que ocorrera. Passara a noite em claro, em tentativas fracassadas de afastar seus pensamentos da garota ruiva de pele alva que se encontrava no dormitório ao lado.

Isso vinha ocorrendo desde aquela noite, fato do qual os dois guardavam secretamente só para si.

Rose, Scorpius, Albus, Zabini e Lillian caminhavam em direção ao Salão Principal, onde vários alunos sonolentos se encontravam tomando seu café-da-manhã.

Lillian e Zabini passavam por suas costumeiras discussões matinais. Desde que a garota começara a andar com o grupo, a pedido de sua prima e melhor amiga, Rose, a porcentagem de brigas e discussões entre Dominic e ela aumentavam cada vez mais, e por motivos tolos como o jeito de falar um do outro.

–Você fala igual a uma gralha, ruiva. –ele dizia fazendo Lillian plantar as mãos na cintura e encará-lo mortalmente.

–E você fala igual á um javali, Zabini. –ela disse acidamente. Era uma coisa muito fácil irritar Lillian Luna Potter.

–Gente, fala sério. –Rose falou aos dois que cruzaram os braços se encarando.

–Te provoco mais tarde, Weasley. –Zabini disse á Lillian.

–Não sabe o quanto estou ansiosa, Zabini- ela disse azeda.

Lillian então alcançou a mesa da Grifinória, e os outros quatro se sentaram á mesa da Sonserina onde se serviram, e iniciaram seu café-da-manhã tranquilamente, até que Rose e Scorpius começassem sua rotineira provocação.

–Você está com olheiras terríveis, amor. –disse Rose ironicamente tocando no rosto de Scorpius que revirou os olhos e empurrou a mão da garota que riu. –Eu sei que você não consegue parar de pensar em mim, mas você precisa dormir.

Ele ri ironicamente.

–E você está desgrenhada, docinho de abóbora. –ele disse azedo. Rose fechou a cara. O garoto adorava fazer piadinhas com seu cabelo.

–Não estou nada, Malfoy. –ela disse passando as mãos rapidamente nos cabelos.

Ele então esfregara a parte de cima da cabeça da garota várias vezes, e chacoalhara seus cabelo de um lado para o outro, até que o mesmo se encontrasse terrivelmente armado e desgrenhado. A garota o encarara mortalmente, como se quisesse fazer o garoto arder em chamas pelo contato visual. Ele retirou uma mecha que cobria seu rosto sorridente e disse:

–Agora está. –falou Scorpius dando uma bela mordida em um pedaço de bolo de caldeirão que se encontrava em seu prato.

No momento seguinte, em que a garota estava prestes a ralhar com ele, milhares de corujas de todos os tamanhos e tons, sobrevoavam o Salão largando pacotes e cartas em cima das mesas, onde pousaram para bebericar suco de abobora, e mordiscar o que seus donos lhe entregavam. Então alçaram voo em direção às janelas para entregar suas correspondências rapidamente, e descansarem no corujal.

Quatro corujas de diferentes cores pousaram á frente dos quatro garotos.

Zabini abrira um pacote com bolos e doces e um convite para a celebração natalina que ocorreria em dois dias.

Albus e Scorpius assim como Zabini respondiam seus convites para seus respectivos jantares, até que um quintanista exclamou ao ver a carta vermelha que Rose havia recebido.

–Um berrador! Weasley recebeu um berrador! –várias cabeças então se voltaram para a garota de olhos esbugalhados. Nunca havia recebido um berrador, até porque nunca houvera necessidade de receber um.

–é melhor abrir, priminha. –disse Albus com os olhos brilhando. –Conhece a tia Mione, se você ignorar vai ser pior.

Ela olhou receosa para a carta e estendia a mão trêmula em direção ao papel, como se ele pudesse abocanhar seus dedos.

A carta se abriu repentinamente e a garota quase caiu para trás. Então ficara surpresa ao constatar que a voz que bradava, não pertencia á sua mãe.

–ROSE KATHILYN WEASLEY! –a voz de Ronald Weasley ecoou pelo Salão, e estava furiosíssimo como a garota nunca o havia visto. Rose se encolheu para trás. –COMO ASSIM A SENHORITA ESTÁ NAMORANDO?! E AINDA POR CIMA COM UM MALFOY? ONDE ESTÁ COM A CABEÇA?! EU LHE DISSE PARA FICAR LONGE DELE, VOCÊ NÃO ME OUVIU? COM TANTOS GAROTOS EM HOGWARTS TINHA DE SE ENVOLVER COM O FILHO DOS MALFOY? JUSTO ELE?! ESTOU MUITO DESAPONTADO KATHILYN. TER DE SABER PELO SEU IRMÃO QUE ESTÁ NAMORANDO? NÃO CONFIA EM SEUS PRÓPRIOS PAIS? MAS JÁ QUE É ASSIM... TRAGA-O PARA A CEIA DE NATAL, QUE DAR UMAS BOAS PALAVRAS COM ESSE RAPAZ. ATÉ KATHILYN.

A carta então se rasgou diante de seus olhos, enquanto um silencio mortal assolava o lugar, Tanto Rose quanto Scorpius encaravam a montanha de pedacinhos de papel aflitos, como se ela pudesse avançar para cima deles. Seu pai a chamava pelo segundo nome somente quando estava extremamente furioso com ela.

Albus começara a rir, quebrando o silencio que ninguém antes se aventurava a interromper.

Então todos se aninharam em seus respectivos grupos, cochichando e encarando tanto Rose, quanto Scorpius.

–Eu não perderia esse jantar nem em um milhão de anos. –Albus disse cruzando os braços.

Rose então olhara em direção á mesa da Grifinória, onde encontrara um Hugo vitorioso, dando uma mordida em uma maçã vermelha, e saindo lentamente do banco, a fim de fugir da cena.

–Hugo. –ela sussurrou com ferocidade.

Um fio de voz contendo todo o ódio que se encontrava dentro dela.

Scorpius engolia em seco tentando encontrar a voz que havia desaparecido de suas cordas vocais. Rose o puxou, e ele seguiu-a sem protestar, a garota seguia o irmão, que andava tranquilamente por um corredor vazio, á espera que ela o alcançasse.

–Hugo! –ela gritou e o garoto se virou lentamente, enquanto tinha um sorriso maroto estampado em seu rosto.

Rose largou a mão de Scorpius, que avançou para o irmão.

–Você é mesmo muito baixo Hugo! –Lillian, Albus, e Zabini chegaram correndo pelo corredor vazio, que fazia a voz raivosa de Rose ecoar nas paredes de pedra.

–Contar ao papai? Não tinha uma ideia melhor e menos suja de me incriminar? –Hugo riu.

–Vamos, dê um crédito á Hugo, ele só está fazendo seu papel de irmão. –disse Albus ao pé do ouvido de Lillian que revirou os olhos. –Se você aparecer com algum namorado, é claro que vou contar ao papai e infernizar o garoto até ele sair correndo. E com certeza vai ser difícil você arrumar um namorado não é Lill’s? Nosso pai é um dos bruxos mais poderosos da atualidade, e derrotou Voldemort inúmeras vezes. Que garoto se aventuraria a mexer com você?

Lillian deu um tapa no estomago de Albus que estremeceu.

–Essa era a melhor maneira de incriminá-la, Rose e de fazer esse louro esnobe pagar pelo soco que me deu. Papai vai trucidar você. Assim como esse aí.

Ele apontou com a cabeça para Scorpius que pareceu esquecer-se de como respirar.

–Estou realmente ansioso para esse jantar. -disse Albus baixinho á Dominic.

–E Malfoy. –ele disse enquanto andava para o lado oposto do grupo. –é melhor ir se despedindo de sua família e de Rose, porque depois do jantar você só irá revê-los quando estiver em pedaços. Aproveite seus últimos momentos.

Scorpius parecia estar esverdeado, e Rose estava preocupada com o fato de que o garoto pudesse vomitar á qualquer momento.

–Estou morto. –ele disse quando conseguiu encontrar a voz.

Rose riu. Ele a encarou como se duvidasse de sua sanidade.

–Está com medo de uma ameaça de um garoto de quinze anos, Malfoy? –ela disse provocando.

Ele negou com a cabeça.

–Estou com medo de um homem que atende por seu pai, que pode se tornar meu futuro assassino. –ele disse ligeiramente encolhido.

Todos riram e se dirigiram ás suas aulas.

Todos sabiam perfeitamente bem que esse jantar tinha tudo para dar errado. E que certamente seria épico. E infelizmente, não no bom sentido.

Prévia do próximo capitulo:

"-Diga á todos Malfoy, o porque que você está namorando, Rose, vamos diga! (...)"

"-Eu a amo... (...)"

"O que pensa que está fazendo, Zabini?! quem você pensa que é para me beijar?!

"Sabe, Rosie, as pessoas tendem a estragar tudo colocando sentimentos onde não devem."